Por que vinhosemprego casa de apostasuvas diferentes estão cada vez mais parecidos:emprego casa de apostas

Garrafasemprego casa de apostasvinho

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Os viticultores já conhecem as vicissitudes causadas pelas mudanças climáticas. As temperaturas mais altas têm sido uma bênção nas regiões mais frias, que estão comemorando frutas mais maduras, mas também foram devastadoras para outros lugares.

Ondasemprego casa de apostascalor escaldantes, incêndios florestais e outras calamidades causadas pelo clima já arruinaram colheitas na Europa, América do Norte, Austrália eemprego casa de apostasoutras partes do mundo.

E o anoemprego casa de apostas2020 mostrou que as mudanças climáticas podem prejudicar as uvas sem destruí-las diretamente. Incêndios florestais e temperaturas mais altas podem transformar o sabor do vinho, cuja qualidade eemprego casa de apostasprópria identidade dependem da delicada química das uvas e das suas condiçõesemprego casa de apostascultivo.

Muitos produtores e fabricantesemprego casa de apostasvinho estão cada vez mais preocupados com a perda dos sabores característicos das suas bebidas com as mudanças climáticas, que chegam a arruinar safras inteiras.

"Esta é a grande preocupação", afirma a especialistaemprego casa de apostasvinhos Karen MacNeil, que mora no Valeemprego casa de apostasNapa e é autoraemprego casa de apostasThe Wine Bible ("A Bíblia do Vinho", Ediouro, 2003). "É a pulsação do vinho - relacionada ao seu local."

Para MacNeil, o maior desafio trazido pelas mudanças climáticas à produçãoemprego casa de apostasvinho é a imprevisibilidade. Os produtores costumavam saber quais variedades deveriam cultivar, como plantar, quando colher as frutas e como fermentá-las para produzir um vinhoemprego casa de apostasqualidade consistente. Mas, agora, todas essas etapas estão indefinidas.

Esta percepção cada vez maior está impulsionando os pesquisadores e produtoresemprego casa de apostasvinho a encontrar formasemprego casa de apostaspreservar variedadesemprego casa de apostasuvas apreciadas e suas qualidades próprias frente às condições caprichosas eemprego casa de apostasmutação do mundo atualemprego casa de apostasaquecimento.

Para aprender mais sobre as ameaças à nossa bebida favorita, conversamos com enólogosemprego casa de apostasduas renomadas regiões produtorasemprego casa de apostasvinho: Bordeaux, na França, e a Califórnia, nos Estados Unidos. E, tentando compreender como as mudanças climáticas estão alterando as uvas e vinhos tradicionais, viajamos para a Universidade da Califórniaemprego casa de apostasDavis e para o Valeemprego casa de apostasNapa no finalemprego casa de apostas2021, para conversar com cientistas, viticultores e fabricantesemprego casa de apostasvinho.

Conseguimos ter uma visão internaemprego casa de apostascomo cada etapa da produçãoemprego casa de apostasvinho está se transformando para preservar sabores e aromas desejados - e, claro, provamos muito vinho, desde o mais fino Cabernet Sauvignon até amostras afetadas pela fumaça e pelo calor escaldante.

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Cachosemprego casa de apostasuva

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Legenda da foto, Com o aquecimento do clima nas regiões tradicionaisemprego casa de apostasproduçãoemprego casa de apostasvinho, muitas variedadesemprego casa de apostasuvas estão perdendo suas características e ficando mais parecidas entre si

O vinhoemprego casa de apostasum mundoemprego casa de apostasaquecimento

O aumento das temperaturas vem prejudicando a delicada química das uvas, responsável pelos vinhos premiados. Veja como os produtores, fabricantesemprego casa de apostasvinho e pesquisadores estão trabalhando para preservar o sabor da bebida.

emprego casa de apostas Fileiras redutoras da radiação

Alguns produtores reorientaram suas fileiras para a direção nordeste-sudoeste, para que o sol não atinja diretamente as uvas - o que causa perdaemprego casa de apostassubstâncias como as antocianinas, que dão a cor das uvas tintas.

emprego casa de apostas Tratamentos no vinhedo eemprego casa de apostaslaboratório

Os pesquisadores estão catalogando compostos relacionados ao smoke taint e encontrando formasemprego casa de apostasfiltrá-los. Eles estão ajustando a produçãoemprego casa de apostasvinho para reduzir a perdaemprego casa de apostassabor com o aquecimento global, como tratamentos iônicos que aumentam a acidez.

