Ele nasceubetboo não paga25betboo não pagadezembro e mudou a história do mundo: quem foi Isaac Newton:betboo não paga

Ilustração: Isaac Newton usa prisma

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Isaac Newton usou uma prisma para separar a luz do solbetboo não pagacores

Então, a Igreja Católica patrocinou astrônomos e cientistas para elaborarem um novo calendário, mais preciso. "Entre outras importantes modificações, ele tomou por base que o ano passasse a ter 365 dias, 5 horas, 49 minutos e 12 segundos", diz Silveira.

O ano juliano, afirma, era cercabetboo não paga11 minutos mais curto e,betboo não pagaconsequência disso, havia acumulado uma defasagembetboo não pagacercabetboo não pagadez dias entre a databetboo não pagaque o equinóciobetboo não pagaprimavera deveria ocorrer e efetivamente acontecia um pouco antes da reforma gregoriana.

O calendário gregoriano começou na sexta-feira, 15betboo não pagaoutubrobetboo não paga1582. O dia anterior,betboo não pagaacordo com a bula papal era quinta-feira, 4betboo não pagaoutubro.

"Portanto, os dias civis que iambetboo não paga5 a 14betboo não pagaoutubro simplesmente deixarambetboo não pagaexistirbetboo não paga1582betboo não pagatodos os países católicos", conta Silveira,betboo não pagaseu texto. Ele não foi aceito, entretanto,betboo não pagaimediatobetboo não pagapaíses com outras religiões. A Inglaterra e suas colônias, por exemplo, só o adotarambetboo não paga1752.

Ou seja, o nascimentobetboo não pagaNewton ocorreu quando ainda vigorava o juliano no seu país, isto é,betboo não paga25betboo não pagadezembrobetboo não paga1652. Pelo gregoriano, seria 4betboo não pagajaneirobetboo não paga1643 e a mortebetboo não paga30betboo não pagamarçobetboo não paga1727.

"Portanto, ambas as datas estão corretas, dependendo do calendário que se tome por base", conclui Silveira.

Infância complicada

O que é certo é que Newton teve nascimento e infância complicados. Seu pai, um produtor rural analfabeto, havia morrido três meses antesbetboo não pagaele vir ao mundo. Além disso, o futuro físico, matemático e astrônomo nasceu prematuro, com riscobetboo não pagamorrerbetboo não pagapoucos dias. Sobreviveu, mas aos 2 anos foi abandonado pela mãe — que havia se casadobetboo não paganovo e se mudado para outra cidade —, que o deixou aos cuidados da avó até os 10 anos.

Nos primeiros anosbetboo não pagaestudo, ele não revelou nenhum talento especial. Sua genialidade só começou a aflorar depois que se graduou na Universidadebetboo não pagaCambridge,betboo não pagajaneirobetboo não paga1665. Neste ano e no seguinte, considerados os Annus Mirabilis (anos miraculosos)betboo não pagaNewton, ele realizou uma sériebetboo não pagatrabalho e descobertas que revolucionaram ciências como a matemática, física, ótica e astronomia.

Mas ele continuou produzindo ao longo da vida. Nos 84 anosbetboo não pagaque viveu, fez descobertas, criou teorias e desenvolveu métodos e ferramentas matemáticas e físicas que abriram caminho para a Revolução Industrial, ocorrida no século XVIII, e tornaram possível a exploração espacial e várias tecnologias presentesbetboo não pagamuitos equipamentos modernos usados hoje.

O astrônomo Augusto Damineli

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, O astrônomo Augusto Damineli diz que a contribuição mais importantebetboo não pagaNewton foi ter criado a primeira teoria científica da história da humanidade, a da Gravitação Universal.

Para o astrônomo Augusto Damineli, do Institutobetboo não pagaAstronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas, da Universidadebetboo não pagaSão Paulo (IAG-USP), a contribuição mais importantebetboo não pagaNewton foi ter criado a primeira teoria científica da história da humanidade, a da Gravitação Universal.

