O que a escolhabet4 betBoris Johnson para primeiro-ministro britânico diz sobre os rumos do Brexit:bet4 bet

Boris Johnson

Crédito, Peter Summers/Getty Images

Legenda da foto, Boris Johnson adotou como plataformabet4 betcampanha ideiabet4 betque concretizaria Brexit 'o mais rápido possível', ainda que isso signifique ruptura sem qualquer acordo

bet4 bet A novela do Brexit caminha para mais um capítulo. Nesta terça-feira (23), o Partido Conservador anunciou o resultado da eleição para escolher o novo líder da sigla e futuro primeiro-ministro do Reino Unido. É a pessoa que deverá conduzir, a partirbet4 betagora, a ruptura do país com a União Europeia.

Por 92.153 votos a 46.656, o ex-ministrobet4 betRelações Exteriores e ex-prefeitobet4 betLondres (2008-2016) Boris Johnson, líder da campanha pelo Brexit quando o plebiscito foi realizadobet4 bet2016, foi eleito, derrotando o adversário Jeremy Hunt, atual ministrobet4 betRelações Exteriores.

A primeira-ministra, Theresa May, vai deixar o posto na quarta (23), após verbet4 betpropostabet4 betacordo para a saída da União Europeia derrotada três vezes no Parlamento.

Tanto Johnson quanto Hunt são defensores do Brexit, mas o vencedor da eleição quer que o Reino Unido deixe o bloco europeubet4 bet31bet4 betoutubro, com ou sem acordo e regrasbet4 bettransição.

Já Hunt tinha uma postura mais moderada e admitia a possibilidadebet4 betnegociar uma prorrogação da data para negociar um entendimento que amortecesse o impacto do Brexit.

"Nós vamos entregar o Brexit, unir o país e derrotar Jeremy Corbyn (líder do Partido Trabalhista). Nós vamos concluir o Brexit até o dia 31bet4 betoutubro, com todas as oportunidades que ele nos trará", disse Johnson no seu primeiro discurso, após ser anunciado como vitorioso na eleição.

Com a escolha por Johnson será que o Reino Unido caminha mesmo para uma ruptura radical com a União Europeia? Qual o impacto disso para o país? Ebet4 betque maneira o Brasil poderá ser afetado?

Que cenário o novo premiê vai herdar

O novo primeiro-ministro vai herdar a crise política que permeia o Brexit e que já derrubou dois premiês (alémbet4 betMay, David Cameron, que renunciou diante dos resultados pró-Brexit do plebiscito realizadobet4 bet2016).

Depoisbet4 betdois adiamentos a pedido do governo britânico, a data para o Brexit foi marcada para o dia 31bet4 betoutubro. Há pouca esperançabet4 betque seja possível encontrar um entendimento até essa data.

Theresa May

Crédito, Stefan Rousseau/PA Wire

Legenda da foto, Theresa May tentou, sem sucesso, votar por três vezes uma propostabet4 betacordo para o Brexit no Parlamento

Por isso, muitos defendem um novo adiamento da data. Mas Boris Johnson adotou como plataformabet4 betcampanha a ideiabet4 betque concretizaria o Brexit "o mais rápido possível", ainda que isso signifique uma ruptura sem qualquer acordo.

A proposta sobre os termos da saída do Reino Unido elaborada enquanto Theresa May estava no postobet4 betprimeira-ministra acabou sendo alvobet4 betcríticas tanto dos grupos pró-Brexit quanto dos que defendem um novo plebiscito capazbet4 betrevogar o Brexit.

Entre os principais pontos do acordo estavam um períodobet4 bettransiçãobet4 bet21 meses para o fim das regrasbet4 betlivre comércio, para que o Reino Unido pudesse negociar acordos comerciais e normas alternativas que pudessem evitar prejuízos a empresas britânicas que exportam para a União Europeia e desabastecimentobet4 betprodutos que chegam dos demais países europeus ao território britânico.

Também estavam previstos no acordo garantias para que os europeus que já vivem no Reino Unido possam permanecer no país e que os britânicos que vivembet4 betpaíses europeus também pudessem continuar a viver e trabalhar nessas nações.

manifestação pela permanência na União Europeia

Crédito, Aaron Chown/PA Wire

Legenda da foto, Nos últimos dois anos, o Reino Unido assistiu a uma sériebet4 betprotestos contra e a favor do Brexit

Além disso, o Reino Unido teria que pagar uma multabet4 bet39 bilhõesbet4 betlibras (cercabet4 betR$ 181 bilhões) à União Europeia por romper o contratobet4 betintegração regional.

Mas os defensoresbet4 betum Brexit radical não queriam pagar essa conta, nem se manter atrelados a regras aduaneiras por todo aquele períodobet4 bettransição.

