Está na horalogin vaidebettratarmos o açúcar como lidamos com o tabaco?:login vaidebet
Além disso, há diversos problemaslogin vaidebetsaúde crônicos associados ao aumento da obesidade, especialmente a hipertensão arterial e o diabetes, até pouco tempo consideradas doenças exclusivaslogin vaidebetadultos. Estima-se que, por causa desses problemas, uma geração inteiralogin vaidebetcrianças viverá pior do que os seus pais, acendendo o alerta vermelho para pesquisadores, instituições e governo.
Afinal, está na horalogin vaidebettratarmos o açúcar como tratamos o tabaco?
Cerco às bebidas açucaradas
A BBC News Brasil ouviu nutricionistas, representanteslogin vaidebetentidadeslogin vaidebetdefesa do consumidor, pesquisadores, Ministério da Saúde, Anvisa (Agência Nacionallogin vaidebetVigilância Sanitária) e a indústrialogin vaidebetalimentos e bebidas para discutir os malefícios do açúcar para a saúde e o que está sendo feitologin vaidebetsaúde pública para minimizar esses danos.
A conclusão é que a preocupação com o excessologin vaidebetconsumo existe, tanto por parte das entidadeslogin vaidebetdefesa do consumidor, que sugerem medidas mais duras, como o fim da publicidade voltada para o público infantil e alertas nos rótulos dos alimentos, quanto por parte do governo, que admite o problema e destaca como medida a assinaturalogin vaidebetum acordo com a indústria para a redução da quantidadelogin vaidebetaçúcar nos alimentos industrializados.
Mas, para entidades e pesquisadores, isso ainda é muito pouco e o país está longelogin vaidebetter uma medida realmente efetivalogin vaidebetsaúde pública contra o açúcar.
"Com relação ao açúcar, nós estamos a quilômetroslogin vaidebetdistância do sucesso da campanha contra o tabagismo, que foi uma das campanhaslogin vaidebetsaúde públicalogin vaidebetmaior sucesso no país. E nenhum país ainda conseguiu reverter ou estagnar o índice crescentelogin vaidebetobesidade", disse a nutricionista Maria Laura da Costa Louzada, pesquisadora do Núcleologin vaidebetPesquisas Epidemiológicaslogin vaidebetNutrição e Saúde (Nupens), da Universidadelogin vaidebetSão Paulo (USP), e professora do Departamentologin vaidebetPolíticas Públicas e Saúde Coletiva da Universidade Federallogin vaidebetSão Paulo (Unifesp).
Para pesquisadores e entidadeslogin vaidebetdefesa do consumidor, o primeiro passo para lidar com o problemalogin vaidebetmaneira eficaz seria alterar a rotulagem dos alimentos ultraprocessados e bebidas açucaradas adicionando um símbolologin vaidebetalerta indicando alto teorlogin vaidebetaçúcar,login vaidebetsódio ou gordura na parte frontal da embalagem.
Depois, defendem tributar a produçãologin vaidebetbebidas açucaradas, que no Brasil tem subsídio do governo: nos últimos dias o presidente Jair Bolsonaro (PSL) assinou um decreto ampliandologin vaidebet8% para 10% o benefício fiscal do IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) para a fabricaçãologin vaidebetconcentradoslogin vaidebetrefrigerantes. "Estamos na contramão dos países desenvolvidos. Cercalogin vaidebet40 países tributam as bebidas e aqui concedemos isenções e créditos fiscais. O caminho do subsídio é um grande problema a ser enfrentado", avalia a nutricionista Ana Paula Bortoletto, líder do Programalogin vaidebetAlimentação Saudável do Idec (Instituto Brasileirologin vaidebetDefesa do Consumidor).
