O papel decisivo da América Latina na história da pílula anticoncepcional - e por que ele não é comemorado:betsafe online casino
betsafe online casino Poucas inovações médicas tiveram impacto social mais abrangente do que a pílula anticoncepcional.
Em 1965, apenas cinco anos depoisbetsafe online casinoseu lançamento nos Estados Unidos, aproximadamente 6,5 milhõesbetsafe online casinoamericanas a tomavam.
Hoje, maisbetsafe online casino100 milhõesbetsafe online casinomulheresbetsafe online casinotodo o mundo usam-na como método para evitar a gravidez, segundo a Universidadebetsafe online casinoHarvard.
"A pílula", como é coloquialmente chamada, foi considerada um marco no feminismo e é frequentemente associada ao surgimento do que ficou conhecido como a "revolução sexual" dos anos 1960.
Sua história tem, contudo, um lado menos conhecido, ligado ao papel que a América Latina tevebetsafe online casinoseu desenvolvimento: os testes clínicos realizados com mulheres porto-riquenhas para avaliar a efetividade e segurança dos comprimidos, algo que continua a envergonhar a comunidade científica.
Pouco ético
A história remonta a 1955. Os pesquisadores John Rock e Gregory Pincus, ambos ligados à Universidadebetsafe online casinoHarvard, haviam conseguido desenvolver um comprimido que evitava a ovulação.
Para isso, eles usaram hormônios sintéticos, um avanço conquistadobetsafe online casinoparte graças ao trabalho do cientista mexicano Luis Miramontes, criador da primeira progesterona sintética,betsafe online casino1951, na Cidade do México, com a ajudabetsafe online casinodois colegas.
Na época, Rock e Pincus precisavam testar a pílulabetsafe online casinohumanos para mensurar seus efeitos, mas não vinham conseguindo número suficientebetsafe online casinovoluntárias na cidadebetsafe online casinoBoston, onde trabalhavam.
De acordo com o The Harvard Crimson, que no último mêsbetsafe online casinosetembro publicou reportagem sobre a "história obscura" dos anticoncepcionais orais intitulada "A pílula amarga", muitas mulheres abandonavam os testes clínicos por causa dos severos efeitos colaterais do medicamento.
Entre eles estavam incluídos "dores, coágulos sanguíneos, hemorragias e náuseas", diz o periódico, fundadobetsafe online casino1873 e mantido até hoje por alunos da universidade.
Ansiosos para lançar o produto, os médicos recorreram então a práticas pouco éticas: testaram a pílulabetsafe online casinomulheres com doenças mentais, pacientesbetsafe online casinoum hospital associado a Harvard.
Mas isso também não foi suficiente. Se queriam conseguir a aprovação da criteriosa agência federal que supervisiona as áreasbetsafe online casinoalimentação e saúde no país, a Food and Drug Administration (FDA), precisavam realizar testesbetsafe online casinomaior escala.
Pioneiras ou ratosbetsafe online casinolaboratório?
Foi então que os médicos decidiram viajar a Porto Rico.
Diferentemente dos Estados Unidos, onde a legislação restringia o usobetsafe online casinocontraceptivos, no país caribenho eles eram permitidos e fomentados pelas autoridades, que queriam desacelerar o crescimento populacional.
Os pesquisadores se fixarambetsafe online casinoRio Piedras, um bairro humilde da capital, San Juan, e passaram a recrutar mulheres pobres da região.
Estima-se que nos anos seguintes cercabetsafe online casino1,5 mil mulheres participaram dos testes.
"O estudo não contemplava compensação financeira, mas eles nunca tiveram problemas para conseguir voluntárias", informa o Crimson.
Por quê? A explicação foi dadabetsafe online casino2004, no jornal The Orlando Sentinel Delia Mestre, por uma das porto-riquenhas que participaram dos testes:
"Aceitamos rapidamente, sem parar para pensar sobre o assunto. Nos haviam dito que se tratavabetsafe online casinoum medicamento que evitaria que as mulheres tivessem filhos que sabiam que não conseguiriam criar", contou.
Nessa época, muitas porto-riquenhas faziam esterilização ou recorriam ao aborto para evitar ter mais filhos.
Alémbetsafe online casinoviverembetsafe online casinosituação social vulnerável, as mulheres envolvidas nos testes não foram informadas pelos médicos sobre os riscos e efeitos colaterais do medicamento.
No fim dos anos 1950, pesquisadores americanos ainda não tinham obrigaçãobetsafe online casinoapresentar às autoridades o chamado "consentimento informado", explica o Crimson.
A situação só mudaria depoisbetsafe online casino1962, com a emenda Kefauver-Harris, que obrigava que as farmacêuticas informassem sobre os efeitos colaterais dos medicamentos, ebetsafe online casino1979, com o Belmont Report, que requeria comprovação da segurança, do respeito e da justiça nos testes clínicos realizados com humanos.
Assim, os médicos não estavam atuandobetsafe online casinoforma ilegal, ainda quebetsafe online casinoconduta, para muitos, tenha sido pouco ética.
Os testes clínicos realizadosbetsafe online casinoPorto Rico culminaram na criaçãobetsafe online casinonovas regras pelo FDA, que passou a exigir que os participantes fossem melhor informados sobre as drogas a que se estão submetendo.
Abandonadas
Os testes clínicos, do pontobetsafe online casinovista dos resultados, foram bem-sucedidos. Depoisbetsafe online casinoum anobetsafe online casinoSan Juan, as pesquisas se estenderam ao municípiobetsafe online casinoHumacao, no leste do país, e chegaram próximobetsafe online casinoPort-au-Prince, já no Haiti.
Conforme os documentos deixados por Rock e Pincus, 22% das participantes chegaram a desistir dos testes, devido aos severos efeitos colaterais - associados ao fatobetsafe online casinoque as pílulas continham três vezes a quantidadebetsafe online casinohormônios que têm atualmente.
Segundo o jornal Washington Post, três mulheres faleceram durante os testes clínicos. Como não foram realizadas autópsias, contudo, não se sabe se as mortes estavam ligadas ao medicamento.
Os criadores da pílula chegaram a minimizar seus efeitos negativos. Em entrevista ao New York Times, Pincus assegurou que "os efeitos colaterais eram majoritariamente psicogênicos. A maioria deles ocorre porque as mulheres esperam que eles apareçam".
Mas alémbetsafe online casinoignorarem os problemas, os "pais da pílula" também abandonaram suas pacientes latino-americanas.
Depoisbetsafe online casinoconcluídos os testes clínicos e uma vez que o FDA havia aprovado o contraceptivo oral - que recebeu o nomebetsafe online casinoEnovid -,betsafe online casino1960, os médicos voltaram aos Estados Unidos e nunca chegaram a compensar financeiramente suas pacientes ou a lhes fornecer o medicamento que elas haviam ajudado a lançar.
Com o preçobetsafe online casinoUS$ 0,50 por comprimido, a maioria daquelas mulheres não conseguia ter acesso à pílula.