As substâncias proibidas na Europa e nos EUA e usadas pela indústriaslot smilecosméticos no Brasil:slot smile

Frascosslot smilecremeslot smilecloseslot smileum laboratório; ao fundo homem com jaleco branco, máscara e protetorslot smilecabelo olha algoslot smileuma tele

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Legenda da foto, Regras para fabricaçãoslot smilecomésticos variamslot smilepaís para país
Cosméticos

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Legenda da foto, Algumas substâncias usadasslot smilecosméticos nacionais são alvoslot smilecontrovérsias

A União Europeia tem uma listaslot smilemaisslot smile1,3 mil substâncias proibidas que é atualizadaslot smileacordo com as últimas análises sobre segurançaslot smileingredientes – é preciso provar que uma substância não faz mal para que ela possa ser usada.

A Anvisa (Agência Nacionalslot smileVigilância Sanitária) também tem uma lista extensaslot smilesubstâncias controladas, baseada na legislação europeia, mas nem sempre ela incorpora os últimos avanços imediatamente.

E ainda aconteceslot smileparte da indústria não respeitar as regras determinadas pelo órgão, apesarslot smilepoder ser responsabilizada por isso.

Entenda as controvérsias sobre alguns tiposslot smilesubstâncias encontradasslot smilecosméticos no Brasil.

Ftalatos

Ftalatos são um tiposlot smilesubstância muito usada para tornar plásticos mais maleáveis, segundo o farmacêutico Diogo Oliveira, pesquisador do Laboratório Innovare da Faculdadeslot smileCiências Farmacêuticas da Unicamp.

Em cosméticos, eles costumam ser usados como agentes plastificanteslot smileesmaltes. "Ajudam a melhorar a cobertura e a estabilidade, para o esmalte não ficar quebradiço", explica Oliveira. Segundo ele, eles também podem ser usados como fixadores e estabilizantesslot smileprodutos desodorantes.

O problema é que não há garantiaslot smileque eles sejam seguros.

Closeslot smileparslot smilemãos com machucados provenientesslot smilealergia

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Legenda da foto, Muitos ingredientesslot smilecosméticos podem ser alergênicos

"Há indíciosslot smileque ftalatos são disruptores endócrinos (interferem na produçãoslot smilehormônios), e a exposição no longo prazo pode ter um efeito cumulativo", explica Oliveira.

Na União Europeia, o uso intencionalslot smileftalatosslot smilecosméticos é banido pelo Comitê Científico para Segurança do Consumidor, comissão da UE que regula a produçãoslot smilecosméticos. São aceitos apenas traços: quando a substância acaba migrando para o produto,slot smilebaixíssima concentração, por ter sido usada na embalagem.

Nos EUA,slot smile2003, pesquisadores do CDC (Centroslot smileControleslot smileDoenças) descobriram que o público americano tinha alto nívelslot smileexposição à ftalatos.

Eles recomendaram que os efeitos da exposição à essa substâncias fossem estudados melhor, o que gerou uma sérieslot smilepesquisas focadasslot smileseu uso e publicadas nos últimos anos, incluindo um longo relatório encomendado pela Comissão para Segurançaslot smileProdutos para o Consumidor, dos EUA.

Embora sejam uma classe amplaslot smilesubstância,slot smileque nem todos os subprodutos foram estudados, foram encontrados indíciosslot smileproblemas causados por maisslot smileuma dezenaslot smileftalatos, ligando-os a problemasslot smilefertilidade masculina, asma, baixo QIslot smilecrianças, entre outros.

No Brasil, embora existam vários ftalatos na listaslot smilesubstâncias proibidasslot smilecosméticos da Anvisa, nem todos são vetados. O ftalatoslot smiledibutila, por exemplo, é autorizadoslot smileesmaltesslot smileconcentraçãoslot smileaté 15% (e proibidoslot smileprodutos voltados para crianças).

Formol

Os formaldeídos são um dos casosslot smileque a legislação brasileira estáslot smilepéslot smileigualdade com a internacional: eles são proibidos no Brasil – a Anvisa tem uma regulamentação rígida que permite seu uso apenas como conservante,slot smileuma concentração máximaslot smile0,2%.

Na prática, no entanto, isso não impede que muitos fabricantes desrespeitem a legislação e coloquem no mercado produtos com concentração maior do que a permitida.

Em março a Anvisa proibiu a circulaçãoslot smilequatro produtos que estavam sendo comercializados com mais formol do que o permitido.

