Como as mulheres passaramslots matemaioria a raridade nos cursosslots mateinformática:slots mate
Ada Lovelace ou Ada Byron, Lady Lovelace, filha do famoso poeta inglês Lorde Byron, por exemplo, desenvolveu o primeiro algoritmo da história, e Mary Kenneth Keller, uma freira americana, teve papel importante na criação da linguagemslots mateprogramação BASIC.
A professora Andreia Malucelli, coordenadora da pós-graduaçãoslots mateInformática da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), lembra ainda que Grace Hopper, porslots matevez, criou a linguagemslots mateprogramação Flow-Matic, hoje extinta, mas que serviu como base para o desenvolvimentoslots mateoutra linguagem, a COBOL.
"Já Dana Ulery foi a primeira mulher engenheira da Nasa e desenvolveu algoritmos para a automatização dos sistemas Deep Space Network,slots materastreamentoslots matetempo real da agência espacial americana", conta.
A tecnologia usada nos telefones celulares e nas redes wi-fi também foi criada por uma mulher, no caso, Hedy Lamarr.
Relação com a matemática
Mas a contribuição das mulheres para computação não acaba aí. Há também Kathleen Antonelli, que com Jean Jennings Bartik, Frances Snyder Holberton, Marlyn Wescoff Meltzer, Frances Bilas Spence e Ruth Lichterman Teitelbaum programou o ENIAC, o primeiro computador eletrônico digitalslots matepropósito geral da história.
De acordo com Malucelli, do início da décadaslots mate1970 até meadosslots mate1980 houve um aumentoslots mate10% para 36% da participação das mulheres entre os profissionaisslots matecomputação, e a maioria dos estudantes era do sexo feminino.
"Acredita-se que esse interesse das mulheres pela graduação nessa área tenha relação com o cursoslots mateMatemática", diz. "A primeira turma surgiu a partir da migraçãoslots matealunos da licenciaturaslots mateMatemática, que sempre foi um curso predominantemente feminino."
A partirslots matemeados dos anos 1980, no entanto, as mulheres começaram a dar lugar aos homens na informática. Há uma profusãoslots matedados que demonstram essa inversão paulatina, principalmente nos cursos superioresslots mateprocessamentoslots matedados e ciência da computação.
Simone Souza, do Departamentoslots mateSistemasslots mateComputação e presidente da Comissãoslots mateGraduação do Institutoslots mateCiências Matemáticas eslots mateComputação da USP São Carlos (ICMC-USP), diz que, até 1990, as mulheres eram predominantes. "Depois, entre 1990 e 2000, a proporçãoslots mategêneros se equilibrou e a partirslots mate2000 a quantidade delas foi caindo ano a ano", diz.
Um levantamento do totalslots mateformandos no cursoslots matebachareladoslots mateCiênciasslots mateComputação do ICMC, que tinha 40 vagas até 2003 e, desde então, 100, mostra que,slots mate1997, se diplomaram 12 mulheres (48%) e 13 homens (52%), números que haviam caído,slots mate2003, para 4 (12%) e 27 (88%), respectivamente.
O menor númeroslots matemulheres que concluíram o curso foi registradoslots mate2016: apenas duas (3%) ante 52 (97%) homens. Em 2017, elas chegaram a 12 (17%) dos 70 formandos.
No Institutoslots mateMatemática e Estatística (IME), também da USP,slots mateSão Paulo, a primeira turmaslots mateCiências da Computação, formadaslots mate1974, tinha um totalslots mate20 alunos, dos 14 mulheres (70%) e 6 homens (30%). Em 2016, a turma contava com 41 alunos, dos quais apenas seis eram mulheres, ou seja, 15%.
Forçaslots matetrabalho
Malucelli, da PUC-PR, tem números mais abrangentes. "De acordo com dados recentes divulgados por Facebook, Google, Twitter e Apple, as mulheres são apenas 30% dos funcionários nessas empresas", diz. "Em cargos técnicos, diretamente ligados à tecnologia, esse número diminui. No Brasil, segundo a Pesquisa Nacional por Amostraslots mateDomicílios (Pnad), do IBGE, elas representam apenas 20% dos maisslots mate580 mil profissionais da áreaslots matetecnologia da informação."
Nas universidades não é diferente. Malucelli cita o Anita Borg Institute (ABI), criado nos Estados Unidos, para ajudar a aumentar a participaçãoslots matemulheres na tecnologia, segundo o qual elas representam apenas 18% dos estudantesslots matetodos os cursosslots mateciência da computação naquele país.
"No Brasil, segundo o Instituto Nacionalslots mateEstudos e Pesquisas Educacionais (Inep, ligado ao Ministério da Educação), as mulheres representam 15% dos matriculadosslots matecursosslots matetecnologia", completa.
Aindaslots mateacordo com Malucelli, um gráfico, publicado no dia 8slots matemarço pelo The Statistics Portal, que reúne estudos e estatísticasslots matemaisslots mate22.500 fontes, baseadoslots materelatóriosslots matediversas empresasslots mateTI, indica que as mulheres representam entre 26% (Microsoft) e 43% (Netflix) da forçaslots matetrabalho nas principais empresas da área.
"Além disso, o estudo Women in Tech 2018, publicado pelo portal americano HackerRank, mostra que dos 14.616 desenvolvedoresslots matesoftware que responderam à pesquisa, pouco maisslots mate10% eram do sexo feminino", acrescenta Malucelli.
Estereótipos
Os motivos para esse afastamento têm sido pesquisados e discutidos ao longo dos anos e estão fortemente relacionados com estereótipos. "Após 1984, foram lançados os primeiros computadores com materiaisslots matedivulgação voltados para o público masculino, começando, assim, um desinteresse das mulheres", diz.
Simone Souza levanta outra possível causa para a queda do número delas no mundo da informática. "Quando surgiram, os computadores pessoais foram primordialmente utilizados pelos meninos, voltados para os jogos", explica.
De acordo com ela, as meninas nessa época não eram incentivadas a interagir com essas máquinas e, por isso, começaram a se afastarslots mateáreas relacionadas à computação. "Outra razão que acredito ser importante para a baixa procura pelos cursosslots mateinformática pelas meninas é o pouco incentivo que é dado a elas para a áreaslots mateexatas nos ensinos fundamental e médio", acrescenta.
A pesquisadora Eliane Pozzebon, coordenadora do cursoslots mateEngenharia da Computação da Universidade Federalslots mateSanta Catarina, lembra que, nos anos 1970, a áreaslots mateinformática não era tão valorizada - as máquinas tinham pouco processamento e memória. "O trabalho com os computadores era braçal e repetitivo, então acabava sendo realizado mais por mulheres", explica.
Mas, para ela, o afastamento do sexo feminino dessa área não é exclusivoslots mateum período.
"Há também a questão cultural", diz. "Desde a nossa infância, os pais preferem bonecas para as meninas e videogames para os meninos. A figura do nerd sempre esteve associada ao menino."