A vítimabet365 minhas apostasviolência doméstica sentenciada à prisão perpétua por incendiar marido:bet365 minhas apostas

Kiranjit Ahluwalia

Crédito, Martin Eberlen

Legenda da foto, O casobet365 minhas apostasKiranjit Ahluwalia, condenada pela mortebet365 minhas apostasmarido abusivo, ganhou atenção internacional

"Eu queria bater nele. Queria bater nele do jeito que ele me batia. Queria bater nele para que pudesse sentir a mesma dor que eu. Nunca penseibet365 minhas apostasnada além disso. Meu cérebro havia parado totalmente."

Naquela noite, enquanto o marido dormia, ela encharcou os pés dele com gasolina e botou fogo. Pegou o filho e correu para fora da casa.

"Eu pensei, vou queimar os pés dele, para ele não conseguir correr atrásbet365 minhas apostasmim. Vou deixar uma cicatriz para ele lembrar sempre do que a esposa fez com ele. Toda vez que ele olhar para os pés com a cicatriz, vai lembrarbet365 minhas apostasmim."

Kiranjit afirma que não pretendia matar o marido, que morreu dez dias depoisbet365 minhas apostasdecorrência dos ferimentos.

Em dezembro daquele ano, Kiranjit foi condenada à prisão perpétua por homicídio.

Kiranjit,bet365 minhas apostasfotobet365 minhas apostas1992
Legenda da foto, Kiranjit,bet365 minhas apostasfotobet365 minhas apostas1992, sofreu anosbet365 minhas apostasabuso físico e psicológico

Abuso desde o primeiro diabet365 minhas apostascasamento

Kiranjit cresceubet365 minhas apostasPunjab, no norte da Índia. Caçulabet365 minhas apostasnove irmãos, ela perdeu os pais aos 16 anos e era protegida pelos mais velhos.

No fim da adolescência, no entanto, a pressão para se casar começou a crescer.

"Eu nunca quis me casar, então fui morar com a minha irmã no Canadá. Eu não queria ficar na Índia, casar e ter filhos como minha cunhada. Eu queria trabalhar, ganhar dinheiro, viver minha própria vida", diz.

Mas ela precisou ceder à pressão matrimonial quandobet365 minhas apostasirmã que mora na Inglaterra encontrou um candidato.

"Ele veio me ver no Canadá. Conversamos por cercabet365 minhas apostascinco minutos, e eu disse sim. Eu sabia que não ia conseguir fugir, tinha que me casar. Então foi isso. Minha liberdade acabou."

Ao recordar suas primeiras impressões do marido, ela diz que ele "tinha boa aparência, era bonito e charmoso", mas nunca sabia quando ele iria explodir. Um minuto ele era maravilho, no outro, era horrível.

Segundo ela, o abuso começou no primeiro diabet365 minhas apostascasamento.

"Se ele ficava com raiva, era assim... Gritava, me maltratava, jogava coisas, me empurrava, me ameaçava com faca. Muitas vezes, ele me estrangulava. Eu ficava com hematomas e não conseguia falar por alguns dias."

"Eu lembro que era aniversário dele, eu tinha feito horas extras no trabalho e comprei um anelbet365 minhas apostasouro para ele como presentebet365 minhas apostasaniversário. Naquela mesma semana, ele perdeu a paciência e com o mesmo anel quebrou meu dente. Me deu um soco na cara", relata.

Tentativasbet365 minhas apostasfuga

Kiranjit diz que todas as vezes que tentou ir embora, o marido a encontrava, a levavabet365 minhas apostasvolta e a espancava fisicamente.

Cinco anos após o casamento, o casal viajou para a Índia, onde Kiranjit contou ao irmão mais velho sobre os abusos que estava sofrendo. Sua família ficou inicialmente transtornada, mas depoisbet365 minhas apostasum pedidobet365 minhas apostasdesculpas do marido, a convenceram a voltar para casa.

Alguns meses depois, na Inglaterra, os abusos começaram novamente.

Deepak começou a ter casos extraconjugais e a exigir dinheiro da esposa - o que levou à discussão que anteceu o incêndio que ela cometeu.

"Eu não conseguia escapar, não conseguia o divórcio. Havia pressão da família para ter um filho. Todo mundo dizia que 'se você tiver um filho, talvez ele mude. Ele vai se tornar um homem responsável'."

"Ele nunca mudou. Só piorou."

Poster do filme
Legenda da foto, A vidabet365 minhas apostasKiranjit foi transformadabet365 minhas apostasfilme, estrelado pela atriz indiana Aishwarya Rai

Quando Kiranjit foi julgada pelo assassinato do marido, ela diz que não levarambet365 minhas apostasconsideração os abusos, e ela se sentiu irritada ao ouvir a sentença.

A Promotoria sugeriu que ela foi motivada pelo ciúme devido aos casos extraconjugais do marido, e que o intervalo entre a discussão e a retaliação foi longo o suficiente para ela se acalmar e pensar racionalmente sobre suas atitudes.