Ultraprocessados
Entre os exemploslogin vaidebetalimentos ultraprocessados estão pãeslogin vaidebetforma, iogurtes prontos, sucoslogin vaidebetcaixinha, macarrão instantâneo, barraslogin vaidebetcereais, gelatinas e até o aparentemente inofensivo peitologin vaidebetperu. São alimentos cada vez mais consumidos pelos brasileiros - pela facilidadelogin vaidebetacesso e pelo baixo preço - mas são ricoslogin vaidebetcalorias, sal, açúcar, gordura, alémlogin vaidebetuma sérielogin vaidebetaditivos e conservantes que ninguém sabelogin vaidebetfato o real efeito sobre a saúde. As bebidas açucaradas incluem refrigerantes, néctares (sucoslogin vaidebetcaixinha), sucoslogin vaidebetpó e outras bebidas adoçadas.
Trata-selogin vaidebetuma classificação "nova" da tabelalogin vaidebetalimentos, que passou a ser considerada apenaslogin vaidebet2014 com a publicação da segunda edição do Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, e a adoção do sistemalogin vaidebetclassificação alimentar NOVA, elaborado pelo Núcleologin vaidebetPesquisas Epidemiológicaslogin vaidebetNutrição e Saúde, da USP.
Segundo a nutricionista Maria Laura Louzada, pesquisadora do Nupens e professora da Unifesp, a alteração ocorreu depois que pesquisadores perceberam, por meio da Pesquisalogin vaidebetOrçamentos Familiares (POF), realizada pelo Instituto Brasileirologin vaidebetGeografia e Estatística, que a população comprava cada vez menos açúcar refinado, sal e óleo, mas continuavam engordando.
Ao mesmo tempo, havia cada vez mais industrializados à mesa. "Nos demos contalogin vaidebetque o problema não era exatamente o açúcar que adicionamos ao cafezinho, mas sim o açúcar presente nos outros alimentos", explicou.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o quarto maior consumidorlogin vaidebetaçúcar no mundo (12 milhõeslogin vaidebettoneladas/ano), atrás apenas da Índia, da União Europeia e da China. Ainda segundo a entidade, o brasileiros consomem 50% a maislogin vaidebetaçúcar do que o recomendado. Isso significa que, por dia, cada brasileiro, consome,login vaidebetmédia, 18 colhereslogin vaidebetchá do produto (o que corresponde a 80glogin vaidebetaçúcar/dia), quando o recomendado pela OMS seria até 12 colheres.
O consumo excessivologin vaidebetaçúcar causa, entre outros problemas, danos ao fígado, que armazena glicose (um tipologin vaidebetaçúcar) e,login vaidebetexcesso, se transformalogin vaidebetgordura; danos ao pâncreas, responsável pela liberação da insulina (que auxilia na entradalogin vaidebetglicose nas células); aumento do aparecimentologin vaidebetcáries nos dentes; além do excessologin vaidebetpeso que pode evoluir para obesidade, pressão alta, diabetes e outras complicações. "Enquanto países do hemisfério Norte já consomem 80%login vaidebetalimentos ultraprocessados, nós ainda consumimoslogin vaidebettornologin vaidebet30%. É possível reverter isso, mas ainda falta muita informação", avalia Bortoletto, do Programalogin vaidebetAlimentação Saudável do Idec (Instituto Brasileirologin vaidebetDefesa do Consumidor).
Debate sobre alteração dos rótulos
Para tentar frear a epidemialogin vaidebetobesidade e o aumento da ingestãologin vaidebetprodutos ultraprocessados, pesquisadores e entidadeslogin vaidebetdefesa do consumidor sugerem a alteração na rotulagem dos alimentos, incluindo símbolos na parte da frente da embalagem alertando para o alto teorlogin vaidebetaçúcar, sódio e gordura, a exemplo do que já está sendo feito no Chile e no Canadá. Hoje, os rótulos não são obrigados a informar a quantidadelogin vaidebetdeterminado nutriente, apenas que ele está presente na composição.
Na avaliação da engenheiralogin vaidebetalimentos Rosires Deliza, pesquisadora da Embrapa Agroindústrialogin vaidebetAlimentos, se o consumidor souber o que estálogin vaidebetfato consumindo, ele poderá buscar comprar o alimento que ele considerar mais saudável. "É muito difícil traduzir um rótulo da forma como é feito hoje. A ordem que os ingredientes aparecem indica qual deles estálogin vaidebetmaior quantidade. O açúcar,login vaidebetgeral, é o primeiro da lista. Mas ninguém é obrigado a saber isso", afirma Deliza.