emprego casa de apostas Colheita e poda

Os produtores podem podar as folhas para reduzir o açúcar das uvas ou colheremprego casa de apostasmanhã cedo para reter a acidez.

emprego casa de apostas Plantioemprego casa de apostasuvas resistentes

Pesquisadores e produtores estão testando novos porta-enxertos para usoemprego casa de apostasvariedades tradicionais, ajudando as plantas a suportar as mudanças climáticas. Os fabricantesemprego casa de apostasvinho estão testando variedadesemprego casa de apostasuvas tolerantes ao calor.

emprego casa de apostas Treliças

A forma como as uvas são fixadas aos fiosemprego casa de apostassustentação afeta a quantidadeemprego casa de apostasluz que atinge as frutas. Treliças com funçãoemprego casa de apostasguarda-chuvas podem evitar que as uvas recebam sol demais.

emprego casa de apostas Filmesemprego casa de apostassombra

Cientistas projetaram filmes que permitem a passagememprego casa de apostasraios que promovem o crescimento e a produção das uvas e bloqueiam espectros que prejudicam o desenvolvimentoemprego casa de apostascompostos aromáticos importantes.

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O gosto das mudanças climáticas

Os extremos climáticos podem matar até as uvas mais resistentes, mas grande parte da ameaça climática é invisível a olho nu: as mudanças químicas das uvas.

A qualidade do vinho, no seu nível mais básico, resume-seemprego casa de apostasatingir o equilíbrio entre três aspectos gerais das frutas: açúcar, ácidos e compostos secundários.

O açúcar acumula-se nas uvas durante a fotossíntese dos vinhedos. Os ácidos decompõem-se à medida que as uvas amadurecem. Já os compostos secundários - basicamente, substâncias químicas que não são essenciais para o metabolismo central da planta - acumulam-se ao longo da estação.

Substâncias chamadas antocianinas dão às uvas tintasemprego casa de apostascor e protegem a planta contra os raios ultravioleta. E outras denominadas taninos dão ao vinho o amargor e a sensação seca e adstringente na boca. Aos vinhedos, eles oferecem proteção contra os animaisemprego casa de apostaspastagem e outras pragas.

Estes três componentes - e, consequentemente, o sabor do vinho - são afetados por inúmeros fatores ambientais, que incluem o tipoemprego casa de apostassolo e os níveisemprego casa de apostaschuva e neblina. Todos esses fatores são englobados pela palavra francesa "terroir".

E o clima (os padrões estabelecidosemprego casa de apostastemperatura e precipitação) forma a maior parte do terroir, segundo Oberholster.

Quando o climaemprego casa de apostasuma região muda, o equilíbrioemprego casa de apostasaçúcar, ácidos e compostos secundários pode ser prejudicado pela alteração da velocidadeemprego casa de apostasque cada um deles se desenvolve ao longo da estaçãoemprego casa de apostascultivo, segundo a bióloga vegetal Megan Bartlett, que estuda viticultura na Universidade da Califórniaemprego casa de apostasDavis.

As uvas, como a maior parte das frutas, decompõem ácidos e acumulam açúcar à medida que amadurecem. Mas, sob temperaturas mais altas, o amadurecimento é sobrecarregado, gerando uvas com sabor doce, similar a passas.

Os fermentos consomem esses açúcares durante a fermentação e expelem álcool,emprego casa de apostasforma que a fermentaçãoemprego casa de apostasuvas mais doces gera vinho com teor alcoólico mais alto. E,emprego casa de apostasfato, o teoremprego casa de apostasálcool dos vinhosemprego casa de apostasregiões quentes como o sul da França vem aumentando.

Essa tendência é indesejável para os consumidores dos vinhos da região, especialmente porque é acompanhada por uma queda da acidez, segundo Cécile Ha, porta-voz do Conselho do Vinhoemprego casa de apostasBordeaux. A acidez gera saboremprego casa de apostasfrutas frescas e garante que os vinhos durem por anos na adega.

Em alguns vinhos, o teoremprego casa de apostasálcool mais alto cria um sabor ardente e mascara os aromas sutis, segundo a cientista alimentar Carolyn Ross, da Universidade do Estadoemprego casa de apostasWashington, nos Estados Unidos. Ela catalogou compostos aromáticos do vinho na publicação Annual Review of Food Science and Technology.

