'Fui contaminado com HIV aos 8 anos e não pude contar a ninguém':tudo sobre apostas esportivas

Crédito, Charlotte Edey/BBC

Legenda da foto, Matt foi infectado durante tratamento para hemofilia, à basetudo sobre apostas esportivasinjeçãotudo sobre apostas esportivasproteínas importadas dos Estados Unidos

tudo sobre apostas esportivas Matt Merry não consegue lembrar as palavras exatas quetudo sobre apostas esportivasmãe usou para dizer que ele era HIV tudo sobre apostas esportivas positivo. Ele só lembratudo sobre apostas esportivasnão saber como reagir - não no começo, não na frente da mãe. Ela o sentou à mesa no quarto dos fundos da casa onde viviam na cidadetudo sobre apostas esportivasRugby, na Inglaterra, para dar a notícia. Matt tinha 12 anostudo sobre apostas esportivasidade.

Sua mãe explicou que ele tinha o vírus havia quatro anos.

Era 1986, auge da epidemiatudo sobre apostas esportivasAids, quando um diagnósticotudo sobre apostas esportivasHIV equivalia a uma sentençatudo sobre apostas esportivasmorte.

Ele foi contaminado durante transfusõestudo sobre apostas esportivassangue que tinha que fazer regularmente como partetudo sobre apostas esportivasum tratamento para hemofilia, doença que dificulta a coagulação do sangue e causa hemorragias difíceistudo sobre apostas esportivascontrolar.

Como Matt, milharestudo sobre apostas esportivaspessoastudo sobre apostas esportivastratamento no NHS, o serviçotudo sobre apostas esportivassaúde público britânico, receberam sangue e produtos derivados contaminados com hepatite C e HIV nos anos 1970 e 1980. Estima-se que maistudo sobre apostas esportivas2 mil pacientes tenham morridotudo sobre apostas esportivasconsequência das contaminações no que é considerado um dos maiores escândalos da história do NHS.

Os médicos disseram aos paistudo sobre apostas esportivasMatt que, a partir dos primeiros sinaistudo sobre apostas esportivasinfecção, ele provavelmente teria apenas dois anostudo sobre apostas esportivasvida.

HIV e Aids estigmatizavam nos anos 80

Naquela noite, deitado na cama com as luzes apagadas, a dormência que havia sentido o dia inteiro começou a diminuir.

Ele começou a se dar conta da dimensão do que a mãe havia lhe contado.

Tudo o que conhecia sobre HIV e Aids eram imagenstudo sobre apostas esportivasTVtudo sobre apostas esportivashomens jovenstudo sobre apostas esportivasaparência esquelética, com os corpos cobertostudo sobre apostas esportivasferidas, definhandotudo sobre apostas esportivascamastudo sobre apostas esportivashospital. Matt então começou a chorar.

"Daquele pontotudo sobre apostas esportivasdiante, pelo resto da minha adolescência, eu tive um cronômetro pairando sobre minha cabeça - e a qualquer momento alguém poderia apertar aquele botão e começar a contagem regressivatudo sobre apostas esportivasdois anos até eu definhar e morrer", diz ele.

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Legenda da foto, Matt soube que portava HIV nos anos 80, ainda na infância,tudo sobre apostas esportivasuma épocatudo sobre apostas esportivasque o diagnóstico era recebido como sentençatudo sobre apostas esportivasmorte

Ele voltou às aulas carregando um segredo que não podia compartilhar com amigos, professores e, inicialmente, nem mesmo com o irmão mais novo.

Em 1986, o vírus HIV e a Aids eram objetostudo sobre apostas esportivasum medo visceral e generalizado. Na mídia, a doença era amplamente associada a grupos como usuáriostudo sobre apostas esportivasdrogas e gays, que na época eram frequentemente estigmatizados. Não havia esclarecimento suficientetudo sobre apostas esportivascomo se dava a transmissão do vírus.

Matt ouviu falartudo sobre apostas esportivascasas pichadas com "ESCÓRIA DA AIDS" e outros xingamentos quando se espalhou o rumortudo sobre apostas esportivasque alguém que morava na área tinha a doença. Mas o pânico só aumentaria no ano seguinte, quando o governo lançou campanhas retratando a Aids como uma presença ameaçadora e mortal.

tudo sobre apostas esportivas Silêncio, segredo e solid tudo sobre apostas esportivas ão

Olhando para trás, Matt acha que seus pais tomaram a decisão certa sobre manter o silêncio.

