O que a campanha #MeToo conseguiu mudarsol slotsfato?:sol slots
sol slots O Oscar, o Globosol slotsOuro, o Festivalsol slotsCannes... até 2017, todos esses eram eventossol slotsque - salvo raras exceções -, atores, atrizes, produtores e diretores trocavam tapinhas nas costas e elogios amistosos. Neste ano, no entanto, tornaram-se palcosol slotsuma campanha robustasol slotsprotesto.
O movimento #MeToo, uma campanha que se multiplicou entre as atrizessol slotsHollywood contra a culturasol slotsassédio sexual no principal cenário do cinema mundial, tomou conta desses eventos e repercutiusol slotstodos os cantos do planeta.
Tudo começou com um caso que veio à tona no jornal The New York Times acusando um dos maiores executivossol slotsHollywood, Harvey Weinstein,sol slotster assediado, abusado e até estuprado dezenassol slotsatrizes. As primeiras acusações apareceramsol slots5sol slotsoutubro, e o poderoso produtor acabou demitidosol slotssua própria empresa durante aquela semana. A "Caixasol slotsPandora" foi aberta. Weinstein nega ter se envolvidosol slotssexo não consensual.
Em 15sol slotsoutubro, a atriz Alyssa Milano sugeriu no Twitter que todas as mulheres que tivessem sido sexualmente assediadas ou agredidas respondessem para ela na rede social com a hashtag #MeToo ("Eu também"sol slotstradução livre). A ideia era mostrar a dimensão do problema. Pelo menos meio milhãosol slotsmulheres enviaram suas respostas nas primeiras 24 horas.
Desde então, uma enxurradasol slotsdenúncias surgiu contra homens da alta classe do entretenimento, da mídia, da política e da tecnologia. Muitos negam as acusações. Até hoje surgem novas denúncias e novas repercussões, e a dinâmicasol slotspodersol slotsHollywood, sem dúvida, mudou.
Mas as mudanças mais efetivas que o movimento trouxe na prática, para além do universo hollywoodiano, ainda não estão tão claras: há algosol slotsdiferente acontecendo para as milhõessol slotsmulheres que compartilharam suas histórias com a #MeToo? Será que o movimento também trouxe mudanças para as vidas delas? Até que ponto esse protesto trouxe uma mudança real?
Efeitos
Uma iniciativa que surgiu a partir da campanha foi a propostasol slotscriaçãosol slotsfundo para arrecadar dinheiro e fornecer ajuda legal a mulheres que sofreram assédio ou abuso, o "Time's Up Legal Defense Fund".
Maissol slots300 atrizes, escritoras e diretoras lançaram o projetosol slots1ºsol slotsjaneiro deste ano e arrecadaram US$ 21 milhões (cercasol slotsR$ 78 milhões)sol slotsapenas um mês para ajudar a bancar os custos judiciaissol slotsprocessossol slotsassédio sexual sofrido por mulheres no trabalho.
O National Women's Law Center (NWLC) - centrosol slotsauxílio jurídico para as mulheres com sedesol slotsWashington DC - está reunindo as vítimas e indicando advogados para ajudá-las gratuitamente.
"Nós recebemos maissol slots2,7 mil solicitaçõessol slotsmulheressol slotstodos os Estados americanos e existem maissol slots500 advogados na rede dispostos a ajudar nos casos do Time's Up", explicou Sharyn Tejani, diretora do fundo na NWLC, à BBC.
"O fundo prioriza casos envolvendo mulheressol slotsbaixa renda, outras que estãosol slotsempregos 'não tradicionais', pessoas negras, LGBT, e as que estão enfrentando retaliações legais por terem denunciado casossol slotsassédio", completou Tejani.
Tina Tchen, que também coordena os esforçossol slotsassistência jurídica do fundo, disse que os beneficiários incluem "trabalhadoras da construção civil, guardas prisionais e policiais", e acrescenta: "Há homens que se apresentaram também."
Ela explica que alguns desses homens vivenciaram o assédio sexual e outros as procuram por contasol slotssuas esposas ousol slotsalgum familiar.
Esse foi outro fenômeno importante da #MeToo: o fatosol slotslançar holofotes para os homens, que também apareceram como vítimas. Segundo Sian Brooke, do Institutosol slotsInternet da Oxford, que estuda gênero e sexismo online, essa foi uma das revelações mais importantes do movimento.
