Como um projetoaposta bbb sportsbetestudantes está reduzindo a evasão escolar no sertão do Ceará:aposta bbb sportsbet
A iniciativa faz parte do projeto Células Motivadoras, criado por duas estudantes do 2º ano do ensino médio da Escola Estadual Adrião do Vale Nuvens,aposta bbb sportsbetSantana do Cariri, no sertão do Ceará.
Os 19 alunos que participam do projeto se dividemaposta bbb sportsbettrês grupos, cada um responsável por uma das três séries do colégio.
Eles fazem rodasaposta bbb sportsbetconversa sobre os problemas que enfrentam para conseguir estudar e palestras para reforçar a importância da escola no futuro.
Também ficam atentos ao comportamento dos colegas e acompanhamaposta bbb sportsbetfrequência. Quando alguém falta demais, é um sinalaposta bbb sportsbetalerta.
O aluno ausente recebe, então, uma uma mensagem escrita à mão por outros estudantes, a "carta quente", para incentivá-lo a voltar para a escola.
Se isso não bastar, os colegas junto com algum professor vão até ele para entenderaposta bbb sportsbetsituação e conversar para motivá-lo a retornar.
Foi assim que Ana Ellen "desistiuaposta bbb sportsbetdesistir"aposta bbb sportsbetestudar. Os colegas explicaram que ela ainda não tinha atingido o limiteaposta bbb sportsbetfaltas e poderia continuar na escola.
Mostraram que poderia seguir estudandoaposta bbb sportsbetcasa depois que o bebê nascesse. Falaram com ela sobre a importância do estudo para poder dar uma condiçãoaposta bbb sportsbetvida melhor para a criança.
"Quando ele fosse mais velho, que exemplo eu daria se dissesse que tinha paradoaposta bbb sportsbetestudar? Vi que não era isso que queria nem para mim nem para o meu filho", diz a estudanteaposta bbb sportsbet19 anos, que está no sexto mês da gravidez. Ela vai cursar o último bimestreaposta bbb sportsbetcasa e quer concluir os estudos para fazer uma faculdadeaposta bbb sportsbetmedicina veterinária.
Ana Ellen foi um dos alunos que o Células Motivadoras conseguiu impedir que deixasse a escola. No ano anterior ao início do projeto, 79 alunos da escola haviam desistido. Em 2018, o número caiu para 59.
Neste ano, até o momento, 13 estudantes abandonaram - um sinalaposta bbb sportsbetque esses esforços estão dando resultado.
"Fico triste que 13 tenham desistido, mas saber que a gente está conseguindo reduzir esse número a cada ano é muito gratificante", diz Maria Alicyaposta bbb sportsbetOliveira,aposta bbb sportsbet17 anos, uma das criadoras da iniciativa.
"Não era nem para ter chegado nestes 13", completa Liliane Silva,aposta bbb sportsbet16 anos, a outra fundadora do projeto. "Estamos trabalhando e vendo quem está com muitas faltas para não passar desse número."
Transformando jovensaposta bbb sportsbetcidadãos
O Células Motivadoras foi um dos projetos premiados na 5ª edição do Desafio Criativos da Escola, promovido pelo Instituto Alana, uma organização sem fins lucrativos dedicada aos direitos das crianças.
O prêmio recebeu neste ano maisaposta bbb sportsbet1,4 mil inscriçõesaposta bbb sportsbetprojetos desenvolvidos por jovens com soluções para lidar com problemasaposta bbb sportsbetsuas escolas. Foram escolhidos 15 finalistas e, entre eles, destacadas outras seis iniciativas além do projetoaposta bbb sportsbetSantana do Carari.
Em Sapiranga, no Rio Grande do Sul, estudantes do 8º ano do ensino fundamental da Escola Maria Emíliaaposta bbb sportsbetPaula investigaram o feminicídio e decidiram debater o assunto criando um clube chamado "E Se Fosse Com Você?" e das rodasaposta bbb sportsbetleitura "A Hora do Conto",aposta bbb sportsbetque obras infantis são o pontoaposta bbb sportsbetpartida para falar do tema.
