'A fotografia me ajudou a superar o meu câncer e o do meu irmão':apostar e ganhar
Seis meses antesapostar e ganharas fotos serem tiradas, Carly estava vivendo um sonho no Canadá, onde fazia um projetoapostar e ganharfotografia do último ano da universidade, registrando a pobreza na zona lesteapostar e ganharVancouver.
Ela estava doente havia meses, com uma tosse violenta, perdaapostar e ganharapetite, dor no peito e nas costas. Os médicos a diagnosticaram com doenças variadas,apostar e ganharpneumonia a asma, e avisaram que ela poderia sofrer um colapso pulmonar durante uma viagem aérea. Mas ela ignorou. "Eu não ia deixar esta doença - ou o que quer que fosse - atrapalhar minha vida", diz.
"Em Vancouver, eu conseguia ter empatia com pessoas doentes e viciadas. Minha preocupação com minha própria vida me deixou mais solidária durante a sessãoapostar e ganharfotos."
Muitas pessoas com quem ela conversou nas ruas quase congelantesapostar e ganharVancouver viraram dependentes químicas após serem medicadas com opiáceos fortes no hospital, como parte do tratamentoapostar e ganhardoenças graves, como câncer.
Três meses depois, a própria Carly precisaria tomar morfina para aliviar a dor no peito e nas costas e conseguir dormir.
Convencida pelos médicos canadenses a voltar para casa e se consultar com um especialista, ela finalmente foi diagnosticada com linfomaapostar e ganharHodgkin, uma forma rara e bastante agressivaapostar e ganharcâncer,apostar e ganharmarçoapostar e ganhar2012. Um tumor do tamanhoapostar e ganharuma laranja havia crescidoapostar e ganharseu pulmão direito e na parede do tórax.
"Caí aos prantos no hospitalapostar e ganharLondres. Não sabia se sobreviveria à quimioterapia, sendo diagnosticadaapostar e ganharum estágio tão avançado. Fiquei aterrorizada."
Foi difícil para a família dela aceitar. "Para meus pais, foi um soco no estômago. Não havia muitos casosapostar e ganharcâncer na minha família. Meu namorado também ficou arrasado, saiu da Califórnia para a Inglaterra para ficar comigo."
De volta aapostar e ganharcasaapostar e ganharEastbourne, na costa inglesa, Carly passou a anotar consultas hospitalares e horáriosapostar e ganharmedicamentos na agenda que até pouco tempo antes estava repletaapostar e ganhardatasapostar e ganharcursos e sessõesapostar e ganharfotos.
"Minha vida desacelerou, me concentreiapostar e ganharsuperar cada momento,apostar e ganharmedicaçãoapostar e ganharmedicação, exames sem fim, agulhas gigantes, biópsias que perfuravam profundamente meus ossos, tubos na garganta, esperando um dia a dor acabar", diz ela.
A dor no peito agora irradiava pelo braço, o líquido nos pulmões dificultava a respiração, fora uma "tosse horrível e incessante".
"Um tuboapostar e ganharplástico no meu braço injetava remédios nauseantes até meu coração, na tentativaapostar e ganharmatar o câncer, mas levando minhas forças com ele. Meus ossos ficavam mais visíveis a cada dia, um lembreteapostar e ganharcada quilo perdido. Do nada, minha vida estavaapostar e ganharperigo."
Sua visão do mundo - eapostar e ganharsi mesma - estava mudando. Foi então que ela decidiu se fotografar.
"Pensei que uma saída criativa me permitiria escapar dessa realidade por um ou dois momentos e pensar no meu trauma atual sob outra perspectiva", diz Carly.
A Reality Trauma seria uma sérieapostar e ganharautorretratos documentandoapostar e ganharaparênciaapostar e ganhartransformação,apostar e ganharvida dentro e fora do hospital, eapostar e ganharresiliência.
Durante consultas ou internações curtas, o hospital dava a ela liberdadeapostar e ganharusar o tripé e o cabo disparador da câmera. Médicos e enfermeiras muitas vezes apertavam o obturador para ela.
"Pensavaapostar e ganharcomo os outros poderiam ver essas imagens mais adiante e se eu estaria por perto para contar a minha história."
Carly queria que seu trabalho inspirasse outras pessoas a "ter a coragemapostar e ganharencarar o câncer" e não deixar que a doença assumisse completamenteapostar e ganharidentidade.
