'Tenho câncer e ninguém me contrata': o homem que criou aplicativo para recolocar doentes crônicos no mercado:bodog cadastro

David Shutts
Legenda da foto, David Shutts ficou debilitado após passar por quimioterapia (Foto: SMYLE)

bodog cadastro David Shutts tinha uma carreira bem-sucedida - um comandante da Marinha que se tornou empresário no Reino Unido. Mas isso foi antesbodog cadastroele ser diagnosticado com câncer. Shutts logo percebeu que seus empregadores não veriam mais utilidadebodog cadastroseu trabalho - e essa frustração o fez pensarbodog cadastrocomo os talentos das pessoas com doenças crônicas poderiam ser mais bem aproveitados.

A doença começou a dar sinais com uma dor na lombar. O sintoma não foi suficiente para preocupar o médico e acabou ignorada sob o diagnósticobodog cadastrouma lesão muscular qualquer. Assim, David continuou levando a vida como sempre, cumprindo os prazos no trabalho e garantindo uma vida social ativa. Mas aquela dor não ia embora - ebodog cadastrodois anos, a dor ficou constante, acompanhada por grande perdabodog cadastropeso sem explicação e noites suadasbodog cadastroque ele acordavabodog cadastromanhã transpirando muito.

"Eu era um cara jovem", ele diz, explicando por que demorou tanto tempo para fazer exames.

"Fui levando e só quando eu não conseguia operar o cortadorbodog cadastrograma por causa da dor que minha mulher me obrigou a ir ao médico."

Ele foi fazer a tomografia e, quando o diagnóstico finalmente veio, 10 dias depois do seu 50º aniversário, foi um baque: um tumor no seu rim esquerdo havia se espalhado pelos gânglios linfáticos, pulmões e ossos. O estágio era avançadíssimo, incurável, inoperável e o deixou parecendo, como ele mesmo descreveu, "uma bomba-relógio".

"Você sabe que com 50 anos e esse nível avançadobodog cadastrocâncer você não vai viver até os 100, e nada vai ser mais a mesma coisa", disse ele. Na verdade, pessoas com esse diagnóstico não têm expectativabodog cadastrovidabodog cadastromaisbodog cadastrocinco anos e, depedendo das circunstâncias, podem morrerbodog cadastroseis meses.

"Acabou que eu tinha todos os sinaisbodog cadastrocâncer no rim, mas não soube reconhecer. Existe um motivo pelo qual ele é chamado 'silencioso', porque você não percebe os sinais, é difícilbodog cadastrodiagnosticar e tende a ser encontrado apenas quando você está investigando outros problemas."

Shutts tem a confiança e a energia que você esperabodog cadastroum homem acostumado a comandar uma equipe gigantebodog cadastroalto-mar. Com 16 anos, ele deixou 1.500 concorrentes para trás para fazer um cursobodog cadastroaprendizbodog cadastroengenharia na Marinha. Depois, foi subindo no ranking até assumir a direção do HMS Daring, o naviobodog cadastroguerra mais poderoso daquele tempo.

Era seu emprego dos sonhos, masbodog cadastro2009, quando Shutts tinha 45 anos, ele estava pronto para um novo desafio. Então, aceitou um empregobodog cadastrouma empresabodog cadastrologística marinha e depois mudou para a Confederação Britânica da Indústria (CBI) para trabalhar como diretor regional.

Mas o diagnósticobodog cadastrocâncer mudou tudo.

David Shutts
Legenda da foto, David Shutts foi da Marinha, mas teve dificuldades para se recolocar no mercado após ter sido diagnosticado com câncer

Por seis meses, Shutts fez tratamento com remédios e radioterapia que o deixaram com uma sensação frequentebodog cadastroexaustão.

Quando estava bem o suficiente para voltar ao trabalho, ele negocioubodog cadastrotrabalhar um dia por semana na CBI. Só que Shutts tinha contas para pagar, então precisavabodog cadastromais do que isso. Algo mais flexível que ele pudesse conciliar combodog cadastrovidabodog cadastrotratamento da doença.

Uma carreira interrompida

Não demorou muito para que Shutts entendesse que suas opções haviam diminuído drasticamente - e quebodog cadastrovida profissional estava chegando ao fim.

Esse foi o maior golpebodog cadastrotodos para ele. "Foi o momentobodog cadastroque eu perdi o chão", disse.

"Eu sou uma pessoa confiante, no geral, mas minha auto-estima foi por água abaixo. Eu era um engenheiro, um homem bem-sucedido, ebodog cadastrorepente eu não era mais nada, apenas alguém com câncer que era ignorado, sem lugar para trabalhar, sem ter a quem recorrer".

"Foi aí que eu entendi o verdadeiro valor do trabalho e o quanto ele nos oferecebodog cadastrotermosbodog cadastroauto-estima e interação social", afirmou.

