As histórias das brasileiras com calvície que enfrentaram os próprios medos e passaram a se aceitar:slot bet casino
O fator emocional intensificava o problema. "Se eu estava muito feliz, caía. A situação se repetia quando eu estava muito triste. Não tinha o que fazer."
A alopecia é um dos motivos mais associados a problemas capilares. Ela atinge homens e mulheres e representa a perdaslot bet casinopeloslot bet casinoqualquer parte do corpo. O problema pode ser causado por influências genéticas, processos inflamatórios locais ou doenças sistêmicas.
Um dos tipos mais comunsslot bet casinoalopécia é a areata, que é uma doença autoimune - quando as células atacam o próprio organismo. Ela atinge aproximadamente 2% da população mundial,slot bet casinodiferentes níveis - pode afetar desde pequenas áreas do couro cabeludo até causar a completa ausência dos fiosslot bet casinotodo o corpo.
Outro tipo comum da alopecia é a androgenética, que também é autoimune e causa o afinamento progressivo dos fios. Mais recorrente entre os homens, estima-se que atinja 5% das mulheres.
Conforme especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, há outros motivos que também causam a perda dos fios, como estresse, uso exageradoslot bet casinoprocessos químicos no cabelo, dietas, consumoslot bet casinomedicamentos e doenças que afetam outras áreas do corpo, como o hipotireoidismo.
Segundo a Sociedade Brasileira do Cabelo, 50% das mulheres têm alguma queixa sobre queda capilar.
De acordo com o médico tricologista Ademir Carvalho Leite, presidente da Academia Brasileiraslot bet casinoTricologia - área que se dedica a estudos do cabelo -, o númeroslot bet casinomulheres com problemas capilares tem aumentado. "Hoje, ao menos 70% dos pacientes que atendo são mulheres. Não era assim quando comecei. Elas estão perdendo mais cabelo."
Leite orienta que as mulheres procurem ajuda médica logo que perceberem os primeiros sinaisslot bet casinofalhas no couro cabeludo.
No Sistema Únicoslot bet casinoSaúde (SUS) não há nenhum tiposlot bet casinotratamento para pacientes que sofrem com a perdaslot bet casinocabelo.
Batalhaslot bet casinodécadas
Desde a infância, Fernanda preferia esconder a doençaslot bet casinocolegas e conhecidos. "Somente a minha família e amigos muito próximos sabiam. Para mim era inadmissível comentar sobre isso com outras pessoas", relata.
Ela teve dificuldades para contar sobre a alopecia ao marido, com quem está há dez anos. "Nós estávamos no início do namoro e eu relutei, mas falei sobre o assunto. Ele me perguntou se a alopecia matava ou prejudicava algum órgão e respondi que não. Então, ele disse que eu não deveria dar tanta importância."
Antesslot bet casinodecidir tornar-se calva, Fernanda tinhaslot bet casinolidar diariamente com a baixa autoestima ocasionada pela dificuldadeslot bet casinoaceitar a perdaslot bet casinocabelo. "Para mim, era inadmissível uma mulher careca", conta. Ela costumava passar horasslot bet casinofrente ao espelho antesslot bet casinosair, para disfarçar as falhas no couro cabeludo. "Apesar disso, nunca me priveislot bet casinopintá-lo ou deixá-lo maior. Eu tinha uma vida normal nesse aspecto."
A psicóloga Rosane Granzotto explica que a dificuldadeslot bet casinoaceitar a perda dos fios aconteceslot bet casinorazão da relevância que as mulheres costumam atribuir ao cabelo. "Ele faz parte da imagem, do modelo estético que a cultura perpetua para a mulher. A perda dos fios é como a ausênciaslot bet casinouma parte do corpo feminino e esse fato requer uma reconfiguração da autoimagem."
Há três anos, Fernanda mudou os hábitos e passou a adotar uma rotina que considera mais saudável. Aprofundou-seslot bet casinoestudos sobre alimentação e começou a publicar vídeos no YouTube.
"Fui lendo sobre o assunto e percebi como os remédios eram prejudiciais para o meu organismo. Eu não comia alimentos industrializados, mas me entupiaslot bet casinomedicamentos e decidi, há pouco maisslot bet casinoum ano, pararslot bet casinoconsumi-los", relata.
Mas, sem os remédios e com o estresse das provas da faculdade - ela cursa Nutrição -, os fios passaram a cair ainda mais e novas falhas apareceram. O cabelo ficou cada vez mais escasso.
