Como a Copa, que uniu a Françabet365 gols mais menos1998, hoje evidencia tensões sociais:bet365 gols mais menos
A imagem do craque francês Zinédine Zidane,bet365 gols mais menosorigem argelina, foi projetada no Arco do Triunfo nas comemorações da vitóriabet365 gols mais menos98. Até então, ninguém havia recebido esse tipobet365 gols mais menoshomenagem.
No entanto, nas duas décadas seguintes, a situação social, econômica e política da França mudou bastantebet365 gols mais menosrelação a 98. Naquela época, o crescimento econômico era mais forte, o desemprego estavabet365 gols mais menosqueda e o governo estava ampliando os gastos públicos, diferentemente dos cortes orçamentários e das reformasbet365 gols mais menoscurso atualmente -bet365 gols mais menosmeio a crises econômicas e conflitos sociais.
Extrema direita e radicalismo islâmico
A fratura da sociedade se tornou mais visível. Após a Copabet365 gols mais menos98, a extrema direita francesa - que faz fortes críticas à imigração - conseguiu duas vezes,bet365 gols mais menos2002 e 2017, chegar ao segundo turno da eleição presidencial. No ano passado, a direitista Marine Le Pen liderou por um bom período as pesquisas do primeiro turno.
Vários fatores contribuíram para afetarbet365 gols mais menosforma negativa a percepçãobet365 gols mais menosuma parte da sociedade francesabet365 gols mais menosrelação à imigração, como a crise atualbet365 gols mais menosrefugiados (acampamentosbet365 gols mais menosimigrantes são desmantelados regularmentebet365 gols mais menosParis) e os diversos atentados cometidos por radicais islâmicos que mataram centenasbet365 gols mais menospessoas no país.
O aspecto multicultural da seleção francesabet365 gols mais menosfutebol deixoubet365 gols mais menosser colocadobet365 gols mais menosprimeiro plano nesta Copa do Mundo, e não apenas porque deixoubet365 gols mais menosser novidade e se tornou comumbet365 gols mais menosvários países da Europa.
Segundo o sociólogo especialistabet365 gols mais menostorcidasbet365 gols mais menosfutebol Nicolas Hourcade, da Universidadebet365 gols mais menosLyon, houve um "exagero"bet365 gols mais menos98 nas interpretações e comentários, após a conquista do título, que difundiram a ideia do "negro, branco e árabe" e que as origens diversas dos jogadores significaria "uma união nacional absoluta".
"Há (hoje) menos ilusãobet365 gols mais menosrelação a isso. Não é porque a seleção ganha a Copa do Mundo que milagrosamente todas as divisões entre os franceses vão desparecer. Hoje, há uma posição mais reservada e as pessoas não dizem mais que se a França vencer no domingo o país estará reunido e todo mundo vai se amar", ressalta Hourcade.
Resistência ao multiculturalismo
"As pessoas não se enganam. Elas querem compartilhar um momento comum, mas sabem que há tensões relacionadas à identidade francesa e também sociais", diz o sociólogo. "A eventual vitória no domingo não será suficiente para vencer as resistências dos que não acreditam no multiculturalismo."
A imprensa francesa vem comentando que há um "perfumebet365 gols mais menos98" no ar depois do fervor pelas ruas do país na terça-feira, quando os bleus conquistaram vaga na final ao derrotar a Bélgica.
Para o economista Pascal Perri, da consultoria PNC, "não há nada comparável entre 98 e a situação atualbet365 gols mais menostermosbet365 gols mais menoscoesão social".
"Há mais tensão hoje na França. O questionamento da laicidade, o impacto do terrorismo, a presençabet365 gols mais menosgrupos salafistas, o medobet365 gols mais menosrelação ao islã, a expansãobet365 gols mais menosum pensamento fortemente nacionalista, tudo isso faz com que a França seja menos receptiva do quebet365 gols mais menos98", afirma Perri.
"Em 98, foi celebrada a vitóriabet365 gols mais menosum time multicultural, reflexo da diversidade. Hoje, a questão é outra. A França não sonha mais com diversidade."
"Ninguém mais se projeta na seleção francesa como um exemplobet365 gols mais menosdiversidade cultural ebet365 gols mais menosculto. Se a França vencer, as pessoas vão festejar a vitória da camisa azul", destaca o economista.
Futebol não substitui integração
"Aprendemos a liçãobet365 gols mais menos98", diz o sociólogo especialistabet365 gols mais menosesporte William Gasparini, professor da Universidadebet365 gols mais menosEstrasburgo, fazendo referência ao que ele chamabet365 gols mais menosinstrumentalização políticabet365 gols mais menos98, quando a conquista do título na Copa foi associada ao resultado do modelobet365 gols mais menosintegração francesa.