"Ela tem três princípios simples, que incluem o conceitobetboo não pagaforçabetboo não pagaatração gravitacional", explica. "A partir disso, se pode deduzir matematicamente o comportamentobetboo não pagacorpos sujeitos à gravidade,betboo não pagaqualquer situação particular, desde o movimentobetboo não pagaplanetas, cujas leis haviam sido obtidas empiricamente por (Johannes) Kepler (1571-1630), a corpos que Newton jamais pensariabetboo não pagaaplicarbetboo não pagateoria, como estrelas duplas e satélites artificiais."

O físico Othon Winter, da Faculdadebetboo não pagaEngenhariabetboo não pagaGuaratinguetá (FEG), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), lembra que toda a área espacial se baseia na Teoriabetboo não pagaGravitação Universal. "Por exemplo, a órbitabetboo não pagaqualquer satélite artificial obedece a lei da gravidade proposta por Newton", diz. "Então, tudo o que usufruímos e é dependente desses artefatos, como GPS, ligações telefônicas e transmissõesbetboo não pagaTV por eles são uma consequência diretabetboo não pagadescobertas feitas por ele."

A maçã caiu?

Ao se falarbetboo não pagagravidade, não se pode deixarbetboo não pagamencionar a famosa históriabetboo não pagaque Newton teria desenvolvidobetboo não pagateoria depois que uma maçã caiu embetboo não pagacabeça. Mas seria ela verdadeira?

"Há diferente versões desta história", diz o físico Ricardo Galvão, ex-diretor do Instituto Nacionalbetboo não pagaPesquisas Espaciais (Inpe), que foi eleito pela prestigiosa revista científica britânica Nature como uma das dez pessoas que mais se destacaram no mundo na áreabetboo não pagaciênciabetboo não paga2019. Galvão foi exonerado do cargo,betboo não pagaagosto, depois que o presidente da República, Jair Bolsonaro, passou a criticar o Inpe.

De acordo com ele, o que se sabe ter acontecido é que,betboo não paga1665, houve uma eclosão da febre bubônica, que forçou Newton a retornar para a propriedadebetboo não pagaseus pais,betboo não pagaWoolsthorpe. "Aparentemente, ao observar a quedabetboo não pagauma maçãbetboo não pagaseu pomar, ele se questionou porque a fruta caiu diretamente para o chão e não para o lado, ou para cima", explica Galvão.

Ele acredita que se Newton fosse um homem comum, "sensato", talvez tivesse respondido a si mesmo "porque é assim que Deus determinou" (Newton era muito religioso). "Mas não, ele não era um homem comum", diz Galvão. "Perseguindo a resposta àbetboo não pagaindagaçãobetboo não pagaforma lógica, acabou formulandobetboo não pagafamosa Teoria da Gravitação Universal. Mas a históriabetboo não pagaque ela caiu embetboo não pagacabeça muito provavelmente é fantasiosa."

O que é real é que Newton, simultaneamente com o filósofo e matemático alemão Gottfried Wilhelm Leibniz, masbetboo não pagaforma independente, desenvolveu o cálculo diferencial e integral, uma ferramenta matemática que tem aplicações que vão da construção civil às viagens espaciais. "Ela está presentebetboo não pagagrande parte do PIB da humanidade, por meio da engenhariabetboo não pagaconstrução civil, transporte (aéreo, terrestre marítimo e no vácuo) e circuitos elétricos, por exemplo", enumera Damineli.

Ricardo Galvão

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Galvão diz que, ao observar a quedabetboo não pagauma maçãbetboo não pagaseu pomar, Newton questionou o motivo pelo qual a fruta caiu diretamente para o chão e não para o lado ou para cima.

Segundo seu colega no IAG-USP, o também astrônomo Enos Picazzio, é impossível imaginar o que seria o mundo sem a leibetboo não pagagravitação e o cálculo diferencial e integral.

