Brasil tem, sim, terremotos - e há registro atéfinal da libertadores palpitestremor com 'pequenos tsunamis':final da libertadores palpites
"Já no Brasil apenas uma vez a cada 5 anos. Nosso país também pode ter sismosfinal da libertadores palpitesmagnitude 6,0 (suficientes para provocarem danos muito sérios se ocorrerem próximo a alguma cidade grande) uma vez a cada 50 anos,final da libertadores palpitesmédia."
Os registros históricos confirmam essas informações. Um dos primeiros brasileiros a sentir e registrar um terremoto foi ninguém menos que o imperador D. Pedro 2º, que, às 15h do dia 9final da libertadores palpitesmaiofinal da libertadores palpites1886, percebeu a terra tremer sob seus pés, quando se encontravafinal da libertadores palpitesseu palácio,final da libertadores palpitesPetrópolis (RJ). Segundo o sismólogo José Alberto Vivas Veloso, pesquisador aposentado e ex-chefe do Observatório Sismológico da Universidadefinal da libertadores palpitesBrasília (UnB), a magnitude estimada do abalo foifinal da libertadores palpites4,3 pontos.
Aindafinal da libertadores palpitesacordo com Veloso, "imediatamente o monarca quis saber o quefinal da libertadores palpitesfato tinha acontecido e determinou que se buscassem informações a respeito". A tarefa coube ao engenheiro Guilherme Schüch (1824-1908), o barãofinal da libertadores palpitesCapanema.
"Incentivado pelo imperador, ele coletou e analisou dadosfinal da libertadores palpitesterremotosfinal da libertadores palpitestodo o país e publicou,final da libertadores palpites1859, o primeiro artigo científico sobre o tema no Brasil", conta Veloso.
O mais forte
Esse não foi, no entanto, o primeiro nem o mais forte terremoto já ocorrido no país. Embora não tenha sido registrado por um sismógrafo, mas apenas por evidências e relatos históricos, esse posto cabe a um tremor que teria ocorridofinal da libertadores palpites1690, na Amazônia.
Baseadofinal da libertadores palpitesinformaçõesfinal da libertadores palpitesdois jesuítas, Samuel Fritz e Felipe Betendorf, que estiveram na regiãofinal da libertadores palpitesépocas diferentes, conversaram com testemunhas e observaram os seus efeitos no terreno, Veloso concluiu que o evento teve epicentro na margem esquerda do rio Amazonas, a 45 kmfinal da libertadores palpitesManaus.
Ele concluiu que as informações dos religiosos eram verdadeiras. "Eu as combinei com conhecimentos modernosfinal da libertadores palpitessismologia para estimar afinal da libertadores palpitesmagnitudefinal da libertadores palpites7,0 pontos efinal da libertadores palpitesáreafinal da libertadores palpitesabrangênciafinal da libertadores palpites2 milhõesfinal da libertadores palpiteskm²", conta. "Esse sismo alterou significativamente a topografia do terreno e também produziu ondas parecidas a um pequeno tsunami, que reverteram momentaneamente a corrente do rio Urubu, inundando aldeias indígenas situadas a 5 kmfinal da libertadores palpitessua foz no Amazonas."
Não houve danos materiais nem mortos e feridos, pois a região era praticamente desabitada.
O mais intenso terremoto registradofinal da libertadores palpitesfato no Brasil ocorreu no dia 31final da libertadores palpitesjaneirofinal da libertadores palpites1955, na Serra do Tombador, no Mato Grosso. Com magnitudefinal da libertadores palpites6,2 pontos, ele também não causou danos, porque a região igualmente era desabitada.
Cercafinal da libertadores palpitesum mês depois, no dia 28final da libertadores palpitesfevereiro, foi registrado o segundo maior da história do país, ocorrido no mar, ao largofinal da libertadores palpitesVitória, no Espírito Santo, que atingiu 6,1 pontos. Outros sismos com intensidade superior a 5,0 pontos foram registrados, entre eles umfinal da libertadores palpitesTubarão (SC), no dia 28final da libertadores palpitesjunhofinal da libertadores palpites1939, e outrofinal da libertadores palpitesCodajás (AM),final da libertadores palpites5final da libertadores palpitesagostofinal da libertadores palpites1983, ambos com 5,5 pontos.
'Enxamefinal da libertadores palpitessismos'
O sismo mais famoso e que causou maior impacto econômico e social, no entanto, foi sem dúvida o da pequena cidadefinal da libertadores palpitesJoão Câmara, no Rio Grande do Norte, com então 23 mil habitantes, registrado às 3h22 da madrugadafinal da libertadores palpites30final da libertadores palpitesnovembrofinal da libertadores palpites1986, com magnitude 5,1 pontos. "Na verdade, naquele dia aconteceu o maiorfinal da libertadores palpitesuma sériefinal da libertadores palpites50 mil abalos, aproximadamente", explica Veloso, autor do livro O terremoto que mexeu com o Brasil, no qual relata o evento.
