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Aumento no consumoultraprocessados pode elevar incidênciacâncer, diz pesquisa:
Os cientistas ponderam, no entanto, que as descobertas precisam ser "confirmadas por outros estudosgrande escala" e que a pesquisa foi necessária para estabelecer o que poderia estar por trás da relação entre a doença e esses alimentos.
O que conta como ultraprocessado, segundo o estudo:
- Pacotespães produzidossérie
- Petiscos doces ou salgados embalados, incluindo batatas fritas
- Barraschocolate e doces
- Refrigerantes e bebidas açucaradas
- Almôndegas, empanadosaves e peixes (nuggets) processados
- Macarrão e sopas instantâneos
- Comidas congeladas
- Alimentos feitos principalmente ou totalmenteaçúcar, óleos e gorduras
O NHS, serviçosaúde pública britânico, explica que um problema sério dos ultraprocessados é a quantidade excessivasal, açúcar e gordura acrescentada nos alimentos "para aumentar seu sabor e estendervalidade, ou,alguns casos, alterar a estrutura da comida. (...) Comprar comida processada faz as pessoas ingerirem mais açúcar, sal e gordura do que o recomendado, já que elas podem não ter consciênciao quanto (esses ingredientes) foram acrescentados nos alimentos".
Câncer e alimentação
Os pesquisadoresSorbonne aplicaram questionários para identificarque consistia a alimentação dos participantes do estudo (emmaioria mulheresmeia-idade), acompanhadosmédia durante cinco anos.
Os resultados mostraram que à medida que a proporçãoalimentos ultraprocessados na dieta aumentasse 10%, a quantidadecâncer detectada aumentaria 12%.
Durante o estudo, uma média18% da dieta dos participantes era compostacomida ultraprocessada. Foram identificados casoscânceruma proporção79 a cada 10 mil pessoas por ano. Segundo os pesquisadores, aumentar a proporçãoalimentos processados10% provocaria nove casos extrascâncer por ano nesse universo.
'Sinalalerta'
O estudo está longetrazer conclusões definitivas sobre a relação entre ultraprocessados e o câncer.
E também não pode afirmar que esses produtos são a causa da doença - já que outros fatores, além da alimentação, aumentavam o riscocâncer no grupo pesquisado.
Os que consumiam muitos alimentos ultraprocessados eram, por exemplo, menos ativos, ingeriam mais caloriasgeral e eram mais propensos a fumar e tomar contraceptivos orais, fatores consideradosrisco.
Ainda que os especialistas tenham ajustado suas análises para levar issoconta, os pesquisadores disseram que seu impacto "não pode ser excluído inteiramente".
"Já se sabe que comer muitos desses alimentos pode levar a ganhopeso, e sobrepeso e obesidade também podem aumentar o riscocâncer. Por isso, é difícil separar os efeitosdieta e peso", diz a professora Linda Bauld, especialistaprevenção no Câncer Research UK, ONG britânica que financia pesqusias nessa área.
Críticas
Ao mesmo tempo, o estudo foi alvocríticas e questionamentos.
O médico Ian Johnson, do Instituto Quadram, do Reino Unido, que realiza pesquisa nas áreasalimentação e saúde, diz que o estudo "identificou algumas associações bastante fracas".
Ele também criticou a imprecisão do termo ultraprocessado.
"O problema é que a definiçãoalimentos ultraprocessados que eles usaram é tão ampla e mal definida que é impossível decidir exatamente quais são as relações causais observadas, se é que existe alguma", afirma.
Mesmo os comentários dos pesquisadores no próprio estudo do British Medical Journal advertem contra conclusões precipitadas.
Ao comentar o estudo, Martin Lajous e Adriana Monge, do Instituto NacionalSaúde Pública do México, observaram que ainda "estamos muito longecompreender as implicações completas do processamentoalimentos para a saúde e o bem-estar".
O estudo, segundo eles, traz simplesmente "uma perspectiva inicial" sobre o assunto.
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