Por que a remota Groenlândia interessa tanto aos EUA e à China:twitter novibet

twitter novibet A compra da remota ilha da Groenlândia proposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode soar estranha. Afinal, trata-se do território menos povoado da Terra, com maistwitter novibet2 milhõestwitter novibetquilômetros quadrados – mais ou menos um quarto da área do Brasil – e apenas 57 mil habitantes.

Na terça-feira (20/08), Trump decidiu suspender uma viagem no começotwitter novibetsetembro à Dinamarca (a quem a Groenlândia pertence) devido à faltatwitter novibetinteresse da primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen,twitter novibetdiscutir a proposta. A Dinamarca é a maior ilha do mundo (a Austrália não é considerada uma ilha, e sim um continente).

Não é a primeira vez, no entanto, que os Estados Unidos tentam comprar a Groenlândia. Tecnicamente, o local é um território autônomo pertencente à Dinamarca – país responsável por bancar 60% do orçamento anual do governo e pela política externa etwitter novibetdefesa da ilha.

A ideia surgiu nos EUA durante a décadatwitter novibet1860, pelo então presidente Andrew Johnson. Um relatório do Departamentotwitter novibetEstado dos EUA,twitter novibet1867, sugere que a localização estratégica e a abundânciatwitter novibetrecursos tornavam a ilha uma aquisição importante.

Jonathan Marcus, analistatwitter novibetassuntos diplomáticos da BBC, diz que "basta olhar no mapa para ver como Rússia e Alasca (que pertence aos EUA) estão perto da Groenlândia."

"A Groenlândia é um território importante do pontotwitter novibetvista da defesa dos EUA. Eles têm lá uma importante base (militar) com sistemastwitter novibetrastreamento espacial etwitter novibetdetecçãotwitter novibetlançamentostwitter novibetmísseis", diz Marcus.

"A zona é importante estrategicamente e, conforme avança o degelo (na região ártica), e as rotas marítimas se abrem, o localtwitter novibetse torna cada vez mais crucial para os países que estão fisicamente próximos dele e também para a China", diz.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, o território tornou-se um ponto-chave para evitar um hipotético ataque soviético. A Groenlândia está no meio do caminho entre os EUA e a Rússia.

Em 1946, o presidente americano Harry Truman ofereceu à Dinamarca US$ 100 milhõestwitter novibetouro pela Groenlândia, mas a Dinamarca rejeitou a oferta.

A recusa dinamarquesa, no entanto, não impediu que os dois países assinassem um tratadotwitter novibetdefesatwitter novibet1951. Paralelamente à criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o tratado permitiu aos Estados Unidos construir uma base aéreatwitter novibetThule, a menostwitter novibet1.600 km do Pólo Norte, na costa noroeste da ilha.

A base,twitter novibetoperação até hoje, é a única instalação militar dentro do Círculo Polar Ártico. É também o porto e a base aérea mais setentrional (mais ao norte) dos EUA, o que faz dela uma peça-chavetwitter novibetum eventual conflito na região.

O local também abriga o 12º Esquadrãotwitter novibetAlerta Espacial dos EUA, um grupotwitter novibetoficiais e combatentes da Força Aérea americana responsável pela defesa antimísseis e espacial do país. Para isso, contam com um enorme sistematwitter novibetradares, segundo o site Defensenews.

A base na Groenlândia é "ideal para rastrear mísseis balísticos intercontinentais e satélitestwitter novibetórbita terrestre baixa", segundo a publicação.

Mudança climática e recursos naturais

Os Estados Unidos têm interessetwitter novibetreforçartwitter novibetpresença no Ártico para, entre outras coisas, fazer frente à crescente presença russa na região – tanto militar quanto civil.

Isto "tornaria mais difícil para a Rússia selar seu controle do Mar do Norte e aliar-se com a China para monopolizar a rota", diz o colunista da agênciatwitter novibetnotícias Bloomberg, Leonid Bershidsky.

A rota é a via marítima mais ativa do Ártico, e passa por águas territoriais russas. Vai desde o martwitter novibetBarents, perto da fronteira da Rússia com a Noruega, até o Estreitotwitter novibetBering, entre a Sibéria e o Alasca.

As embarcações que trafegam por esta rota precisamtwitter novibetautorização da Rússia, explica uma reportagem da revista britânica The Economist.