As consequências, diz ele, foram catastróficas. Cercafinal da libertadores palpites4.350 edificações foram destruídas ou danificadas, deixando milharesfinal da libertadores palpitesdesabrigados, inclusivefinal da libertadores palpitesmunicípios vizinhos, com algumas famílias perdendo praticamente tudo o que possuíam. Além disso, o abalo paralisou as pequenas indústrias e o comércio locais e suspendeu as aulas nas escolas da região.
Tratou-se, na verdade, do que os especialistas chamamfinal da libertadores palpitesum enxamefinal da libertadores palpitessismos.
"Em pouco menosfinal da libertadores palpitesduas horas, além do tremor principal, ocorreram quatros outros com magnitudes entre 4,0 e 4,3 pontos, intercalados por dezenasfinal da libertadores palpitesréplicas importantes", conta Veloso. "O ciclofinal da libertadores palpitesatividades iniciado naquele dia durou sete anos, períodofinal da libertadores palpitesque foram registrados 20 eventos iguais ou maiores que 4,0, inclusive umfinal da libertadores palpites5,0, no 10final da libertadores palpitesmarçofinal da libertadores palpites1989."
Para ele, a percepção errôneafinal da libertadores palpitesque não ocorrem terremotos no Brasil se deve a duas causas principais. A primeira é que somente nas últimas décadas o país passou a empregar sismógrafos para registrar os tremoresfinal da libertadores palpitesterra. No passado, esses abalos só eram conhecidos se fossem percebidos pelas pessoas.
Tratando-sefinal da libertadores palpitesum país grande, com população irregularmente distribuída, muitos eventos antigos deixaramfinal da libertadores palpitesser relatados, encobrindo uma parte da realidade sísmica do território nacional.
Uma cebola
A segunda é que,final da libertadores palpitesfato, o Brasil tem poucos tremores comparado com países vizinhos (Argentina, Peru, Bolívia, por exemplo), porque seu território se encontra no interiorfinal da libertadores palpites- ou sobre - uma grande placa tectônica, distantefinal da libertadores palpitessuas bordas - onde os terremotos são mais numerosos e mais intensos.
Para entender isso é preciso saber um pouco sobre tectônicafinal da libertadores palpitesplacas. A Terra é feitafinal da libertadores palpitescamadas, como, numa comparação grosseira, uma cebola.
A camada mais externa, com cercafinal da libertadores palpites100 kmfinal da libertadores palpitesespessura, é composta pela crosta e a parte superior do manto (uma camadafinal da libertadores palpitesconsistência pastosa, semelhante afinal da libertadores palpitesum asfalto quente: o magma, que pode ser visto quando expelido por vulcões). Esse conjunto - crosta mais a camada sólida superior do manto - forma a litosfera.
Hoje se sabe que a litosfera está divididafinal da libertadores palpitesgigantescas placas rochosas, chamadas tectônicas, que flutuam sobre o mantofinal da libertadores palpitesmagma, carregando oceanos e continentes. Existem dez dessas grandes jangadasfinal da libertadores palpitespedra - Africana, Antártica, Arábica, Eurasiática, das Filipinas, Indo-Australiana,final da libertadores palpitesNazca, Norte-Americana e do Caribe, do Pacífico e Sulamericana, - e várias outras menores. São essas estruturas que modelam a superfície da Terra, erguendo montanhas e causando terremotos e tsunamis, quando se chocam.
Veloso explica que isso ocorre porque elas deslizam e têm contato entre si, ora pressionando uma contra a outra e outras vezes afastando-sefinal da libertadores palpitessua vizinha. É nesses limites que ocorrem os maiores e mais frequentes tremores. No caso do Brasil, o país inteiro está assentado praticamente no centro da "jangada" Sulamericana, longefinal da libertadores palpitessuas bordas.
Menor frequência e intensidade
Por isso, muita gente acredita que não deveriam ocorrer terremotos no país. Mas eles ocorrem, embora com menor frequência, intensidade e poder destrutivo do quefinal da libertadores palpitesoutros países que estão sobre as regiõesfinal da libertadores palpitescontato entre duas placas.
Mas isso não alivia a situação. Segundo pesquisador Allaoua Saadi, do Institutofinal da libertadores palpitesGeociências da Universidade Federalfinal da libertadores palpitesMinas Gerais (UFMG), o primeiro erro é acreditar que "nossa placa" é inteiriça. "Na verdade, ela é constituídafinal da libertadores palpitesmuitos fragmentos (microplacas) cujos limites podem ser 'mobilizados', quando existem 'tensões' agindo sobre o conjunto", explica.
Segundo Collaço,final da libertadores palpitesfato, o Brasil está inserido no centro da placa da América do Sul,final da libertadores palpitesum região classificada como sendo estável tectonicamente. Por isso, por aqui não são esperados terremotos devastadores como acontecem no Japão e Chile com magnitudes acimafinal da libertadores palpites8,0 pontos por exemplo.
"Contudo, nosso país sofre uma compressão causada a leste pela Placa Africana e a oeste pela Placafinal da libertadores palpitesNazca, e são principalmente esses esforços que acabam funcionando como gatilho para os tremores que acontecem no país."