Militares só mudarãoavião bet365lado com 'visão clara'avião bet365forçaavião bet365Guaidó, diz general brasileiro ex-adido militar na Venezuela:avião bet365

Maduro e militares

Crédito, AFP/Presidência da Venezuela

Legenda da foto, O general da reserva Barboteu diz que um mistoavião bet365temor, interesse e ideologia impede que lideranças militares migrem para a oposição

"Até que se tenha uma visão claraavião bet365qual rumo vai ser tomado, o pessoal vai se manter onde está. A definição vai ocorrer quando um dos dois grupos se fortaleceravião bet365fato. Por enquanto, está todo mundo inseguro com as opções que estão fazendo", disse.

"Ele (Guaidó) pode ter o apoioavião bet365uma parcela das Forças Armadas, mas dificilmente teráavião bet365todos ou da maioria."

General Carlos Barboteu

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Segundo o generalavião bet365brigada Carlos Barboteu, o governo Maduro tem um eficaz sistemaavião bet365'monitoramento' e puniçãoavião bet365dissidentes nos quartéis, alémavião bet365premiar lealdade com promoções

Em entrevista à BBC News Brasil, o generalavião bet365brigada explicou que ainda no governo Hugo Chávez foi criado um amplo serviçoavião bet365inteligência e monitoramento nos quartéis e escolas do Exército para vigiar os militares e identificar possíveis divisões. Desertores são punidos com processos militares, prisões ou expulsão das Forças Armadas.

Barboteu foi adidoavião bet365Defesa na Venezuela entre 2010 e 2012 - nome dado ao oficial mais graduado entre os adidos militares que atuam nas embaixadas brasileiras no exterior.

Entre as prerrogativas do adidoavião bet365Defesa na Venezuela, função que também foi exercida pelo vice-presidente Hamilton Mourão entre 2002 e 2004, está coordenar a interlocução entre as Forças Armadas brasileiras e as Forças Armadas venezuelanas, e repassar informações estratégicas ao governo brasileiro.

Segundo o general da reserva, é arriscado para um militar deixar Maduro por Guaidó sem ter certezaavião bet365que a oposição está fortalecida. "Quando eu estava lá na Venezuela, no governo Chávez, já existia uma ênfase muito grande na áreaavião bet365inteligência. Você tinha uma corregedoria muito atenta, inclusive com mecanismosavião bet365observação nas escolas, nos quartéis", afirma.

"Algumas pessoas são colocadas ali para poder monitorar mudançasavião bet365posicionamento. Se isso acontecia num governo estável, na situação atual, a ênfase é maior. Parcela dos militares pode ter um posicionamento (contrário a Maduro), mas têm receio das consequências que podem sofrer com um posicionamento mais aberto."

Desconfiança

Juan Guaidó

Crédito, YURI CORTEZ/AFP

Legenda da foto, Na semana passada, Guaidó anunciou que tinha o apoio das Forças Armadas, mas os principais líderes militares parecem se manter fiéis ao governoavião bet365Maduro

Barboteu avalia que, além do temoravião bet365ser pego durante a articulação para desertar, há desconfiança por parte dos militaresavião bet365alta patente sobre o próprio futuro num novo governo.

Nesta segunda,avião bet365entrevista à BBC News, Guaidó fez um apelo para que as Forças Armadas abandonem Maduro. "Não estamos buscando segmentar ou dividir as Forças Armadas, pelo contrário, (queremos) uni-lasavião bet365torno da nossa Constituição, essa é a primeira coisa", disse o líder da oposição e presidente autoproclamado da Venezuela.

Mas, para o general brasileiro, é possível e "natural" que, se alcançar o poder, Guaidó afaste do governo ou até das Forças Armadas os generais que deram sustentação ao regimeavião bet365Maduro, ainda que eles decidam "mudaravião bet365lado" agora.

"Você está falandoavião bet365um grupo que tem a posse das armas e que pode, num momento, estar concordando com certas coisas, mas essa posição pode ser fugaz, pode pender para outro lado depois. Não sei se Guaidó está disposto a fazer concessões a esses militares, se ele alcançar o poder", disse.

Barboteu ressalta que na história venezuelana não há grandes exemplosavião bet365anistias e concessões a grupos dissidentes nas Forças Armadas.

Maduro e militares

Crédito, AFP/Presidência da Venezuela

Legenda da foto, Segundo Barboteu, governo Maduro tem um eficaz sistemaavião bet365'monitoramento' e puniçãoavião bet365dissidentes nos quartéis, alémavião bet365premiar lealdade com promoções.

