Nasa encontra 'Disneylândia' da exploraçãoplanetas fora do Sistema Solar:

Ilustração do satélite Tessbuscaexoplanetas no espaço

Crédito, AFP PHOTO/NASA/HANDOUT

Legenda da foto, Ilustração do satélite Tessbuscaexoplanetas no espaço; missão deve ir pelo menos até 2022

Um satélite da Nasa encontrou três novos planetas que estão entre os menores e mais próximosnós já encontrados fora do Sistema Solar.

Os corpos encontrados são exoplanetas, como são chamados planetas que orbitam outras estrelas que não o nosso Sol. Dois deles são "sub-Netunos" (com massa menor que o gigante Netuno) e um é uma "superterra" (massa maior que a da Terra, mas menor que gigantes gasosos do Sistema Solar).

Os três exoplanetas orbitam a estrela batizada TOI-270, que está a 73 anos-luzdistância e é pequena e relativamente fria (mais ou menos metade mais quente que o Sol).

"O sistematorno da TOI-270 é uma verdadeira Disneylândia para o estudo dos exoplanetas. É um laboratório excepcional não por uma razão, mas por várias -verdade, ele preenche todos os requisitos", comemora Maximilian Günther, pós-doutor no Instituto KavliAstrofísica e Pesquisa Espacial do InstitutoTecnologiaMassachusetts (MIT), nos Estados Unidos.

"Há muitas pecinhas do quebra-cabeça que podemos resolver com este sistema encontrado."

A descoberta animadora foi publicada nesta segunda-feira (29) no periódico Nature Astronomy e é fruto da exploração do satélite Tess - siglainglês para Transiting Exoplanet Survey Satellite (algo como SatélitePesquisasExoplanetasTrânsito,português).

O Tess foi lançado ao espaço pela Nasa há um ano, exatamentejulho2018, com o objetivoencontrar exoplanetas.

Desde então, o satélite encontrou 21 planetas fora do Sistema Solar, alémcoletar dadossupernovas e buracos negros, entre outros fenômenos. No balançoum ano da missão da Nasa, George Ricker, líder no MIT dos trabalhos com o Tess, afirma que "o ritmo e produtividade" do satélite "ultrapassarammuito nossos objetivos mais otimistas".

Com isso, a missão, que inicialmente só duraria dois anos, já foi postergada para 2022.

Em buscavida

Um dos sub-Netunos encontrados parece estaruma zona "temperada", ou seja, o topo da atmosfera dele está dentrouma faixatemperatura que poderia suportar algumas formasvida.

Isso animou a equipe científica, mas os pesquisadores logo perceberam que a atmosfera do planeta é muito espessa e, com isso, provavelmente uma zona quente demais para hospedar água ou vida.

Duas pessoas com trajes especiais e cobertos manipulam satélite Tess

Crédito, NASA/Handout via REUTERS

Legenda da foto, Satélite já encontrou,um ano, 21 exoplanetas

Günther, porém, diz que ainda há a possibilidadeencontrar outros planetas no sistema ao redor da TOI-270 e que ainda poderiam apresentar zonas habitáveis. Para que isto seja confirmado, no entanto, há ainda no meio do caminho muitas etapas, desde encontrar outros planetas a confirmar condições atmosféricastamanho emassa.

De todo modo, o sistema já apresentou uma sériecuriosas características que o fazem uma "Disneylândia" para os cientistas. Por exemplo, todos os três planetas parecem ter um tamanho semelhante. Em contraste, o nosso Sistema Solar é feitoextremos: dos pequenos e rochosos Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, a planetas maciços como Júpiter e Saturno e os distantes gigantesgelo Netuno e Urano.

Não tem um meio-termo, um planeta intermediário - como parecem ser os sub-Netunos da TOI-270. Assim, eles podem ser um "elo perdido" no estudo da formação dos planetas, possivelmente respondendo por exemplo se pequenos planetas rochosos como a Terra e gigantes gelados como Netuno têm origens semelhantes ou distintas.

Outra "atração" do sistema TOI-270 é que a estrela está relativamente próxima, portanto, é brilhante, e também extraordinariamente "quieta". Ela é do tipo anã vermelha, normalmente muito ativa - com erupções frequentes e tempestades solares.

Mas a TOI-270 é antiga e parece ter "acalmado" há um tempo, emitindo um brilho constante - o que ajuda os cientistas a medir várias propriedades dos planetas que a orbitam, como a massa e composição atmosférica.

Ilustração do satélite Tessbuscaexoplanetas no espaço

Crédito, NASA"s Goddard Space Flight Center/Handout via REU

Legenda da foto, O Tess foi lançado ao espaço pela Nasa há um ano, exatamentejulho2018

As próximas aventuras do Tess

Günther e seus colegas detectaram os três novos planetas a partir do brilho captado pelo Tess. Com quatro câmeras, o satélite desenvolvido pelo MIT "escaneia" segmentos do céu por 27 dias seguidos - isso ajuda a evitar ruídos nos dados causados, por exemplo, por um planeta que bloqueia temporariamente a luzuma estrela.

A missão Tess segue os passos do Kepler, um inovador telescópio espacial lançado2009 e que conseguiu confirmar a existênciamais2.000 exoplanetas.

Mas o Kepler, pelo menos emmissão original, fez uma varredurauma porção limitada do céu. O Tess tem um alcance diferente - uma área 350 maior do que a analisada pelo telescópio antecessor.

"O Kepler fez a descoberta incrívelque,média, todo sistema estelar tem pelo menos um planeta ou planetas ao seu redor", diz Padi Boyd, cientista do projeto Tess no Goddard Space Flight Center da NASAGreenbelt. "O Tess dá o próximo passo. Se os planetas estãotoda parte, vamos ao encontro daqueles orbitando estrelas próximas".

A missão atual busca estrelas a uma distânciaaté 300 anos-luz do Sistema Solar. Algumas dezenasanos-luz da Terra já configuram uma distância bastante longa para uma viagem humana, mas a equipe espera quealgumas décadas robôs possam checar "pessoalmente" os exoplanetas descobertos.

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