"Com o cálculo, Newton elaborou métodos analíticos simples para resolver problemas como encontrar áreas, tangentes e comprimentosbetboo não pagacurvas, por exemplo", explica. "Essa ferramenta foi fundamental para ele ter desenvolvido suas leisbetboo não pagamovimento dos corpos e da gravitação."

Esses trabalhosbetboo não pagaNewton estão no seu livro mais famoso, Princípios Matmáticos da Filosofia Natural, considerado por muitos a obra científica mais importante já publicada.

De acordo com Winter, o cálculo diferencial e integral é um ramo da matemática que é muito utilizadobetboo não pagadois tiposbetboo não pagaproblemas. "O diferencial é usado para cálculobetboo não pagataxasbetboo não pagavariaçãobetboo não pagagrandezas, ou seja, qualquer problema que envolva movimento ou crescimento/decrescimentobetboo não pagaalguma quantidade, como, por exemplo, como a economia evolui ao longo do tempo", explica. "No caso do integral, ele é empregado para calcular a acumulaçãobetboo não pagaquantidades, como o volumebetboo não pagaum dado material que é necessário para construir um certo equipamento."

Newton não parou por aí, no entanto. Ele também atuou na área da Ótica, pesquisando a natureza da luz e suas propriedades, como refração, difração e a decomposição da branca nas cores do arco-íris. "Com isso, descobriu, que além da luz vermelha, existe a infravermelha que os nossos olhos não veem, que nada mais é que calor", conta Picazzio. Isso o levou a mostrar outrabetboo não pagasuas caraterísticas, abetboo não pagainventor. "Sua invenção do telescópio refletor (o que usa espelho) é consequência dos seus estudosbetboo não pagadispersão e aberração da luz nos telescópios refratores (os que usam lentes)", explica Picazzio.

No gênio científico também existia um lado religioso e místico, no entanto, que lidava com alquimia. "Ciência e religião são incompatíveis nos seus propósitos, mas podem ser complementares sobre o pontobetboo não pagavista humano", diz Picazzio. "Enquanto a primeira trata do real, procurando por meios técnicos explicar o que ocorre na natureza, a segunda pode satisfazer um aspecto humano para muita gente. Newton era religioso, assim como tantos outros cientistas, porém não foi a fé que o levou a elaborar as suas teorias científicas."

Uma prova disso, segundo ele, é que a ciência progride com trabalhos desenvolvidos tanto por religiosos como por agnósticos e ateus. "Entre eles não há choquebetboo não pagaideias no campo científico, mas há no campo humano", explica. "As leis da natureza atuambetboo não pagatodos os locais, existindo ou não humanos ou outros seres pensantes, caso eles existam. O mesmo raciocínio aplica-se à alquimia. A química que temos hoje é baseadabetboo não pagaciência."

Independentementebetboo não pagasuas crenças, não há como negar a importânciabetboo não pagaNewton para a ciênciabetboo não pagaparticular e para a humanidadebetboo não pagageral. "De um pontobetboo não pagavista mais fundamental, creio que a maior contribuição dele foi a consolidação do método científico, expandindo amplamente a metodologia iniciada por Galileu Galilei, ou seja, a formulaçãobetboo não pagamodelos físicos, cujos resultados devem ser passíveisbetboo não pagatestes experimentais ebetboo não pagaconsistência lógica", diz Galvão.

Para a humanidade, diz o ex-diretor do Inpe, a maior contribuiçãobetboo não pagaNewton talvez tenha sido a ideiabetboo não pagaque vivemosbetboo não pagaum universo mecânico, cuja evolução é descrita por equações matemáticas, mesmo que nem sempre com soluções exatas, e a noçãobetboo não pagaque a cada ação corresponde uma reação. "Isso fez com que o pensamento humano evoluíssebetboo não pagauma realidade apenas mística para uma baseada tambémbetboo não pagaargumentos lógicos, contribuindo fortemente para a filosofia, teologia e outras áreas que moldaram o desenvolvimento da sociedade moderna", diz.

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