'Como perdoei o assassinoblaze aposta crashmeu pai e me torneiblaze aposta crashgrande amiga':blaze aposta crash
blaze aposta crash O que faz alguém perdoar um assassino? A canadense Margot von Sluytman pode responder a essa pergunta. Em 1978, quando ela era adolescente, seu pai, Theodore, foi morto durante um assalto à lojablaze aposta crashque trabalhava.
Glen Flett, um dos assaltantes, apertou o gatilho. Anos mais tarde, ele se arrependeu. E fez contato com Margot. Desse primeiro gesto viria a surgir uma extraordinária amizade. Falando, e às vezes chorando, os dois contaramblaze aposta crashhistória ao programa Outlook, do Serviço Mundial da BBC.
"Desde cedo aprendi que agirblaze aposta crashforma violenta ou raivosa às vezes funcionava. Tive meu primeiro contato com a polícia aos sete anosblaze aposta crashidade. Estava com meu irmão e meu primo; eram três anos mais velhos do que eu e tinham grande influência sobre mim. Eles estavam invadindo uma casa, a polícia apareceu e nos pegou", conta Glen.
"Quando eu tinha nove anos, houve outro encontro."
Glen diz que, dessa vez, foi agredido fisicamente. Daliblaze aposta crashdiante, conta, passou a "odiar a polícia visceralmente".
"Meus pais não viam essas coisas. Meu pai me amava e tentava esconder as coisas que eu estava fazendo da minha mãe."
Aos 19 anos, Glen foi preso pela primeira vez.
"Fui pego roubandoblaze aposta crashuma loja e, quando o segurança me pegou, puxei um canivete suíço e o esfaqueei. Foi a primeira vez que fui preso. Eu tinha 19 anos."
Aos 22 anos, Glen se casou. Arrumou um trabalho, teve um casalblaze aposta crashgêmeos - mas não durou muito.
"No diablaze aposta crashque meus gêmeos nasceram fui para a cadeia por assalto à mão armada."
Segunda ensolarada
Em 1978, Glen e seu comparsa - um homem que ele havia conhecido na cadeia - estavam morandoblaze aposta crashToronto. Foi nessa cidade, no dia 27blaze aposta crashmarço, que Glen cometeu o ato que mudaria para sempreblaze aposta crashvida - e também ablaze aposta crashuma família local.
"O dia estava lindo, lembro muito bem. Vínhamos planejando esse assalto. Queríamos roubar um entregador. O plano era derrubá-lo, pegar a sacola com o dinheiro e fugir. Derrubamos o cara e saímos correndo pela escada rolante, empurrando as pessoas que estavamblaze aposta crashnosso caminho. Chegamos ao piso principal, corremos pelos corredores."
"Uma pessoa vinha correndo atrásblaze aposta crashnós, gritando, 'parem esses caras'. Entramosblaze aposta crashuma loja cheiablaze aposta crashararas com roupas. Naquele primeiro momento, não vi Sluytman. Ele apareceublaze aposta crashrepente, me segurou pelo colarinho e disse: 'Pare. Desista, filho'."
Glen mal consegue falar ao recordar esse momento.
"Meu parceiro e eu… acho que nós dois, espontaneamente, atiramos nele."
Glen não soube,blaze aposta crashimediato, que havia matado o paiblaze aposta crashMargot.
"Ele estava me segurando, mas quando foi alvejado, me largou. Então eu caí no chão. Levantei e saí correndo."
Ele e o parceiro correram para o carro e foram para o apartamento onde estavam morando. Quando ligaram a televisão, ouviram a notíciablaze aposta crashque um homem havia sido morto durante um assalto.
Enquanto Glen descreve aquele dia fatídico, Margot, a filhablaze aposta crashGlen, escutablaze aposta crashsilêncio. Agora, emocionada, ela explica o que sente ao ouvir o depoimento.
