'Tenho medo do meu próprio filho': o desafioslot 888 casinolidar com crisesslot 888 casinocrianças com autismo:slot 888 casino

Elliot e o pai Ian
Legenda da foto, Elliot Goldsworthy começou a ter crises nervosas aos cinco anos

slot 888 casino "Eu tenho medo do meu filho. Vivo sob o fio da navalha, nunca sei o que pode acontecer."

O desabafo éslot 888 casinoLucy Goldsworthy, mãeslot 888 casinoElliot,slot 888 casino12 anos, diagnosticado com autismo severo no Reino Unido. Ele não fala, enfrenta dificuldadesslot 888 casinoaprendizagem e tem crises nervosas que já a deixaram com o lábio cortado e hematomas por todo o corpo. O pai, Ian, teve a córnea arranhada após ser atingido por um soco.

O garoto precisaslot 888 casinocuidado intensivo e não é capazslot 888 casinoentender as consequênciasslot 888 casinoseus atos.

Em entrevista à BBC, pais como Ian relatam cenasslot 888 casinoviolência - e dizem ter muita incertezaslot 888 casinorelação ao futuro. Muitos afirmam temer os próprios filhos e cobram das autoridades ajuda para lidar com a questão.

A Organização Mundial da Saúde estima que o Transtorno do Espectro Autista afete umaslot 888 casinocada 160 crianças no mundo - mas ele pode se manifestarslot 888 casinouma ampla gradação,slot 888 casinograus mais leves aos mais agudos. É importante ressaltar, porém, que nem todos os autistas são agressivos e que não há nenhuma evidênciaslot 888 casinoque sejam mais propensos à violência.

A Sociedade Nacionalslot 888 casinoAutismo do Reino Unido ressalta, porém, que é necessário que haja assistência às famílias,slot 888 casinoespecial àsslot 888 casinocrianças que sofrem com crises agressivas mais frequentes.

No Brasil, a Associaçãoslot 888 casinoAmigos do Autista (AMA), que dá apoio a 350 crianças com autismoslot 888 casinoSão Paulo, também recomenda,slot 888 casinoseu site, um tratamento multidisciplinar com orientação familiar, intervenções psicoeducacionais e usoslot 888 casinotécnicas para desenvolvimento da linguagem e comunicação.

Quartoslot 888 casinoElliot com grades na janela
Legenda da foto, Ian Goldsworthy: 'Você meio que se acostumaslot 888 casinover o quartoslot 888 casinoseu filho parecer uma cela'

Crises nervosas normalmente acontecem quando há acúmuloslot 888 casinoinformações sensoriais simultâneas que elevam o nívelslot 888 casinoestresse do autista. A frequência, contudo, variaslot 888 casinopessoa para pessoa e também depende do espectroslot 888 casinoque o autista se enquadra. Além disso, elas não se limitam aos diagnosticados com autismo - há outros transtornos que também têm, entre os sintomas, agitação extrema e comportamento agressivo.

"É um assunto sério e muito difícil, mas as famílias precisam enfrentá-lo", afirma Ana Maria Mello, superintendente da AMA, instituição que ajudou a fundar há maisslot 888 casino30 anos. Ela mesmo diz que seu filho, hoje com 39 anos e diagnosticado com autismo na infância, passou a ter crises nervosas na adolescência.

"Ele foi crescendo e entrou numa faseslot 888 casinomuita agressividade. No início, ficávamos cheioslot 888 casinohematomas. Foi preciso aprender a segurá-lo sem me machucar e sem machucá-lo", conta Ana Maria, dizendo que as crises agressivas não podem ser tratadas como tabu.

Ela conta que, com o tempo, aprendeu a lidar com os episódios agressivos e descobriu que o filho relaxa fazendo caminhadas.

Entre grades

No caso do britânico Elliot, os episódios começaram a ficar mais violentos quando ele tinha cinco anos. Os pais relatam que, à medida que ele vai crescendo e ficando mais forte, torna-se cada vez mais difícilslot 888 casinocontrolar as crises.

