Brasileiras triplicam busca por congelamentoestrela bet pagaóvulos para adiar maternidade:estrela bet paga
Quem fiscaliza as clínicasestrela bet pagareprodução assistida no Brasil é a Agência Nacionalestrela bet pagaVigilância Sanitária (Anvisa), mas a agência não possui números oficiaisestrela bet pagaóvulos congelados no país com o objetivoestrela bet pagaprolongar a "janelaestrela bet pagaoportunidade" das mulheres para a maternidade.
A Anvisa tabula e monitora apenas a quantidadeestrela bet pagaembriões - segundo o Sistema Nacionalestrela bet pagaProduçãoestrela bet pagaEmbriões, o SisEmbrio,estrela bet paga2017, 75.557 embriões foram congelados no Brasil, um aumentoestrela bet paga13%estrela bet pagarelação ao anoestrela bet paga2016, quando 66.597 embriões foram congelados.
Levantamento feito pela BBC News Brasilestrela bet pagaseis clínicasestrela bet pagareprodução assistidaestrela bet pagaSão Paulo e no Rioestrela bet pagaJaneiro confirma essa tendênciaestrela bet pagaaumentoestrela bet pagacasosestrela bet pagacongelamento para preservar a fertilidade.
A Clínica Huntington, por exemplo, uma das maioresestrela bet pagaSão Paulo, praticamente triplicou o númeroestrela bet pagapacientes que congelaram seus óvulosestrela bet pagacinco anos:estrela bet paga2012, 122 mulheres passaram pelo procedimento;estrela bet paga2017 foram 353 - um saltoestrela bet paga189%.
O mesmo aumento foi verificado na clínica Fertility, tambémestrela bet pagaSão Paulo. Em 2013, 65 mulheres congelaram seus óvulos na unidade, contra 180 no ano passado, o que representa um aumentoestrela bet paga176% na procura pelo serviço.
"Em 2013, 5,5% dos procedimentos da clínica eram congelamentoestrela bet pagaóvulos. Em 2015, eles já representavam 9,4%. Em 2018, 1estrela bet pagacada 5 procedimentos realizados na Fertility sãoestrela bet pagacriopreservaçãoestrela bet pagaóvulos. Isso mostra claramente uma mudançaestrela bet pagaconduta da mulher", afirma Edson Borges.
Nas Clínicas Mãe e Engravida, o salto foiestrela bet pagaquase cinco vezes: saiuestrela bet paga32 casosestrela bet paga2012 para 188 casos cinco anos depois.
Idade certa
Os especialistasestrela bet pagareprodução assistida recomendam que a mulher que pretende adiar a gravidez congele seus óvulos até os 35 anos, enquanto eles são mais novos e possuem mais qualidade.
Apesar disso, a idade média das mulheres que têm procurado o serviço giraestrela bet pagatornoestrela bet paga37,7 anos. "O ideal mesmo seria congelar esses óvulos antes dos 30 anos, mas nessa idade ninguém está pensando nisso ainda", afirma a médica Thaís Sanches Domingues Cury, da Clínica Huntington.
O principal problemaestrela bet pagaprocurar a técnica mais tarde, explica Thaís, é terestrela bet pagasubmeter a paciente a maisestrela bet pagaum cicloestrela bet pagacoleta e o riscoestrela bet pagaos óvulos não terem mais a qualidade necessária. Os médicos sugerem congelar pelo menos 15 óvulos.
"A mulherestrela bet paga40 anos tem menos estoque ovariano, então é possível que ela tenhaestrela bet pagase submeter ao procedimento maisestrela bet pagauma vez para conseguirmos coletar uma quantidade mínima e seguraestrela bet pagaóvulos", diz a especialista.
Foi o que aconteceu com a administradoraestrela bet pagaempresas Magda Barrinuevo Bertochi,estrela bet paga43 anos, que congelou seus óvulos aos 38 anos depoisestrela bet pagapassar por dois ciclosestrela bet pagaestimulação. Ela conta que tomou a decisão graças a um "empurrão" do irmão, que estava passando por tratamentoestrela bet pagareprodução assistida com a esposa.