Homem lavando o cabelo com shampoo

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Legenda da foto, Diversos produtosslot smilehigiene pessoal, como xampus, contém parabenos

Em concentrações bem maiores do que a permitida, a substância promove alisamentoslot smilecabelo. O problema é que também tem outros efeitos: é considerado cancerígeno pela IARC (Agência Internacionalslot smilePesquisaslot smileCâncer).

Em altas concentrações, a substância acaba evaporando e sendo inalada durante a aplicação, e, segundo a IARC, foi comprovado que ela causa câncer nas vias respiratórias.

Por isso é importante saber a marca dos cosméticos aplicados durante visitas aos cabeleireiro e outros profissionaisslot smilebeleza e garantir que seja umaslot smileque você confia.

Triclosan

A preocupação com doenças e a popularizaçãoslot smileprodutos antibacterianos – principalmente sabonetesslot smileuso doméstico – levou a um efeito paradoxal. Segundo a FDA (a agênciaslot smileregulação americana), uma sérieslot smilepesquisas indicou que exposição prolongada a substâncias contidas nesses produtos pode gerar resistência bacteriana e alterações hormonais.

Isso levou a agência a proibir 19 ingredientes comumente encontrados nesses produtos. A FDA argumentou que não há garantiasslot smileque essas substâncias sejam seguras. Os principais são os agentes bactericidas triclocarban e o triclosan.

Alémslot smilepreocupação com possíveis problemas para a saúde, também há um preocupação com a contaminação do ambiente com essa substância – que pode causar o surgimentoslot smilebactérias mais resistentes. Isso acontece porque o uso excessivoslot smileagentes bactericidas e antibióticos mata as bactérias mais fracas, fazendo com que somente as mais fortes sobrevivam e se reproduzam.

No Brasil, a Anvisa permite uma concentraçãoslot smileaté 0,3%slot smiletriclosanslot smileprodutosslot smilehigiene pessoal.

Parabenos

O conservante é um dos itens mais necessáriosslot smilequalquer tiposlot smilecosmético –slot smilehidratante a batom,slot smilecreme e barbear à maquiagemslot smileolho.

Conservantes são importantes pois sem eles os produtos podem ser contaminados por micro-organismos. Eles podem vir tanto da matéria-prima quanto do próprio consumidor: quando alguém coloca a mãoslot smileum creme ou aplica um batom na boca, está transferindo os contaminantes para o produto.

"Sem a presença dos conservantes,slot smileuma semana já é possível visualizar a contaminação por bactérias e fungos (que causam o bolor)slot smilealgumas formulações", explica bioquímica Lorena Rigo Gaspar Cordeiro, professora da USP.

"Pela legislação brasileira, há um teor máximo permitidoslot smilemicro-organismos para produtos cosméticos, dependendo da regiãoslot smileaplicação (corpo, área dos olhos) e as empresas devem assegurar que o sistema conservante seja capaz que impedir a proliferaçãoslot smilebactérias e fungos."

Alguns dos ingredientes mais controversos, os parabenos, são usados justamente como conservantes.

A principal controvérsia sobre a substância começou com uma pesquisa que encontrou uma moléculaslot smileparabeno dentroslot smileuma célulaslot smilecâncer – nada indicava que o parabeno havia causado a doença, mas isso foi suficiente para criar uma grande preocupação nos consumidores sobre o assunto.

O estudo nunca foi reproduzido e nunca analisou se o parabeno veioslot smilecosméticos ouslot smileoutra fonte.

Fotoslot smilebancoslot smileimagensslot smilebases e pós para o rosto

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Legenda da foto, É importante não usar cosméticosslot smileadultosslot smilecrianças

"A comissão da União Europeia considerou, após várias análises e investigações, que não havia dados suficientes para afirmar que existe correlação entre a doença e os parabenos", explica Cordeiro.

No entanto, a American Cancer Society (Associação Americana contra o Câncer) afirma que os parabenos – que podem ser absorvidos pela pele – são uma possível fonteslot smilepreocupação pois também são disruptores endócrinos: podem ter efeitos parecidos ao estrogênio, hormônio conhecido por fazer células das mamas crescerem e se dividirem. E o aumentoslot smileestrogênio já foi ligado a um aumento no riscoslot smilecâncerslot smilemama, segundo a entidade.

No entanto, a instituição afirma que o estrogênio produzido pelo corpo é milharesslot smilevezes mais forte do que o possível efeito do parabeno. "Estrogênios naturais (ouslot smilereposiçãoslot smilehormonal) têm uma probabilidade muito maiorslot smilecausar desenvolvimentoslot smilecâncer", afirma.

Apesarslot smilenão encontrar ligação direta entre parabenos e câncer, a União Europeia considera que, sobre alguns deles, também não há dados suficientes para garantirslot smilesegurança – assim como os ftalatos, os parabenos são uma classe amplaslot smilesubstâncias.