"Eu já não conseguia mais disfarçar, mas tinha que gravar vídeos e atender meus clientes", comenta Fernanda, que trabalha como life coach. Ela comprou uma peruca sob medida, com fios humanos. "O problema é que demoraria três meses para chegar, porque viria da China. Então não me restavam muitas opções, mas eu não cogitava voltar aos medicamentos."
Diante da faltaslot bet casinoopções, raspar os fios virou a melhor alternativa. "Eu chorei muito, mas não havia outra saída", diz. O marido apoiou a decisão da mulher. "Ele viu o meu sofrimento e me incentivou a ficar careca."
Liberdade
Mas, ao se olhar no espelho, depoisslot bet casinoraspar os fios, Fernanda teve a maior sensaçãoslot bet casinoliberdadeslot bet casinosua vida. "Eu me enxergueislot bet casinoverdade pela primeira vez. Parece que o cabelo me escondia", conta. No mesmo dia, a jovem publicou uma foto mostrando o novo visualslot bet casinosuas redes sociais. "Contei toda a minha história com a alopecia areata. Muitas pessoas me elogiaram e me apoiaram. Foi muito lindo", diz.
A jovem nunca chegou a utilizar a peruca comprada na China. "Quando ela chegou, usei algumas vezes por brincadeira, mas nunca para sair nas ruas ou algo do tipo. Hojeslot bet casinodia me sinto mais bonita careca."
Já para a publicitária Carla Lambert,slot bet casino36 anos, as perucas foram constantes companheiras durante parteslot bet casinosua vida. "Não queria que as pessoas vissem que eu não tinha cabelo, porque isso para mim era o fim. Eu me achava um extraterrestre e preferia esconder isso", comenta à BBC News Brasil.
Carla sofre com problemas capilares desde os 15 anos, quando notou uma pequena falha emslot bet casinonuca. Aos 22 anos, pouco após o nascimentoslot bet casinoseu filho, ela se separou, enfrentou um períodoslot bet casinodepressão e a queda dos fios passou a ser intensa, embora contida com um tratamento com medicamentos que fez até os 31 anos.
"Mas chegou uma faseslot bet casinoque caía mais do que crescia e isso foi me preocupando e deixando a minha autoestima cada vez pior. Essa situação estava me consumindo e me deixava inseguraslot bet casinotodos os aspectos da vida", relembra.
Aos 32 anos, foi diagnosticada com alopecia areata universal. "Os tratamentos não faziam mais efeito, a queda era muito intensa e decidi raspar", diz a publicitária. Ela passou a usar perucas o dia inteiro, mas perdeu a vontadeslot bet casinosairslot bet casinocasa. "Eu morriaslot bet casinovergonha, nunca estava bem e nada era motivo para comemorar."
Com terapia, ela passou a lidar melhor com a doença e a se sentir bonita mesmo sem cabelo. Mas ainda não saía sem peruca. Até o diaslot bet casinoque precisou ir buscar o jantar na portaria do prédio e não tinha como pegar a peruca, trancada no banheiro.
"Meu noivo estava tomando banho, com a porta trancada. Por uns instantes, não soube o que fazer", narra. Diante do impasse, decidiu sair calva pela primeira vez. "Depois que peguei a comida, enquanto subia para o meu apartamento, tive uma sensação incrívelslot bet casinoliberdade. No dia seguinte, saíslot bet casinocasa careca."
As perucas passaram a ser apenas acessórios e deixaramslot bet casinoser obrigação para a publicitária. "Hoje, uso quando tenho vontade. Eu nunca pensei que fosse me sentir linda careca, mas consegui."
Nas ruas, Carla diz nunca ter ouvido comentários ofensivos. "As pessoas normalmente me perguntam sobre a minha careca e acreditam que sou assim por questãoslot bet casinoestilo."
Superando os comentários negativos
Certa vez, a ilustradora Lolla Angellucci,slot bet casino38 anos, andava pela rua quando um carro com vários homens passou perto dela e um dos rapazes a ofendeu. "Ele perguntou se eu tinha sido pega pela Febem (fundação que cuidavaslot bet casinomenores reeducandos)", relembra.