Os vinhos com maior teor alcoólico também costumam ter sabor mais picante. Por isso, à medida que o clima fica mais quente, "você está caminhando cada vez mais para o estilo Zinfandel [uva vinífera popular na Califórnia]", afirma Bartlett. "O que é ótimo se o que o que você quer é Zinfandel. Mas, se você tiver plantado Pinot ou Cabernet, você não tem mais a expressão real da melhor versão daquela variedade."

Se a questão fosse simplesmenteemprego casa de apostasaçúcar e ácidos, a solução seria relativamente simples: colher as uvas mais cedo, antes que elas fiquem doces demais e enquanto elas ainda mantêmemprego casa de apostasacidez. Mas os produtores também querem a formação da mesclaemprego casa de apostascompostos secundários, que cria as camadasemprego casa de apostasaromas fundamentais para vinhosemprego casa de apostasqualidade.

Isso pode forçar os produtoresemprego casa de apostasvinho a escolher entre colher cedo, sem o desenvolvimento completo dos taninos e antocianinas, ou colher mais tarde, quando as uvas estão carregadas desses compostos, mas também estão doces demais.

Se nada for alterado, as mudanças das uvas causadas pelo aumento das temperaturas geram sabores mais maduros, ou "cozidos", no vinho.

MacNeil descreve a progressão desta forma: "[primeiro] cerejas verdes, depois cerejas quase maduras, depois cerejas maduras, depois sucoemprego casa de apostascereja, depois cerejas que foram cozidas no fogão como se fôssemos fazer uma torta, depois cerejas secas que são quase como passas."

Para os vinhosemprego casa de apostaslocais mais quentes, as mudanças climáticas são preocupantes porque há o riscoemprego casa de apostasque eles percam o sensoemprego casa de apostaslocal, à medida que cada vez mais vinhos ficam parecidos com uvas passas. E "todas as passas têm o mesmo gosto", segundo MacNeil.

A faltaemprego casa de apostasdistinção entre os vinhos, causada pelas temperaturas mais altas e pela maior imprevisibilidade do clima, além do aumento dos intercâmbiosemprego casa de apostastécnicasemprego casa de apostascultivo, já está afetando a indústria. Ela dificultou ainda mais a certificação dos mestres sommeliers - um exame difícil e constrangedor, que inclui adivinhar a variedade, o ano e a regiãoemprego casa de apostasum vinho.

"Existem muitas pessoas que são mestres do vinho há mais tempo e mestres sommeliers que afirmam que, se fossem prestar o exame agora, especialmente o exameemprego casa de apostassabor, nunca seriam aprovadas", afirma MacNeil.

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Como o aquecimento do clima altera a química do vinho

emprego casa de apostas Açúcar

As uvas amadurecem com mais rapidez sob temperaturas mais altas, acumulando mais açúcar, o que aumenta o teor alcoólico do vinho.

emprego casa de apostas Ácidos

A acidez, que aumenta o frescor e o sabor do vinho, é reduzidaemprego casa de apostasclimas mais quentes.

emprego casa de apostas Compostos secundários

Pigmentos conhecidos como antocianinas decompõem-se com o calor. Os taninos, importantes para a sensação do vinho na boca, podem não se desenvolver o suficiente se as uvas forem colhidas mais cedo para reduzir o aumento do nívelemprego casa de apostasaçúcar.

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O sabor do fogo

Mas essas mudanças do sabor do vinho são sutisemprego casa de apostascomparação com outro temido impacto climático: o saboremprego casa de apostasfumaça.

Um poucoemprego casa de apostassaboremprego casa de apostasfumaça gerado, por exemplo, pelo envelhecimentoemprego casa de apostasbarris pode melhorar um vinho. Mas estamos falandoemprego casa de apostasum "saboremprego casa de apostascinzeiro muito característico na parte posterior da garganta", como descreve Oberholster, com notas como "Band-Aid" e "de remédio".

Compostos conhecidos como fenóis voláteis, produzidos quando a madeira é queimada, infiltram-se nas uvas e acumulam-se principalmente nas cascas. Esses fenóis unem-se aos açúcaresemprego casa de apostascompostos inodoros chamados glicosídeos - até a fermentação, quando alguns desses fenóis se rompem, fornecendo o sabor distinto e avassalador.

