A verdadeira razão pela qual o parto é tão doloroso e perigoso:up up bet 777

Silhuetaup up bet 777grávida

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Legenda da foto, Cientistas querem entender por que o momento do nascimento se tornou capazup up bet 777causar a morteup up bet 777830 mulheres por diaup up bet 777todo o mundo

Então por que o parto é tão perigoso para o ser humano? Existe algo que possamos fazer para reduzir esta taxaup up bet 777mortalidade?

Recém-nascido na mãoup up bet 777um homem

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Legenda da foto, Os bebês humanos evoluíram e passaram a ter a cabeça maior, o que também mudou a dinâmica do nascimento

Os cientistas começaram a estudar o parto humanoup up bet 777meados do século 20. E logo construíram uma teoria que parecia explicar o que estava acontecendo.

Evolução e parto

O problema começava, disseram, nos nossos mais antigos antepassados da cadeia evolutiva - os Hominini, uma triboup up bet 777primatas que faz parte da família Hominidae.

Os fósseisup up bet 777Hominini mais antigos têm sete milhõesup up bet 777anos e revelam animais com poucos traçosup up bet 777comum conosco, exceto um: andavam eretos sobre duas patas.

Para andar bem assim, o esqueleto do Hominini teve que ser esticado e ganhou uma nova configuração. Isso afetou aup up bet 777pélvis.

Na maior parte dos primatas, o canal vaginal, destinado ao nascimento dos filhotes, é relativamente reto.

Nos Hominini, porém, ele logo tornou-se muito diferente. O quadril ficou mais estreito e o formato da vagina foi distorcido - tornou-se um cilindro que variaup up bet 777largura e forma ao longo daup up bet 777extensão.

Ilustração mostrando gravidez

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Legenda da foto, Os bebês precisam se contorcer e virarup up bet 777buscaup up bet 777uma saída que se tornou mais irregular e estreita

Assim, os bebês Hominini devem ter tido que se contorcer e virar para passar pela vagina e nascer. E isso tornou o nascimento bem mais difícil que antes.

Mas as coisas ainda iriam piorar. Cercaup up bet 777dois milhõesup up bet 777anos atrás nossos ancestrais Hominini começaram a mudar novamente.

Eles perderam as características dos primatas como o corpo pequeno, os braços longos e o cérebro pequeno.

O 'dilema obstétrico'

Em compensação, ganharam traços mais humanos: ficaram mais altos, com braços mais curtos e cérebros maiores. Esta última característica foi especialmente ruim para as fêmeas Hominini.

As fêmeas tinham que ter a pélvis estreita, com a vagina comprimida, para poderem andar bem sobre as duas pernas. Porup up bet 777vez, os fetos estavam desenvolvendo cabeças maiores e foi ficando cada vez mais difícil para os filhotes passar por pélvis tão estreitas.

O nascimento tornou-se doloroso e potencialmente mortal - e continua assim até os nossos dias.

Em 1960, o antropólogo americano Sherwood Washburn deu a esta ideia o nomeup up bet 777dilema obstétrico.

Alguns cientistas, entre eles Wells, não estão satisfeitos com a explicação e começaram a questionar o dilema obstétrico.

Eles acreditam que a teoriaup up bet 777Washburn é muito simplista e que muitos outros fatores também contribuíram para o problema do parto humano.

Holly Dunsworth, da Universidade Rhode Island, ouviu falar do dilema obstétrico quando ainda era estudanteup up bet 777graduação.

"Achava muito interessante e queria encontrar evidências para comprovar o dilema obstétrico", diz. "Mas logo tudo começou a mudar".

O problema eram as análisesup up bet 777Washburn.

Ilustração da evolução

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Legenda da foto, Estudos mostram que o parto passou a ser mais difícil desde os nossos mais antigos antepassados da cadeia evolutiva

"Quando escreveu seu artigo, ele disse que o dilema obstétrico foi resolvido com as fêmeas dando à luz num estágio relativamente inicial do desenvolvimento dos bebês", diz Wells.

Voltemos então ao momentoup up bet 777que os cérebros humanos começaram a ficar maiores, dois milhõesup up bet 777anos atrás.

up up bet 777 Gestação mais curta up up bet 777 ?

Washburn sugeriu que os humanos encontraram uma solução para o dilema: reduzir o tempoup up bet 777gravidez.

