'Graças a uma selfie, descobri que minha mãe me roubou quando era bebê':roleta com multiplicador

Legenda do áudio, Ouça podcast sobre adolescente que descobriu ter sido bebê roubado

roleta com multiplicador Em abrilroleta com multiplicador1997, uma mulher vestida com uniformeroleta com multiplicadorenfermeira saiuroleta com multiplicadorum hospital da Cidade do Cabo, na África do Sul, carregando um bebêroleta com multiplicadortrês dias. A mãe dele dormia. E foi por causaroleta com multiplicadoruma selfie, tirada 17 anos depois, que a criança roubada descobriuroleta com multiplicadorverdadeira identidade.

O incrível caso é contadoroleta com multiplicadorum podcast da série Que História!, da BBC News Brasil.

A história começaroleta com multiplicadorjaneiroroleta com multiplicador2015, no primeiro dia das aulasroleta com multiplicadoruma escola secundária na Cidade do Cabo, a Zwaanswyk High School. Miché Solomon,roleta com multiplicador17 anos, começava o seu último ano na escola.

Logo que chegou à escola, seus colegasroleta com multiplicadorclasse vieram lhe falarroleta com multiplicadoruma nova aluna, Cassidy Nurse, três anos mais jovem.

O motivo? Na opinião deles, Miché e Cassidy eram praticamente idênticas.

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roleta com multiplicador Como ouvir o podcast

A primeira temporadaroleta com multiplicadorQue História!, produzida e apresentada por Thomas Pappon, terá dez episódios, que serão disponibilizados semanalmente nas principais plataformasroleta com multiplicadorpodcast, como Apple, Spotify, Overcast e Castbox.

Além dessas há várias plataformas e apps que oferecem assinaturas do podcast — o que permite que cada novo episódio seja baixado automaticamenteroleta com multiplicadorseu dispositivo ou computador assim que for disponibilizado (toda sexta-feira, às 06h00roleta com multiplicadorBrasília).

Há também apps leitoresroleta com multiplicadorcódigos RSS.

Alguns links para o 'Que História!'roleta com multiplicadorplataformasroleta com multiplicadorpodcast:

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Para acessar feeds RSSroleta com multiplicadordispositivos móveis, é preciso baixar um app leitorroleta com multiplicadorRSS; para acessá-losroleta com multiplicadordesktop, é preciso instalar uma extensão para navegadores como Chrome ou Mozilla Firefox.

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Miché não deu muita atenção aos comentários, mas tudo mudou quando cruzou com Cassidy no corredor mais tarde. Miché diz ter sentido uma conexão instantânea inexplicável.

"Ela era realmente a minha cara. Houve uma conexão instantânea", contou Miché ao programa Outlook, da BBC. "E à medida que nós fomos ficando mais próximas, eu passei a ter um sensoroleta com multiplicadorproteçãoroleta com multiplicadorrelação a ela. Era como se a conhecesse.... (foi) um pouco assustador, até."

Miché Solomon

Crédito, Mpho Lakaje

Legenda da foto, Após enfrentar difícil encruzilhada emocional, Miché Solomon optouroleta com multiplicadoresperar por voltaroleta com multiplicador'mãe', Lavona

Apesar da diferençaroleta com multiplicadoridade, Miché e Cassidy começaram a passar muito tempo juntas.

"Ela me ligava, eu dizia hey, baby girl, ela me ligava, e dizia hey, big sister. Eu chegava a pentear o cabelo dela, passar brilho… E meus amigos diziam, 'vocês têm certezaroleta com multiplicadorque não foram adotadas? Ela é igual a você'. E muita gente perguntava, 'vocês não são irmãs'? 'Só se forroleta com multiplicadoralguma outra vida', eu dizia."

Miché via isso tudo como uma grande coincidência. Ela não tinha razão nenhuma para achar que pudesse ter sido adotada. Teve uma infância feliz, morando com o pai, Michael, e com a mãe, Lavona,roleta com multiplicadorquem era muito próxima.

"Minha mãe me chamavaroleta com multiplicadorprincesa. Fazia roupas e vestidos para mim. No Dia das Mães, eu levava o café da manhã para ela, e ela choravaroleta com multiplicadoremoção. Éramos muito felizes. A vida era boa para mim, era uma vida normal."

Mas essa normalidade estava com os dias contados. Por causaroleta com multiplicadoruma foto.

Bebê roubado

"Lembroroleta com multiplicadorum diaroleta com multiplicadorcompetições esportivas na escola. Eu era atleta. Nesse dia, eu e Cassidy tiramos uma selfie juntas."