A ilustradora, que possui alopecia areata, conta que os comentários negativos fazem parteslot bet casinosua rotina. "É o que mais escutoslot bet casinominha vida. As pessoas sempre apontam. Uma vez passeislot bet casinofrente à casaslot bet casinouma senhorinha e ela disse que eu tinha ficado bem feiaslot bet casinocabelo raspado", diz. Outra situação que a incomoda são os constantes abraçosslot bet casinodesconhecidos. "Eles acham que eu tenho câncer e vêm me abraçar. A última coisa que quero é ser abraçada por alguém que não conheço."
Os contratempos, no entanto, não costumam afetar Lolla atualmente. Ela afirma ter aprendido a lidar com a situação.
"Eu demorei muito para me aceitar. Foi um processo difícil e longo. Não sei direito quanto tempo demorou, foram anos. Atualmente lido bem com o fatoslot bet casinoser careca", diz. "Hoje, me acostumei a chamar a atenção. Se vou a um lugar e ninguém me olha, acho estranho."
Lolla é divorciada e criou um perfil no Tinder, no qual costuma avaliar possíveis pretendentes pelo modo como eles encaram o fatoslot bet casinoela ser calva. "Recebo abordagens do tipo: 'gosteislot bet casinovocê, apesar desse defeito'. Eu acho isso ótimo, porque descarto o rapaz logoslot bet casinocara."
"Há homens também que dizem: 'olha, aprovei'. Eu sempre agradeço e respondo que a aprovação deles era tudo o que eu estava esperando para a minha vida", ironiza.
A confiança da ilustradora foi conquistada após muitas dificuldades que enfrentouslot bet casinorazão da alopecia, diagnosticada quando ela tinha poucos mesesslot bet casinovida. "A minha mãe conta que eu tinha muitos redemoinhos no cabelo desde que era recém-nascida. Por isso, ela procurou um médico e descobriu a doença."
Na infância, ela sofria com as diversas falhas que possuía no cabelo. "Isso chamava a atenção das pessoas. Lembro que minha mãe andava com um atestado médico quando a gente saía, para provar aos outros que não era nada contagioso", conta.
Durante toda a infância e até o início da vida adulta, Lolla fez tratamentos para tentar reverter a queda capilar. "O meu cabelo crescia por um tempo, mas depois voltava a ficar ralo", diz. No período da faculdade, metade do cabelo dela havia caído. "Eu chorei no banheiro muito mais do que gostariaslot bet casinoadmitir. Não havia mais jeitoslot bet casinoeu disfarçar a minha faltaslot bet casinocabelo", relembra.
Por anos, ela usou peruca para disfarçar os problemas capilares. Com o passar do tempo, Lolla raspou o cabelo e decidiu assumir a calvície. "Foi como uma saída do armário. Hoje, enxergo que sairslot bet casinocasa careca é uma formaslot bet casinoinspirar outras mulheres que também passam por isso."
A vida depois da perdaslot bet casinocabelo
Para Fernandaslot bet casinoFreitas, a autoaceitação foi o passo mais importante após ficar calva. "Eu mudei meu modoslot bet casinoenxergar as coisas quando me aceitei. Percebi que o mundo muda quando me vê bem comigo mesma", afirma.
O tricologista Ademir Leite diz que existem diversos tratamentos capilares que podem auxiliarslot bet casinodoenças que causam a perda do cabelo. "Mas isso dependeslot bet casinoum conjuntoslot bet casinofatores. É importante, primeiro, eliminar a causa dessa perda capilar. Depois, o paciente precisa ter disciplina para seguir o tratamento", explica.
Leite destaca que casosslot bet casinomulheres que passaram a aceitar a calvície e desistiramslot bet casinotratamentos têm se tornado comuns. "Muitas entendem que é preciso seguirslot bet casinofrente e que o cabelo é parte da identidade, mas não representa tudo o que ela é."
Para Fernanda, é preciso ponderar se vale a pena procurar algumas alternativas para manter os fios. "Hoje existem muitos tratamentos e é sempre importante as pessoas procurarem especialistas no assunto. Mas também é fundamental analisar até que ponto é necessário usar muitos remédios por conta disso. Cabelos são apenas fios, não definem quem cada um é."
Lolla acredita que é importante que as mulheres falem sobre questões relacionadas à queda capilar. "Hoje, enxergo que a minha função é contar a minha história, para que as mulheres carecas, seja por contaslot bet casinocâncer, alopecia ou outro motivo, possam reconstruir a autoestima perdida", afirma.