Assim, os bebês humanos foram forçados a vir ao mundo antes do que realmente deveriam, para assim continuarem sendo menores e com cérebros pequenos.

A explicaçãoup up bet 777Washburn parece lógica. Basta segurar nos braços um recém-nascido para verificar como ele é frágil e pouco desenvolvido.

A visão científica dominante éup up bet 777que outros primatas, que mantiveram o período maiorup up bet 777gestação, dão à luz filhotes mais bem desenvolvidos.

Mas isso não é verdade, diz Dunsworth. "Temos bebês maiores e gestações mais longas do que se imagina".

A gestação humana é longa. Dura entre 38 e 40 semanas, enquanto a do chimpanzé tem 32 semanas e gorilas e orangotangos dão à luz depoisup up bet 77737 semanas.

A gravidez humana é 37 dias mais longa que aup up bet 777um primata do nosso tamanho.

O mesmo vale para o tamanho do cérebro. As mulheres dão à luz bebês com cérebros maiores do que oup up bet 777um primata com a mesma massa corporal. Isso significa que um ponto central do dilema obstétricoup up bet 777Washburn está incorreto.

Há ainda outros problemasup up bet 777relação às ideiasup up bet 777Washburn.

A base do dilema obstétrico afirma que o tamanho e o formato da pélvis humana - e da pélvis feminina especialmente - são muito afetados pelo nosso hábitoup up bet 777caminhar eretos.

Em 2015, Anna Warrener e seus colegas da Universidade Harvard questionaram esta hipótese.

Importância da nutrição

Eles coletaram dados metabólicosup up bet 777voluntáriosup up bet 777ambos os sexos, que caminhavam e corriam.

Os voluntários com quadril mais largo não eram menos eficientes ao caminhar e correr do que aqueles com quadris mais estreitos.

"A premissa básica do dilema obstétrico -up up bet 777que ter uma pélvis menor ou estreita é melhor para a eficiência biomecânica - não está correta", disse Helen Kurki, da Universidadeup up bet 777Victoria, no Canadá.

Kurki não participou do estudoup up bet 777Warrener, masup up bet 777própria pesquisa identificou mais problemas na hipótese tradicional do dilema obstétrico.

Se a pélvis feminina é mesmo controlada por duas forças que se opõem - a necessidadeup up bet 777ser estreita para andar e aup up bet 777ser larga para dar à luz - o formato da vagina iria variar pouco entre as mulheres. Teria sido "estabilizado" pela seleção natural.

Mas depoisup up bet 777analisar centenasup up bet 777esqueletos humanos, Kurki relatouup up bet 7772015 que a vagina varia muitoup up bet 777tamanho e forma.

"Creio que minhas descobertas trazem mudanças para o dilema obstétrico," diz Kurki.

Deste modo, a teseup up bet 777Washburn não parece mais tão satisfatória.

Dunsworth acredita que falta uma peça importante neste quebra-cabeça: a energia.

"As últimas semanas e mesesup up bet 777gravidez são cansativos", diz ela, que também é mãe.

Algumas grávidas costumam dizer brincando que o desenvolvimento do feto é como oup up bet 777um parasita. Em certo sentido, é isso mesmo: seu consumoup up bet 777energia aumenta a cada dia.

Os cérebros humanos têm uma fome insaciávelup up bet 777energia. Desenvolver um segundo pequeno cérebro no seu útero pode levar uma grávida à beira do esgotamentoup up bet 777termos metabólicos.

Dunsworth chama istoup up bet 777hipótese da energia e gestação do crescimento (EGG,up up bet 777inglês).

Ela sugere que a duração da gravidez humana é determinada pela dificuldadeup up bet 777continuar a nutrir um feto depoisup up bet 77739 semanas - não pela dificuldadeup up bet 777espremer um bebê pelo canal vaginal.

Ilustração com 4 visõesup up bet 777feto encaixado na pelvis

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Legenda da foto, Holly Dunsworth, da Universidade Rhode Island, afirma que há uma preocupação excessiva com a relação entre o tamanho da cabeça do bebê e a largura da pelvis da mãe

A pesquisadora acha que as pessoas se preocupam demais com a relação entre o tamanho da cabeça do bebê e a largura da vagina. Ela diz que a pélvis simplesmente evoluiu para ter o tamanho adequado.

Teoricamente, a evolução poderia ter feito a pélvis das mulheres maior - mas isso não aconteceu.

