'Me redescobri com o cosplay': a diarista que enfrentou depressão e relação abusiva se fantasiando:varias contas bet365
"Essas minhas dificuldades surgiram no meu casamento. Fui muito maltratada, sabe? Ele chegou a me bater. Olhava para mim e dizia que eu nunca iria arranjar ninguém para ficar comigo, porque falava que eu era gorda e feia. Então, isso sempre entrou na minha cabeça como verdade. Por isso, não gostavavarias contas bet365me olhar."
Solange relata que denunciou o ex-marido por agressão. Hoje, ela é divorciada e afirma que o casamento é um passado que evita relembrar. "Não temos mais contato. Ele mantém boa relação com meus filhos. Sempre foi um ótimo pai, mas como marido não foi bom."
Por uma década, ela trabalhou como operáriavarias contas bet365uma empresa do Distrito Industrialvarias contas bet365Manaus. Após ser demitida, se tornou diarista. "Trabalho duas ou três vezes por semana. Se surgir serviço atévarias contas bet365diavarias contas bet365domingo, vou."
Refúgio nos filhos
Depois da separação, ela buscou refúgio nos filhos. Uma das atividades preferidas dela era ajudar a caçula a se transformarvarias contas bet365figurasvarias contas bet365filmes ou animação, por meio do cosplay. "Eu ficava pesquisando sobre personagens nos quais ela poderia se transformar. Ficava mais preocupada que ela. Ajudava a montar as roupas e os acessórios."
Em um dos eventos no qual acompanhou a caçula, ela decidiu se tornar uma cosplayer - termo utilizado para denominar os adeptos do cosplay. "Uma amiga me desafiou a me transformarvarias contas bet365algum personagem. Ela disse que iria pagar a roupa que eu quisesse. A princípio, não levei a sério, mas depois aceitei o desafio."
A ideiavarias contas bet365se tornar outra pessoa por meiovarias contas bet365roupas, acessórios e maquiagens encantou Solange. A partir dali, ela afirma ter se redescoberto. "Quando eu peguei a medalha nesse primeiro eventovarias contas bet365que participei, chorei muito. Chegueivarias contas bet365casa, me olhei no espelho e me perguntei por que me achava feia? Por que não conseguia me aceitar? E a partir dali passei a lidar melhor com a minha própria imagem."
Doutoravarias contas bet365Comunicação, Mônica Rebecca Ferrari fez diversas pesquisas sobre o mundo do cosplay. Em seus estudos, constatou que a prática costuma trazer a sensaçãovarias contas bet365reconhecimento social a seus praticantes. "Muitos se sentem legitimados por meio do cosplay. Há jovens mais pobres que se transformamvarias contas bet365personagens porque acreditam que assim se sentirão mais respeitados. O cosplay também é uma estratégiavarias contas bet365visibilidade social", diz.
"Além disso, há também o fatovarias contas bet365se tornar outra pessoa por um dia, como ser uma princesa ou outro personagem com o qual o cosplayer tenha uma vinculação afetiva."
O cosplay
Os desenhos animados fazem parte da vidavarias contas bet365Solange desde a infância dos três filhos dela - hoje com 20, 27 e 34 anos. "Eu gravava os desenhos que passavam na televisão, para que eles pudessem assistir quando voltassem da escola. Então, eu acabava assistindo também."
A filha caçulavarias contas bet365Solange se tornou cosplayer na adolescência. Na época, a mãe da garota não conhecia a prática, mas logo se encantou e se tornou a maior incentivadora da jovem. Por quatro anos, Jéssica Nascimento, 20, se transformouvarias contas bet365diferentes personagens, mas abandonou o hobby após se casar.
Hoje, Jéssica é figura fundamental nas caracterizações da mãe. "Conversei muitas vezes com ela, para incentivá-la, porque ela ficava tímidavarias contas bet365meio a tantos jovens."