"Não era realmente uma opção deixar alguém saber", diz ele.

Outros alunos o "alfinetavam"tudo sobre apostas esportivasveztudo sobre apostas esportivasquando por ele ser hemofílico. E ele não consegue imaginar o que teria acontecido se o diagnósticotudo sobre apostas esportivasHIV tivesse sido revelado.

Naquela época, notícias apontavam que milharestudo sobre apostas esportivaspessoas haviam sido infectadas pelo HIV atravéstudo sobre apostas esportivasprodutos sanguíneos contaminados, e Matt tinha ouvido falartudo sobre apostas esportivasescolastudo sobre apostas esportivasonde os pais haviam retirado seus filhos ao saberem que havia um hemofílico na classe.

Mas o fardo do segredo pesava profundamente. "É tão solitário passar por isso e enfrentar tudo sozinho - não poder falar com ninguém, não ser capaztudo sobre apostas esportivasdiscutir isso."

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Legenda da foto, Descobrir que era portador do vírus afetou o desempenhotudo sobre apostas esportivasMatt na escola: "Por que gastar esse tempo?", se perguntava ele

Nunca lhe foi oferecido algum aconselhamento profissional. Não havia psicólogos ou terapeutas para ajudá-lo a lidar com a questão.

"Eu poderia ter conversado com minha mãe, meu pai ou meu irmão - mas, isso era tão perturbador que não queria falar a respeito, porque sabia que acabaria chorando, então simplesmente me calei e seguitudo sobre apostas esportivasfrente."

Para seus amigos e colegastudo sobre apostas esportivasclasse, tudo parecia normal. Ninguém sabia o que se passava na cabeça dele. Mas Matt tinha que conviver com a certezatudo sobre apostas esportivasque estaria morto aos 20 anos. Ele nunca poderia ter namorada, muito menos se casar ou ter filhos.

A família alimentava expectativastudo sobre apostas esportivasrelação a ele.

Os pais queriam que o filho se saísse bem na escola e fosse para a universidade. Mas depois que soube que era soropositivo Matt paroutudo sobre apostas esportivasse esforçar na escola.

tudo sobre apostas esportivas Hepatite C aumenta esc tudo sobre apostas esportivas â tudo sobre apostas esportivas ndalo no NHS

Posteriormente, ele descobriu que tinha sido infectado com hepatite C também, outra doença com alto grautudo sobre apostas esportivasletalidade.

"Por que gastar todo esse tempo estudando e fazendo devertudo sobre apostas esportivascasa quando não vou chegar a ter uma carreira?" raciocinou na época.

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Legenda da foto, Estima-se que dezenastudo sobre apostas esportivasmilharestudo sobre apostas esportivasnão-hemofílicos também possam ter sido infectados com HIV por meiotudo sobre apostas esportivastransfusõestudo sobre apostas esportivassangue

Sem se dar conta, Matt foi uma das vítimas do que tem sido chamadotudo sobre apostas esportivaso maior escândalo na história do NHS, o serviçotudo sobre apostas esportivassaúde pública do Reino Unido - que resultou na mortetudo sobre apostas esportivaspelo menos 2.883 hemofílicos nessa região,tudo sobre apostas esportivasacordo com ativistas.

Teme-se que dezenastudo sobre apostas esportivasmilharestudo sobre apostas esportivasnão-hemofílicos também possam ter sido infectados por meiotudo sobre apostas esportivastransfusõestudo sobre apostas esportivassangue.

Ainda criança, ele havia sido diagnosticado com hemofilia grave, o que quer dizer que seu sangue demorava a coagular e que ele sangraria por mais tempo que outras crianças. Isso significava que os cortes emtudo sobre apostas esportivaspele, por exemplo, demorariam mais para cicatrizar. Os sangramentos poderiam ser extremamente dolorosos e restringirtudo sobre apostas esportivasmobilidade - o sangue encheria as cavidadestudo sobre apostas esportivassuas articulações, o que tornaria quase impossível movê-las.