Já o racismo levou os alunos da Escola Municipal Milton Pessoa,aposta bbb sportsbetTriunfo,aposta bbb sportsbetPernambuco, a pesquisarem junto aos alunos quilombolas como eles eram afetados pelo preconceito e o que conheciam sobre a históriaaposta bbb sportsbetsuas comunidades. O projeto criou oficinasaposta bbb sportsbetdança, desenho e audiovisual sobre a cultura quilombola - e rendeu dois curta-metragens sobre o tema.
Os alunos do 3º ano do ensino médio da Escola Estadual Professora Maria Belém,aposta bbb sportsbetBarreirinha, no Amazonas, não tinham um laboratórioaposta bbb sportsbetbiologia.
A saída foi transformar a Amazôniaaposta bbb sportsbetum laboratório a céu aberto. Os alunos foramaposta bbb sportsbetbarco até uma comunidade para estudar a natureza in loco, uma iniciativa que já foi adotada por outras classes do colégio.
A esculturaaposta bbb sportsbetum galo branco - símbolo folclórico do Rio Grande do Norte -aposta bbb sportsbetSão Gonçalo do Amarante levou o 3º ano do ensino médio do Centro Estadualaposta bbb sportsbetEducação Profissional Doutor Ruy Pereira dos Santos a descobrir não só o significado da obra, mas resgatar a história e a cultura da cidade.
Eles criaram um jogoaposta bbb sportsbettabuleiro baseado nas descobertas e conversam com a Prefeitura para que seja adotado por outras escolas.
O objetivo dos alunos do 7º e 8º ano do ensino fundamental do Colégio Municipal Professora Didi Andrade,aposta bbb sportsbetItabira,aposta bbb sportsbetMinas Gerais, era dar voz aos estudantes sobre temas que os incomodavam.
Uma sérieaposta bbb sportsbetentrevistas com os colegas foram transformadasaposta bbb sportsbetvídeos que tratam das histórias relatadas sobre assuntos como abuso sexual, violência doméstica e homofobia para conscientizar sobre essas questões.
Já os estudantes do 9º ano do ensino fundamental do Centroaposta bbb sportsbetEducação Municipal Florindo Silveira resgataram a memória do período da escravidãoaposta bbb sportsbetRio do Antônio, na Bahia, e produziram um livro digital sobre o assunto.
Gabriel Salgado, coordenador do Criativos da Escola, diz que a ideia é valorizar iniciativas dos próprios estudantes que transformamaposta bbb sportsbetrealidade para estimular que ações assim se multipliquem.
"Não se trataaposta bbb sportsbetdizer que a responsabilidadeaposta bbb sportsbetresolver esses problemas é dos estudantes, mas não podemos ignorar a perspectiva deles, senão perdemos um potencial criativo enormeaposta bbb sportsbetpensar soluções. Ao mesmo tempo, inserir no ensino projetos que estão relacionados à realidade deles e criar projetosaposta bbb sportsbetque são protagonistas ajuda a motivar os alunos e a construiraposta bbb sportsbetcidadania", diz Salgado.
Prevenir é melhor que remediar
Em Santana do Cariri, o Células Motivadoras começou quando Maria Alicy e Liliane chegaram à nova escola e notaram que evasão e faltaaposta bbb sportsbetmotivação entre os alunos eram um problema sério. As duas estudantes decidiram pesquisar sobre o tema e transformar o trabalhoaposta bbb sportsbetum projeto para a feiraaposta bbb sportsbetciências.
Elas falaram com alunos, ex-alunos, professores e especialistas. Foram atrásaposta bbb sportsbetpesquisas sobre o tema e viram que se tratavaaposta bbb sportsbetum problema que não era exclusivo dali.
Em 2018, 36,5% dos brasileirosaposta bbb sportsbet19 anos não haviam concluído o ensino médio, idade considerada ideal para esta etapaaposta bbb sportsbetensino. Entre eles, 62% não frequentam mais a escola e 55% pararamaposta bbb sportsbetestudar ainda no ensino fundamental, segundo dados do movimento Todos pela Educação, com base na Pesquisa Nacional por Amostraaposta bbb sportsbetDomicílios Contínua (PnadC), do Instituto Brasileiroaposta bbb sportsbetGeografia e Estatística (IBGE).