"Um grupo pode receber atenção e ser levado a sério com relação a alegaçõessol slotsestupro, sem tirar qualquer pesosol slotsoutra parte", observa ela.
O #MeToo ajudou vítimas a buscar ajuda?
De outubro a dezembrosol slots2017, as ligações para a Rede Nacionalsol slotsDenúnciassol slotsEstupro, Abuso e Incesto nos Estados Unidos aumentaram 23%sol slotscomparação com o mesmo períodosol slots2016.
Algumas vítimas chegaram a mencionar a hashtag #MeToo como uma influência para terem denunciado e afirmaram que ela ajudou a remexer a dor que estava adormecida. Outras afirmaram que não se sentiam mais sozinhas e tiveram coragem para falar sobre um traumasol slotsabuso com familiares ou com outras pessoas que tiveram experiências similares.
"O movimento trouxe à tona o tema do assédio sexual e do abuso para a consciência das pessoas", disse Brooke.
"Mesmo que parte da discussão seja crítica ao movimento, você ainda está trazendo uma consciênciasol slotsque isso acontece".
Uma organização sem fins lucrativos chamada 1in6,sol slotsLos Angeles, apoia os homens sobreviventessol slotsabuso sexual. A diretorasol slotscomunicação do grupo, Meredith Alling, disse à BBC que a hashtag #MeToo teve um impacto rápido e importante no númerosol slotshomens que procuraram a instituição quando o movimento veio à tona.
"Vimos um aumentosol slots110% no tráfego do site e 103%sol slotsaumento no uso do serviço onlinesol slotsajuda do grupo entre setembro e outubrosol slots2017. E essa tendência continuou", disse.
Ambientesol slotstrabalho
Nos Estados Unidos, as empresas estão pensandosol slotsnovas maneirassol slotscriar um ambiente mais positivo no trabalho e uma cultura mais saudável depois do #MeToo.
Ted Bunch é o co-fundadorsol slotsum gruposol slotsativistas que promove formas mais saudáveis e respeitosassol slots"ser homem" - são chamados "A Call To Men" (Um chamado para os homens,sol slotstradução livre), e eles têm relatam um aumento da procura por parte das empresas.
"Vimos principalmente o aumento do númerosol slotsempresas buscando entender por que o assédio sexual é tão comum nos locaissol slotstrabalho", disse.
Brunch acredita que problemas podem surgir porque o ambientesol slotstrabalho é um microcosmo da sociedade no qual homens e meninos são muitas vezes ensinados a verem mulheres como objetos, que valem menos.
"A maioria dos homens não é abusadora. Mas quase todos os homens já riramsol slotspiadas machistas, ou objetificaram as mulheressol slotsalguma forma. Quando você liga os pontos e mostra para os homens que essas piadas que eles julgam serem inofensivas validam e alimentam o comportamento nocivo contra as mulheres, eles começam a querer mudar", disse.
Além dos EUA
Fora do território americano, o impacto da campanha contra o assédio iniciadasol slotsHollywood é sentidosol slotsforma diferente por diferentes grupos. No Reino Unido, uma consultorasol slotsrecursos humanos disse que ficou surpresa com a faltasol slotsdemandas inspiradas no #MeToo.
"Não observamos nenhum aumento no volumesol slotssolicitaçõessol slotstreinamento ou mesmo no volumesol slotstreinamento que estamos recomendando. Não acho que tenha tido um impacto significativo", disse Elaine Howell, gerentesol slotsRH da PlusHR.
"Temos clientessol slotsserviços profissionais, clientes industriais, financeiros, marketing ... Parece ser algo bem específico para essa indústria [entretenimento]".
Mas quando consultamos o sindicatosol slotsatores britânicos Equity, que representa maissol slots43 mil profissionais, eles relatam uma experiência diferente.
O órgão não revela números exatos, mas afirma que houve um aumento significativo "em consultas e casos trabalhados desde o #MeToo".
Para a vice-presidente do Equity, Maureen Beattie, a mensagem já ficou clara para o mercado: nenhum comportamento inadequado vai passar mais sem ser punido. "Se você faz algo errado com algum dos nossos membros, algo inaceitável, nós vamos atrássol slotsvocê até o fim", disse.