Para descobrir se o consumidor conseguia identificar alimentos saudáveis e não saudáveis por meio da embalagem, Deliza e uma equipelogin vaidebetpesquisadores da Embrapa avaliaram a eficácia da rotulagem atual, chamada GDA (referêncialogin vaidebetingestão diárialogin vaidebetrelação a uma dieta adulta padrão), com outros seis modeloslogin vaidebetrótulos, incluindo o semáforo nutricional (de colocar alertaslogin vaidebetcores verde, vermelha e amarela) e cinco símboloslogin vaidebetalerta: octógono preto, triângulo preto, círculo vermelho, lupa vermelha e lupa preta.
"Constatamos que o modelo atual, o GDA, foi o que as pessoas tiveram mais dificuldadeslogin vaidebetindicar os alimentos saudáveis por serem rótulos confusos. Com o semáforo, gerou confusão, pois uma mesma embalagem podia ter cor vermelha por ser altalogin vaidebetsódio, mas também a cor verde por ter pouco açúcar. Entre os alertas, o octógono preto foi o símbolo que as pessoas identificaram mais rápido, como sendo algo prejudicial", explicou a pesquisadora.
Com base nesses dados, as entidades propõem mudanças nas rotulagens. O assunto estálogin vaidebetdiscussão na Agência Nacionallogin vaidebetVigilância Sanitária (Anvisa) há maislogin vaidebetum ano e a previsão é que uma consulta pública seja disponibilizada para a população opinar sobre o temalogin vaidebetsetembro deste ano. Em nota, a Anvisa informou que a norma vigente sobre rotulagem nutricional élogin vaidebet2003 e, apesar dos avanços, ainda há dificuldadeslogin vaidebetutilização dessa rotulagem pelos consumidores brasileiros.
"A principal razão para intervenção regulatória da Anvisa é garantir aos consumidores o acesso às principais informações sobre os alimentos,login vaidebetforma simples, padronizada, precisa e compreensível, evitando práticas enganosas e contribuindo para a promoção da saúde", informou a agência,login vaidebetnota. A Anvisa informou ainda que uma das principais alternativas regulatórias será, sim, o uso da rotulagem nutricional frontal com a divulgaçãologin vaidebetnutrientes considerados críticos à saúde, entre eles o açúcar.
As entidades também defendem o fim da publicidade voltada para o público infantil, associando personagens e bichinhos aos alimentos considerados não saudáveis, além do aumento da tributação das bebidas açucaradas - no Brasil, elas são fabricadas na Zona Francalogin vaidebetManaus, com isençãologin vaidebetimpostos.
Acordo com a indústria
O Ministério da Saúde admite o problema e afirmou,login vaidebetnota oficial, que a prevenção da obesidade e das doenças crônicas não transmissíveis é uma das prioridades do governo. Como exemplo, cita que fez acordo com a indústrialogin vaidebetalimentos e assumiu a metalogin vaidebetreduzir 144 mil toneladaslogin vaidebetaçúcar até 2022,login vaidebetcinco categoriaslogin vaidebetalimentos: mistura para bolos, produtos lácteos, achocolatados, bebidas açucaradas e biscoito recheados.
"Ao estabelecer a meta até 2022, o Brasil se destaca como um dos primeiros países do mundo a buscar a diminuição do açúcar nos alimentos processados e ultraprocessados. A meta foi estabelecida por meiologin vaidebetum Termologin vaidebetCompromisso assinado entre o Ministério da Saúde e associações representativas do setor produtivo brasileiro", diz a nota. O acordo é similar ao pacto firmadologin vaidebet2011 para a reduçãologin vaidebetsódio nos alimentos, eliminando maislogin vaidebet17 mil toneladaslogin vaidebetsódiologin vaidebetquatro anos.