Já os pró-União Europeia querem um acordo que permita que o Reino Unido continue a fazer parte da união aduaneira e do mercado comum, ou seja, que os produtos exportados e importados entre Reino Unido e o bloco europeu continuem isentosbet4 bettarifas e que seja garantida a livre circulaçãobet4 betpessoas, bens e serviços.

Alguns parlamentares, principalmente do Partido Trabalhista, defendem inclusive um novo plebiscito capazbet4 betrevogar o Brexit.

Tanto o grupo dos defensoresbet4 betum Brexit radical quanto os pró-União Europeia se recusaram a ceder durante as últimas negociações, com a esperançabet4 betque suas posições prevalecessem.

Ou seja, caberá a Boris Johnson a tarefabet4 betchegar a uma solução.

Mas qual é a tendência?

Johnson tem dito que, se for escolhido premiê, se comprometerá com o prazo do Brexitbet4 bet31bet4 betoutubro, mesmo na ausênciabet4 betum acordo com o bloco europeu.

"Caso contrário, enfrentaremos uma catastrófica perdabet4 betconfiança na política", declarou.

Ele também disse que se recusará a pagar a "conta" do Brexit - a somabet4 bet39 bilhõesbet4 betlibras que a União Europeia exige como compensação - a não ser que sejam oferecidos termosbet4 betnegociação mais favoráveis ao Reino Unido.

Johnson foi chanceler por dois anos durante o governobet4 betTheresa May e deixou o posto depoisbet4 betvárias desavenças públicas com ela por conta do Brexit.

Em junhobet4 bet2018, por exemplo, ele declarou que a então premiê precisava mostrar "mais coragem" nas negociações com a UE - e, nisso, contou com apoio explícito do presidente americano, Donald Trump, que mais tarde disse que Johnson faria um "grande trabalho como premiê" e daria um jeito no que chamoubet4 bet"desastre"bet4 betMay no Brexit.

Jeremy Hunt

Crédito, Hanna McKay/Reuters

Legenda da foto, Com postura mais moderada que Johnson, Jeremy Hunt admitia a possibilidadebet4 betnegociar um adiamento para o Brexit para viabilizar um acordobet4 bettransição

Recém-eleito, o futuro premiê retomará as negociações com líderes europeus sobre o Brexit. É possível que líderes do bloco sugiram uma extensão do prazo para o Brexit, o que é defendido por todos os setores que querem um acordo ou um novo referendo.

Mas os principais eleitoresbet4 betBoris Johnson tendem a ficar frustrados caso o novo primeiro-ministro opte por uma saída cautelosa e prorrogue uma vez mais a saída do Reino Unido.

A expectativa é que o future premiê adote uma postura mais agressiva nas negociações com a União Europeia, mas não se sabe se a estratégia será eficaz. Afinalbet4 betcontas, os líderes europeus já disseram que não vão ceder e que o acordo negociado por May é o "único possível".

Quais as consequênciasbet4 betum Brexit sem acordo?

As possíveis consequências do chamado "no deal", que é o Brexit sem acordo, assustam. O Banco da Inglaterra, o equivalente ao Banco Central brasileiro, prevê que esse caminho levaria o Reino Unido a uma recessão pior que a provocada pela crise financeira internacionalbet4 bet2008.

Theresa May

Crédito, Simon Dawson / POOL

Legenda da foto, Theresa May vinha alertando que qualquer acordo seria melhor que nenhum acordo para o Brexit

A previsão, segundo a instituição, é que a economia britânica encolhabet4 bet8% logo após após a saída do bloco europeu, se não houver um períodobet4 bettransição. O Banco da Inglaterra também previu que a libra, hoje uma das moedas mais fortes do mundo, perderia um quartobet4 betseu valor.

Segundo o Tesouro britânico, um Brexit sem qualquer acordo ou períodobet4 bettransição causaria impacto negativo para a economia britânicabet4 bet90 bilhõesbet4 betlibras até 2035.

No dia a dia, essa ruptura poderá provocar preços mais altos para alimentos comprados nos supermercados, já que 28% dos produtos alimentícios consumidos no Reino Unido são importados da União Europeia.

Segundo especialistas, passagens aéreas e viagensbet4 betgeral para a Europa devem ficar mais caras, assim como bens industrializados compradosbet4 betpaíses europeus. Há ainda o temorbet4 betque empresas entrembet4 betfalência pela dificuldadebet4 betimportar e exportar produtos e manter profissionais capacitados.

Mas os defensores do "no deal" dizem que esses cenários são exagerados e que a ruptura com a União Europeia permitirá dinamismo econômico e autonomia para que o Reino Unido firme acordosbet4 betcomércio vantajosos com o restante do mundo, como Estados Unidos, nações africanas e América Latina.

E o Brasil com isso?