"A gente percebeu que a evasão escolar não acontecia só na nossa escola, masaposta bbb sportsbetmuitas outras também, e quis pensar uma formaaposta bbb sportsbetajudar os alunos a enfrentarem as dificuldades", diz Liliane.
Sua pesquisa mostrou que muitos meninos deixavamaposta bbb sportsbetestudar para trabalhar e ajudar a família. Entre as meninas, a gravidez era um motivo frequente do abandono. A faltaaposta bbb sportsbettransporte afetava a todos, assim como a faltaaposta bbb sportsbetperspectiva sobre o futuro.
"Alguns têm medo do fracasso, dizem que não têm forçaaposta bbb sportsbetvontadeaposta bbb sportsbetestudar, porque acham que não vão conseguir nada com aquilo", explica Maria Alicy.
Diagnosticados os motivos, como elas poderiam mudar aquela situação? Surgiu a ideiaaposta bbb sportsbetconversar com os colegas e monitoraraposta bbb sportsbetfrequência para intervir antes que algum aluno abandonasse a escola.
Além dos grupos que dão nome do projeto, foi criado também um aplicativo que dá acesso ao sistema escolar do estado, tem fotos do projeto, contatos dos membros das células motivadoras e um campo para sugestões.
Neste ano, esse trabalho já levou outro aluno, alémaposta bbb sportsbetAna Ellen,aposta bbb sportsbetvolta para a escola. Mas nem sempre o esforço dá certo. Um estudante havia decidido ajudar a família durante o dia e, como não tinha como chegar à escola à noite, abandonou os estudos.
Os colegas até conseguiram fazer com que voltasse, mas ele desistiu novamente quando ultrapassou o limiteaposta bbb sportsbetfaltas no ano.
"Aí não tem mais jeito", reconhece Liliane. "Tentamosaposta bbb sportsbettudo, e ele até queria seguir estudando. Mas a gente não podia fazer mais nada, porque a lei não permite que ele continue depoisaposta bbb sportsbetpassar desse limite."
O professoraposta bbb sportsbethistória Moaci Caetano Freires Junior orientou as três estudantes que estão à frente do Células Motivadoras - alémaposta bbb sportsbetMaria Alicy e Liliane, a estudante Joana Nuvens,aposta bbb sportsbet16 anos, ajuda a organizar o projeto. Ele diz que o principal objetivo é diagnosticar um possível casoaposta bbb sportsbetevasão e impedir que o aluno abandone a escola.
"Se conseguir evitar evasão, há mais chanceaposta bbb sportsbeto estudante permanecer na escola, porque, uma vez que ele desiste, já está com a decisão tomada e dificilmente retorna. Muitas vezes, a gente nem consegue fazer a visita, porque o aluno recebe a carta, sabe o que vemaposta bbb sportsbetseguida e já manda avisar que não quer que a gente vá", diz Junior.
'A ficha ainda não caiu'
Os bons resultados do projeto fizeram com que outras duas escolasaposta bbb sportsbetcidades vizinhas entrassemaposta bbb sportsbetcontato para que Maria Alicy, Liliane e Joana apresentassem o Células Motivadoras para os alunos.
"Queremos quebrar mais barreiras, e já demos um primeiro passo na nova fase do projeto, que é firmar parcerias para que ele seja ser usadoaposta bbb sportsbetoutras escolas", diz Maria Alicy.
Liliane diz que a iniciativa chama atenção porque a evasão escolar é um problema bastante comum, mas que não imaginava que causaria tanto impacto - nem que as levaria tão longe.
As três estudantes, que nunca saíram do Ceará, irão com seu orientador para Roma, na Itália, como parte do prêmio que receberam.
Lá, participarão da Conferência Global "Eu Posso", junto com outros 3 mil estudantes para trocar experiênciasaposta bbb sportsbetque os jovens assumem o papelaposta bbb sportsbetprotagonistas do cenário da educação global.
"É surreal", diz Liliane. "A ficha ainda não caiu."
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