Com esse quadro, brincadeiras como subirtudo sobre apostas esportivasárvores ou andartudo sobre apostas esportivasbicicleta eram proibidas pelos pais dele.

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Legenda da foto, A hemofilia, que levou Matt ao tratamento por meio do qual foi contaminado, provocou limitações durante a infância

A hemofilia também significava que Matt nunca poderia alcançartudo sobre apostas esportivasambiçãotudo sobre apostas esportivasse tornar um piloto da RAF, a Força Aérea Real britânica.

Mas durante os anos 1970 e 80, um novo tratamento para hemofílicos ficou disponível, as injeçõestudo sobre apostas esportivasproteínas chamadas "concentradostudo sobre apostas esportivasfator" - normalmente o Fator VIII, considerado essencial para ajudar a coagular o sangue. Esses concentrados eram feitos a partir do plasmatudo sobre apostas esportivassangue doado, e havia tanta demanda por eles que o NHS começou a importá-los do exterior, principalmente dos EUA.

Fator VIII, a traiçoeira esperança

Agora,tudo sobre apostas esportivasveztudo sobre apostas esportivasir ao hospital toda vez que sangrasse, Matt tinha um suprimentotudo sobre apostas esportivasFator VIIItudo sobre apostas esportivascasa, que a mãe se encarregavatudo sobre apostas esportivasinjetar nele - até que aprendeu a fazer isso sozinho.

Ele também ia a acampamentostudo sobre apostas esportivasverão no norte do Paístudo sobre apostas esportivasGales com outros jovens hemofílicos, acompanhados por médicos equipados com suprimentos do Fator VIII - o que permitia que brincassem ao ar livre, já que, se caíssem e se machucassem, receberiam tratamento.

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Legenda da foto, Matt ia a acampamentostudo sobre apostas esportivasverão com outros jovens hemofílicos onde médicos se encarregavamtudo sobre apostas esportivastratá-los com injeções para ajudar a coagular o sangue, caso precisassem

Matt etudo sobre apostas esportivasfamília não sabiam que grande parte do Fator VIII importado dos Estados Unidos era feito usando plasma sanguíneo doado por presos e viciadostudo sobre apostas esportivasdrogas, grupos consideradostudo sobre apostas esportivasalto risco para vírus como HIV e hepatite C.

Em muitos casos, eles eram pagos para fazer essa doação.

E como os concentradostudo sobre apostas esportivasfator eram feitostudo sobre apostas esportivastonéis a partir do plasmatudo sobre apostas esportivasdezenastudo sobre apostas esportivasmilharestudo sobre apostas esportivaspessoas, se apenas uma doação estivesse infectada seria suficiente para contaminar todo o lote.

Alertas sobre o Fator VIII importado foram levantadostudo sobre apostas esportivas1974, e o governo afirmou quetudo sobre apostas esportivastrês anos tornaria o Reino Unido autossuficientetudo sobre apostas esportivasconcentradostudo sobre apostas esportivasfator - mas isso não aconteceu.

Com o desenrolar da crise da Aids nos anos 80, o Departamentotudo sobre apostas esportivasSaúde foi mais uma vez alertado que os produtos sanguíneos procedentes dos Estados Unidos deveriam ser retirados das prateleiras, mas isso só veio a acontecertudo sobre apostas esportivas1986.

Quando a mãetudo sobre apostas esportivasMatt foi informadatudo sobre apostas esportivasque seu filho havia sido infectado com o HIV, ela lembrou que havia guardado registros dos númerostudo sobre apostas esportivaslote do Fator VIII que ele recebeu.

Em 1982, Matt havia recebido uma sérietudo sobre apostas esportivasinjeçõestudo sobre apostas esportivasproteínas produzidas por uma empresa americana.

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Legenda da foto, Em 1982 Matt ficou semtudo sobre apostas esportivastradicional fototudo sobre apostas esportivasescola, porque estava doente na épocatudo sobre apostas esportivasque o fotógrafo apareceu para fazer a imagem

Desempenho escolar medíocre

Na escola, Matt tinha um círculo restritotudo sobre apostas esportivasamigos próximos, mas nenhum deles sabia por que suas notas estavam despencando. Ele passou com muita dificuldade no exame que os estudantes fazem ao terminarem a primeira fase do ensino médio.