Há visões conflitantes sobre os riscos e oportunidades que o Brexit oferece para o Brasil. Por um lado, com um Brexit sem acordo, o governo britânico será obrigado a buscar com urgência acordos comerciais para suprir a compra e vendabet4 betprodutos originalmente comercializados com países europeus e que passarão a ser tributados.

A principal preocupação é evitar o desabastecimento. Países provedoresbet4 betcommodities, como o Brasil, podem aproveitar o momento para viabilizar acordos que aumentem a exportaçãobet4 betalimentos e outros produtos básicos para o Reino Unido.

Por outro lado, o Mercosul (grupo integrado por Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina) acababet4 betfirmar um acordobet4 betlivre comércio com a União Europeia, que ainda precisa ser ratificado. Sem a presença do Reino Unido, o Brasil perde um dos mercados consumidores e exportadoresbet4 betprodutos sem tributação.

Além disso, pesquisas apontam que empregos na agricultura brasileira podem ser imediatamente afetados com o Brexit.

Mercadorias no navio

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Pesquisas apontam que empregos na agricultura brasileira podem ser imediatamente afetados com o Brexit

Um estudo do Instituto Hallebet4 betPesquisa Econômica (IWH), da Alemanha, que considera o cenáriobet4 bet43 países, calcula que quase 10 mil trabalhadoresbet4 betterritório brasileiro poderiam ser afetadosbet4 betdezenasbet4 betsetores ligados às exportações, mas principalmente na agricultura, atividadebet4 betque o país se destaca como maior fornecedor da União Europeia.

Isso, claro, se o acordo entre Mercosul e União Europeia não entrarbet4 betvigor até a data do Brexit.

Internacionalmente, há previsãobet4 betque o Brexit radical (sem a permanênciabet4 betum mercado comum) afete 600 mil empregos, com um baque maior na Alemanha. Sozinho, o país teria aproximadamente 100 mil vagas "em risco", a maioriabet4 betfunções ligadas à produção e comércio na indústria automotiva. Países como China, França, Polônia e Itália, seriam, nessa ordem, os outros quatro da lista mais afetados.

No caso do Brasil, os efeitos seriam indiretos.

"Maisbet4 bet5 mil dos 10 mil empregos estariambet4 betrisco na agricultura brasileira. Outras atividades sentiriam menos", dizbet4 betentrevista à BBC News Brasil Oliver Holtemöller, chefe do departamentobet4 betmacroeconomia e vice-presidente do instituto, um think tank membro da Associação Leibniz, que reúne institutosbet4 betpesquisa alemãesbet4 betdiversos ramosbet4 betestudo.

Empresas estão receosas

carne

Crédito, PA

Legenda da foto, Exportaçõesbet4 betpreparação e conservasbet4 betcarnes bovinas representaram 3,4% das exportações brasileiras para o Reino Unido

Para tentar ajudar o empresariado brasileiro a minimizar riscos e aproveitar eventuais oportunidades quando o Brexit se tornar realidade, a Embaixada do Brasilbet4 betLondres e a Apex (Agência Brasileirabet4 betPromoçãobet4 betExportações e Investimentos) lançaram uma plataforma que promete monitorar futuras mudanças tarifárias e logísticas, alémbet4 betnovas exigências alfandegárias e legais.

Os dois órgãos também tentam medir as expectativas dos exportadores e o que chamambet4 bet"apetite" dos empresários brasileiros pelo mercado britânico. Para isso, enviaram um questionário para cercabet4 bet2 mil empresas no Brasil, a maioria delas com históricobet4 betexportação para o Reino Unido.

Mas, até abril, apenas 40 empresas tinham respondido ao questionário, entre elas companhiasbet4 betpequeno, médio e grande porte, estas com até 20 mil funcionários, que atuambet4 betsegmentos distintos como obet4 betcalçados, alimentação e bebidas, agronegócio e máquinas.

Sete entre dez empresas que responderam à pesquisa acreditam que o impacto do Brexit deve ser negativo.

O pessimismo está relacionado a um eventual aumentobet4 betcusto e da burocraciabet4 betnegócios com Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e Paísbet4 betGales. Empresários citam temores como a ampliaçãobet4 betgastos com logísticos e alfandegários, maior carga tributária, entraves relacionados às exportações via Europa, exigênciasbet4 betnovos certificados e imposiçãobet4 betbarreiras tarifárias e não tarifárias.

Mas há também quem veja a saída dos europeus do bloco como uma oportunidade, a exemplobet4 betempresas que atuam no mercadobet4 betcafé.

Segundo empresários entrevistados na pesquisa, há, entre possíveis impactos positivos, a possibilidadebet4 betmelhoria das condiçõesbet4 betcompetitividade dos produtos brasileiros, seja por imposiçãobet4 betimpostosbet4 betimportação aos produtos europeus, seja por reduçãobet4 bettarifas para a produção brasileira.

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