Morre Pelé: o jogo que deu ao craque o títulopalpites copa do mundo 26 11'rei'palpites copa do mundo 26 11crônicapalpites copa do mundo 26 11Nelson Rodrigues:palpites copa do mundo 26 11
Dos quatro gols que Pelé meteu no goleiro Pompeia, um deles chamou a atenção do cronista. Aquelepalpites copa do mundo 26 11que o craque, antespalpites copa do mundo 26 11encaçapar a bola, dribla o primeiro, entorta o segundo e corta o terceiro zagueiro. "Até que chegou um momentopalpites copa do mundo 26 11que não havia mais ninguém para driblar. Não existia uma defesa. Ou por outra: a defesa estava indefesa", gracejou o jornalista.
Na crônica, Nelson confessa ter tomado um susto ao descobrir a idadepalpites copa do mundo 26 11Pelé: 17 anos! "É um menino, um garoto. Se quisesse entrar num filme da Brigitte Bardot, seria barrado", escreveu na coluna "Meu personagem do ano",palpites copa do mundo 26 11janeiropalpites copa do mundo 26 111959. "Mas, reparem: é um gênio indubitável! Pelé podia virar-se para Michelangelo, Homero ou Dante e cumprimentá-los com íntima efusão: 'Como vai, colega?'".
Para descrever o que viu naquela noitepalpites copa do mundo 26 11quarta-feira, Nelson abusou dos adjetivos: "grande", "perfeito", "fabuloso", "imbatível", "incomparável'... Ao seu lado na arquibancada, um torcedor americano também não economizou palavras: "Vá jogar bem assim no diabo que o carregue!".
Três meses depois da publicação da profética crônica, a primeira a chamar Pelépalpites copa do mundo 26 11rei, o craque e a seleção brasileirapalpites copa do mundo 26 11futebol foram coroados campeões do mundo na Copa do Mundo da Suécia.
Em 1975, quando o craque já vestia a camisa do Cosmos, Nelson declarou: "Perguntem a qualquer zebrapalpites copa do mundo 26 11Jardim Zoológico: 'Qual é o maior jogador do mundo?'. Todas as zebras dirão, numa cálida unanimidade: 'Pelé'". E concluiu: "Do esquimó ao chinês, do russo ao alemão, do patagônio ao egípcio, todos acham que Pelé realmente é o grande craque do presente, do passado e do futuro".
Súditos literários
Nelson Rodrigues não foi o único a tecer elogios ao talentopalpites copa do mundo 26 11Pelé. Ao longo das décadas, outros autores,palpites copa do mundo 26 11diferentes estilos e gerações, escreveram contos, poemas e até romances, prestando homenagem ao "jogador mais completo que já existiu", como diria Ruy Castro.
Do poeta mineiro Carlos Drummondpalpites copa do mundo 26 11Andrade (1902-1987) — "O difícil, o extraordinário, não é fazer mil gols, como Pelé. É fazer um gol como Pelé" —, autorpalpites copa do mundo 26 11Quando É Diapalpites copa do mundo 26 11Futebol (2014), ao cronista gaúcho Luís Fernando Veríssimo — "Pelé era bom até amarrando a chuteira" —,palpites copa do mundo 26 11Time dos sonhos - Paixão, Poesia e Futebol (2010).
Todo craque das letras tem seu lance favorito. O do escritor mineiro Mário Prata, autorpalpites copa do mundo 26 11Paris, 98! (2005), sobre a Copa do Mundo da França, é "totalmente desconhecido". Pelé devia ter 12 anos e jogava no Baquinho, o time infantilpalpites copa do mundo 26 11Bauru, clube do interiorpalpites copa do mundo 26 11São Paulo onde o garoto deu seus primeiros dribles.