Lavona Solomon com Miché
Legenda da foto, Ao ver a selfie, Lavona Solomon, mãeroleta com multiplicadorMiché, atestou a semelhança das duas meninas

Chegando a suas respectivas casas, Miché e Cassidy mostraram a foto para suas famílias. Lavona, a mãeroleta com multiplicadorMiché, comentou sobre a semelhança das meninas.

Michael, o pairoleta com multiplicadorMiché, disse que reconheceu a nova amigaroleta com multiplicadorsua filha — o pairoleta com multiplicadorCassidy tinha uma lojaroleta com multiplicadoreletrodomésticos onde às vezes ele fazia compras.

Mas os paisroleta com multiplicadorCassidy, Celeste e Morne Nurse, não se desgrudaram da fotografia. Disseram a Cassidy que tinham uma pergunta para Miché, e quando as duas garotas voltaram a se encontrar, Cassidy finalmente abriu o jogo: "Você nasceuroleta com multiplicador30roleta com multiplicadorabrilroleta com multiplicador1997?"

"Eu disse: 'Por quê? Você está me perseguindo no Facebook?'", relembra Miché.

Cassidy garantiu a Miché que não a estava perseguindo, só queria saber quando Miché nascera. Para a surpresa dela, Miché respondeu: "Sim, nasciroleta com multiplicador30roleta com multiplicadorabrilroleta com multiplicador1997".

Semanas depois, enquanto assistia à aularoleta com multiplicadormatemática, Miché foi convocada para a sala do diretor, onde duas assistentes sociais estavam esperando por ela. Foi quando Miché ouviu pela primeira vez a históriaroleta com multiplicadoruma meninaroleta com multiplicadortrês dias chamada Zephany Nurse, que havia sido sequestrada no Hospital Groote Schuur, na Cidade do Cabo, há 17 anos, e que nunca fora encontrada.

Miché ouviu a história, sem entender por que estava ali. Em seguida, as assistentes sociais explicaram que havia fortes evidênciasroleta com multiplicadorque Miché poderia ser a criança que havia sido roubada.

Miché com Michaelroleta com multiplicadorSoetwaters
Legenda da foto, Miché, então com oito meses, com Michael, que acreditava ser seu pai biológico: 'Ele foi minha rocha, meu herói, meu exemplo'

Na tentativaroleta com multiplicadoresclarecer o que considerava um mal-entendido, Miché explicou que não havia nascido no Hospital Groote Schuur e sim no Hospital Retreat, a 20 minutosroleta com multiplicadorcarro dali. Era isso que estava escrito emroleta com multiplicadorcertidãoroleta com multiplicadornascimento, disse ela.

No entanto, as assistentes sociais responderam que não havia nenhum registroroleta com multiplicadorseu nascimento lá.

Apesarroleta com multiplicadorachar que tudo não passavaroleta com multiplicadoruma grande confusão, Miché concordouroleta com multiplicadorfazer um testeroleta com multiplicadorDNA.

"Acreditava muito na mãe que me criou - ela nunca mentiria para mim, principalmente sobre quem eu sou eroleta com multiplicadoronde eu venho", contou Miché. "Então, eu tinha certezaroleta com multiplicadorque o testeroleta com multiplicadorDNA daria negativo".

Lavona Solomon (com rosto coberto) chega para seu julgamentoroleta com multiplicadorfevereiroroleta com multiplicador2016

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Lavona Solomon (com rosto coberto) chega para seu julgamento,roleta com multiplicadorfevereiroroleta com multiplicador2016

Mas, para aroleta com multiplicadorsurpresa, os resultados confirmaram as suspeitas: Miché Solomon e Zephany Nurse, o bebê roubado do Hospital Groote Schuurroleta com multiplicador1997, eram a mesma pessoa.

"Fiqueiroleta com multiplicadorestadoroleta com multiplicadorchoque", diz Miché. "Tentei me manter tranquila, mas só ficava me perguntando o que aconteceria daqui pra frente."

A história do bebê roubado, agora uma jovem quase na vida adulta, sendo encontrada quase por acaso, depoisroleta com multiplicadorquase duas décadas, foi destaque no noticiário da África do Sul eroleta com multiplicadortodo o mundo.

A partir daí, a vidaroleta com multiplicadorMiché mudou completamente.

As autoridades disseram que Miché não poderia voltar para casa —roleta com multiplicadortrês meses, ela completaria 18 anos e poderia tomar suas próprias decisões. Mas, naquele momento, tinha que ficarroleta com multiplicadoruma casa segura.