Essa decomposição prossegue no barril, na garrafa e na boca. O sabor é mais pronunciado quando as frutas são imersasemprego casa de apostasfumaça nova,emprego casa de apostasvezemprego casa de apostasfumaça mais antiga.

A experiência é "retronasal", ou seja, o aroma eleva-se para os seios nasais quando o vinho está na língua. Estima-se que 20 a 25% das pessoas não conseguem sentir esse sabor, possivelmente porqueemprego casa de apostassaliva não contém as enzimas que rompem as ligações que liberam as notasemprego casa de apostasfumaça.

Trata-seemprego casa de apostasuma ameaça principalmente para os vinhos tintos, que são fermentados com as cascas das uvas.

O recente surtoemprego casa de apostasintensos incêndios florestais, agravado pelas mudanças climáticas, vem deixando os produtoresemprego casa de apostasNapa ansiosos todos os anos, à medida que se aproxima a colheitaemprego casa de apostasoutono das uvas.

Desde 2017, vem pairando forte fumaça sobre os vinhedosemprego casa de apostasNapa todos os anos. Os viticultores preocupados procuraram Oberholster para pedir orientação e a química fermentou diversos lotesemprego casa de apostasteste expostos a variados níveisemprego casa de apostasfumaça.

No diaemprego casa de apostasque a encontramos, Oberholster nos levou a uma bibliotecaemprego casa de apostasvinho, com capacidade para 24 mil garrafas, no Instituto Robert Mondavi, da Universidade da Califórniaemprego casa de apostasDavis. Ela retira dois tintos do estoque e nos entrega as safrasemprego casa de apostas2020.

Um deles é um vinho com fumaça moderada, produzido com uvas expostas a uma semanaemprego casa de apostasfumaça do incêndio florestal no Valeemprego casa de apostasNapa. O outro é uma fermentação altamente enfumaçada, com uvas que receberam fumaçaemprego casa de apostasum grande complexoemprego casa de apostasincêndios causados por raios logo acima do vinhedo naquele mesmo ano.

Posteriormente, as autoras realizaram um teste cego informal na mesa da cozinhaemprego casa de apostasUla Chrobak,emprego casa de apostasReno (Nevada, Estados Unidos). Em comparação com um Cabernet Sauvignon Kirkland Signature, os vinhos afetados têm uma notaemprego casa de apostasfumaça similar a uma fogueira, que Katarina Zimmer percebe principalmente na formaemprego casa de apostasodor, enquanto Ula também sente uma queimação na parte posterior da garganta.

"Bebendo madeira queimada", anota Ula no seu caderninho, sobre a safra mais enfumaçada.

Plantar uvas mais resistentes

O gostoemprego casa de apostasfumaça é gritante e pode ser percebido até mesmo por amadores como nós. Mas muitos produtores também estão preocupados com as formas mais sutisemprego casa de apostasque as mudanças climáticas ameaçam o sabor e a identidade dos seus produtos.

Vinhedo

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Legenda da foto, Em um clima mais quente, os vinhos costumam ter teor alcoólico mais alto, menos acidez e menos compostos secundários

De prontidão, os produtores e pesquisadores nas regiões mais quentes estão aprendendo como adaptar seus vinhedos,emprego casa de apostasproduçãoemprego casa de apostasvinhos e as próprias bebidas.

Em Bordeaux, por exemplo, o estilo tradicional dos vinhos tintos é encorpado, com fortes aromas frutados e leve rusticidade. Mas a chegada da primavera mais cedo significa que as uvas das variedades tradicionais amadurecem durante o pico do verão e não no outono, gerando grandes quantidadesemprego casa de apostasaçúcar, menos ácidos e alterações indesejáveis dos aromas.

Para identificar os tiposemprego casa de apostasuva mais adaptados aos climas mais quentes, que ainda produzem vinho com aromas típicosemprego casa de apostasBordeaux, a agrônoma Agnès Destrac-Irvine, do Instituto Nacionalemprego casa de apostasAgricultura, Alimentação e Meio Ambiente da França, e seus colegas concluíram recentemente um estudoemprego casa de apostasuma década sobre 52 variedadesemprego casa de apostasoutras regiões.

Trabalhando com produtoresemprego casa de apostasvinhos, eles encontraram quatro tiposemprego casa de apostasvinho tinto e doisemprego casa de apostasvinho branco que atendem às exigências.