A cada foto, Carly notava queapostar e ganharpele estava ficando mais pálida e mais rente aos ossos, dando a ela uma aparência "estranha, quase alienígena".
Ela perdeu cercaapostar e ganhar12 kg no espaçoapostar e ganhardois meses e precisou fazer transfusões regularesapostar e ganharsangue para compensar os problemas circulatórios que estavam deixando seu corpo sem oxigênio e, consequentemente, azulado.
"As pessoas tinham medoapostar e ganharolhar para mim. Especialmente pais com filhos com câncer, porque me viam e provavelmente temiam que o pior poderia acontecer com eles. Me ver dessa maneira me fez sentir apreensiva e assustada."
Pouco depois, ela acabou sendo internada no hospital.
Nos piores momentos, constantemente enjoada e sonolenta, ela rejeitava toda comida do carrinho do hospital. Não conseguia estudar e,apostar e ganharalguns dias, se sentia cansada demais para fotografar a si mesma ou telefonar para o namorado.
A essa altura, ela tossia tanto que acabava cuspindo sangue. E, às vezes, acordava se coçando e encharcada, após uma noite suando frio, como se tivesse tomado banho no leito.
Até que um dia, após cercaapostar e ganhartrês mesesapostar e ganharquimioterapia, a tosse parou. E os outros sintomas também começaram a diminuir. O tratamento estava funcionando, ela pensou. E as biópsias confirmaram: o câncer estava sendo derrotado.
Sua percepçãoapostar e ganharvida mudou novamente. "O desamparo se transformouapostar e ganharesperança e, depois,apostar e ganhareuforia. Quando você chega tão perto da morte,apostar e ganharrepente, deseja viverapostar e ganharvida ao máximo."
O hospital deixouapostar e ganharser um localapostar e ganhardor e se transformouapostar e ganharlar. Os funcionários se tornaram amigos e alguns pacientes ficaram muito próximos. Agora, Carly se aventurava fora do quarto. O aquário na área comum do hospital atraía pacientesapostar e ganhartodas as idades.
Um casalapostar e ganharidosos, que estava sendo tratado para diferentes tiposapostar e ganharleucemia terminal, costumava fazer quimioterapia no mesmo dia que Carly. Um dia, o marido contou que a esposa havia sido informadaapostar e ganharque não viveria até o Natal. "Lembroapostar e ganharabraçá-la e desejar tudoapostar e ganharbom. Esse casal nunca saiu da minha cabeça."
Quando Carly começou a se sentir melhor, ela também passou a se conectar mais com o mundo exterior. O namorado e os amigos a levavam para almoçar, às vezes dirigiam até Beachy Head - onde falésias brancas se encontram com o mar. E Carly falava sobre o futuro enquanto observava os barcos se moverem lentamente no horizonte.
Ela começou a perceber que suas fotografias estavam tocando outras pessoas -apostar e ganharcolegasapostar e ganharcurso a professores.
Elas não apenas estavam capturando os efeitos físicos e emocionais do tratamento contra o câncer, como apostar e ganhar também demonstravam que nem sempre precisa ser assustador, também pode ser positivo, diz Carly.
"Olhar para as fotos que tirei me fez sentir mais forte, porque nessas fotos eu estava dianteapostar e ganharuma situação terminal, mas uma parteapostar e ganharmim ainda acreditava que eu poderia superar aquilo."
Carly começou a mostrar seu trabalho para outros pacientes com câncer e tirou fotosapostar e ganharalguns deles na enfermaria. O hábito se tornou uma maneiraapostar e ganharpuxar papo ou conseguir alguns sorrisos.
"Se é verdade que um simples sorriso, um pequeno gestoapostar e ganharajuda ou uma palavra gentil podem mudar a maneira como uma pessoa se sente e alegrar seu dia, tendo um efeito positivoapostar e ganhartodas as células do corpo, uma história fotográfica positiva pode ajudar a mudar a vidaapostar e ganharalguém", sugere Carly.
"Pode ser o fator decisivo para a força mentalapostar e ganharalguém e afetarapostar e ganharforçaapostar e ganharvontade o suficiente para passar pelo sofrimento, na esperançaapostar e ganharque isso acabeapostar e ganharbreve e que, na minha opinião, é o que ajuda a te manter vivo contra todos os prognósticos."