A etapa seguinte, para admissão na universidade, foi ainda mais difícil. Ele tirou as notas mais baixas possíveis. "Passei dois anos à toa por aí, me divertindo com amigos".

Mas apesar das terríveis previsõestudo sobre apostas esportivasque morreria dentrotudo sobre apostas esportivasdois anos, Matt conservava uma aparência saudável.

Em 19tudo sobre apostas esportivasabriltudo sobre apostas esportivas1990, logo após ter completado 16 anos, um relatóriotudo sobre apostas esportivasavaliação psiquiátrica dizia que Matt acreditava ter 50%tudo sobre apostas esportivaschancetudo sobre apostas esportivasdesenvolver a Aids, que ele tentava não pensar no futuro e que quando se sentia aborrecido tentava se distrair. "Matt tem um forte sistematudo sobre apostas esportivasdefesa psicológica, mas esse sistema é facilmente penetrado a pontotudo sobre apostas esportivasele ficar claramente perturbado", dizia o documento.

Era provável que, mesmo que não desenvolvesse a Aids nos anos seguintes, Matt "sofresse grandes dificuldades emocionais", disse o psiquiatra.

"Será difícil para ele desenvolver relacionamentos satisfatórios com pessoas do sexo oposto, por causa do perigo real da infecção ", continuou o especialista. "Ele já está preocupado com isso e perturbado com o fatotudo sobre apostas esportivasque não poderá ter filhos." Graças aos seus pais, concluiu o relatório, ele estava lidando bem com a situação.

Maconha, anfetamina, ecstasy e raves

Mais ou menos nessa época, Matt começou a fumar maconha. "Eu simplesmente pensei: que mal vai fazer? O dano já estava mesmo feito." Também passou a usar anfetamina e ecstasy. Era o início dos anos 90, e Matt passou também a frequentar as festas raves.

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Legenda da foto, Matt começou a usar drogas na adolescência e, segundo psiquiatra, ele tentava não pensar no futuro

Matt ficava acordado a noite inteira, sob forte influênciatudo sobre apostas esportivasdrogas, e "voltava para casa, para mamãe e papai na manhã seguinte, com as pupilas muito dilatadas, e ficava o resto do dia na cama".

Inicialmente, seus pais não perceberam o que estava acontecendo. Mas um dia, quando ele chegou da universidade, seu pai mostrou uma caixa que havia encontrado, cheiatudo sobre apostas esportivasanfetamina e maconha. "O que é isso?", perguntou. Sua mãe estavatudo sobre apostas esportivaslágrimas. Matt sentiu como se o chão da sala tivesse caído. Seus pais queriam saber por que ele estava usando drogas.

"Eu disse: 'por que não? Você sabe, eu posso não ter muito tempotudo sobre apostas esportivasvida. Quero aproveitar e experimentar o máximo que puder antestudo sobre apostas esportivasmorrer'." Essa não foi uma questão fáciltudo sobre apostas esportivasdiscutir.

tudo sobre apostas esportivas Revelaç tudo sobre apostas esportivas ão do segredo a parceiros

Uma noite, quando tinha 17 ou 18 anos, Matt estava bebendo na cidade. Ele estava indo para casa com um amigo quando algo o obrigou, pela primeira vez, a contar a alguémtudo sobre apostas esportivasforatudo sobre apostas esportivassua família próxima que ele era portadortudo sobre apostas esportivasHIV.

O amigo ficou chocado, mas foi compreensivo. "Foi um caso de: 'OK, mas você ainda é meu parceiro.'"

Uma sensaçãotudo sobre apostas esportivasalívio tomou contatudo sobre apostas esportivasMatt. Nos três ou quatro anos seguintes, ele começou a contar aos amigos mais próximos, individualmente.

Com o passar do tempo, ficou mais fácil - ele nunca teve uma reação negativatudo sobre apostas esportivasalgum deles. "O que isso significa?", eles perguntavam. "Como você está? Você vai ficar bem?".