E,emprego casa de apostasdecisão inovadora, as autoridades francesas - que há muito tempo permitiam apenas o cultivoemprego casa de apostasseis variedades tradicionaisemprego casa de apostasuvas tintas e oitoemprego casa de apostasuvas brancas - autorizaram formalmenteemprego casa de apostas2021 os produtoresemprego casa de apostasvinhoemprego casa de apostasBordeaux a experimentar as novas variedades, desde que elas não representem maisemprego casa de apostas10% do produto final.

Essas novas ferramentas oferecem aos produtoresemprego casa de apostasvinho opções para equilibrar os efeitos das mudanças climáticas sobre os blendsemprego casa de apostasBordeaux, segundo Destrac-Irvine. Uma delas, a variedade francesa Arinarnoa, pode aumentar os níveisemprego casa de apostasacidez e tanino, enquanto outra, a portuguesa Touriga Nacional, pode elevar os poderosos aromas da fruta escura que as variedades sensíveis ao calor podem perder.

"Se você tiver mais cores, pode haver mais possibilidadesemprego casa de apostaspintura", afirma Ha.

Mas a aprovação das seis variedades escolhidas é apenas experimental. Em Bordeaux, onde os viticultores vêm cuidando das uvas há cercaemprego casa de apostas2 mil anos, a ideiaemprego casa de apostasnovas variedades é assustadora, segundo o fisiologista vegetal Gregory Gambetta, da Bordeaux Sciences Agro (a Escola Superior Nacionalemprego casa de apostasCiências Agronômicasemprego casa de apostasBordeaux) e do Institutoemprego casa de apostasCiência do Vinho e da Uva da Universidadeemprego casa de apostasBordeaux.

Afinal, as variedades tradicionais estão tão entrelaçadas com a cultura e a história da região que, "francamente, seria muito melhor se pudéssemos adaptar o sistema usando outros instrumentos", afirma ele.

É exatamente isso que Gambetta e outros pesquisadores estão tentando fazer: estudar como adotar técnicasemprego casa de apostasenxerto para cultivar uvas à provaemprego casa de apostasmudanças climáticas, usando diferentes porta-enxertos - que,emprego casa de apostasqualquer forma, normalmente já sãoemprego casa de apostasuma variedade diferente.

Os porta-enxertos (também conhecidos na agricultura como "cavalos") controlam a resistência geral e o consumoemprego casa de apostaságua da planta. Se eles forem selecionados para tolerar o mundoemprego casa de apostasaquecimento, a variedade cultivada - que determina a química única e o sabor das uvas - pode ainda ser usada e desenvolver-se.

Em um dia quenteemprego casa de apostassolemprego casa de apostasnovembroemprego casa de apostas2021, o especialistaemprego casa de apostasviticultura Kaan Kurtural, da Universidade da Califórniaemprego casa de apostasDavis, leva-nos a um canteiroemprego casa de apostasuvas no Vinhedo Experimentalemprego casa de apostasOakville, no Valeemprego casa de apostasNapa. Ele fica entre montanhas cobertasemprego casa de apostasflorestas, pertoemprego casa de apostasvinhedos comerciais.

Desde 2016, Kurtural e seus colegas vêm monitorando 16 combinações exclusivasemprego casa de apostasporta-enxertos e clonesemprego casa de apostasCabernet Sauvignon para verificar quais combinações são mais resistentes a condições estressantes, como ondasemprego casa de apostascalor e seca, mantendo a produçãoemprego casa de apostasuvas Cabernet Sauvignonemprego casa de apostasalta qualidade.

Alguns dos enxertos experimentais - incluindo um deles com um porta-enxerto francês chamado 420A - claramente estavam murchos e, depoisemprego casa de apostasapenas cinco anos, alguns já estavam mortos. Mas outros, incluindo os que usaram o porta-enxerto austríaco Kober 5 BB e os franceses 3309 Couderc e 110 Richter, pareciam mais fortes e folhosos.

Andy Beckstoffer, importante viticultoremprego casa de apostasNapa que está trabalhando com Kurturalemprego casa de apostasum teste similaremprego casa de apostasum dos seus próprios vinhedos, acredita que os resultados serão uma bênção para o Cabernet Sauvignon nos próximos anos.