"Foi uma ilusão. O futebol não substitui verdadeiras políticasbet365 gols mais menosintegração,bet365 gols mais menosdesmantelamentobet365 gols mais menosguetos nas periferias,bet365 gols mais menosprogramasbet365 gols mais menosempregos para jovens ebet365 gols mais menosmelhor desempenho escolar", ressalta Gasparini.
"Agora, fala-se mais no aspecto coletivo do timebet365 gols mais menosvezbet365 gols mais menosdestacar o caráter étnico para evitar acentuar as fraturas que existem nas periferias. Uma parte da sociedade é incapazbet365 gols mais menoslidar com o problema do desemprego e dos imigrantes", acrescenta.
O economista Luc Arrondel, diretorbet365 gols mais menospesquisa do Centro Nacionalbet365 gols mais menosPesquisa Científica, ligado à École Normale Supérieur (ENS), ressalta que o aumento das desigualdades sociais na França é outra grande diferença da situação atualbet365 gols mais menosrelação a 98.
Após a vitória dos bleusbet365 gols mais menos98, houve duas grandes ondasbet365 gols mais menosviolênciabet365 gols mais menossubúrbios pobres da França,bet365 gols mais menos2005 e 2007. A situação permanece instávelbet365 gols mais menosvárias localidades do país.
Em meio aos jogos desta Copa, houve revoltas na periferiabet365 gols mais menosNantes, no oeste da França, após a mortebet365 gols mais menosum jovem por um policial, no iníciobet365 gols mais menosjulho.
Inicialmente, não haveria telão para assistir à final da Copabet365 gols mais menosNantes, por contabet365 gols mais menosriscosbet365 gols mais menosnovos incidentes, mas a secretariabet365 gols mais menosSegurança Pública da cidade decidiu autorizar uma "fan zone" no local.
Durante os festejos da conquista da vaga na final, na terça-feira, houve alguns incidentes com a políciabet365 gols mais menosParis e outras localidades.
Distância entre Chirac e Macron
A diferença entre as duas décadas se reflete nos presidentes franceses:bet365 gols mais menos98, o conservador Jacques Chirac, com popularidadebet365 gols mais menosqueda, ganhou cercabet365 gols mais menos14 pontos nas pesquisasbet365 gols mais menosopinião nos dois meses após a conquista do título, antesbet365 gols mais menosvoltar a cair novamente nas sondagens.
Na época, havia um governobet365 gols mais menoscoabitação. O primeiro-ministro era o socialista Lionel Jospin, da esquerda.
Hoje, porém, o presidente Emmanuel Macron, centrista, tem enfrentado várias críticas ebet365 gols mais menospopularidade também vem caindo, segundo pesquisas divulgadas nos últimos dias.
Especialistas apontam que Macron tem se mostrado discretobet365 gols mais menosrelação à Copa do Mundo para não sugerir que estaria tentando tirar proveito político da eventual vitória dos bleus.
Macron também poderá se beneficiar temporariamente se a França vencer no domingo. "Mas ele estábet365 gols mais menosuma situação complicada e isso não muda nadabet365 gols mais menosrelação ao fatobet365 gols mais menosque ele parece distante dos franceses", disse Frédéric Dabi, diretor-geral do institutobet365 gols mais menospesquisas Ifop ao jornal Le Figaro.
"Ele terá, talvez, um soprobet365 gols mais menosoxigênio e alguns pontos nas pesquisas, mas isso não mudará estruturalmente a situação."
Comemorações ainda maiores quebet365 gols mais menos98
Apesar das divisões na sociedade francesa, as comemorações, caso a França se torne bicampeã mundial no domingo, poderão ser maiores do quebet365 gols mais menos1998, quando maisbet365 gols mais menosum milhãobet365 gols mais menospessoas comemoraram na avenida Champs-Elysées, apontam os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil.
Há problemasbet365 gols mais menosfaltabet365 gols mais menosestoquebet365 gols mais menosbandeiras ebet365 gols mais menoscamisas da seleção.
"A Copabet365 gols mais menos98 foi um momentobet365 gols mais menosgrande alegria coletiva. Fala-se muitobet365 gols mais menosalgo mágico. Os jovens que não viveram isso na época querem descobrir e quem festejou na época quer reviver a emoção", diz Hourcade.
Mas o impacto da eventual vitória francesa neste domingo também poderá se dissipar rapidamente, logo após as fériasbet365 gols mais menosverão, caso o desemprego não caia e outros problemas continuem, segundo especialistas.
"Um ou dois meses depois, as pessoas encontrarão os mesmos problemas econômicos e sociais", diz o economista Arrondel.