Como mutação genéticaas melhores apostas de futeboluma única criança deu origem a doença que afeta milhõesas melhores apostas de futebolpessoas:as melhores apostas de futebol

Ilustraçãoas melhores apostas de futebolcélular falciformes (à esq.)

Crédito, Science Photo Library

Legenda da foto, Anemia falciforme ganhou esse nome por causa da deformação que causa nos glóbulos vermelhos, dando-lhes formatoas melhores apostas de futebolfoice

Efeito colateral

A história da doença é um exemploas melhores apostas de futebolcomo uma coisa boa acabou tendo péssimas consequências.

Há milharesas melhores apostas de futebolanos, quando o deserto do Sahara era uma área úmida e chuvosa, coberta com uma floresta, uma criança nasceu com uma mutação genética que lhe deu imunidade à malária.

A doença era tão mortal há milharesas melhores apostas de futebolanos quanto é hoje – nos dias atuais a malária mata uma criança a cada dois minutos.

Em um ambiente que era habitat dos pernilongos que carregam a doença, essa mutação deu grande vantagem a essa criança, que viveu, cresceu e teve filhos.

Seus filhos herdaram a mutação e, graças à imunidade, se espalharam e se reproduziram. Até hoje, as pessoas que têm o gene são mais resistentes à malária.

Mas é aí que entram as más consequências: se uma pessoa herda o gene com aquela mutaçãoas melhores apostas de futebolambos os pais, ela pode acabar desenvolvendo anemia falciforme, moléstia que resultaas melhores apostas de futebolfortes dores e diversas complicaçõesas melhores apostas de futebolsaúde. Entre eles problemas pulmonares e cardiovasculares, dores nas articulações e fadiga intensa.

E, para piorar, quem herda os genes dos dois pais perde a proteção que eles têm contra a malária.

Em um estudo publicado na semana passada na revista científica American Journal of Human Genetics, os cientistas Daniel Shriner and Charles Rotimi apresentaram a descoberta sobre a origem da doença feita após uma análise do genomaas melhores apostas de futebolcercaas melhores apostas de futebol3 mil pessoas, das quais 156 tinham anemia falciforme.

Ambos são pesquisadores do Center for Research on Genomics and Global Health, entidade ligada ao National Institutes of Health (NIH) - uma reuniãoas melhores apostas de futebolcentrosas melhores apostas de futebolpesquisa que formam a agência governamentalas melhores apostas de futebolpesquisa biomédica do departamentoas melhores apostas de futebolSaúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos.

Os pesquisadores dizem que rastrearam a mutação 7,3 mil anos atrás e descobriram que ela começouas melhores apostas de futebolapenas uma criança.

Por que isso importa?

Segundo Rotimi, a descoberta ajuda na classificação da doença. "Possibilita aos médicos um entendimento melhor sobre como classificar pacientes doentesas melhores apostas de futebolacordo com a severidade da enfermidade", diz ele à BBC.

Isso pode ajudar a melhorar o tratamento clínico oferecido às pessoas, segundo ele. Não há cura para a anemia falciforme. Os portadores da doença precisamas melhores apostas de futebolacompanhamento médico constante para garantir a oxigenação adequada nos tecidos, prevenir infecções e para controlar as crisesas melhores apostas de futeboldor.

No entanto, um dos médicos mais proeminentes no estudo da doença - Frederick B. Piel, do Imperial College,as melhores apostas de futebolLondres - afirmou ao jornal americano The New York Times que gostariaas melhores apostas de futebolver estudos mais abrangentes para checar se eles chegam à mesma conclusão.

Células falciformes foram descobertas pela primeira vez nos Estados Unidos,as melhores apostas de futebolpessoas com ascendência africana, mas também são comunsas melhores apostas de futebolpovos do Mediterrâneo, do Oriente Médio eas melhores apostas de futebolpartes da Ásia.

Até agora os cientistas identificavam os diversos tipos da doença usando grupos separadosas melhores apostas de futebolacordo com etnia e língua, o que, na verdade, segundo Rotimi, não ajuda a entender a doença do pontoas melhores apostas de futebolvista clínico.

Ilustraçãoas melhores apostas de futebolcélulas normais (á esq.) e falciformes (à dir.)
Legenda da foto, Glóbulos vermelhos mal formados causam diversos problemasas melhores apostas de futebolsaúde | Foto: Science Photo Library

Por décadas os cientistas se perguntam se a mutação aconteceu apenas uma vez e se espalhou ou se diversas crianças não relacionadas desenvolveram a mutação separadamente.

Mas Shriner e Rotimi descobriram que as pessoas que eles analisaram tinham mutações genéticas muito parecidas. Pessoas do Quênia,as melhores apostas de futebolUganda, da África do Sul e da República Centro Africana tinham genes tão similares que se encaixariamas melhores apostas de futebolum padrão compatível com a distribuição da mutação através da migração do povo bantu.

Os bantu se espalharam do oeste da África para o leste e para o sul há cercaas melhores apostas de futebol2,5 mil anos.

Rotimi dá risada ao ser questionado pela BBC se está 100% seguro sobre os resultadosas melhores apostas de futebolsua pesquisa.

"Como cientista é sempre uma péssima ideia dizer que uma conclusão é definitiva. Eu nunca assumo a posiçãoas melhores apostas de futebolque existe uma resposta definitiva", diz ele.

"Mas as informações que temos hoje deixam bem claro que não é possível sustentar, no momento, a teoriaas melhores apostas de futeboluma origem múltipla para a mutação."

Estudos maiores podem ou não trazer o mesmo resultado. Por enquanto, no entanto, a imagem que fica éas melhores apostas de futeboluma criança que nasceu com sorte e espalhou seus genes para descendentes no mundo todo – que podem não ter a mesma sorte que ela.