Mas não é só a localização estratégica que faz da Groenlândia, com seus 56 mil habitantes, um território desejado pelas grandes potências.

A mudança climática e o consequente degelo do Ártico, que está acontecendotwitter novibetforma acelerada na região, tornam mais fácil o acesso aos grandes recursos naturais da região.

Em junho passado, na contramão da busca global por combustíveis alternativos, as autoridades da Groenlândia detalharam o planotwitter novibettornar a região uma potência petroleira.

Os 10 pontos do plano propõem uma estratégiatwitter novibetcinco anos para iniciar a prospecçãotwitter novibetpetróleo no local. Estima-se que o Ártico, onde a Groenlândia está localizada, detenha 13% das reservastwitter novibetpetróleo a serem descobertas no mundo.

Além disso, játwitter novibet2013, o parlamento local suspendeu a proibição, que vigorava há 25 anos, para atividadestwitter novibetmineraçãotwitter novibetmateriais radioativos como o urânio.

A ilha tem alguns dos maiores depósitostwitter novibet"terras raras" do mundo, entre as quais destacam-se o neodímio, o praseodímio, o disprósio e o térbio, entre outras.

Além do urânio, também existem na ilha derivadostwitter novibetzinco.

O papel da China

As chamadas "terras raras" possuem propriedades comerciais únicas e são matérias-primas fundamentais para a produçãotwitter novibettecnologiastwitter novibetcomunicação e energia, como turbinas eólicas, veículos elétricos e aparelhos celulares.

Patrik Andersson, Jesper Willaing Zeuthen e Per Kalvig, da Faculdadetwitter novibetCiências Sociais da Universidadetwitter novibetAalborg (na Dinamarca), argumentamtwitter novibetum artigo acadêmico que a China alcançou o monopóliotwitter novibettodos os segmentos das cadeias produtivas associados a esses elementos químicos.

Atualmente, a União Europeia importa 90%twitter novibetsuas terras raras da China.

Na Groenlândia, o país asiático está envolvido no Projeto Kvanefjeld, no sul da ilha. O objetivo é abrir uma minatwitter novibeturânio e terras raras (como neodímio, disprósio e ítrio),twitter novibetconjunto com uma empresa australiana.

Esta não é a única aposta da China para aumentartwitter novibetpresença na Groenlândia.

No ano passado, uma empresa estatal chinesa se propôs a construir três novos aeroportos na ilha, o que levou o governo dinamarquês a fornecer metade do financiamento.

De acordo com o que Andersson, Willaing e Kalvig, a iniciativa do governo foi amplamente interpretada na Groenlândia e na Dinamarca como uma tentativatwitter novibetafastar a influência chinesa e impedir que a potência asiática tivesse um aeroporto para suas aeronaves militares, bem como maior poder econômico sobre o governo local.

"A questão da mineração na Groenlândia e, principalmente, o investimento chinês nesse setor provocou debate sobre o papel do setor nas questõestwitter novibetsegurança, bem como se os interesses econômicos chineses na Groenlândia podem afetar a discussão sobre a eventual independência da Groenlândia (da Dinamarca)", explica Marc Lanteigne, professor associadotwitter novibetCiência Política na Universidadetwitter novibetTromsø, no site The Diplomat.

Numa viagem à Groenlândia no fim do ano passado, o jornalista da BBC John Simpson percebeu que a opinião sobre a influência chinesa na ilha tendia a se dividirtwitter novibetacordo com a etnia.

Os dinamarqueses estavam mais preocupados, enquanto que os Inuits – que formam 80% da população local – viam a aproximação chinesatwitter novibetforma positiva.

Embora a propostatwitter novibetTrump tenha pouca (ou nenhuma) chancetwitter novibetsucesso, a movimentação "poderia pressionar a Dinamarca a se manter firme contra a expansão dos interesses chineses no território e dar mais espaço comercial e militar aos Estados Unidos", escreve Catherine Philp, correspondente diplomática do The Times.

A atitude do líder dos EUA também poderia, por outro lado, "danificar as relações entre dois aliados da Otan e afastar a Dinamarca e a Groenlândia".

De qualquer forma, é uma amostra da importância estratégica crescente desta ilha remota no Ártico.

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