"Sinto a dor. E também sinto uma dor intensa por… (começa a chorar) por Glen. Porque acho que deve ser muito difícil viver com essa dor."
'Minha vida mudou'
Margot começa a descrever como foi, para ela, o diablaze aposta crashque seu pai foi morto.
"Eu estavablaze aposta crashcasa. Minha mãe trabalhavablaze aposta crashcasa; ela cuidavablaze aposta crashcrianças. Eu estava no andarblaze aposta crashbaixo, brincandoblaze aposta crashprofessora com as crianças. Bateram na porta da salablaze aposta crashbrincar. Dois homens altos. Perguntei quem eram, o que estavam fazendo ali. Disseram que eram policiais, então perguntei: 'Meu pai teve um acidenteblaze aposta crashcarro?' Aconteceu alguma coisa?"
"E eles responderam: 'Não, ele foi morto hojeblaze aposta crashum assalto'."
"Tínhamos uns varais no andarblaze aposta crashbaixo. As roupas brancas do meu pai estavam penduradas no varal. Olhei para as roupas e depois corri rápido para o andarblaze aposta crashcima. Minha mãe estava sentada no topo da escada. Ela chorava muito. Olhou para mim e disse: 'Margot, papai. Morto'."
"Minha vida mudou", conta Margot. "Metadeblaze aposta crashmim morreu quando meu pai morreu."
"Éramos muito próximosblaze aposta crashnossa família. E eu e meu pai éramos muito próximos. Duas semanas antesblaze aposta crashele morrer, tivemos uma grande discussão. Nós nunca brigávamos. E tínhamos acabadoblaze aposta crashfazer as pazes. Eu tinha 16 anos."
Na manhãblaze aposta crashque foi morto, Theodore Sluytman estavablaze aposta crashfolga, conta Margot. Mas foi à loja porque queria se preparar para uma liquidação. Era um ótimo vendedor, ela explica. E ganhava comissão.
"Quando ele estava descendo as escadas eu perguntei: 'Posso ir com você?' Ele olhou pra mim e disse, 'Escute aqui,blaze aposta crashpestinha, vou sair por duas horas e já volto, ok? Você fica aqui'."
"Eu não falo muito sobre isso", diz Margot. "Acho que é a primeira vez."
Luto
Enquanto Margot vivia o luto pela morte do pai, Glen foi preso e condenado por assassinato. Anos se passaram.
Na prisão, Glen passou a praticar o cristianismo. Começou a refletir sobre a vida que tinha destruído, o mal que causara, diz ele. Um dia, obteve permissão para sair da cadeia e passar alguns dias comblaze aposta crashprópria família.
Glen relembra as visitas dos filhos pequenos.
"Meus pais traziam meus filhos para me ver. Eles vinham; a casa tinha dois quartos. Meus pais dormiamblaze aposta crashum deles; eu e os meninos juntávamos as camasblaze aposta crashsolteiro e dormíamos todos juntos."
"À noite, enquanto eles dormiam, eu ficava acordado, pensando na sorte que tinha. Sentia vergonhablaze aposta crashpensar que alguém como eu podia viver isso, quando eu havia tirado a vidablaze aposta crashum outro", conta Glen, com a fala entrecortada por soluços.
Margot, porblaze aposta crashvez, precisou se distanciar um pouco da família. "Saíblaze aposta crashcasa três meses após meu pai ser morto. Saí porque queria que me deixassemblaze aposta crashpaz. Para poder pensar. A dor na minha casa era demais."
Margot conta que sentia uma forte necessidadeblaze aposta crashconhecer a pessoa que matara seu pai.
"Eu tinhablaze aposta crashsaber. Por que fizeram aquilo?"
E Glen vivia atormentado pelo remorso.
"Queria que eles soubessem que eu compreendia a santidade da vida. E que eu não entendia isso antesblaze aposta crashtirar a vidablaze aposta crashSluytman. Mas agora eu chorava até cair no sono às vezes porque eu sentia muito pelo que havia feito."