Pouco depois, mais um choque: a adolescente soube que Lavona Solomon, a pessoa que sempre achou serroleta com multiplicadormãe, havia sido presa.

"Aquilo me deixou arrasada", disse Miché. "Era minha mãe, a mãe que eu tive por 17 anos. Eu estava com raiva, eu precisava dela. Houve momentosroleta com multiplicadorque sentia vontaderoleta com multiplicadorfugir com ela. Simplesmente não conseguia compreender que eu pertencia a outra pessoa."

Miché estava na delegacia quando o maridoroleta com multiplicadorLavona, Michael — o homem que ela considerava seu pai — foi interrogado pela polícia.

Celeste Nurse (à esq.) eroleta com multiplicadorsegunda filha, Cassidy

Crédito, Huisgenoot/Noncedo Mathibela

Legenda da foto, Celeste Nurse (à esq.) eroleta com multiplicadorsegunda filha, Cassidy; Miché diz ter tido dificuldades para construir relacionamento com família biológica

"Pude ver o estresse no rosto dele, pude ver seus olhos vermelhos e fiquei com muito medo. Meu pai foi minha rocha, meu herói, meu exemplo. Mas ali, o policial, com aquelas perguntas e ameaçasroleta com multiplicadorprisão, fazia meu pai parecer uma criança pequena. Meu pai dizia: 'Não, eu não fiz isso. Miché é minha filha — como ela pode não ser minha filha? Eu não participei disso.'"

A polícia nunca encontrou provasroleta com multiplicadorque Michael Solomon soubesse que Miché havia sido roubadaroleta com multiplicadorseus pais biológicos, e ele foi liberado. Emroleta com multiplicadordefesa, ele alegou que Lavona estava grávida, e que não passou pela cabeça dele que o bebê Miché não seria dela. As autoridades achavam que Lavona havia sofrido um aborto espontâneo e que teria, então, roubado a menina e fingido que havia dado à luz.

Lavona seria posteriormente julgada, acusadaroleta com multiplicadorsequestro e falsidade ideológica.

E os pais biológicos?

Embora Celeste e Morne Nurse tenham tido mais três filhos, eles nunca pararamroleta com multiplicadorprocurarroleta com multiplicadorprimeira filha, Zephany, e comemoravam seu aniversário todos os anos — mesmo depoisroleta com multiplicadorse divorciarem.

No entanto, durante todo esse tempo,roleta com multiplicadorfilha crescia por perto. A casa dos Solomons fica a apenas 5 km da dos Nurses — quando criança, Miché corria pelo camporoleta com multiplicadorfrente à casa dos pais biológicos, enquanto Michael jogava futebol.

Morne Nurse, pai biológicoroleta com multiplicadorZephany, deixa corte após veredito

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Morne Nurse, pai biológicoroleta com multiplicadorZephany, deixa corte após veredicto

Agora, após 17 anos, as orações da família Nurse foram atendidas. O encontro com Miché foi marcadoroleta com multiplicadoruma salaroleta com multiplicadordelegacia, e seria acompanhado por assistentes sociais.

"Eles me abraçaram, me apertaram e começaram a chorar", diz.

Mas Miché não se sentia confortável.

"Fiquei pensando: 'Tenho que entender o sofrimento dessas pessoas. É triste, mas não sentia nada, não senti falta deles todo esse tempo".

Miché estavaroleta com multiplicadoruma encruzilhada emocional. De um lado, estavam seus pais biológicos, com os quais não tinha nenhum tiporoleta com multiplicadorligação afetiva e que queriam recuperar o tempo perdido. Do outro, a mulher que chamavaroleta com multiplicadormãe, e que estava presa, prestes a responder por seus crimes na Justiça.

O julgamentoroleta com multiplicadorLavona Solomon no tribunal superior da Cidade do Cabo começouroleta com multiplicadoragostoroleta com multiplicador2015. Tanto Miché quanto seus pais biológicos estavam lá para ouvir o testemunhoroleta com multiplicadorLavona.

Michael com a filharoleta com multiplicadorMiché
Legenda da foto, Para ter 'estabilidade' emroleta com multiplicadorvida, Miché decidiu morar com seu 'pai', Michael, e esperar Lavona sair da prisão

Durante o julgamento, Lavona Salomon negou ter cometido o crime. Falou sobreroleta com multiplicadorvontaderoleta com multiplicadorser mãe, seus vários abortos espontâneos e seu desesperoroleta com multiplicadoradotar um filho. Lavona disse que recebeu Michéroleta com multiplicadoruma mulher chamada Sylvia, que estava fazendo tratamentoroleta com multiplicadorfertilidade. Sylvia teria dito a Lavona que o bebê pertencia a uma jovem que não estava interessadaroleta com multiplicadormantê-lo e queria que o bebê fosse adotado. Mas não havia evidênciasroleta com multiplicadorque Sylvia existisse.

