O 'milagre' que livrou mulhercasa de apostas 1 realser executada por matar o homem que a estuprou:casa de apostas 1 real

Noura crying (illustration)
Legenda da foto, Após casamento forçado, Noura diz ter se defendido da violência sexual com uma faca

"Ela passou a se odiar depois do estupro", disse a mãe antes da decisão judicial favorável à filha. "Ela tinha uma faca pronta para tirarcasa de apostas 1 realprópria vida se ele a tocasse novamente."

Mas, no calor do momento, quando ele se aproximou outra vez, ela o esfaqueou. Foi legítima defesa,casa de apostas 1 realmãe insiste.

Noura queria terminar os estudos e sonhava ser professora. Mas foi forçada ao casamento aos 16 anos e tentou fugir. Após se esconder na casacasa de apostas 1 realuma tia, foi devolvida pela própria família ao marido.

Ela diz que alguns dias depoiscasa de apostas 1 realretornar, o marido chamou alguns primos e estes a seguraram enquanto ele a estuprava. No dia seguinte, o marido teria tentado fazer o mesmo. Noura diz que apenas se defendeu com a faca.

Campanha internacional

Quando Noura foi sentenciada à morte, no mês passado, uma campanha online, #JusticeforNoura (Justiça para Noura), espalhou-se pelo mundo.

A modelo Naomi Campbell e a atriz Emma Watson estavam entre as celebridades que se uniram aos ativistas para exigir a anulação da pena. Naomi postou no Instagram uma reportagem do jornal The Guardian pedindo ajuda para pressionar o governo sudanês e salvar Noura.

Quando a Anistia Internacional pediu às pessoas que enviassem mensagens ao Ministro da Justiça do Sudão pedindo que ele interviesse a favorcasa de apostas 1 realNoura, o volume enviado forçou-o a obter um novo endereçocasa de apostas 1 realemail.

Noura só descobriu essa correntecasa de apostas 1 realapoio pelo mundo quandocasa de apostas 1 realmãe a visitou na prisão femininacasa de apostas 1 realOmdurman.

O mundo atual dela é limitado pelas paredes da prisão, onde todos os detentos vivemcasa de apostas 1 realum grande quintal.

"Não há teto, então, a maioria das mulheres precisa usar lençóis para se proteger do sol", explica o coordenador da ONG Justiça na África, Hafiz Mohammed.

Noura permanece com as algemas ela usa desde que foi presa.

Antes da penacasa de apostas 1 realmorte ter sido convertida a prisão, a mãe da jovem disse que Noura aparentava estar saudável, mas seu "espírito parecia quebrado".

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Menina com sonhos

A segundacasa de apostas 1 realoito filhos, Noura Hussein cresceu na aldeiacasa de apostas 1 realal-Bager, 40 quilômetros ao sulcasa de apostas 1 realCartum. É um lugar árido, cercado por morros arenosos e rochosos, não muito longe do rio Nilo.

As cores brilhantes das frutas e legumes colocadoscasa de apostas 1 realpanos no chão do mercado local proporcionam raras explosõescasa de apostas 1 realcores que quebram a paisagem predominantemente marrom e empoeirada.

Zainab Ahmed diz quecasa de apostas 1 realfilha sempre foi uma garota quieta e inteligente.

"Ela tinha ambições", afirma Zainab. "Noura sonhava estudar direito na universidade e se tornar professora."

Sua numerosa família deixara a regiãocasa de apostas 1 realDarfur, dominada pelo conflito, para se mudar para al-Bager quando Noura era criança. Eles não tinham muito dinheiro, mas o negócio do pai - uma pequena lojacasa de apostas 1 realferragens que vendia ferramentas e óleo - significava que a garota poderia ter acesso à educação.

Mascasa de apostas 1 real2015, o primocasa de apostas 1 real32 anoscasa de apostas 1 realHussein, Abdulrahman Mohamed Hammad, a pediucasa de apostas 1 realcasamento. Ela tinha 16 anos.

Sua mãe diz que a filha, inicialmente, não pareceu incomodada com a ideia, mas pediu permissão para continuar estudando. Ela também pediu que o casamento fosse adiado até quecasa de apostas 1 realmãe, que estava grávida, tivesse dado à luz.

Casamento forçado

Mas a pressão da família começou a aumentar, principalmente acasa de apostas 1 realseu próprio pai, Hussein.

"Muitas jovens da região estavam ficando grávidas e tendo filhos ilegítimos", ele diz.

Hussein diz que não queria que ela sofresse um destino semelhante e acabasse sem marido.

Enquanto participava da cerimônia inicialcasa de apostas 1 realcasamento, ficou claro que a oposiçãocasa de apostas 1 realNoura à ideia estava aumentando.

Ela fugiu para a casacasa de apostas 1 realsua tiacasa de apostas 1 realSinnar, uma cidade a 350 kmcasa de apostas 1 realdistância, e permaneceu com ela por dois dias. A jovem foi persuadida a voltar para casa após ouvir que o casamento não seria confirmado.

Assim que retornou, no entanto, a cerimônia foi concluída, mas ela não seria obrigada a morar com o marido.

Nos dois anos seguintes, Noura permaneceu na casacasa de apostas 1 realsua família. Quando Abdulrahman a visitou, ela lhe disse claramente que não queria estar casada com ele.

No entanto, os idosos da família começaram a insistir que Noura e seu marido formalizassem o relacionamento e se comportassem como um casal legalmente casado.

Em suas comunidades mais próximas, são os anciões que tomam todas as decisões importantes. Honra e respeito familiar são os valores mais importantes da cultura.

Seu pai, Hussein, diz que não viu nenhum bom motivo para a filha continuar recusando a união. A família tinha sido paciente por anos.