"Na época eu estava solteira e super focada na carreira, cursando um MBA e sem tempo para pensarestrela bet pagafilhos. Quando meu irmão comentou sobre o congelamento, passei a amadurecer a ideia até decidir procurar ajuda", conta.
Após uma sérieestrela bet pagaexames, Magda constatou que havia pouca reserva ovariana e, por isso, foi submetida a dois ciclosestrela bet pagacoleta. Conseguiu recolher 18 óvulos, 9estrela bet pagacada procedimento.
"Graças a Deus isso me tirou um peso das costas e me deu uma sensaçãoestrela bet pagaalívio. Sei que tenho meus óvulos congelados e que posso decidir ser mãe no momentoestrela bet pagaque eu achar ideal", afirma a administradora, que ainda está solteira e diz que agora está começando a cogitar a possibilidadeestrela bet pagaser mãe independente, com ajuda do bancoestrela bet pagasêmen.
"Eu tenho muita vontadeestrela bet pagaser mãe e acho que a mulher vai passando por várias fases até chegar nesse momento. Hoje estou na faseestrela bet pagame perguntar se quero ser mãe solteira ou se quero esperar achar um companheiro", afirmou.
Produção independente
A estatística Rafaela*,estrela bet paga40 anos, já tomou a decisãoestrela bet pagaser mãe independentementeestrela bet pagater um companheiro ao seu lado. Ela congelou seus óvulosestrela bet paga2016, aos 38 anos, e mesmo depoisestrela bet pagase submeter ao procedimento duas vezes, conseguiu coletar apenas quatro unidadesestrela bet pagaqualidade.
"Eu estava solteira e a idade biológica falou mais alto. Ou eu congelava naquele momento, ou não conseguiria ser mãe usando meu próprio material biológico", afirma.
Dois anos depois do congelamento, Rafaela percebeu que era horaestrela bet pagaengravidar. Na ausênciaestrela bet pagaum parceiro, recorreu à doaçãoestrela bet pagasêmen.
Recebeu da clínica uma lista com uma sérieestrela bet pagacaracterísticas do doador (raça, cor dos olhos, cor dos cabelos, religião, peso, altura, signo, formação, tipo sanguíneo, hobbies, se era fumante ou não etc.) para escolher alguém que fosse parecido com ela. "Eu adoro esportes, então escolhi um doador que declarou que pratica surf e ama a praia", revelou.
Após a fertilizaçãoestrela bet pagalaboratório, três embriões se tornaram viáveis para serem transferidos para o úteroestrela bet pagaRafaela, mas ela optou por transferir dois e manter um congelado. Um dos embriões vingou e Rafaela está grávidaestrela bet paga12 semanas do seu primeiro filho - graças às técnicasestrela bet pagareprodução assistida.
"Estou absolutamente realizada e recomendo para todas as mulheres. Depois dos 38 anos, a quantidadeestrela bet pagaóvulos cai drasticamente."
'Congelamento social'
Os especialistas chamam a tendênciaestrela bet paga"congelamento socialestrela bet pagaóvulos", que distinguem, por exemplo, do congelamentoestrela bet pagacasosestrela bet pagadoença - quando a mulher estáestrela bet pagatratamentoestrela bet pagacâncer, por exemplo, e decide congelar seus óvulos para preservar a fertilidade.
Uma pesquisa realizada pela Universidadeestrela bet pagaYale e divulgada no começo do mês passado durante o congresso da Sociedade Europeiaestrela bet pagaReprodução Humana e Embriologia,estrela bet pagaBarcelona, confirmou que a faltaestrela bet pagaum parceiro ou um relacionamento estável são os principais motivos para as mulheres buscarem ajudaestrela bet pagauma clínicaestrela bet pagareprodução.
Os pesquisadores ouviram 150 mulheres e o resultado mostra que 85% delas estavam solteiras quando tomaram a decisão e 15% tinham um relacionamento com um parceiro que não se considerava disposto a ter filhos.