Segundo o ministério, as associações Abia (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação); Abimapi (Associação Brasileira da Indústrialogin vaidebetBiscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados), Abir (Associação Brasileira das Indústriaslogin vaidebetRefrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas) e Viva Lácteos (Associação da Indústrialogin vaidebetLácteos) comprometeram-se com essa metalogin vaidebetforma voluntária.
Para pesquisadores da área, esses acordos são pouco efetivos, pois alémlogin vaidebetserem voluntários, possuem metas muito baixas.
O governo afirmou também que, no ano passado, o país assumiu o compromissologin vaidebetdeter o crescimento da obesidade na população adulta por meiologin vaidebetpolíticaslogin vaidebetsaúde e segurança alimentar e nutricional; como reduzir o consumo regularlogin vaidebetrefrigerante e suco artificiallogin vaidebetpelo menos 30% na população adulta e ampliarlogin vaidebetno mínimologin vaidebet17,8% o percentuallogin vaidebetadultos que consomem frutas e hortaliças regularmente.
"Para qualquer mudança precisa haver uma parceria muito grande entre governo, entidades, indústria. Não adianta nada fazermos estudos, chegarmos ao resultado e não ser colocadologin vaidebetprática. O Chile implementoulogin vaidebetmaneira pioneira a mudança nos rótulos faz dois anos. Estamos todos querendo saber os resultados", avaliou Deliza, pesquisadora da Embrapa Agroindústrialogin vaidebetAlimentos.
Em nota, a Associação Brasileira da Indústrialogin vaidebetAlimentos (Abia) e a Associação Brasileira da Indústrialogin vaidebetRefrigerantes (Abir) informaram ter consciêncialogin vaidebetsua responsabilidadelogin vaidebetcontribuir com bem-estarlogin vaidebetseus consumidores, produzindo alimentos saudáveis e seguros. "Em relação à redução do açúcar, 68 empresas associadas assinaram o termologin vaidebetcompromisso [com o Ministério da Saúde]. Juntas, representam 87% do mercado nacionallogin vaidebetalimentos e bebidas", diz a nota.
A indústrialogin vaidebetalimentos e bebidas informou ainda que apoia a mudança nos rótulos e que está contribuindo com a Anvisa. "A Rede Rotulagem, formada por 20 entidades ligadas ao setor, defende que sejam utilizados rótulos informativos com todos os dados para que o consumidor tenha liberdadelogin vaidebetescolha. Entende que os modeloslogin vaidebetadvertência não são democráticos e comprometem a percepção do consumidor. São propostas alarmistas sem o objetivologin vaidebetinformar e, tampouco, auxiliar as pessoas", afirma o comunicado.
Com relação à publicidade dirigida ao público infantil, a Abia informou que possui um acordologin vaidebetapenas anunciar produtos para crianças menoreslogin vaidebet12 anoslogin vaidebetidade que atendam aos critérios nutricionais comuns ou não anunciar produtos para menoreslogin vaidebet12 anos. E com relação à sugestãologin vaidebettaxar as bebidas açucaradas, a Abir informou que "não há nenhum estudo que comprove a eficácia desta medida no combate à obesidade, doença multifatorial. Focarlogin vaidebetrefrigerantes também seria ineficaz. Dados da Vigitel/Ministério da Saúde constataram uma quedalogin vaidebet40% no consumologin vaidebetrefrigerantes na última década."
Já a União da Indústrialogin vaidebetCana-de-Açúcar (Unica) informou,login vaidebetnota, que "rechaça todas as pretensõeslogin vaidebetcontrolar o consumologin vaidebetaçúcar por vias regulatórias". Acrescenta que "é comprovado que a maior parte do consumologin vaidebetaçúcar do país provém da adição feita no preparo final dos alimentos". A Unica disse ainda ser a favor do debatelogin vaidebetideias e da buscalogin vaidebetsoluções que garantam a melhoria da qualidadelogin vaidebetvida dos brasileiros.
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