O problema não foi apenas a faltabodog cadastrodinheiro, mas também a ausência do convívio com as pessoas.

A tristeza se transformoubodog cadastroraiva quando ele pensou nas milhõesbodog cadastropessoas que, como ele, estavam agorabodog cadastrocasa desperdiçando seus talentos ebodog cadastroexperiência, simplesmente porque não podiam se comprometer com empregosbodog cadastrotempo integral.

Pensando nisso, Shutts começou a desenvolver uma ideia sobre como aproveitar o talento das pessoas com doenças crônicas.

Talentos desperdiçados

Umabodog cadastrocada duas pessoas nascidas depoisbodog cadastro1960 no Reino Unido serão diagnosticadas com algum tipobodog cadastrocâncer durante a vida,bodog cadastroacordo com a Pesquisa do Câncer feita no país. Cercabodog cadastro100 mil pessoasbodog cadastroidade ainda ativa são diagnosticada com câncer todo ano e,bodog cadastro2015, segundo uma pesquisa da Macmillan Cancer Support, 1.019 pessoas vivendo com câncer tiveram que abandonar o trabalho ou os estudos ou mudarbodog cadastrofunção após terem recebido o diagnóstico.

O grupobodog cadastrotalentos desperdiçados aumenta ainda mais quando são consideradas outras doenças, como cardíacas, doenças neurais, artrite reumatóide, e pessoas que sofreram derrame ou têm problemasbodog cadastrosaúde mental.

Recorrendo àbodog cadastroagendabodog cadastrocontatos, Shutts se reencontrou com um antigo colega da Marinha, Simon Short, que agora era chefebodog cadastrodesenvolvimentobodog cadastrouma empresabodog cadastrocomputação, a Salesforce. Foi numa conversa com ele que surgiu o conceito da Astriid, uma ferramenta online que conecta pessoas com negócios que podem aproveitar seus talentos para serviços pagos ou voluntários.

Pessoas procurando emprego criam seus perfis no aplicativo descrevendo suas habilidades e quando podem trabalhar. Os empregadores listam os empregos que têm disponíveis - e aí a Astriid conecta um com o outro.

A primeira conexão aconteceu entre uma mulher, que se recuperavabodog cadastroum câncerbodog cadastroovário, e uma empresabodog cadastrotecnologia que buscava uma palestrante inspiradora para um programabodog cadastroliderança.

Há empresas que estão procurando por alguém que entendabodog cadastrocontabilidade, outras que querem alguém para gerenciamentobodog cadastroarquivo, outra para um engenheirobodog cadastrocomunicações.

Astriid
Legenda da foto, A ferramenta online criada por Shutts para conectar empregadores e pessoas com doenças crônicas que buscam colocações parciais no mercado

Nenhum desses empregos sãobodog cadastrotempo integral - esse não é o objetivo da Astriid. São serviços que pessoas conseguem fazer quando estão se sentindo bem o suficiente. Ajuda se o horário for flexível. Mas Shutts já aprendeu por experiência própria que a pessoa que está buscando um trabalho também precisa mostrar certa flexibilidade.

"Não dá para falar 'sou um engenheiro e só posso fazer trabalhosbodog cadastroengenheiro'. Precisa estar aberto a outras oportunidades. Então,bodog cadastrocerta forma, é um jeitobodog cadastrose reformular para o mercado usando essa tecnologia", explicou.

Enquanto uma equipebodog cadastro70 empregados da Salesforce estava desenvolvendo o Astriid, Shutts conseguiu um emprego para corrigir provasbodog cadastrouma escola local e, quando começou a corrigir uma provabodog cadastromatemática, teve uma ideia.

"Eu pensei: eu lembro como faz isso. Não era parte do meu currículo, mas eu fui treinado como engenheiro, então fui à faculdade da cidade e me ofereci para trabalhar como professorbodog cadastromatemática. Eu marquei uma reunião com o diretor e consegui o emprego para trabalhar dois dias na semana", contou.

O trabalho novo foi algo que preencheu um vazio que Shutts carregava e ajudou muito embodog cadastroauto-estima.

"Não era muito dinheiro, mas isso não importava. O importante era o valor do trabalho - um motivo para acordarbodog cadastromanhã. Quando as pessoas perguntavam o que eu fazia, eu podia dizer: sou professor. Isso era muito importante. Eu sentia que tinha uma função na vida e tinha muito orgulho disso", afirmou.

Agora, com o tratamento da doença reduzido a uma sessão por semana, e com o trabalho no Astriid, seu tempo está sendo muito bem aproveitado.

"Existe uma verdadeira sensaçãobodog cadastropertencer a algo importante. Todos os envolvidos estão contribuindobodog cadastroalguma forma, sabendo que esse projeto tem o potencialbodog cadastrofazer uma diferença real para muitas vidas. Isso ébodog cadastroum valor inestimável".