"Esperamos que surjam novas combinações resistentes às mudanças climáticas que também melhorem a qualidade dos vinhos", afirma ele.

Os produtoresemprego casa de apostastodo o mundo já estão mudando suas práticas tradicionais para compensar os efeitos do aquecimento global. As uvas muitas vezes são colhidas mais cedo para evitar o amadurecimento excessivo e, nas regiões sujeitas a incêndios, para evitar o pico da estaçãoemprego casa de apostasincêndios florestais e o saboremprego casa de apostasfumaça.

Os trabalhadoresemprego casa de apostasBordeaux agora correm para colher as uvasemprego casa de apostasmanhã cedo, quando a acidez é mais alta, e podam os arbustos para controlar a produçãoemprego casa de apostasaçúcar.

Na estaçãoemprego casa de apostaspesquisaemprego casa de apostasOakville, Kurtural mostra um experimento atrás do outro para pesquisar os efeitosemprego casa de apostasdiferentes práticasemprego casa de apostasviticultura, incluindo uma gramínea que absorve carbono e pode ser cultivada entre as fileiras, alémemprego casa de apostasvideiras amarradas a fiosemprego casa de apostasdiversos estilosemprego casa de apostastreliça.

Felizmente, para lugares como a Califórnia, atormentada pela seca, a solução não é simplesmente oferecer mais água. Suas pesquisas indicam que os vinhos mais equilibrados e aromáticos vêmemprego casa de apostasuvas sob tensãoemprego casa de apostaságua suave e constante. Uma melhor abordagem pode ser reduzir a exposição ao sol.

"Algumas regiões do espectro podem ser prejudiciais, como o infravermelho próximo", explica Kurtural. Elas podem aquecer a planta e as frutas.

No vinhedo, ele nos leva a um canteiroemprego casa de apostasuvas Cabernet Sauvignon que passaram as duas últimas estações embaixoemprego casa de apostasfilmes que formam sombra, como se fossem guarda-sóis. Os filmes retardam o processoemprego casa de apostasamadurecimento e, aparentemente, não afetam a quantidadeemprego casa de apostasuvas produzida pelas videiras.

Chegamos a provar a diferença na mesma viagem,emprego casa de apostasuma conferência sobre a pesquisa do vinho na Universidade da Califórniaemprego casa de apostasDavis.

Ali, Lauren Marigliano - uma das alunasemprego casa de apostasgraduaçãoemprego casa de apostasKurtural - apresentou uma análise química das uvas totalmente expostas ao sol ou protegidas por diferentes tiposemprego casa de apostassombra. Em seguida, ela forneceu amostrasemprego casa de apostasvinhoemprego casa de apostastrês tratamentos para a audiênciaemprego casa de apostaspesquisadores, viticultores e fabricantesemprego casa de apostasvinho.

À nossa volta, profissionais giravam suas taças, cheiravam, tomavam goles e depois cuspiamemprego casa de apostaspequenos baldesemprego casa de apostasplástico. Nós observávamos suas técnicas e os imitávamos cuidadosamente.

O primeiro vinho era bem amargo, enquanto o segundo tinha sabor menos complexo. Um especialista ao nosso lado afirmou que ele infelizmente "tem arestas".

Gostamos mesmo foi do terceiro, que tem um aromaemprego casa de apostasfrutas mais intenso e sabor mais suave. Os participantes o aprovaram, murmurando que ele era "redondo".

Ocorre que esse vinho "redondo" veioemprego casa de apostasuvas cultivadas sob um filme protetor que bloqueou cercaemprego casa de apostas30% do infravermelho próximo, os comprimentosemprego casa de apostasonda mais responsáveis pela transmissãoemprego casa de apostascalor.

Ao resfriar as uvas, o filme permitiu que elas acumulassem maiores concentraçõesemprego casa de apostasantocianinas sensíveis ao calor que as uvas da primeira e da segunda amostra. Uma delas foi cultivada com um filme protetor menos eficiente, que bloqueou outro conjuntoemprego casa de apostascomprimentosemprego casa de apostasonda, e a outra sem nenhum filme.

O filme vencedor permitiu ainda a passagememprego casa de apostasluz suficiente para acúmulo dos compostos dependentes do sol, criando um vinho tinto mais completo e encorpado, segundo explicou Marigliano à audiência.