Além disso, quase duas décadas após o incidente, uma testemunha identificou Lavona como a mulher que diz ter visto vestidaroleta com multiplicadorenfermeira levando Zephany do hospital onde Celeste dormia.

O tribunal concluiu que Lavona era culpada.

Em 2016, Lavona Salomon foi condenada a 10 anosroleta com multiplicadorprisão por sequestro, fraude e violação do Estatuto das Crianças.

Também foi criticada pelo juiz por não demonstrar nenhum remorso durante o julgamento.

"Senti como se tivesse morrido", diz Miché. "Pensava comigo mesma: 'Como vou lidar com isso? Como vou passar a vida sem a mãe que tive todos os dias da minha vida?'."

Visita à prisão

Alguns meses depois, Miché visitou Lavona na prisão e pôde falar com ela pela primeira vez desde que recebeu a visita das assistentes sociais emroleta com multiplicadorescola.

"Quando a vi pela primeira vez, um vidro nos separava. Não pude tocá-la", diz Miché. "Vi minha mãe com uniformeroleta com multiplicadorprisioneira e isso partiu meu coração. Chorei sem parar."

Miché realmente queria saber a verdade, descobrir o que havia acontecido no diaroleta com multiplicadorque Lavona a levara da mãe no hospital.

"Disse a ela: 'Saber que não sou seu sangue — que realmente vimroleta com multiplicadoroutra pessoa, e que você lhes roubou da possibilidaderoleta com multiplicadorme criar, mudando todo o meu destino — me machuca. Como posso acreditar emroleta com multiplicadorpalavra quando você mentiu para mim, dizendo que souroleta com multiplicadorfilha? Você quebrou minha confiança. Tem que me falar a verdade se quiser continuar a me ver."

"E ela respondeu: 'Um dia eu vou te contar.' Ela diz que não me roubou, mas acho que está mentindo."

No entanto, Miché diz que não guarda rancor.

"Perdoar traz tanta cura para o seu coração", diz Miché. "A vida deve continuar. Ela sabe que eu a perdoo, e ela sabe que eu ainda a amo."

Já se passaram maisroleta com multiplicadorquatro anos desde que Miché descobriu a verdade sobreroleta com multiplicadoridentidade. Quando completou 18 anos, no finalroleta com multiplicadorabrilroleta com multiplicador2015, chegou a considerar morar com umroleta com multiplicadorseus pais biológicos, mas acabou mudandoroleta com multiplicadorideia.

"Meus pais biológicos se divorciaram", diz Miché. "Então, tomei a decisão óbvia e a que mais me traria estabilidade — voltar a morar com Michael, que era meu espaço seguro, que era minha casa".

Miché teve dificuldades para construir um relacionamento comroleta com multiplicadorfamília biológica e confessa que às vezes sentia que os odiava por terem levadoroleta com multiplicador"mãe" embora.

Ela ainda visita Lavona na prisãoroleta com multiplicadorWorcester, a cercaroleta com multiplicador120 kmroleta com multiplicadoronde vive, mas é uma longa viagem, especialmente agora que tem dois filhos.

Lavona Solomon deve ganhar liberdaderoleta com multiplicadorseis anos e Miché diz que muitas vezes deseja "acelerar" o tempo. Ela ainda está morando na casa da família, esperando a mãe voltar.

Talvez surpreendentemente, Miché Solomon tenha escolhido manter o nome com o qual foi criada, e não com o que recebeu quando nasceu. Mas,roleta com multiplicadoralguma forma, apesar da montanha-russa psicológicaroleta com multiplicadordescobrir que a mulher que a criou realmente a roubou, elaroleta com multiplicadoralguma forma fez as pazes com ambas as suas identidades.

"Acho que odiei Zephany no começo", diz Miché.

"Ela veio com tanta força, um convite tão indesejado, trazendo tanto sofrimento e tanta dor. Mas Zephany é a verdade e Miché, a meninaroleta com multiplicador17 anos que eu era, era uma mentira. Então eu consegui equilibrar os dois nomes. Você pode me chamarroleta com multiplicadorMiché Zephany."

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