Por que a ideiasetka cup betque a América Latina pende à esquerda ou direita perdeu o sentido:setka cup bet
Mas o balanço da última "maratona eleitoral" na América Latina, com 15 eleições desde 2017, não sinaliza nem uma coisa nem outra.
A região entrasetka cup bet2020 sem um rumo político único e com uma instabilidade crescente, envolvidasetka cup betmanifestações populares contrárias a quem quer que esteja no poder, sejasetka cup betdireita ousetka cup betesquerda.
Em cinco das seis eleições que aconteceramsetka cup bet2019 na região, os latino-americanos votaram para tirar o partido que estava no poder.
Uma delas, a da Bolívia, nem chegou exatamente ao fim: diantesetka cup betacusaçõessetka cup betfraude, o presidente Evo Morales renunciou ao que seria seu quarto mandato e afirma que foi vítimasetka cup betum golpesetka cup betEstado.
O humor anti-governo marcou os protestos mais recentes na própria Bolívia, que era capitaneada pela esquerda desde 2003, e no Chile, presidido pelo conservador Sebastián Piñera.
"Essa ideiasetka cup betque bastaria colocar a direita ou a esquerda no poder na América Latina e os problemas estariam resolvidos não funciona hoje", afirma o cientista político Maurício Santoro, da Universidade do Estado do Riosetka cup betJaneiro.
Velhos problemas, novas frustrações
Um fator fundamental para o aumento do mal-estar social na América Latina estaria a desaceleração (ousetka cup betalguns casos estagnação) econômicasetka cup betboa parte dos países a partirsetka cup bet2014, com o fim do ciclosetka cup betboom das commodities que marcou os anos 2000.
A primeira reação à ela,setka cup betdiversos países, foi a trocasetka cup betgovernossetka cup betesquerda por outrossetka cup betdireita — o que, na maioria dos casos, não se traduziusetka cup betrecuperação da atividade.
A taxa médiasetka cup betcrescimento da regiãosetka cup bet2019 serásetka cup bet0,1%,setka cup betacordo com a última projeção da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal).
Para 2020, a estimativa ésetka cup bet1,3%.
"Se esse cenário se confirmar, o período entre 2014 e 2020 será osetka cup betmenor crescimento na região nas últimas quatro décadas", disse a organizaçãosetka cup betrelatório divulgadosetka cup betdezembro.
À questão econômica se soma uma sériesetka cup betproblemas ainda não resolvidos na América Latina, como a desigualdade, a violência e a corrupção, que contribuem para aumentar a insatisfação popularsetka cup betrelação aos políticos que estão no poder e às elites políticassetka cup betforma geral.
A realidade se choca com a expectativasetka cup betmilhõessetka cup betlatino-americanossetka cup betconsolidarsetka cup betascensão à classe média, um sonho que hoje parece distante para muitos.
"As ideologias foram superadas. Cada uma tevesetka cup betoportunidade e não conseguiu entregar o que se esperava", avalia Marta Lagos, diretora da pesquisa Latinobarómetro, referindo-se à motivação dos protestos que marcaram o segundo semestresetka cup bet2019.
A última edição da pesquisa anual, ressalta ela, indicou que 70% da população da região acredita que,setka cup betseus países, "se governa para uma minoria" e que os partidos políticos estão entre as instituições democráticas com menor nívelsetka cup betconfiança — apenas 13%.
"O ciclo eleitoral atual na América Latina revela um aumento da polarização política, assim como a intensidade da frustração com as elites políticas", diz o Instituto para Democracia e Assistência Eleitoral Internacional (IDEA)setka cup betrelatóriosetka cup betdezembro, que teve como tema "O estado da democracia no mundo e nas Américassetka cup bet2019".
A análise destaca ainda que "o desencanto impulsionou os eleitores a apoiarem diferentes líderes anti-sistema, tanto à direta quanto à esquerda".
A tendência: mudançassetka cup betgoverno
Assim, mais que uma inclinaçãosetka cup betdireção a um dos polos do espectro político, a tendência que parece se consolidar é asetka cup betuma mudançasetka cup betgovernos.
Os argentinos, por exemplo,setka cup betvezsetka cup betreelegerem o conservador Mauricio Macri, preferiramsetka cup betoutubro reconduzir o peronismo ao poder — optaram pela chapa que reunia Alberto Fernández e a ex-presidente Cristina Kirchner como vice.
A oposição também venceu no Uruguai. O candidatosetka cup betcentro-direita Luis Lacalle venceusetka cup betnovembro depoissetka cup bet15 anossetka cup betgestão da coalizaçãosetka cup betesquerda Frente Amplio.
No Panamá, porsetka cup betvez, o candidatosetka cup betoposição erasetka cup betcentro-esquerda: Laurentino Cortizo foi eleitosetka cup betmaio. Na Guatemala, Alejandro Giammattei venceusetka cup betagosto emsetka cup betquarta candidatura à Presidência.
Alguns meses antes,setka cup betfevereiro, Nayib Bukele rompeu com 30 anossetka cup betbipartidarismo e alternância entre a esquerda e direita "tradicionais"setka cup betEl Salvador.
Em todos os casos, os candidatos foram eleitos com a promessasetka cup betrenovação política e recuperação econômica,setka cup betmaior zelo com os recursos públicos e maior firmeza no combate ao crimesetka cup betmaneira geral e à corrupção.
São as mesmas expectativas que levaram um candidatosetka cup betdireita como Jair Bolsonaro e outrosetka cup betesqueda como López Obrador a assumiremsetka cup bet2018 o comando das maiores democracias da região: Brasil e México.
Tudo isso acontece enquanto a sensaçãosetka cup betbem-estar segue diminuindosetka cup betvários países da América Latina, conforme o Relatório Mundial sobre a Felicidade, produzido pela Redesetka cup betSoluções para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
"A infelicidade se traduziusetka cup betvotos contra governossetka cup betexercíciosetka cup betdiversas partes do globo", conclui a última edição do relatório.
O texto cita o caso específico do México, onde, após a eleiçãosetka cup betLópez Obrador, observou-se uma recuperação dos níveissetka cup betsatistação para patamar próximo ao registradosetka cup bet2013.
"Os mexicanos estão otimistassetka cup betrelação ao novo governo, mas, caso não haja mudanças concretas nos próximos 12 meses, esse otimismo pode virar uma grande frustração", afirma o economista Mariano Rojas, que já contribuiu para o relatóriosetka cup betanos anteriores.
Para ele, o desafio da América Latina hoje é encontrar um modelosetka cup betdesenvolvimento que contemple, além do crescimento econômico, o bem-estar social.
"O que vemos é mais uma busca que uma alternativa clara", afirma. "As pessoas canalizam suas frustrações contra o governo, mas não temos exatamente uma alternativa... e pensar que a alternativa é simplesmente a direita ou a esquerda seria um grave erro."
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