"Essa não é uma prática comum lá. Se você der uma olhada, quando Chávez sofreu aquela tentativaavião bet365golpe (em 2002), ele pegou todos os militares contrários a ele e (os) sentenciou, muitos saíram fugidos da Venezuela", lembra.

"Acho que, se assumisse o poder, Guaidó seguiria o que acontece historicamente na Venezuela: afastaria esse pessoal. Não acredito que esses líderes militares seriam mantidos no governo e nem nas Forças Armadas. Essas manifestações abertasavião bet365apoio incondicional (ao atual governo) vão ter um reflexo caso Maduro caia."

Para o general, quem se estabelecer no governo, Maduro ou Guaidó, terá que fazer "algum tipoavião bet365limpeza" dos militares que apoiaram o adversário. "Estamos falandoavião bet365Forças Armadas, então não pode ter alguém ali esperando a chanceavião bet365se rebelar novamente."

Políticaavião bet365recompensa pela lealdade

Masavião bet365onde vem o apoio significativo do Exército a Maduro?

Segundo o general Barboteu, a adesão das Forças Armadas ao regimeavião bet365Maduro é decorrênciaavião bet365um mistoavião bet365"identidade ideológica", temor e interesses.

Alémavião bet365manter a lealdade dos militares à baseavião bet365um rígido monitoramento para identificar grupos dissidentes nos quartéis, os governos Chávez (1999-2013) e Maduro empreenderam um sistemaavião bet365"premiação" por lealdade, baseadoavião bet365promoções e distribuiçãoavião bet365cargos no governo, diz Barboteu.

"Existe sim uma ideologia presente,avião bet365identidade com os ideais bolivarianos, embora não seja unanimidade. E há interesses", diz.

Chávez com militares

Crédito, Oscar Sabetta/Getty Images

Legenda da foto, No governo Chávez, teve início um sistemaavião bet365promoções a militares por lealdade e apoio ao regime,avião bet365Barboteu

"São concedidas recompensas àqueles que apoiam o regime. Na época que eu estava na Venezuela, o país já tinha mais generais que o Brasil, embora tivesse um Exército menor que o nosso."

A Força Armada Nacional Bolivariana tem entre 95 mil e 150 mil integrantes. As Forças Armadas brasileiras têm 444 mil, segundo dados do Ministério da Defesa.

"Não havia cargo para esse pessoal todo, então os generais atuavam como assessores diretosavião bet365um setor das Forças Armadas, mas eles não tinham uma tropa para comandar", lembra Barboteu, destacando também que muitos generais da ativa comandam ministérios, secretarias e empresas estatais na Venezuela.

O general lembra que, no governoavião bet365Hugo Chávez, por causa do apoio popular que ele tinha, eram raras as manifestações abertasavião bet365discordância ao regime por parteavião bet365militares.

"Maduro não tem, e lá isso é muito importante, o mesmo carisma que Chávez tinha para manter as pessoas agrupadas a seu redor. E houve uma disputa muito grande por ocasião da sucessão do Chávez, na épocaavião bet365que ele estava doente,avião bet3652013", lembra.

"Quando Chávez fez a opção por Maduro, os potenciais candidatos que não foram agraciados com o apoioavião bet365Chávez já começaram a exercer uma certa resistência, porque Maduro não era unanimidade."

Mas, embora, o apoio militar a Maduro tenha sofrido desfalques, a grande maioria dos líderes das Forças Armadas parece permanecer leal ao atual governo.

"A ideia que eu tenho é que a situaçãoavião bet365apoio ao Maduro é uma misturaavião bet365dois fatores: alinhamento ideológico e a expectativaavião bet365ser beneficiado num futuro próximo se o governo se estabilizar", avalia Barboteu.

militar com fita azul

Crédito, Carlos Eduardo Ramires/AFP

Legenda da foto, Militares que apoiam Guaidó passaram a usar uma fita azul

Participação do Brasil na crise venezuelana

A reação do governo brasileiro diante da escalada da crise na Venezuela, por enquanto, tem sidoavião bet365cautela. A ala militar é a maior defensoraavião bet365que seja descartada a possibilidadeavião bet365uma intervenção armada com participaçãoavião bet365tropas brasileiras.

Para o general Barboteu, a decisãoavião bet365não intervir é "acertada", porque uma ação militar por parte do Brasil poderia gerar instabilidade na região e ressentimentos entre os países da América da Sul.

O maior conflito armado da América do Sul foi a Guerra do Paraguai, quando Brasil, Argentina e Uruguai formaram a Tríplice Aliança contra o Paraguai. O conflito durouavião bet3651864 a 1870 e resultou na morteavião bet365maisavião bet365dois terços da população masculina paraguaia. A memória desse conflito continua viva entre os paraguaios.