Portanto, a regulação europeia proíbe uma sérieslot smilesubstâncias dessa classe (isopropilparabeno, isobutilparaben, fenilparabeno, benzilparabeno e pentilparabeno).

Os que são permitidos por lá (propilparabeno, butilparabeno, methilparabeno e ethilparabeno) são considerados seguros pela comissão europeia.

Dos vetados na União Europeia, só o benzilparabeno e o pentilparabeno são proibidos como conservantes pela Anvisa. Os outros podem ser encontradosslot smilecosméticos no Brasil.

Um estudo publicado na revista Environmental International, realizado por pesquisadores da Faculdadeslot smileCiências Farmacêuticasslot smileRibeirão Preto (FCFRP) da USPslot smilecolaboração com pesquisadores americanos, mostrou que crianças brasileiras estão muito expostas a esse tiposlot smilesubstância.

Em comparação com estudos feitosslot smileoutros países, a principal peculiaridade da amostra brasileira foi a alta concentração nas amostrasslot smileurinaslot smiledisruptores endócrinos que costumam fazer parte da formulaçãoslot smilecosméticos – como os parabenos.

Disruptores endócrinos podem ter um efeito maiorslot smilecrianças, já que para elas o equilíbrio hormonal é ainda mais importante.

A American Cancer Society afirma que, quem tem preocupação com exposição à esse tiposlot smilesubstância pode facilmente evitá-la lendo a embalagem – tanto nos EUA como aqui, as empresas precisam indicar o usoslot smileparabenos na listaslot smileingredientes.

Cordeiro afirma que os parabenos são seguros e não necessariamente evitá-los será um bom negócio. "Eles possuem menor potencialslot smilecausar alergia do que outros conservantes", diz.

"Se você tiver algum tiposlot smileirritação ao usar um produto, interrompa o uso, procure um médico e avise a empresa que produz o produto", aconselha a especialista.

Também é importante evitar aplicar produtosslot smileadultosslot smilecrianças, comprar sempre marcas confiáveis e comprar sempre produtos registrados na Anvisa.

"Produtos artesanais também precisam ter registro. É sempre um risco comprar produtos sem registro. Por exemplo, sabonetes precisamslot smilecontroleslot smilePh, que precisa ser feitoslot smilelaboratório. Sabonetes artesanais sem esse controle podem afetar o Ph do corpo, o que é extremamente prejudicial", explica Cordeiro.

A regulação e a indústria

A Anvisa afirma que adota os limitesslot smilesubstâncias apontadosslot smileavaliações conduzidas por autoridades internacionais e que as listasslot smilesubstâncias permitidas são resultadoslot smileuma harmonização entre os Estados do Mercosul. "Estãoslot smileacordo com o que está sendo praticadoslot smileoutros países ou blocos, como Estados Unidos e Europa", afirma a agência.

A agência também tem um programaslot smile"Cosmetovigilância", para monitorar produtos jáslot smilecomercialização, avaliar o riscoslot smileefeitos indesejáveis e receber queixas.

Cordeiro explica que, caso algum produto cause alergia, é importe avisar a empresa para que ela reporte o problema ao programaslot smilecosmetoviligância. "O programa existe porque alergia é algo muito individual, então mesmo que você faça todos os testes, é possível que só descubra alguns afeitos posteriormente."

A ABIHPEC (Associação Brasileira da Indústriaslot smileHigiene Pessoal e Cosméticos) afirma que a indústria "tem o compromissoslot smilecolocar no mercado produtos que prezem pela proteção da saúde da população e que atendam as normas da Anvisa".

A entidade também afirma que "a indústria deve possuir dados comprobatórios que atestam a segurança e eficácia do produto, e seguir as legislaçõesslot smileingredientes atualmente existentes, com suas restrições e proibiçõesslot smileconsonância com o preconizado internacionalmente, que fornecem respaldo suficiente para a formulaçãoslot smileprodutos cosméticos."

Empresas e indústria que desrespeitarem as regras podem ser responsabilizadas por isso. Também podem ser adotadas pela Anvisa medidasslot smileprecaução, como suspensão da fabricação, comércio e usoslot smileprodutos e a interdição cautelar parcial ou totalslot smileum estabelecimento ouslot smileum produto, por exemplo.

"Tais medidas visam cessar a exposição da população a riscos até que seja concluída a investigação", explica a ABIHPEC.

A ABIHPEC afirma também que apoia todas as medidasslot smilecontrole e fiscalização adotadas pela Anvisa e periodicamente fornece treinamentos para informar e capacitar o setor.