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Morte violentavirginia casa de apostasmulher palestina gera debate sobre violênciavirginia casa de apostasgênerovirginia casa de apostassociedade patriarcal:virginia casa de apostas
"Esse será um caso transformador e sempre nos lembraremosvirginia casa de apostasIsraa Ghrayeb", diz Randa Siniora, que dirige o Centrovirginia casa de apostasMulheres Palestinas para Ajuda Legal e Aconselhamento.
Duas semanas depois do primeiro atendimento médico a Israa, no dia 10virginia casa de apostasagosto, a jovem foi levadavirginia casa de apostasvolta ao hospital. Mas, dessa vez, os médicos não puderam fazer nada para ajudar. Ela estava morta.
As autoridades policiais, agora sob forte pressão popular para desvendar o caso, disseram que Israa foi espancada e morreuvirginia casa de apostasdecorrência dos ferimentos.
Na semana passada, o procurador-geral palestino Akram al-Khateeb disse que Israa foi vítimavirginia casa de apostasviolência doméstica por membros davirginia casa de apostasfamília.
Três parentes do sexo masculino da jovem foram denunciados por participar da morte dela. Para ativistas, o caso revela a carênciavirginia casa de apostasuma base legal destinada à proteção das mulheres palestinas.
"Israa era muito independente e extrovertida", disse um amigo dela à BBC News, ao descrevê-la como vibrante e motivada. "O sonho dela era ser bem-sucedida e famosa navirginia casa de apostasprofissão", acrescentou ele.
A jovemvirginia casa de apostas21 anos era conhecida na vilavirginia casa de apostasBeit Sahour, pertovirginia casa de apostasBelém.
Israa era maquiadora e suas fotos no Istagram atraíram milharesvirginia casa de apostasseguidores.
"Eu amei esse look preto que eu fiz", escreveu a jovem na rede social, ao mostrar a fotovirginia casa de apostasuma modelo que ela maquiou com sombra esfumaçada preta.
Israa eravirginia casa de apostasuma família conservadora que adotava regras rígidasvirginia casa de apostascortejo entre jovens homens e mulheres. O uso da rede social parece ter sido elemento importante entre as circunstâncias que levaram à morte da jovem.
Ela teria postado no Instagram uma foto com o noivo num café. A conta dela na rede social foi posteriormente apagada.
De acordo com a imprensa local, membros da famíliavirginia casa de apostasIsraa consideraram desonroso o fatovirginia casa de apostasela ter sido vista publicamente com um homem, embora os dois jovens tivessem iniciado relacionamento após obter consentimento dos parentes.
Os familiaresvirginia casa de apostasIsraa afirmaram que ela própria provocou os ferimentos que levaram àvirginia casa de apostasmorte. O cunhado dela, Mohammed Safi, disse que a jovem sofriavirginia casa de apostasproblemas psicológicos e que caiu da varandavirginia casa de apostascasa — uma versão que os investigadores descreveram como "inválida".
Uma Israa sorridente postou fotos dos machucados nas redes sociais, pedindo desculpas por ter que adiar a agendavirginia casa de apostasmaquiagens. "Fraturei a coluna e terei que fazer uma cirurgia hoje. Se a operação correr bem, eu avisarei vocês. Se não, vou ter que cancelar tudo."
Embora ela tenha sido atendida por uma equipe médica e feito radiografias, nenhuma medida foi tomada pela polícia diante dos "sinaisvirginia casa de apostasabuso" identificados pelos profissionais que a atenderam.
'Possuída por maus espíritos'
O corpovirginia casa de apostasIsraa foi enterrado conforme a tradição islâmica — algumas horas após a morte. O caso poderia ter se encerrado ali, se não fosse por um grupo palestino no Facebook chamado "Você o conhece?".
Esse grupo expõe homens que maltratam mulheres ou que traem suas esposas.
O grupo postou uma gravação que seriavirginia casa de apostasIsraa gritando enquanto era espancada pelos seus irmãos, cunhados e o pai no hospital.
Os promotores disseram na semana passada que se tratavavirginia casa de apostasuma junçãovirginia casa de apostasduas gravações feitas com sete horasvirginia casa de apostasdiferença, enquanto o hospital negou categoricamente que o espancamento tenha ocorrido nas suas dependências.
Mas as denúncias feitas por meio do grupo do Facebook se espalharam e a preocupação sobre a verdade por trás da mortevirginia casa de apostasIsraa se difundiu.
O grupo também publicou conversasvirginia casa de apostasWhatsApp entre Israa e seus primos nos quais ela dizia que estava saindo, com o consentimento da família, com um homem que logo se tornaria seu noivo.
As hashtags "Israa Ghrayeb", "Não há honravirginia casa de apostascrimesvirginia casa de apostashonra" e "Somos todas Israa Ghrayeb" passaram a dominar o Twittervirginia casa de apostasvários países árabes.
"Nesse caso específico, as redes sociais tiveram papel importantevirginia casa de apostaspressionar as autoridades a trabalhar duro para resolver o caso", diz Tala Halawa da BBC Monitoring, que acompanhou como o episódio se desenrolou na internet.
"Milharesvirginia casa de apostastuites evirginia casa de apostaspostagens no Facebook clamaram por justiça a Israa e várias mulheres compartilharam seus medos e histórias pessoais."
Ativistas pelos direitos das mulheres começaram a se aglomerar do ladovirginia casa de apostasfora do escritório do primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh.