"Eu sempre analisava com muito cuidado a quem contaria", diz ele. Antes, ele se perguntava se podia confiar naquela pessoa.

Matt fez faculdadetudo sobre apostas esportivasEducaçãotudo sobre apostas esportivasLeamington Spa, na Inglaterra. Ele não via muito sentidotudo sobre apostas esportivastrabalhar, e essa foi outra desculpa para ficar à toa durante um tempo. Ele passou dois anos sem ir muito às aulas, e terminou sem nenhuma qualificação por causa disso.

Quando estava com 20 anos, se mudou para Birmingham; váriostudo sobre apostas esportivasseus amigos estavam na Universidadetudo sobre apostas esportivasBirmingham. Mas ele sentiu que estava ficando para trás. Seus amigos estavam seguindotudo sobre apostas esportivasfrente com suas vidas, ganhando diplomas, namorando, e ele não.

Com o tempo, ele começou a pensar:

"Bem, e se não restarem dois anos (de vida)? E se forem mais?"

Nunca lhe passou pela cabeça que pudesse chegar aos 40, muito menos aos 50 ou 60 anos. Mas, ele percebeu que tinha que tomar uma atitude, considerando que ainda poderia estar vivo dali a 10 anos.

tudo sobre apostas esportivas Formatura e cura

Ele se inscreveutudo sobre apostas esportivasum curso na Universidadetudo sobre apostas esportivasBirmingham. Em seu primeiro ano, pela primeira vez desde seu diagnósticotudo sobre apostas esportivasHIV, ele se dedicou aos estudos. "Foi um pontotudo sobre apostas esportivasvirada para mim", diz ele. Seus esforços foram recompensados ​​com boas notas. "Eu posso realmente fazer isso.", pensou.

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Legenda da foto, Ao ver os amigos na universidade, Matt decidiu também focar nos estudos e passou a enxergar para si novas perspectivastudo sobre apostas esportivasfuturo

Por fim, ele se formou. Nesse meio tempo, ia regularmente ao hospital para checar as células CD4 - células geralmente mortas pelo vírus HIV. Sua contagem, entretanto, ainda estava normal. E cada vez que ele recebia esses resultados se sentia aliviado.

Mas embora o HIV tenha sido o focotudo sobre apostas esportivastodas as suas preocupações, a hepatite C que ele também havia contraído pelo Fator VIII contaminado estava começando a afetar seu fígado. Uma biópsia revelou que o órgão apresentava cicatrizes e estava doente.

Os médicos sugeriram que ele fizesse um tratamentotudo sobre apostas esportivas12 meses com medicamentos poderosostudo sobre apostas esportivasum esforço para se livrar do vírus. Matt soubetudo sobre apostas esportivascolegas também hemofílicos que eram medicamentos "muito desagradáveis". Algunstudo sobre apostas esportivasseus amigos tiveram que interromper o tratamento depoistudo sobre apostas esportivasalgumas semanas por causa dos efeitos colaterais.

No início, tomar esses medicamentos davam uma sensação parecida atudo sobre apostas esportivasuma gripe. "Você ficava enrolado na cama, tremendo e suando, durante 24 horas após uma injeção, e teria que repetir o processo três vezes por semana." Depoistudo sobre apostas esportivasum tempo, os efeitos colaterais diminuíram e, ao finaltudo sobre apostas esportivas12 meses, os médicos tinham uma notícia incrível para ele - estava curado da hepatite C.

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Legenda da foto, Matt se mudou para a Austráliatudo sobre apostas esportivasbuscatudo sobre apostas esportivasnovas pessoas e na tentativatudo sobre apostas esportivasdeixar para trás a bagagem emocional que havia carregado até então, por causa do HIV

Austrália

Matt pôs o pé na estrada. Resolveu visitar o lugar mais distantetudo sobre apostas esportivascasa que conhecia, a Austrália.

"Acho que eu viajei para fugirtudo sobre apostas esportivasmim mesmo", diz ele. "Eu iria encontrar pessoas novas, que não me conhecem. Eu poderia ser alguém diferente. Eu poderia esquecer, essencialmente, o que passei nos últimos anos e a bagagem emocional disso."