"Se ele ainda fosse uma criança pequena, seria mais fácil conter um ataque, com ele te arranhando e te chutando", diz Lucy. "Agora, é como se um pequeno homem te atacasseslot 888 casinorepente."

A mãeslot 888 casinoElliot explica que ele é violento durante apenas cercaslot 888 casino5% do tempo, mas que os efeitos das crises estão cada dia piores.

Ian e Lucy tiveramslot 888 casinocolocar grades na janela do quarto do menino e trancar a porta para manter ele e os irmãos seguros.

Legenda do vídeo, Escola britânica que está ensinando ioga a alunos com autismo para reduzir crises nervos

"Você meio que se acostuma a ver o quartoslot 888 casinoseu filho parecer uma cela", diz o pai.

Elliot frequenta uma escola especial, mas os pais afirmam que as autoridades locais - através do Sistema Nacionalslot 888 casinoSaúde (o NHS, na siglaslot 888 casinoinglês) - não lhe dão nenhum tiposlot 888 casinoapoio. Segundo eles, a ajuda governamental só é oferecida se o filho ou os pais são hospitalizados ou se a polícia é chamada.

Ela diz que, após ter sido ferida na cabeça pelo menino após uma crise violenta, acreditou que teria mais apoio. "No começo, recebi um poucoslot 888 casinoajuda", diz a mãe, emendando que depois as autoridades tentaram "lavar as mãos" e passaram a oferecer apenas 48 horasslot 888 casinoajuda por ano.

Estratégias

Segundo a OMS, estudos conduzidos nos últimos 50 anos revelam que o númeroslot 888 casinopessoas diagnosticadas está aumentando no mundo inteiro. As explicações para esse aumento apontam para diagnósticos mais eficientes, mais conscientização e registros mais precisos.

Nos Estados Unidos, um estudoslot 888 casino2011 indicou que quase metadeslot 888 casino1,4 mil crianças com autismo avaliadas pelos pesquisadores tinha crises muito agressivas e violentas.

Autistas podem, por exemplo, se sentir incomodados com muita informação, luzes brilhantes e barulho.

A BBC Brasil mostrou recentemente que uma escola no norteslot 888 casinoLondres, na Inglaterra, está ensinando ioga a alunos com autismo para reduzir suas crises nervosas. Até agora, a iniciativa se provou bem-sucedida.

O site da organização brasileira Entendendo Autismo explica que a agressividade e a irritabilidade podem derivar do fatoslot 888 casinoque as crianças com autismo, por não entenderem alguns símbolos sociais, não conseguem encontrar formasslot 888 casinoexpressarslot 888 casinodeterminadas situações. Elas também costumam ser hipersensíveis ao barulho, por exemplo.

Entre as sugestões para lidar com episódiosslot 888 casinoagressividade estão levar a criança a ambientes onde se sintam confortáveis e usar jogos ou brinquedos que tenham efeito tranquilizador. Não é recomendável gritar com a criança. E também é importante que ela tenha um acompanhamento profissional interdisciplinar.

O neurologista infantil Clay Brites, integrante do Instituto Neurosaber e do Disapre (Laboratórioslot 888 casinoPesquisasslot 888 casinoDistúrbios, Dificuldadesslot 888 casinoAprendizagem e Transtornoslot 888 casinoAtenção), da Unicamp, ressalta que "nem todas as famíliasslot 888 casinoautistas sofrem com agressividade - há autistas que são excessivamente passivos e propensos, inclusive, a sofrer agressividade e abusos".

"A propensão do Transtorno do Espectro Autista a desenvolver agressividade é gerada pelaslot 888 casinocondição, e não por voluntarismo ou maldade", explica ele por e-mail à BBC Brasil.

"Por outro lado, é importante saber que existem casosslot 888 casinoque a agressividade, explícita e exagerada, tem que ser conduzida com internações e contenções. Geralmente, ocorrem naqueles casosslot 888 casinoTEA severo e associado a comorbidades psiquiátricas como a esquizofrenia, o transtorno obsessivo-compulsivo e o transtorno opositivo-desafiador. É importante sublinhar a importância do diagnóstico e da intervenção precoces para prevenir esses comportamentosslot 888 casinoidades mais tardias", agrega.