O medo sobre os comentários que ouviria a acompanhou até a porta do primeiro eventovarias contas bet365que participou. Mas logo depoisvarias contas bet365entrar o temor deu lugar à alegria. "Eu me senti como a maior popstar. As pessoas correram atrásvarias contas bet365mim para tirar fotos e conversar comigo. Aquilo tudo me encheuvarias contas bet365uma coragem muito grande." Solange passou a ser conhecida no meio como Tia Sol.
Em dezembrovarias contas bet3652015, a segunda personagem feita por ela viralizou nas redes sociais: a simpática Muriel Bagge, do desenho "Coragem, o cão covarde". A imagem da velhinha da animação dos anos 90 repercutiuvarias contas bet365diversos países.
Agora, ela gasta com roupas e acessórios entre R$ 70 a R$ 580varias contas bet365cada caracterização. Quando o dinheiro está curto, ela demora meses até terminar o cosplay. "Vou comprando cada peça aos poucos, conforme minha renda. Nunca deixeivarias contas bet365cumprir minhas obrigações financeiras por causa do cosplay", diz.
O hobby não lhe rende cachês, mas recebe diversos convites com passagens e hospedagens, alémvarias contas bet365medalhas pelas fantasias que escolhe.
Nos últimos anos, Tia Sol fez maisvarias contas bet36525 cosplays. Ela já foi personagens como Rita Repulsa, da franquia "Power Rangers"; Bruxa Onilda, do desenho "As Trigêmeas"; Yubaba, da animação "As Viagensvarias contas bet365Chihiro"; e até o Mestre dos Magos, do desenho "Caverna do Dragão".
No Facebook, a página dela tem maisvarias contas bet365100 mil seguidores.
A luta contra a depressão
Para Solange, a maior recompensa trazida pelo cosplay foi a autoestima que conquistou. Ela relata que a possibilidadevarias contas bet365se transformarvarias contas bet365diferentes personagens a ajudou intensamente na luta contra a depressão, que enfrenta desde que surgiram os problemasvarias contas bet365seu casamento. "Antes, eu não queria sairvarias contas bet365casa para nada. Era uma situação muito complicada. Hoje, saio, tiro fotos e me sinto muito bem."
Anos atrás, antesvarias contas bet365se tornar cosplayer, ela fez tratamento com remédios contra a depressão, mas logo abandonou. "Não me senti bem com a medicação", justifica. Atualmente, afirma que não sente mais necessidadevarias contas bet365se medicar. "Costumo dizer que o cosplay me tirou da depressão."
O psiquiatra Jorge Augusto Silveira diz que a descobertavarias contas bet365pontos que proporcionem prazer representa importante ajuda no tratamento da depressão - que atinge cercavarias contas bet36511,5 milhõesvarias contas bet365pessoas no Brasil, segundo a Organização Mundialvarias contas bet365Saúde (OMS).
"Introduzir essas atividades prazerosas, respeitando o limitevarias contas bet365cada indivíduo, faz com que ele tenha experiências gratificantes e positivas novamente. Aos poucos, volta a experimentar sensações agradáveis e a se comunicar com o mundovarias contas bet365modo menos hostil e mais harmônico", ressalta.
"Do pontovarias contas bet365vista neuroquímico, essas práticas favorecem a liberaçãovarias contas bet365neurotransmissores que,varias contas bet365pessoas deprimidas, estão diminuídos, como a serotonina e a noradrenalina", completa.
Em alguns casos, principalmente nos quadrosvarias contas bet365depressão leve ou moderada, as atividades podem substituir o usovarias contas bet365medicamentos. "Todavia, o tratamento para a depressão é sempre amplo e individualizado", diz Silveira, que ressalta a importância da busca por ajuda médica para definir o melhor tratamento para cada paciente. "Por meio da entrevista médica, é possível identificar, junto com o paciente, quais atividades podem trazer prazer e fazer bem."
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