Ele se mudou para uma casatudo sobre apostas esportivasdois quartostudo sobre apostas esportivasSydney, com outros sete viajantes. Rapidamente eles criaram um vínculo. Trabalhavam a semana inteira e nos finaistudo sobre apostas esportivassemana se divertiam.

Dizer às pessoas que tinha HIV parecia mais fácil. Ele estaria na companhia deles por pouco tempo. Eles não conheciam seus amigos ou qualquer coisa sobretudo sobre apostas esportivasvida. Ele ainda era cuidadoso sobre a quem contava a respeito, embora as reações que teriam não importassem tanto para ele. "Eu acho que dentrotudo sobre apostas esportivasmim havia uma necessidadetudo sobre apostas esportivassimplesmente colocar aquilo para fora", diz ele.

Mas pela primeira vez, ele começou a considerar a ideiatudo sobre apostas esportivaster um relacionamento.

Por causa do HIV, essa ideia sempre foi difícil para ele.

Seus pais insistiam com ele que era indispensável contar aos possíveis parceiros sobre o vírus e dar a eles uma escolha - e isso era, para ele, uma perspectiva muito mais assustadora do que contar a amigos íntimos.

"Eu conheci algumas garotas e tive relacionamentos - coisas rápidastudo sobre apostas esportivasférias", diz ele. A primeira menina a quem contou - eles se conheceram viajando - não lidou bem com a notícia. Ele disse a ela antes que dormissem juntos. O relacionamento não acabou nesse momento, mas depois acabou desandando.

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Legenda da foto, Matt que se via sem futuro por causa do HIV, acabou descobrindo "portas" que lhe permitiram casar e também ter filhos, por exemplo

Namoro, casamento e filhos

Na volta para o Reino Unido, pouco antes do Natal do ano 2000, começou a deixar para trás os temorestudo sobre apostas esportivasque lhe restaria pouco tempotudo sobre apostas esportivasvida. "Acho que viajar realmente ajudou, me fez ver tudo isso, conhecer todas aquelas pessoas, e mesmo que não pudesse ser outra pessoa, estava livretudo sobre apostas esportivastudo", diz ele. Outra coisa que ajudou foi a chegada dos tratamentos antirretrovirais. A partir daí, muita gente paroutudo sobre apostas esportivasver o HIV como uma sentençatudo sobre apostas esportivasmorte automática.

Em 2003, Matt foi à despedidatudo sobre apostas esportivasum amigo. No bar, começou a conversar com um grupotudo sobre apostas esportivasmulheres jovens, se deu bem com uma delas e os dois trocaram númerostudo sobre apostas esportivastelefone.

Logo estavam namorando. No início do relacionamento, Matt mencionou que tinha HIV e se preparou para uma rejeição. "Isso não a abalou", diz ele. Em 2008, eles se casaram. "Aquilo não a perturbavatudo sobre apostas esportivasjeito nenhum."

Se ele nunca tinha imaginado ser possível encontrar alguém para se relacionar, ter filhos então parecia um sonho inatingível. "Eu pensei que era fisicamente, clinicamente, impossível", diz ele.

Mas umtudo sobre apostas esportivasseus amigostudo sobre apostas esportivasinfância, um hemofílico que também frequentara os acampamentos no Paístudo sobre apostas esportivasGales, disse a Matt que havia se tornado pai graças a uma técnica chamada "lavagemtudo sobre apostas esportivasespermatozoides", uma formatudo sobre apostas esportivasconcepção assistida.

Matt então consultou o NHS sobre esse tratamento e ouviu,tudo sobre apostas esportivasum representante, que não precisaria da técnica porquetudo sobre apostas esportivascarga viral era indetectável - e que seria seguro para ele e a esposa terem um bebê naturalmente.

Matt ficou perplexo. "Você não imagina o que passei nesses últimos 15 a 20 anos", pensou. "Você acha que eu sujeitaria alguém a isso?".

Por mais baixo que fosse o riscotudo sobre apostas esportivascontaminação, ele não estava disposto a corrê-lo.

Ele bancou por conta própria três ciclostudo sobre apostas esportivaslavagemtudo sobre apostas esportivasespermatozoides, e o casal teve seu primeiro filho.

