Os tentáculos internacionais da Lava Jato, a operação que já chegou a três continentes:
O ex-presidente peruano Ollanta Humala teve aprisão preventiva decretada na última quinta-feira por envolvimentoum esquema ilegal com a construtora Odebrecht. Em fevereiro, outro ex-presidente do país, Alejandro Toledo, também teve a prisão determinada pela Justiça pelo mesmo motivo.
Os ex-presidentes do Peru não são os únicos alvos internacionais que surgem dos desdobramentos da Operação Lava Jato, que completou três anosmarço. As investigações cruzaram as fronteiras, chegando a países da África, Europa e Américas, e estão ligadas principalmente às atividades ilegais da Odebrecht.
A América Latina é o principal alvo das ações da empresa. E, fora do Brasil, o Peru está mais avançado nas investigações. Mas há açõesoutros países, por exemplo no Panamá, onde o governo proibiu a construtoraparticiparlicitações no país; e no Equador, que bloqueou R$ 40 milhões milhõespagamentosserviços à companhia brasileira.
JáEl Salvador, a Odebrecht diz ter doado US$ 5,3 milhões (R$ 17 milhões) ao caixa dois da campanha à presidênciaMauricio Funes, eleito2009, e hoje está exilado na Nicarágua. Em Portugal, investigadores também têm cooperado com a Lava Jato desde que encontraram ligações da Odebrecht com o ex-premiê José Sócrates - preso preventivamente2014 por suspeitacorrupção.
Obras suspensas
Os casoscorrupção no exterior começaram a ficar mais claros no final do ano passado, quando o Banco NacionalDesenvolvimento Econômico e Social (BNDES) suspendeu o financiamentoUS$ 3,6 bilhões para 16 obras na América Latina após a descobertasubornos a políticos estrangeiros.
Dali, a investigação também chegou aos Estados Unidos, onde o grupo Odebrecht e a Braskem aceitaram pagar US$ 3,5 bilhões (R$ 11,2 bilhões)multa num acordoleniência com o DepartamentoJustiça do país (DOJ, na siglainglês).
Segundo o DOJ, as empresas vinham usando uma unidade secreta na Odebrecht, apelidada"departamentopropina", para pagar maisUS$ 1 bilhão (R$ 3,2 bilhões) a funcionáriosgovernostrês continentes.
Através do "departamento da propina", a Odebrecht pagou US$ 788 milhões, e a Braskem,subsidiária, distribuiu US$ 250 milhões a funcionáriosgovernos 11 países,acordo com o DOJ.
Suíça e Estados Unidos se envolveram nessa investigação porque, numa tentativaesconder o suborno, as empresas usaram sistemas bancários internacionais, entre eles o americano e suíço.
Com a repercussão da operação Lava Jato e casos internacionais começando a surgir, promotoresmaisuma dezenapaíses pediram no início deste ano ajuda ao Ministério Público brasileiro para investigar suspeitosseus respectivos países.
A BBC Brasil compilou as principais informações sobre os dedobramentos da Lava Jato pelo mundo. Veja no mapa abaixo o que hácada país.
Os dados foram atualizados até julho2017.
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