Mas nem sempre é econômico para os agricultores instalar longos filmes sobre suas fileirasemprego casa de apostasuvas, especialmenteemprego casa de apostasterrenos maiores. É quando entraemprego casa de apostasjogo a treliça.

Durante nossa visita ao vinhedo experimental, Kurtural paraemprego casa de apostasum ponto para indicar uma fileiraemprego casa de apostasvinhas serpenteando ao longoemprego casa de apostasum único fio suspenso no alto. Ele explica que este estiloemprego casa de apostastreliça funcionaemprego casa de apostasforma similar a um bom filme protetor, permitindo que as próprias folhas das videiras protejam as frutas.

Práticas como filmes protetores e treliçasemprego casa de apostasproteção das uvas são principalmente limitadas à Austrália, América do Sul, Israel e Espanha. Mas, "agora, com as mudanças climáticas, existem cercaemprego casa de apostas30 anosemprego casa de apostasboas pesquisas sobre a viticulturaemprego casa de apostasclima quente que,emprego casa de apostasrepente, passaram a ser relevantes para locais como a Borgonha e Beaujolais [na França], Alemanha, Napa e Sonoma [na Califórnia]", afirma Steve Matthiasson, produtoremprego casa de apostasvinho do Valeemprego casa de apostasNapa que adotou os tecidos protetores.

Matthiasson também plantou suas uvasemprego casa de apostasorientaçãoemprego casa de apostasnordeste para sudoeste,emprego casa de apostasforma que o sol brilhe diretamente sobre as videiras, deixando as frutas protegidas pelas folhas. "Napa era uma regiãoemprego casa de apostascultivoemprego casa de apostasclima fresco uma geração atrás", afirma ele, surpreso.

Solucionando os impactos do clima sobre o vinho

Mesmo as uvas mais resistentes nem sempre conseguem suportar o calor extremo e a fumaça. Por isso, os pesquisadores e produtoresemprego casa de apostasvinho também estão desenvolvendo formasemprego casa de apostastrabalhar com safras afetadas pelo clima e ainda produzir vinhos "redondos".

Oberholster calcula que muitas das uvas que não foram colhidas após os intensos incêndios da Califórniaemprego casa de apostas2020 ainda poderiam ter produzido bons vinhos. Por isso, ela incentiva os viticultores a fazer "fermentaçõesemprego casa de apostasbalde",emprego casa de apostaspequena escala, poucas semanas antes da colheita para testar o gostoemprego casa de apostasfumaça, já que a fermentação libera esses fenóis com gostoemprego casa de apostascinzeiro.

Mesa com vinho e pizza

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Legenda da foto, O clima local traz profundos efeitos para o aroma e o sabor do vinho

Os produtores podem então enviar uma amostra do vinho para um laboratório, para que ele próprio analise e prove os microlotes. Eles poderão detectar alterações que um laboratório comercial não encontraria, já que os laboratórios verificam apenas um conjunto limitadoemprego casa de apostascompostos e poderiam concluir que um vinho está bom quando não está.

Oberholster acrescenta que adoçar o vinho defumado com um poucoemprego casa de apostasconcentradoemprego casa de apostasuva também pode ajudar. Isso faz com que o açúcar adicional impeça que as enzimas da boca liberem os fenóis.

Uma solução ainda melhor seria remover completamente os fenóis, mas os tratamentos atuais, que incluem carvão ativado e osmose reversa, são dirigidos a uma ampla variedadeemprego casa de apostascompostosemprego casa de apostasfumaça. Por isso, inevitavelmente, eles também irão retirar alguns aromas desejáveis.

Por isso, Oberholster está selecionando enzimas usadas nas indústriasemprego casa de apostasalimentos e bebidas para encontrar aquelas que podem ajudar a decompor os compostos indesejados do vinho e facilitaremprego casa de apostasretirada por filtragem.

E métodosemprego casa de apostascombinaçãoemprego casa de apostasvinhos também podem ajudar. Beckstoffer afirma, por exemplo, que suas uvas atingidas pela fumaçaemprego casa de apostas2020 foram fermentadas e, quando misturadas com vinhos sem fumaça, "podem não valer US$ 200 por garrafa, mas muitas delas podem encher uma garrafaemprego casa de apostasvinhoemprego casa de apostasUS$ 40".