"Há dez anos, a técnicaestrela bet pagacongelamento era outra e os resultados não eram tão satisfatórios, havia muitas perdas no processoestrela bet pagadescongelamento. Com a vitrificação (técnica atual), a gente consegue ótimos resultados e por prazo indeterminado. Isso acabou se popularizando, e a mulher já chega ao consultório sabendo o que quer", afirmou o médico José Geraldo Alves Caldeira, do Centroestrela bet pagaReprodução Humana do Hospital Santa Joana.
Efeitos colaterais e riscos
Segundo Caldeira, os efeitos colaterais do períodoestrela bet pagaque a mulher recebe hormônio para superestimular a ovulação são irritação, ansiedade eestrela bet pagaalguns casos um poucoestrela bet pagainchaço.
Ainda segundo ele, os hormônios que a mulher vai receber nesse período são o FSH e LH - que já circulam normalmente no organismo. Esses hormônios são diferentes dos hormônios usadoestrela bet pagapílulas anticoncepcionais (estrógeno e progesterona), que têm como objetivo justamente impedir a ovulação.
"O que acontece é que ela vai receber uma dose maiorestrela bet pagaFSH e LH e,estrela bet pagavezestrela bet pagaovular um único óvulo, vai ovular vários", explica o médico, ressaltando que, nessa fase do tratamento, não há riscosestrela bet pagatrombose ou embolia, por exemplo.
No casoestrela bet pagamulheres com históricoestrela bet pagacâncerestrela bet pagamama na família, Caldeira explicou que a estimulação ovariana é feita com outro hormônio, o letrozol.
De acordo com Caldeira, quando a mulher for preparar o endométrio para receber o embrião, aí sim o riscoestrela bet pagatrombose aumenta - caso a paciente tenha pré-disposição ou antecedentes.
Para evitar o problema, todas as mulheres passam por exames que avaliam esse risco e, se ele existir, recebem junto um medicamento anticoagulante diariamente.
Investimento
O Sistema Únicoestrela bet pagaSaúde não paga pelo processoestrela bet pagacongelamentoestrela bet pagaóvulos para adiar a maternidade.
Hoje há apenas 11 hospitais públicos no Brasil que trabalham com reprodução assistida - todos com filas imensas e já para fazer o tratamentoestrela bet pagasi.
Assim, a mulher que deseja ser mãe mais velha precisa investir cercaestrela bet pagaR$ 18 mil no procedimento. Os preços variamestrela bet pagaclínica para clínica, mas apenas os custos com medicação somam cercaestrela bet pagaR$ 6 mil.
A parte clínica eestrela bet pagalaboratório giramestrela bet pagatornoestrela bet pagaR$ 12 mil. Além disso, a mulher teráestrela bet pagapagar cercaestrela bet pagaR$ 1 mil por ano para manter os óvulos criopreservados.
Anualmente, as clínicas são fiscalizadas pela Anvisa, que vai observar se as unidades cumprem os requisitosestrela bet pagaqualidade para manter material biológico congelado e vai monitorar a qualidade dos procedimentos.
Segundo João Batista Silva Junior, gerenteestrela bet pagaDepartamentoestrela bet pagaSangue, Tecidos, Células e Órgãos da Anvisa, a agência está iniciando uma nova discussão para atualização das normas sanitárias para atualizar a regulamentação.
"A última revisão foiestrela bet paga2011 e muita coisa nova surgiu nesse período", afirmou Silva.
Atualmente, não há lei que regulamente a reprodução assistida no Brasil, há apenas a Leiestrela bet pagaBiossegurança, que fala sobre armazenamento e destino dos embriões. As técnicasestrela bet pagareprodução são embasadasestrela bet pagaresoluções do Conselho Federalestrela bet pagaMedicina (CFM), que atualiza a norma a cada dois anos,estrela bet pagamédia.
*Nome alterado a pedido da entrevistada