Eles pediam a aplicaçãovirginia casa de apostasleis destinadas a proteger mulheresvirginia casa de apostasviolência doméstica e acusavam as autoridadesvirginia casa de apostasfalharvirginia casa de apostasproteger Israa evirginia casa de apostasnão terem se empenhadovirginia casa de apostasinvestigar a morte dela.
"Desde o início, eu achei que tinha algo estranho no casovirginia casa de apostasIsraa. Eu não acreditei na históriavirginia casa de apostasque ela teria caído da varanda", diz Randa Siniora. "(A família) dizia que ela estava possuída por maus espíritos", diz ela.
Siniora se refere a entrevistas à imprensa concedidas pelo cunhadovirginia casa de apostasIsraa depois que o caso ganhou notoriedade, nas quais ele dizia que a jovem estava possuída. A explicação foi um dos argumentos usados pelos ativistas que protestavam por uma investigação mais criteriosa.
"O demônio está navirginia casa de apostascabeça, não no corpo das mulheres", dizia uma placa carregada por uma manifestante. Em meio à ondavirginia casa de apostasprotestos nas ruas evirginia casa de apostasmanifestações nas redes sociais, novas perícias no corpovirginia casa de apostasIsraa foram feitas.
Um relatóriovirginia casa de apostasum patologista disse que ela morreuvirginia casa de apostasparada respiratóriavirginia casa de apostasdecorrência do colapso do pulmão causado por múltiplos traumas e ferimentos. O advogado-geral palestino disse que a mortevirginia casa de apostasIsraa foi resultadovirginia casa de apostas"tortura e abuso".
A explicaçãovirginia casa de apostasque ela havia caído da varanda foi "fabricada" para "confundir as investigações", disse. Contatado pela BBC, um integrante da família disse que não iria se manifestar.
Os dois hospitais que atenderam Israa disseram que informaram a política e gruposvirginia casa de apostasproteção da família sobre as suspeitasvirginia casa de apostasabuso quando ela deu entrada. Mas as autoridades policiais ainda não explicaram o motivovirginia casa de apostasnenhuma providência ter sido tomada.
Aumento da violência
A históriavirginia casa de apostasIsraa não é um caso isolado. O Centrovirginia casa de apostasMulheres Palestinas para Ajuda Legal e Aconselhamento disse que registrou 24 mortesvirginia casa de apostasmulheres após violência relacionada ao gênero na mesma região onde Israa morava e na Faixavirginia casa de apostasGaza.
O grupovirginia casa de apostasdireitos humanos Al-Haq tenta chamar a atenção para o que chamavirginia casa de apostas"aumento alarmante"virginia casa de apostasincidentesvirginia casa de apostasviolência contra mulheres, inclusivevirginia casa de apostasassassinatos.
Ativistas culpam a culturavirginia casa de apostasimpunidade, estimulada por um Código Penal da décadavirginia casa de apostas60, quando a Jordânia ocupava essa região na fronteira com Israel.
Algumas das regras previstas na legislação penal possuem brechas que são usadas pelas cortes palestinas para perdoar ou garantir penas lenientes aos homens que cometem violência contra mulheres quando eles argumentam que agiram para proteger a honra da família.
Milhares dos chamados assassinatosvirginia casa de apostas"em nome da honra" ocorrem a cada anovirginia casa de apostastodo o mundo.
A Autoridade Palestina fez modificações na lei,virginia casa de apostas2011, com o objetivo impedir o uso do argumento da honra para justificar crimes.
Mas um relatóriovirginia casa de apostas2017 das Nações Unidas diz que juízes ainda recorrem,virginia casa de apostasgrande parte dos casos, aos artigos 90 e 100 do Código Penal, "cuja aplicação mitiga a pena para assassinatos, inclusive se a vítima vem da mesma família do assassino".
O documento da ONU também diz que as mulheres palestinas têm sofrido "múltiplos tiposvirginia casa de apostasdiscriminação e violência", tanto públicas quanto privadas.
"Elas sofrem com a violência da ocupação israelense, sendo direta ou indiretamente, mas também sofrem com um sistemavirginia casa de apostasviolência que emana da tradição e da cultura, repletasvirginia casa de apostasnormais sociais patriarcais."
Há ainda um outro problema relacionado à forma como a lei palestina lida com famílias acometidas por um casovirginia casa de apostasviolência, diz Randa Siniora.
Ela diz que a legislação não obriga parentes que possam ser testemunhas a fornecer informações à polícia, o que ajuda a fortalecer o poder dos homens no núcleo familiar.
Ativistas destacam que a Autoridade Nacional Palestina integra uma sérievirginia casa de apostasconvenções internacionais que a obriga a adotar medidasvirginia casa de apostaspreservação dos direitos humanos para prevenir a violênciavirginia casa de apostasgênero.
A ONU dissevirginia casa de apostas2017 que estava preocupada com a "faltavirginia casa de apostasimplementação" dessas diretrizes.
Uma campanha estávirginia casa de apostasvigor atualmente exigindo justiça para Israa. Suheir Faraq, uma das porta-vozes desse movimento, defende que as mudanças devem ser sociais e legais.
Ela argumenta que os abusos sofridos por Israa eram amplamente conhecidos.
Para Faraq, é necessário dar garantias para que mulheres como Israa possam acreditar que é possível receber ajuda e proteção. "É preciso que haja um mecanismo para que as mulheres não tenham medovirginia casa de apostasdenunciar (abusos e violência)", diz.
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