Sob pressão, Noura concordoucasa de apostas 1 realmorar com Abdulrahmancasa de apostas 1 realabrilcasa de apostas 1 real2017.

Ilustraçãocasa de apostas 1 realNoura na prisão
Legenda da foto, Noura queria ser professora e para isso pediu para que seu casamento fosse adiado

De acordo com um relato obtido pela CNN, Noura diz que resistiu aos avanços sexuais do marido na primeira semanacasa de apostas 1 realque viveram juntos.

Ela chorou e se recusou a comer. Quando Abdulrahman dormiu, ela tentou saircasa de apostas 1 realcasa, mas a porta estava trancada.

No 9º dia, Abdulrahman chegou ao apartamento com alguns parentes que rasgaram suas roupas e a seguraram enquanto ele a estuprava, segundo o relato da CNN.

No dia seguinte, Abdulrahman tentou novamente. Desta vez, Noura pegou a faca que ela disse à mãe que usaria para se matar.

O relatocasa de apostas 1 realNoura diz que, na luta com o marido, a mão dela foi cortada e Abdulrahman mordeu seu ombro.

Depois, o relato pula para a partecasa de apostas 1 realque Noura sai correndo para a casacasa de apostas 1 realseus pais, segurando uma faca ensanguentada.

Hussein ecasa de apostas 1 realmulher ficaram aterrorizados quando viram a filhacasa de apostas 1 realpé na frente deles segurando a arma do crime.

"Eu matei meu marido depois que ele me estuprou", disse ela, estendendo a faca.

"Então, entendi a gravidade da situação", diz o pai. Conhecendo a famíliacasa de apostas 1 realAbdulrahman, ele não tinha dúvidacasa de apostas 1 realque eles iriam buscar vingança.

Família ameaçada

Toda a famíliacasa de apostas 1 realNoura ficaria sob ameaça, conta o pai. Então, ele tomou a decisãocasa de apostas 1 reallevar todos para a delegacia. Noura foi presa e acusadacasa de apostas 1 realhomicídio premeditado.

Sua família apelou aos anciãos para que se fizesse um acordo com a famíliacasa de apostas 1 realAbdulrahman. Eles se recusaram. Em vez disso, insistiram para que Hussein e Zainab não vissem mais Noura se quisessem proteger seus outros filhos.

Quando suas casas e estabelecimentos comerciais foram incendiados, Hussein e Zainab nada fizeram.

No entanto, a intimidação continuou e o casal decidiu fugir com os outros filhos.

Um tribunalcasa de apostas 1 realOmdurman, a segunda maior cidade do Sudão, mais tarde condenou Noura. No mês passado, a famíliacasa de apostas 1 realseu marido recusou a opçãocasa de apostas 1 realuma compensação monetária e a penacasa de apostas 1 realmorte por enforcamento foi determinada.

Os advogadoscasa de apostas 1 realNoura apelaram contra a sentença e pediram perdão. O resultado do recurso foi favorável a Noura.

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Antes do tribunal reverter a sentença, o pai contou numa entrevista que não viacasa de apostas 1 realfilha desde a noitecasa de apostas 1 realque o crime aconteceu. Ele temia as ameaças ao restante da família.

"Também quero ver minha filha e visitá-la na prisão, ajudar a animá-la, mas sou incapazcasa de apostas 1 realfazê-lo", disse o pai antes da decisão judicial que salvou Noura da morte. Até então, ele somente havia conversado com a filha pelo telefone. Segundo ele, ela assegurou que estava bemcasa de apostas 1 realsaúde.

Últimas esperanças

Zainab Ahmed sempre disse esperar que um "milagre"casa de apostas 1 realúltima hora salvasse a filha. Ela acreditava que os anciãos tinham o podercasa de apostas 1 realintervir e convencer a famíliacasa de apostas 1 realAbdulrahman a pedir aos tribunais para revogar a penacasa de apostas 1 realmorte.

A Anistia Internacional dizia ser quase impossível que isso fosse capazcasa de apostas 1 realacontecer.

"Nesta altura dos acontecimentos, isso parece altamente improvável. Se eles tivessem feito isso durante o julgamento, poderiam ter solicitado atenuação. Nesta fase, uma família não teria vozcasa de apostas 1 realuma decisão judicial", declarou Joan Nyanyuki, diretora da Anistia para a África Oriental, antes da decisão judicial.

No entanto, a pressão internacional pode funcionar, dizia ela. Funcionou.

"Quando pedimos às pessoas que enviassem emails ao Ministro da Justiça do Sudão, exigindo o perdãocasa de apostas 1 realNoura, ele tevecasa de apostas 1 realtrocar seu endereçocasa de apostas 1 reale-mail após duas semanas. Se as pessoas escrevessem para as embaixadas sudanesascasa de apostas 1 realseus respectivos países exigindocasa de apostas 1 reallibertação, isso faria imensa diferença", apostou Nyanyuki.

Mas ela diz que o casocasa de apostas 1 realNoura é apenas um entre milharescasa de apostas 1 realoutros casamentos forçados que terminamcasa de apostas 1 realviolência sexual.

Os paiscasa de apostas 1 realNoura vivem agoracasa de apostas 1 realuma aldeia longecasa de apostas 1 realal-Bager.

"Eu não esperava que as coisas atingissem esse grau. Ninguém quer uma vida miserável paracasa de apostas 1 realfilha", diz Hussein que, antes da decisão judicial favorável a Noura, disse que a família estava "esperando que Deus a resgate."

Com reportagem adicionalcasa de apostas 1 realMeghan Mohan

Ilustrações Katie Horwich

*Esta reportagem foi originalmente publicadacasa de apostas 1 real26casa de apostas 1 realjunhocasa de apostas 1 real2018 e atualizada após a notícia da suspensão da sentençacasa de apostas 1 realmorte.