Novamente, Matt e a esposa pediram a concepção assistida ao NHS para ter um segundo filho, mas o pedido foi recusado.

Apesartudo sobre apostas esportivasterem apresentado uma cartatudo sobre apostas esportivasapoio do clínico que acompanhava o casotudo sobre apostas esportivasMatt apontando que ele havia contraído esse vírus e otudo sobre apostas esportivashepatite C atravéstudo sobre apostas esportivasprodutos sanguíneos contaminados fornecidos pelo NHS, a resposta que ouviram foi que estas não eram "circunstâncias excepcionais".

Eles também tiveram que pagar pelo tratamento que lhes deu o segundo filho.

Tornar-se pai foi uma mudançatudo sobre apostas esportivasvida para Matt. E agora, ver seus filhos se aproximando da idadetudo sobre apostas esportivasque ele foi infectado, evidencia ainda mais a dimensão do que aconteceu com ele.

"É a única vez que me emociono com a coisa toda", diz ele. "Isso me deixa com muita raiva. É quase uma raiva deslocada - não sinto como se fosse algo que fizeram comigo, mas como se tivessem feito com meus filhos."

Atraso e mortes

Depoistudo sobre apostas esportivasdécadastudo sobre apostas esportivaspressãotudo sobre apostas esportivasativistas, um inquérito público sobre o escândalo do sangue contaminado estátudo sobre apostas esportivasandamento - o que deixa Matt feliz, mas, ao mesmo tempo, com a sensaçãotudo sobre apostas esportivasque tal providência chega com atraso.

"Há uma comoção sobre a tragédia do Grenfell ( o incêndio na torre Grenfell, um prédiotudo sobre apostas esportivas24 andares que pegou fogotudo sobre apostas esportivas2017 e deixou 71 mortos,tudo sobre apostas esportivasLondres), e com razão, mas como estamos morrendotudo sobre apostas esportivassilêncio, individualmente, a portas fechadas, ninguém sabe disso", diz ele.

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Legenda da foto, Matt Merry diz esperar que inquérito público sobre escândalo do sangue contaminado faça justiça às vítimas

Matt olha para onde está hoje com espanto. Sua hepatite C desapareceu e suas cargas viraistudo sobre apostas esportivasHIV ainda são indetectáveis ​​- ele nunca teve que tomar antirretrovirais. De cercatudo sobre apostas esportivas1.250 hemofílicos infectados com hepatite C e HIV devido ao escândalo,tudo sobre apostas esportivasacordo com o grupo ativista Tainted Blood - formado por hemofílicos infectados - menostudo sobre apostas esportivas250 ainda estão vivos. "Isso realmente é,tudo sobre apostas esportivastermostudo sobre apostas esportivasresultadostudo sobre apostas esportivassaúde, como ganhar na loteria", diz ele.

Ele tem família e casatudo sobre apostas esportivasLondres - e acha quetudo sobre apostas esportivascarreira está vários anos atrástudo sobre apostas esportivasonde deveria estar. "Mas na verdade eu não sou muito duro comigo mesmo porque olhe o que eu fiz, quero dizer, eu estou aqui e fiz isso por minha conta. "

Ele sabe que muitos outros não tiveram tanta sorte. E espera que o novo inquérito sobre o escândalo do sangue contaminado traga justiça, mas não se permite ficar muito esperançosotudo sobre apostas esportivasrelação a isso.

"Sucessivos governos, trabalhistas, conservadores e liberais-democratas, não conseguiram resolver esse problema e tentaram colocá-lotudo sobre apostas esportivassegundo plano ou simplesmente esperar até que estejamos mortos, até que ele desapareça", diz ele.

Apesar do grande númerotudo sobre apostas esportivasvítimas, o escândalo recebe relativamente pouca atenção devido ao legado do estigmatudo sobre apostas esportivastorno do HIV e da Aids, acredita ele - e é por isso que está contando atudo sobre apostas esportivashistória.

"Estou satisfeito com a minha vida no momento - tenho uma família fantástica, uma esposa maravilhosa, duas crianças maravilhosas", diz Matt. "Tenho tudo para agradecer. Mas não deveria ter que agradecer por isso."

*Ilustrações: Charlotte Edey/BBC