Já Matthiasson mistura as variedades cuidadosamente para equilibrar os sabores. Ele colhe Cabernet Sauvignon no início da estação para preservar a acidez, o que também significa que as uvas têm menos riqueza na língua e no meio do palato. Por isso, ele mistura uvas Petit Verdot para alimentar o palato e Cabernet Franc para compensar a faltaemprego casa de apostasaromas herbáceos.

Ele também plantou uma reservaemprego casa de apostasemergência da variedade Sagrantino - "com 20 anosemprego casa de apostasestrada" - que é ricaemprego casa de apostastaninos, que as uvas Cabernet Sauvignon perdem durante as noites mais quentes.

O aumento das temperaturas ameaça o estilo preferidoemprego casa de apostasMatthiasson: vinhos com teoremprego casa de apostasálcool mais baixo e maior acidez que a maioria dos vinhos encorpados que são populares atualmente. Mas ele não acha que seja inevitável ter vinho com gostoemprego casa de apostaspassasemprego casa de apostastodos os lugares.

Na verdade, existem estudos que indicam que grande parte do crescimento dos vinhos mais fortes e doces é uma escolha orientada pelos viticultores e pela demandaemprego casa de apostasmercado, não só pelo aquecimento global.

"Fico muito frustrado quando vejo produtoresemprego casa de apostasvinho usarem as mudanças climáticas como desculpa para vinhos maduros demais, ricos e frutados quando não é o caso", afirma Matthiasson.

E a produçãoemprego casa de apostasvinho também está usando a alta tecnologia para adaptar-se às mudanças climáticas.

Na França, a microbióloga Fabienne Remize, da Universidadeemprego casa de apostasMontpellier, produziu cepasemprego casa de apostaslevedura inovadoras que produzem menos álcool durante a fermentação, para superar a questão do excessoemprego casa de apostasaçúcar.

Cientistas também desenvolveram um processoemprego casa de apostaseletrodiálise que pode aumentar a acidez do vinho removendo íons como potássio. Este método já foi adotado por produtoresemprego casa de apostasvinho da França, Marrocos e Espanha.

O futuro do vinho

A grande questão para os vinhos que sofrem com as mudanças climáticas e as adaptações a serem desenvolvidas pelos pesquisadores e produtores, naturalmente, é: as pessoas continuarão a comprar e degustar vinho?

Uma das lições mais surpreendentes das pesquisasemprego casa de apostasmercado é esse gosto pelos vinhos encorpados e frutados, observado por Kurtural e Gambetta.

Em um estudo sobre vinhos tintosemprego casa de apostasNapa e Bordeaux, eles concluíram que as avaliações dos vinhos, na verdade, vêm crescendo nos últimos 60 anos, mesmo com o aquecimento daquelas regiões. Para eles, as conclusões parecem contradizer as previsões anterioresemprego casa de apostasque a qualidade chegaria ao pico a uma temperatura médiaemprego casa de apostas17,3 °C na estaçãoemprego casa de apostascultivo, que as duas regiões já ultrapassaram há muito tempo.

Kurtural e Gambetta ainda observam que podemos estar atingindo um momento crítico,emprego casa de apostasque as temperaturas mais altas eliminam os compostos secundários além da capacidade dos produtoresemprego casa de apostasadaptar-se. "Francamente, não sabemos qual é o ideal", afirma Gambetta. "Precisamosemprego casa de apostasmelhores ferramentas e melhores análises para descobrir o quanto é demais."

Já Matthiasson acredita que os vinhos finos superarão o aquecimento global. Com seus tecidos protetores, técnicasemprego casa de apostascombinação e a reservaemprego casa de apostasemergênciaemprego casa de apostasSagrantino, ele está pronto para o que vier.

"Acho que conseguiremos nos adaptar", afirma ele. "A curto prazo, nossa velocidadeemprego casa de apostasaprendizado é maior que a das mudanças climáticas."

* Ula Chrobak é jornalista freelancer especializadaemprego casa de apostasciênciasemprego casa de apostasReno,emprego casa de apostasNevada (Estados Unidos).

Katarina Zimmer é jornalista freelancer especializadaemprego casa de apostasciência e meio ambienteemprego casa de apostasNova York, nos Estados Unidos.

Este artigo foi publicado originalmente na revista jornalística independente Knowable, da editora norte-americana Annual Reviews, e republicado pelo site BBC Future sob licença Creative Commons. Leia a versão original (em inglês).

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