"Essas pessoas (abusadores) não foram embora. Estão embaixosol slotsuma pedra. Estão se escondendo, esperando apenas o momentosol slotsque ninguém mais estiver olhando", completou.
"Uma das coisas que estamos fazendo é pedindo às pessoas que estão no mercado há bastante tempo, pessoas que são estrelas, pessoas que têm influência, para ficaremsol slotsolho. Não que eles tenhamsol slotsser treinados para ajudar alguém que tenha sido assediado sexualmente, mas [eles] podem dizer: 'Com licença? Você não pode agir assim com as pessoas'."
Online e offline
A hashtag #MeToo ganhou fama recentemente, mas o movimento, originalmente, é mais antigo. Em 2006, a ativista negra Tarana Burke fundou o Me Too como uma iniciativa para reunir vítimassol slotsviolência sexual.
Desde que ele tomou maiores proporções com a chegada da hashtag na internet, ela se empenhousol slotsfazer com que o movimento tivesse uma mudança mais efetivasol slotsdiferentes níveis da sociedade.
Umsol slotsseus comentários mais contundentes aconteceu uma semana antes dela andar no tapete vermelho do Oscarsol slots2017: "Se continuarmos apenas fazendo declarações e não partirmos para a ação, nós estaremossol slotsapuros."
Sarah Jackson, professorasol slotsestudossol slotscomunicação na Northeastern University, acredita que o contexto é a chave para dar sustentação ao Me Too.
"Eu não chamaria a hashtag 'Me Too'sol slotsum movimento. Eu chamariasol slotsuma campanha que é partesol slotsum movimento maior. O movimento é pelos direitos das mulheres, é pelo feminismo. Eu diria que a #MeToo é um indicativo do tiposol slotsdebate que precisa acontecer", disse.
"O próximo passo é dizer: ok, sabemos qual é o problema, então, como podemos fazer para expandir esse debate para o mundo todo?"
O Google, com o projeto "Me Too Rising", conseguiu ilustrar como a conscientização com relação a essa questão se espalhou pelo mundo.
As informações mostram que o termo foi buscadosol slotsmuitas partes do planeta, mas a repercussão foi maiorsol slotsalguns países. A liberdadesol slotsimprensasol slotsum país ou o potencial das redes sociais também tiveram impacto nisso - ainda é cedo para dizer como o movimento vai influenciar os locais onde ele repercutiusol slotsmaneira mais discreta, como o Japão e a Coreia do Sul, por exemplo.
Karuna Nundy, advogada da Suprema Corte da Índia, compartilhousol slotsopinião sobre a relevânciasol slots#MeToo para o país, onde a revolta com crimes sexuais provocou ondassol slotsprotestos nos últimos anos.
"As conversas do #MeToo na Índia são limitadas a uma faixasol slotspessoas que falam inglês e têm acesso à internet. É bastantesol slotsnúmeros absolutos, mas pequeno para a Índia. No entanto, isso se soma às enormes conversas que já estavam acontecendo. A ideiasol slotsque a Justiça está falhando para as mulheres, e a desobediência civil pode ser legítima nesses casos".
Nundy, que esteve envolvida no movimento para aprovar a lei anti-estupro na Índiasol slots2013, afirma que as vítimas agora são levadas mais a sério quando denunciam.
"Eu tive um casosol slotsestupro ontem contra um produtor importantesol slotsBollywood (a versão indiana da indústria americana do cinema). Minha cliente é uma mulher muito jovem que disse ter sido estuprada por um períodosol slotsseis meses com lesão corporal. Independente da decisão do tribunal, acho que a forma como fomos ouvidas pelo presidente do Supremo Tribunal e pelos dois juízes é muito diferente da maneira como teríamos sido ouvidos, digamos, 15 anos atrás", afirmou.
"Existe uma interação entre a consciência social, a lei e a Justiçasol slotsfato. E é exatamente isso que eu acho que está acontecendo. "
Desse modo, talvez a #MeToo não seja um ponto final, mas o iníciosol slotsalgo maior. Um toque para as pessoas buscarem mudanças nas suas comunidades e para lutarem por melhorias no sistema - especialmente para aquelas que não têm o poder para lutarem sozinhas.