Quando Glen saiu da cadeia,blaze aposta crashesposa, historiadora, descobriu onde estava a sepulturablaze aposta crashSluytman.
"Fomos visitá-la", ele conta. "Era tão bem cuidada. Doze anos mais tarde, dava para perceber que a família visitava a sepultura com frequência. Ele não tinha sido esquecido."
"Eu procurei a polícia. E também o promotor do caso. Disse a eles que tinha mudado a minha vida, que sentia muito (pelo que havia feito) e que gostariablaze aposta crashdizer isso à família Sluytman."
No entanto, Glen foi desaconselhado a procurar a família. Um dos policiais temia que o contato trouxesseblaze aposta crashvolta a dor e as lembranças.
Contato
Anos mais tarde, um amigoblaze aposta crashGlen leu um artigo sobre Margot. Ela tinha crescido, cursara universidade, era poeta e tinha acabadoblaze aposta crashganhar um prêmio. Glen eblaze aposta crashesposa decidiram fazer uma doação pela internetblaze aposta crashapoio ao trabalho dela. A doação foi feita anonimamente.
"Três horas mais tarde, recebemos um e-mail", conta Glen.
"Você é casada com o Glen Flett, o homem que matou meu pai na segunda-feirablaze aposta crashPáscoa, dia 27blaze aposta crashmarçoblaze aposta crash1978?", dizia a mensagem.
"Fiquei apavorado. Não sabia o que pensar", conta Glen.
Foi assim que teve início um diálogo entre Margot e o homem que matara seu pai.
Em resposta, a esposablaze aposta crashGlen escreveu: "Vimos o seu trabalho, não queríamos fazer mal a você".
"Não me fizeram mal. Vou mandar alguns livros para vocês", respondeu Margot. "Você se importariablaze aposta crashpedir ao seu marido que me faça um pedidoblaze aposta crashdesculpas?"
"Na manhã seguinte, encontrei uma carta curta, respeitosa e simples me pedindo desculpas. A partir daí, começamos a conversar. O que eu queria saber era: por quê? E também quais tinham sido as últimas palavras do meu pai."
"Trocávamos e-mails, eu tinha milhõesblaze aposta crashperguntas. Ele respondeu todas. No final, ele disse que precisava me encontrar. Voei para British Columbia, onde Glen vive. E nos encontramos."
"Não sabia como ela era, mas eu conhecia Margot. Tínhamos uma conexão forte nos nossos corações. Faleiblaze aposta crashcoisas que eu sentia a respeito do que havia acontecido, coisas profundas, que nunca havia dito a ninguém."
"Ela saiu do carro e perguntou 'Glen Flett?' Nos abraçamos e começamos a chorar. Conversamos e caminhamos durante uma hora e depois fomos para a minha casa, onde ele conheceu minha filha, Victoria, que tem nove anos. Ela disse, 'Pai, é tão estranho, ela tem um jeito tão parecido com o seu!'"
Paradoxo
Desde então, Margot e Glen já se encontraram várias vezes.
Encontrar Glen "me ajudoublaze aposta crashuma maneira profunda", diz Margot. "Somos muito amigos. Dizemos 'eu te amo' um ao outro. Sei que para algumas pessoas é muito complicado ouvir isso."
De fato. Perdoar, sim, dizem alguns. Mas amizade? Não acaba reabrindo a ferida?
"Não", responde Margot. "É muito bonito. Porque é um paradoxo."
"(Aos que perguntam por quê?) respondo: Porque é a coisa certa. É a coisa certa para mim. É a coisa certa para Glen. Sinto que meu pai está sendo celebrado. Minha mãe está sendo celebrada, os paisblaze aposta crashGlen estão sendo celebrados. Toda a dor deles não éblaze aposta crashvão. Temos esperança. Amor. Possibilidades. E temos diálogo. Falamos sobre a perda. Sinto gratidão."