Kurki concorda. "O canal vaginal é grande o bastante para a passagem do feto", diz.

É verdade. Mas vejamos os númerosup up bet 777mortesup up bet 777mães: 830 por dia.

O parto na Pré-História

Mesmo entre mulheres que não morrem durante o parto, alguns estudos dizem que o processo causa danos que mudam a vida delasup up bet 77740% dos casos. O preço que as mulheres pagam pela maternidade parece incrivelmente alto.

Em 2012, Wells eup up bet 777equipe analisaram o nascimento na Pré-História e chegaram a uma conclusão surpreendente: na maior parte da evolução humana, o parto foi muito mais fácil.

Mas estudar o nascimento na Pré-História é difícil.

A pélvis do Hominin raramente é preservada como fóssil e os crâniosup up bet 777recém-nascidos menos ainda.

Mas as evidências encontradas indicam que algumas espécies humanas, como o Homo erectus e alguns Neandertais, viveram momentos tranquilos na horaup up bet 777dar à luz.

Na verdade, Wells e seus colegas suspeitam que o nascimento tenha sido um dos menores problemas da nossa espécie - pelo menos no começo.

Existem muito poucos esqueletosup up bet 777bebês entre os restos humanos dos chamados grupos caçadores-coletores, o que pode indicar que a mortalidade entre seus recém-nascidos era relativamente pequena.

Bebê dormindo no ombroup up bet 777homem

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Legenda da foto, A situação nutricional das mães pode estar associada à mortalidade e às dificuldadesup up bet 777dar à luz

Esta situação mudou alguns milharesup up bet 777anos atrás. As pessoas se tornaram agricultoras e os esqueletosup up bet 777recém-nascidos tornaram-se bem mais comuns.

'Revolução agrícola'

Se houve um aumento da mortalidadeup up bet 777recém-nascidos nos primórdios da agricultura, certos fatores certamente estiveram envolvidos.

Por exemplo, os primeiros agricultores viviamup up bet 777assentamentos populosos e, por isso, doenças transmissíveis provavelmente se tornaram mais comuns.

Quando uma epidemia atinge certo grupo, os recém-nascidos são especialmente vulneráveis.

Wells eup up bet 777equipe acreditam que a mudança para a agricultura também levou a alterações no desenvolvimento que tornaram mais difícil o parto.

Há um detalhe impressionante que os arqueólogos perceberam ao comparar esqueletosup up bet 777antigos agricultores e seus ancestrais caçadores-coletores.

Os agricultores eram bem mais baixos, provavelmente porque aup up bet 777dieta ricaup up bet 777carboidratos não era nutritiva comparada com a dieta ricaup up bet 777proteínas dos caçadores-coletores.

Combinar este dois fatores com o nascimento humano subitamente se tornou mais difícil 10 mil anos atrás.

Algo parecido com este "efeito da revolução agrícola" reaparece sempre que a alimentação humana se torna pobreup up bet 777nutrientes - especialmente nas dietas que contêm muitos carboidratos e açúcares, o que estimula o crescimento fetal.

"Podemos imaginar que a situação nutricional das mães deve estar associada com mortalidade materna e dificuldadesup up bet 777dar à luz", disse Wells.

As estatísticas sugerem que a melhora da nutrição pode ser um meio fácilup up bet 777reduzir a mortalidade materna.

Dunsworth e Kurki acreditam que Wells identificou algo importante - que só poderia ser evidente para um pesquisador com formaçãoup up bet 777nutrição e desenvolvimento.

Ilustraçãoup up bet 777bebê coroando

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Legenda da foto, Durante a evolução, a vagina adaptou-se para ficar do tamanho que permite a passagem,up up bet 777segurança,up up bet 777um feto maior e mais bem nutrido

Agora temos uma nova explicação para as dificuldades do parto humano. As grávidas se adaptaram a alimentar seus fetos ao máximo antes que ele ficasse grande demais.

A vagina adaptou-se para ficar do tamanho exato que permite que este feto supernutrido viaje por elaup up bet 777segurança.

Equilíbrio delicado

Mudanças alimentares nos últimos milharesup up bet 777anos prejudicaram este equilíbrio delicado, tornando o nascimento perigoso - especialmente para mães com uma dieta pobre.

No entanto, Dunsworth diz que provavelmente este não é o fim da história.