Quando o tratamentoapostar e ganharCarly terminou,apostar e ganharsetembroapostar e ganhar2012, ela foi capazapostar e ganharrelembrar cada faseapostar e ganharsua jornada,apostar e ganhar15 rolosapostar e ganharfilme e 150 fotografias, e dizer que sobreviveu ao câncer.
Foi um momentoapostar e ganharcelebração, mas voltar à casa da família, para "reconstruirapostar e ganharvida", não foi fácil. Quando ela devolveu as caixasapostar e ganharremédio que não foram utilizadas, se sentiu triste por não estar mais no hospital.
"A equipe e alguns dos pacientes eram como uma família, porque construímos um relacionamento muito próximo ao longoapostar e ganhartantos meses."
Algum tempo depois, Carly embarcou para a Califórnia e ficou com o namorado pela maior parte do ano seguinte. Ela voltou para casa várias vezes -apostar e ganharuma delas, foi ao hospital para fazer o primeiroapostar e ganharseus exames semestrais.
Toda vez que voltava, procurava rostos familiares: enfermeiros que cuidaram dela, pacientes com quem havia dividido suas angústias.
Em uma ocasião, alguns anos após o término do tratamento, ela chegou cedo para uma consulta e se sentou ao ladoapostar e ganharuma mulher na salaapostar e ganharespera. "Nossos olhares se cruzaram e,apostar e ganharrepente, meus olhos se encheramapostar e ganharlágrimas."
Era a mulher cujo marido dissera a Carly que não viveria até o Natalapostar e ganhar2012. "Eu não conseguia acreditar que era ela", lembra Carly. "Momentos como esse são lindos."
Carly rapidamente redescobriu a vontadeapostar e ganhardocumentar a vidaapostar e ganharpessoas ao redor do mundo. Em 2014, passou quatro meses na Índia.
Seu trabalho nessa viagem conquistaria menções honrosas no International Photo Awardsapostar e ganhar2018. Nesse mesmo ano,apostar e ganharfotografia intitulada "Último diaapostar e ganharquimioterapia", do projeto Reality Trauma, foi selecionada para o prêmio Portrait of Britain Awards.
Ela conseguiu ainda trabalho como assistente do fotógrafo Michael Wharley, produzindo imagens promocionais para o filme Summerland, estrelado por Gemma Arterton.
Enquantoapostar e ganharcaixaapostar e ganharentrada estava lotadaapostar e ganharconvites para prêmios eapostar e ganharagenda repletaapostar e ganharsessõesapostar e ganharfotos, ela começou a planejar um projeto com a clínica St. Wilfred's, para tirar retratosapostar e ganharpacientes com câncerapostar e ganharseus últimos estágios da vida.
Ela queria documentar como as doenças terminais afetam o estado psicológico das pessoas e a maneira como os pacientes passam seus últimos momentos, testando novos hobbies ou se despedindo.
Mas esse plano foi interrompido abruptamenteapostar e ganharsetembro do ano passado por um telefonemaapostar e ganharseu irmão mais velho, Lee. Ele contou a ela que seu irmão mais novo, Joe, havia sido diagnosticado com o mesmo câncer que Carly havia vencido seis anos antes. "Choramos ao telefone", relembra Carly.
Joe tinha apenas 16 anos e estava começando a faculdade. O câncer dele estava menos avançado do que oapostar e ganharCarly, mas, assim como a irmã, ele também ficou doente por meses até ser diagnosticado.
Os médicos atribuíram inicialmente a coceira intensa à "pele seca" ou à imaginação dele. "Ele não estava preparado para o diagnóstico. Nenhumapostar e ganharnós estava", diz Carly.
Joe tentou viver da forma mais normal possível, passando um tempo com a namorada, aprendendo a dirigir e fazendo planosapostar e ganharcarreira. Mas como ele passava cada vez mais tempo indo e vindo do hospital, suas notas caíram e ele começou a perder o contato com alguns amigos.
Na tentativaapostar e ganharficar mais tempo com ele, no início deste ano, Carly perguntou se poderia fotografarapostar e ganharjornada contra o câncer. Joe concordou.
Dezesseis anos mais velha que Joe, Carly saiuapostar e ganharcasa quando ainda era jovem. Mas, comoapostar e ganharúnica irmã mulher, ela sempre se sentiu responsávelapostar e ganharrelação a ele - foi ela quem o ensinou a desenhar e pintar quando era criança.