'Ele é gentil por natureza'

Cameron,slot 888 casino19 anos, é uma das 700 mil pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista no Reino Unido.

O diagnóstico veio aos três anosslot 888 casinoidade, e o pai dele, Douglas Clements, diz que também tem medo das crises do filho. "Muitas vezes não sei como Cameron vai reagir, e é assustador", afirma.

Cameron hoje recebe atendimento diárioslot 888 casinoum centro especializado. Mas a vidaslot 888 casinocasa tem ficado cada vez mais difícil, e seus pais estão procurando por um espaço público que abrigue crianças e adultos vulneráveis que fique pertoslot 888 casinoonde moramslot 888 casinoSurrey, na Inglaterra.

Hannah, mãe do jovem, diz que a família não consegue mais administrar o comportamento dele.

"Estou muito chateada, porque o amo muito", diz ela. "Não quero que as pessoas tenham medo dele, porque ele é gentil por natureza", acrescenta a mãe, que diz ser desolador ver o filho ficar frustrado, mas não conseguir explicar o porquê.

Cameron e a mãe, Hannah
Legenda da foto, Os paisslot 888 casinoCameron estão procurando um lugar pertoslot 888 casinocasa para o filho,slot 888 casino19 anos, receber cuidados especiais

'Vamos para a cama aos prantos'

O serviçoslot 888 casinosaúde britânico informa que estabeleceu "um programa transparente" dedicado àqueles com dificuldadeslot 888 casinoaprendizagem e autismo para permitir que mais pessoas nessas condições vivamslot 888 casinosuas comunidades, "com o apoio certo e pertoslot 888 casinocasa".

Os paisslot 888 casinoElliot Goldsworthy acreditam que, à medida que o filho envelhecer, precisarão cada vez maisslot 888 casinoapoio.

"Há momentosslot 888 casinoque vamos para a cama aos prantos", disse Ian Goldsworthy. "Mas você não pode mergulhar nesse sentimento, porque a vida será exatamente a mesma no dia seguinte."

No Brasil

No Brasil, Ana Maria Mello, da AMA, diz que não há nenhuma política governamental para apoiar pais ou autistas. "Para conseguir uma vaga numa instituição é preciso recorrer ao Ministério Público e processar o governo", lamenta, dizendo que tem procurado autoridades para tentar regulamentar práticas e assegurar assistência mínima.

Ana Maria diz que, no Brasil,slot 888 casinocasos extremos, autistas são hospitalizados, onde recebem medicamento e às vezes são amarrados numa cama. Ela, contudo, defende abordagens menos intrusivas.

Entre os 350 autistas que recebem atendimento gratuito na AMA, 26 são residentes. Voltam para casaslot 888 casino15slot 888 casino15 dias, para não perder contato com a família. Os outros atendidos passam o dia ou meio perído na associação, que tem sedeslot 888 casinoSão Paulo.

Ana Maria conta que a associação sempre buscou referências e experiênciasslot 888 casinoiniciativas no exterior,slot 888 casinoespecial sobre as melhores formasslot 888 casinoconter as crises nervosas mais severas.

"Logo no início mandamos uma pessoa aos EUA para ver como o assunto era tratado. Lá não se amarra nem se dá medicamento, mas há regulamentação e treinamento", conta.

Ela diz que a AMA tem recorrido ao método americano que usa duas pessoas para conter uma crise com movimentos sincronizados e um programa para melhorar o comprotamentoslot 888 casinoautistas. "Muitas vezes não se trata sóslot 888 casinooferecer atividades relaxantes, masslot 888 casinoé uma questãoslot 888 casinoocupar o tempo", complementa.

"É realmente horrível. Você ama seu filho, mas ele pode te machucar", afirma, ponderando que, com as estratégiasslot 888 casinocontenção e atividades físicas, é possível conter os mais agressivos, reduzir o númeroslot 888 casinocrise e melhorar o comportamento.

*Com reportagemslot 888 casinoNoel Phillips e Tanya Hines, do programa BBC Victoria Derbyshire