"Eu tinha total confiança na lei britânica. Achava que a lei britânica era uma lei moderna e que eles entenderiam o quanto eu sofri. Eles nunca entenderam meus anosbet365 minhas apostassofrimento."

Presa, mas livre

Uma vez na prisão, Kiranjit afirma que se sentiu livre, longe do marido.

Ela jogava badminton, fazia aulasbet365 minhas apostasinglês e chegou a ser coautorabet365 minhas apostasum livro sobrebet365 minhas apostasvida, que mais tarde foi transformadobet365 minhas apostasfilme.

Seu caso foi assumido então pela Southall Black Sisters (SBS), um serviçobet365 minhas apostasadvocacia para mulheres negras e asiáticas.

"Nós tentamos falar com os advogados dela na época e tentamos educá-los a respeito do contexto cultural. Por que alguém como ela não acharia fácil abandonar um casamento violento e abusivo", explica Pragna Patel, diretor da instituição.

Mas ela alega que os tribunais "não deram ouvidos" e que os advogados "não estavam interessados"bet365 minhas apostasentender suas origens culturais.

Após a intensa campanha e trabalho jurídico da SBS, o recursobet365 minhas apostasKiranjit foi aceitobet365 minhas apostas1992, com base na culpabilidade diminuída (por transtornos mentais).

Eles apresentaram ao tribunal novas evidênciasbet365 minhas apostasque ela sofreu depressão prolongada devido aos anosbet365 minhas apostasviolência e abuso doméstico.

E eles aceitaram que o intervalo entre a discussão e o incidente deu a Kiranjit tempo suficiente para "transbordar"bet365 minhas apostasvezbet365 minhas apostas"acalmar".

Um novo julgamento foi realizado no Tribunal Central Criminalbet365 minhas apostasOld Bailey, onde seu argumentobet365 minhas apostashomicídio culposo foi aceito. Ela foi condenada então a três anos e quatro mesesbet365 minhas apostasprisão, exatamente a pena que já havia cumprido.

E foi libertada imediatamente.

Kiranjit Ahluwalia (segunda à esquerda)bet365 minhas apostasmãos dadas com Pragna Patel (segunda à direita) ao sair da prisão

Crédito, PA

Legenda da foto, Kiranjit Ahluwalia (segunda à esquerda)bet365 minhas apostasmãos dadas com Pragna Patel (segunda à direita) ao sair da prisão

A libertaçãobet365 minhas apostasKiranjit marcou um precedente histórico - o tribunal aceitou que as mulheres que são vítimasbet365 minhas apostasabuso podem ter uma reação mais "lenta" quando provocadas,bet365 minhas apostasvezbet365 minhas apostasuma resposta imediata.

Também passou a mensagembet365 minhas apostasque mulheres que matambet365 minhas apostasdecorrênciabet365 minhas apostasviolência doméstica grave não devem ser tratadas da mesma forma que assassinos a sangue-frio.

"Conseguimos mudar as atitudesbet365 minhas apostasnossas próprias comunidades", diz Pragna. "As pessoas estavam abraçando Kiranjit, vendo ela como uma heroína,bet365 minhas apostasvezbet365 minhas apostasserem hostis e isolarem ela."

"Foi um momento importante na históriabet365 minhas apostasluta das mulheres contra a violência neste país, particularmentebet365 minhas apostasrelação às minorias porque foi a primeira vez que as comunidades minoritárias tiveram que refletir, aceitar e reconhecer que a violência baseada no gênero existe e que a forma como algumas vezes tratamos as mulheres é parcialmente responsável."

'Um marco importante'

O recursobet365 minhas apostasKiranjit continua sendo o caso mais notável da SBS desde que foi criada há 40 anos.

Para celebrar o aniversário da organização, o grupo exibiu o filme Provoked: Desejobet365 minhas apostasLiberdade (2006), que conta a trajetóriabet365 minhas apostasKiranjit, como parte do UK Asian Film Festival, no último fimbet365 minhas apostassemana.

Pragna diz, no entanto, que a questão da violência contra as mulheres nas comunidades minoritárias não diminuiu. Segundo ela, parece ter aumentado.

"Se esse crescimento é porque há mais gente denunciando casosbet365 minhas apostasviolência ou se é porque (a violência) está aumentando, é uma pergunta difícilbet365 minhas apostasresponder."

De acordo com ela, a redução dos benefícios sociais significa que é mais difícil conseguir recursos para essas mulheres, e o aumento do racismo está deixando mulheres que já são vulneráveis ​​mais preocupadas.

Enquanto isso, Kiranjit, que ainda vive na Inglaterra, diz que se sente orgulhosabet365 minhas apostaster conseguido reconstruirbet365 minhas apostasvida nas últimas três décadas.

"Eu trabalho duro, tenho um emprego, meus filhos se formaram e agora sou avó."

"Isso foi há 30 anos. Parece que foi um sonho ruim."

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