Quando Carly foi para a universidade e se mudou para Londres, eles se viam apenasapostar e ganharvezapostar e ganharquando. A cada visita, ela notava que ele estava um pouco mais alto,apostar e ganharvoz um pouco mais grave.
Mas agora ela estava atrás da câmera no hospital - e capturava uma mudança rápida a cada fotografia.
O cabelo que ele havia pintadoapostar e ganharloiro e depoisapostar e ganharverde, sabendo que iria cair, saíaapostar e ganharchumaços até que ele decidiu raspar, como Carly havia feito, para impedir que caísseapostar e ganharsuas roupas e no chão do quarto. Ele começou a cobrir a cabeça nas fotos e cogitou usar uma peruca.
Os esteróides que ele tomou para se preparar para o estágio seguinte da quimioterapia o envelheceram e tiveram outro efeito dramático. "Joe engordou a pontoapostar e ganharficar irreconhecível. As fotos também mostravam suas estrias devido ao súbito ganhoapostar e ganharpeso", diz Carly.
Cada vez mais, Joe procurava Carlyapostar e ganharbuscaapostar e ganharapoio e aconselhamento. Quando garoto, ele viu a irmã lutar contra o câncer. Sabia o que a doença havia causado a ela, mas também a viu derrotá-la.
"Mesmo quando ele tinha dúvidas e receios, o fatoapostar e ganhareu ter me recuperado significava que eu podia dar a ele esperança e positividade para continuar seu tratamento", diz.
Como o câncerapostar e ganharJoe estava menos avançado, ela pensou que o tratamento seria mais rápido eapostar e ganharsérie fotográfica, menor. As imagens representariam a jornadaapostar e ganharum jovem superando o câncer. Mas o primeiro cicloapostar e ganharquimioterapiaapostar e ganharJoe não foi bem-sucedido.
"A notícia nos deixou muito abalados. Nosso relacionamento mudou, ficou um pouco mais instável", diz Carly.
Joe teriaapostar e ganharenfrentar mais quatro mesesapostar e ganharquimioterapia e transplantes autólogosapostar e ganharcélulas-tronco. Seus cabelos, que haviam começado a crescerapostar e ganharnovo, cairiam novamente.
Ele falou que não queria mais ser fotografado, decisão que Carly disse que entendia e respeitava, mas com o tempo veio um lampejoapostar e ganhardeterminação e positividade. Um mês depois, ele mudouapostar e ganharideia novamente.
"A foto que eu mais gosto é dele se virandoapostar e ganharmaneira contemplativa. Naquela imagem, ele sabia o que estava por vir, e seus olhos brilhavam ao longe. Isso mostrou como ele tinha mudado e se adaptado a esse papelapostar e ganharpaciente jovem com câncer", diz Carly.
Contrariando as recomendações do médico, Joe interrompeu o tratamento com células-tronco. Ele temia os efeitos colaterais, como doenças respiratórias, problemasapostar e ganharpele, icterícia e diarreia, que podem ocorrer se as células atacarem o hospedeiro.
Logo após tomar essa decisão,apostar e ganharmaio, seus exames melhoraram. Isso significava queapostar e ganhardoença estavaapostar e ganharremissão, e ele pôde se juntar à família nas fériasapostar e ganharMenorca e, na sequência, participar do casamentoapostar e ganharLee.
Nos próximos meses, ele vai precisar fazer consultas regulares para monitorarapostar e ganharcondição, mas já perdeu o peso que ganhou e seu cabelo está finalmente voltando a crescer.
Para Carly, suas fotografias oferecem uma forte evidênciaapostar e ganharcomo a realidade mudou paraapostar e ganharfamília durante o períodoapostar e ganharque o "corpo, a mente e a alma dela eapostar e ganharJoe foram testados até o fim".
"Essas fotografias que eu tirei, minhas eapostar e ganharJoe, evocam algumas lembranças dolorosas para mim. No entanto, elas também me lembram da enorme capacidade do corpo humanoapostar e ganharsuportar esses tempos terríveis", diz ela.
"Essa sérieapostar e ganharimagens pode dar apenas uma visãoapostar e ganharrelance dessa época, mas minha esperança é que o público possa ver não apenas os aspectos terríveis, mas também a esperança que um sobreviventeapostar e ganharcâncer dá para outros que enfrentam uma condição semelhante."
Fotografias: Carly Clarke
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