As ideiasup up bet 777Washburn fizeram sentido durante décadas, até Dunsworth, Wells, Kurki e outras cientistas começarem a desconstrui-las.

"E se a perspectiva do EGG for boa demais para ser verdade?" pergunta Dunsworth. "Precisamos continuar pesquisando e colhendo provas."

É exatamente o que outros cientistas estão fazendo.

Por exemplo,up up bet 7772015 Barbara Fischer, do Instituto Konrad Lorenzup up bet 777Pesquisasup up bet 777Evolução e Conhecimentoup up bet 777Klosterneuburg, na Áustria, e Philipp Mitteroecker da Universidadeup up bet 777Viena, também na Áustria, voltaram a analisar a pelvis feminina.

Eles acharam que a hipótese do EGGup up bet 777Dunsworth - embora seja atraente - na verdade seria complementar às ideiasup up bet 777Washburnup up bet 777vezup up bet 777desmenti-las totalmente.

Dunsworth concorda: ela acredita que a evolução do nascimento moderno inclui muitos fatores.

Fischer e Mitteroecker investigaram se há alguma correlação entre o tamanho da cabeça feminina e o da pélvis. Como o tamanho da cabeça é hereditário, mulheres com cabeças maiores naturalmente teriam a pélvis mais larga e mais facilidade no parto.

Mudança da pélvis da mulher

A análiseup up bet 77799 esqueletos indicou que esta relação realmente existe. Eles concluíram então que o tamanho da cabeça da mulher e as dimensões daup up bet 777pélvis devem ter alguma ligaçãoup up bet 777termos genéticos.

"Isto não significa que o problema (do parto) foi resolvido," diz Fischer. Mas seria ainda pior se não houvesse relação entre o tamanho da cabeça e a largura da pélvis.

E ainda há outra complicação: o corpo das mulheres muda à medidaup up bet 777que elas vão envelhecendo.

Em maioup up bet 7772016, um estudoup up bet 777Marcia Ponceup up bet 777León e Christoph Zollikofer da Universidadeup up bet 777Zurique, na Suíça, examinou dados pélvicosup up bet 777275 pessoas - homens e mulheres -up up bet 777todas as idades.

Os pesquisadores concluíram que as dimensões da pélvis mudam durante a vidaup up bet 777uma mulher.

Mãos envolvendo pésup up bet 777bebê

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Legenda da foto, As primeiras dificuldades na gestação e no parto teriam surgido quando os ancestrais do homem passaram a caminhar eretos

O estudo sugere que a pélvis feminina apresenta um formato mais propício ao parto entre os 19 e 26 anos - quando a mulher está no auge da fertilidade.

Os cientistas sugerem que estas mudanças tornam o parto um pouco mais fácil. A teoria foi batizadaup up bet 777"dilema obstétrico do desenvolvimento" (DOD).

Por volta dos 40 anos, a pélvis muda gradualmenteup up bet 777forma para ficar pronta para a menopausa.

Até que ponto o nascimento ainda é um processo que está evoluindo e mudando?

Evoluindo para ter bebês maiores

Em dezembroup up bet 7772016, Fischer e Mitteroecker ganharam destaque com um estudo que abordou a questão.

Estudos anteriores haviam indicado que bebês maiores têm maior chanceup up bet 777sobrevivência e que o tamanho ao nascer éup up bet 777alguma forma hereditário.

Juntos, estes fatores podem aumentar a quantidadeup up bet 777fetos humanos que ultrapassam o tamanho determinado pela pélvis feminina e isso poderia causar mortes nos partos.

Mas muitos bebês nascem por meioup up bet 777cesarianas, uma cirurgia que tira a criança da barriga da mãe sem que ela chegue ao canal vaginal.

Fischer e Mitteroecker sugeriram que, nas sociedades onde a cesariana se tornou mais comum, os fetos podem agora ser "muito maiores" e ainda ter uma chanceup up bet 777sobrevivência razoável.

Uma das consequências é que o númeroup up bet 777mulheres que deram à luz bebês grandes demais para passar pelas suas pélvis aumentou 20%up up bet 777poucas décadas,up up bet 777algumas partes do mundo.

Mais claramente:up up bet 777algumas sociedades as mulheres estão evoluindo para ter bebês maiores.

Por enquanto, tudo isso é teoria. Mas a ideia é intrigante.