Pelé alimentou sonhonúmero galera betBrasil potência e projetou negros no mundo, diz autor:número galera bet

Em foto preto e branco, Pelé sorri, com casaco do Brasil

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Depois do que Pelé fez na Copanúmero galera bet1958, ninguém mais ousou contestar a presençanúmero galera betnegros na seleção, diz o jornalista Marcos Guterman

Ele afirma que o Brasil pretendia sediar a Copa seguinte,número galera bet1942, mas os planos só foram concretizadosnúmero galera bet1950, já que duas edições do torneio foram canceladas por causa da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

"O Brasil fez o Maracanãnúmero galera bettempo recorde e tinha uma ideianúmero galera betpaís que poderia deixarnúmero galera betser marginal, deixarnúmero galera betser eternamente colônia para se tornar protagonista, e o futebol foi o veículo dessa afirmação nacional", afirma Guterman.

Com a classificação do Brasil para a final do torneio, a profecia parecia pertonúmero galera betse realizar. Mas a vitória não veio: num dos eventos mais traumáticos da história do esporte brasileiro, a seleção perdeu o último jogo do campeonato para o Uruguai, por 2 a 1.

A derrota ganhou até apelido, Maracanaço,número galera betreferência ao estádio que recebeu a partida.

O resultado golpeou o ufanismo nacional, diz Guterman. Mas mais do que isso: a derrota gerou reações racistas entre a população.

Fotonúmero galera betpreto e branco mostra jogadores lado a lado no campo, aparentemente posando para foto

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Seleção brasileira na Copanúmero galera bet1958; Pelé é o terceiro, da esquerda para a direita da foto

Em O Negro no Futebol Brasileiro, clássico da literatura esportiva nacional, lançadonúmero galera bet1964, o jornalista Mário Filho diz que Barbosa, Juvenal e Bigode - três atletas negros - levaram injustamente a culpa pela derrota do Brasil na final.

"Os negros padeceram muito nesse períodonúmero galera betcaça às bruxas. Alguns diziam que havia negros demais na seleção, o que condenava o time ao fracasso", diz Guterman.

Quatro anos depois, poucos negros foram convocados para a seleção que jogou a Copanúmero galera bet1954. Visualmente, aquele time lembrava as primeiras equipes brasileiras a disputar torneiosnúmero galera betfutebol, nos anos 1910 e 1920, quando vários jogadores eram filhosnúmero galera betimigrantes europeus.

Até que um jovemnúmero galera bet17 anos chamado Pelé foi convocado para a seleção que disputaria a Copanúmero galera bet1958, na Suécia.

"Pelé tinha acabadonúmero galera betcomeçar no Santos e foi grande protagonista na Copa, fazendo um gol espetacular na decisão e sendo coroado como rei do futebol - primeiro pelo (escritor) Nelson Rodrigues e, depois, pelo mundo", diz Guterman.

Depois do que Pelé fez na Copanúmero galera bet1958, ninguém mais ousou contestar a presençanúmero galera betnegros na seleção, conta o jornalista.

Para Guterman, Pelé representa "uma espécienúmero galera betredenção dos negros na seleção brasileira" - mas também uma redenção dos negros brasileirosnúmero galera betgeral.

O jornalista lembra que, alémnúmero galera better sido o primeiro a conceder o títulonúmero galera bet"rei" a Pelé, Nelson Rodrigues exaltou a identidade negra do atleta.

"Nelson Rodrigues africaniza o Pelé, não trata o Pelé como um cara qualquer, ele é um negro africano com todanúmero galera betmajestade, como se fosse um príncipe africano", diz.

Não que Pelé tenha sido o primeiro negro a se destacar no futebol brasileiro - antes dele houve craques como Leônidas da Silva e Friedenreich, por exemplo.

"Mas nenhum teve a dimensão do Pelé, ele claramente projeta a raça", diz Guterman.

Retratonúmero galera betPelé olhando para o lado

Crédito, AFP/Getty Images

Legenda da foto, Para o jornalista, Pelé parecia evitar a associação entre ser negro e ser bomnúmero galera betfutebol

Mas o sucessonúmero galera betPelé não foi capaznúmero galera betpôr fim ao racismo no Brasil - além de, paradoxalmente, ter reforçado a noçãonúmero galera betque o esporte é um dos poucos meios para a ascensão dos negros no Brasil, diz Guterman.

O próprio Pelé, segundo o jornalista, se incomodava com essa associação.

"Ele sempre foi muito cobrado por não ter abraçado a causa negra como, por exemplo, o (boxeador americano) Mohammed Ali, mas me parece que ele a evitou porque não queria reforçar a associação entre ser negro e ser bomnúmero galera betfutebol. Ele era bom, ponto, e ser negro não fazia diferença", diz.

Da mesma maneira, as três Copas que o Brasil ganhou quando Pelé era profissional (1958, 1962, 1970) não foram acompanhadas por uma ascensão do país ao rol das potências globais, diz Guterman.

"Naquela época realmente acreditávamos que dava pra desenvolver 50 anosnúmero galera bet5, como dizia Juscelino Kubitschek. Daí veio 1964", diz o jornalista, referindo-se ao golpe militar que manteve o Brasil sob um regime ditatorial até 1985.

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