"A gente não pode esquecer que as políticas mudam, mas os Estados permanecem. O Brasil tem um pactoavião bet365não intervenção", afirma o general brasileiro.

"Claro que temos preocupação com nossas fronteiras, mas a gente precisa ter cuidado, não se precipitar, porque as sequelas podem ficar, havendo um ressentimentoavião bet365decorrênciaavião bet365uma intervenção. A posturaavião bet365aguardar, proteger nossas fronteiras e acolher os que estão fugindoavião bet365lá é a mais adequada."

Na visãoavião bet365Barboteu, uma eventual intervenção americana também pode abrir um "precedente perigoso" para ações militares estrangeirasavião bet365outros países da América do Sul, no futuro.

Trump

Crédito, MICHAEL REYNOLDS/EPA

Legenda da foto, Donald Trump já disse várias vezes que intervenção militar na Venezuela é uma possibilidade. Na semana passada, ele se reuniu com a esposaavião bet365Juan Guaidó (na foto) para discutir como os EUA podem ajudar a oposição a tirar Maduro do poder

O governo Donald Trump tem reiterado que não descarta a possibilidadeavião bet365uma ação militar na Venezuela, embora destaque que prefira uma solução pacífica e diplomática.

"Toda intervenção militar externa tem que ser muito bem sopesada para não ficar caracterizado um neocolonialismo, para as populações não se sentirem refénsavião bet365uma nação mais poderosa", diz o general Barboteu.

"Ainda que a gente entenda as dificuldades pelas quais o povo venezuelano está passando, esse é um caminho que foi consequência das escolhas que esse próprio povo fez ao longo daavião bet365história. Esse povo tem que se coordenar para mudar isso. Quando essa indicação vemavião bet365fora, você vai estar sempre naquela linha tênue entre estar prestando uma ajuda para evitar um massacre civil e estar promovendo uma intervenção indevida."

Riscoavião bet365guerra civil

O anúncioavião bet365Guaidó, no dia 30avião bet365abril,avião bet365que teria apoio militar, gerou dúvidas sobre se uma divisão entre militaresavião bet365alta patente poderia acabar evoluindo para uma guerra civil.

Maduro com militares

Crédito, AFP/Presidência da Venezuela

Legenda da foto, 'Não sei qual disponiblildiadeavião bet365Guaidóavião bet365abrir espaço para esse pessoal que estava com Maduro. Você está falandoavião bet365um grupo que tem a posse das armas'm destaca general Barboteu

No final das contas, as manifestaçõesavião bet365rua convocadas pelo líder da oposição, apesaravião bet365resultaremavião bet365confrontos violentos, não chegaram a desembocar num confronto armadoavião bet365maiores proporções.

No entanto, para o general Barboteu, a possibilidadeavião bet365uma guerra civil ainda existe. O risco maioravião bet365violência interna viriaavião bet365grupos paramilitares formados pelo governo venezuelano para propagar os "ideais da revolução bolivariana" e combater o crime nas cidades.

Ainda que Maduro deixasse o poder pacificamente, esses grupos poderiam se insurgir.

"Imaginei que as primeiras manifestações já pudessem adquirir caráter mais grave. Para minha grata surpresa, isso não aconteceu. Mas você vê que há violência nos protestos, uma quantidade muito grandeavião bet365gente e algumas vítimas fatais. O risco existe, ainda mais nessa nova ondaavião bet365insatisfação popular", diz o militar brasileiro.

Ele avalia que para o Brasil, a maior dificuldadeavião bet365casoavião bet365conflito armado no país vizinho, será gerenciar a chegadaavião bet365massaavião bet365migrantes. Os venezuelanos já são, atualmente, a segunda população com mais refugiados no mundo, atrás apenas da Síria, segundo a Organização dos Estados Americanos (OEA).

A grande maioria tem se deslocado para a Colômbia (cercaavião bet3651,2 milhão) e outros paísesavião bet365língua espanhola da América do Sul, como Peru (700 mil) e Chile (265,8 mil). Mas um contingente cada vez maioravião bet365pessoas chega a cada dia ao Brasil via Pacaraima,avião bet365Roraima.

"A fome e a doença desconhecem fronteiras. Na hora que a coisa aperta, não tem jeito. O pessoal tenta sair pra se proteger. É uma massa grandeavião bet365gente que passa por necessidades. Então, temos que nos precaveravião bet365relação a isso", diz o general Barboteu.

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