Em um jogo, relata Prata, Pelé recebeu a bolapalpites copa do mundo 26 11costas para o gol adversário e, sem olhar para trás, deupalpites copa do mundo 26 11calcanhar nela. Conclusão? A bola foi no ângulo. No intervalo, o técnico deu uma bronca daquelas no moleque: "Ó, meu, você não precisava ter feito aquilo. A chancepalpites copa do mundo 26 11errar era grande. Tinha espaço para virar e chutarpalpites copa do mundo 26 11frente". Pelé respondeu: "O senhor tem razão. Eu não estava vendo o gol deles. Mas estava vendo o nosso", reproduz Prata.
O lance predileto do escritor paulista Ignáciopalpites copa do mundo 26 11Loyola Brandão, autorpalpites copa do mundo 26 11É Gol, incluído na antologia 22 Contistaspalpites copa do mundo 26 11Campo (2006), foi o gol que Pelé marcou no Estádio do Juventus,palpites copa do mundo 26 11São Paulo, no dia 2palpites copa do mundo 26 11agostopalpites copa do mundo 26 111959. O jogo terminoupalpites copa do mundo 26 11goleada: 4 a 0 para o Santos. "Nunca vi um gol tão narrado, descrito, comentado, discutido, aplaudido, idolatrado, mitificado. Não vi aquele gol. Mas todos viram. O estádio tem capacidade para 4.000 torcedores. Porém, naquela tarde, devem ter estado ali cercapalpites copa do mundo 26 11200 mil. Mais do que o Maracanã,palpites copa do mundo 26 111950", ironiza.
O escritor amazonense Milton Hatoum também cita um gol comopalpites copa do mundo 26 11jogada magistral do rei do futebol. "Pelé fez dezenaspalpites copa do mundo 26 11gols incríveis. Um dos mais belos foi o que fez contra a Suécia", elege, voltando no tempo até a Copapalpites copa do mundo 26 111958. Ele próprio narra a jogada: um jogador faz um longo cruzamento para a área. Pelé domina a bola, dá um chapéu num zagueiro e, sem deixar a bola tocar no gramado, chuta no canto direito do goleiro. "Um gol histórico", define. "Infelizmente, o Brasil não celebra seus verdadeiros mitos e heróis".
Já o jornalista paulista Juca Kfouri, autorpalpites copa do mundo 26 11diversos livros sobre futebol, como Meninos Eu Vi... (2003), entre outros, escolhe não um gol, como Prata, Loyola ou Hatoum, mas uma tentativapalpites copa do mundo 26 11gol. O chute do meio-campo contra a Tchecoslováquia, na Copapalpites copa do mundo 26 111970. "Embora tenha virado o gol que só ele não fez, depoispalpites copa do mundo 26 11ter sido por anos o gol que Pelé não fez, o fato é que ninguém tinha tentado antes", explica.
O escritor mineiro Luiz Ruffato, que organizou Entre as Quatro Linhas (2013), antologiapalpites copa do mundo 26 11contos sobre o futebol, também é escalado para apontar seu lance predileto do atleta do século. "Pode ser meio óbvio, mas o lance mais bonito foi o primeiro gol na final da Copa do Mundopalpites copa do mundo 26 111970, contra a Itália". Tostão bate o lateral para Rivelino que, num único toque, coloca a bola na cabeçapalpites copa do mundo 26 11Pelé. Gol!
"Recordo os gritospalpites copa do mundo 26 11felicidade das pessoas do meu bairro, gente pobre que trabalhava nas fábricaspalpites copa do mundo 26 11tecido, e que, naquele momento, sentiam-se reis como Pelé. Eu era menino, tinha nove anos, mas, até hoje, me emociono quando me lembro dessa partida...", confessa.
De artista a criador
Para quatro escritores, o lance mais bonitopalpites copa do mundo 26 11todos os tempos do melhor jogadorpalpites copa do mundo 26 11futebol da história não foi um gol, mas um drible. O clássico driblepalpites copa do mundo 26 11corpo no goleiro do Uruguai, Ladislao Mazurkiewicz (1945-2013), na semifinal da Copapalpites copa do mundo 26 111970, no México. "Um drible poucas vezes visto", observa o escritor carioca Carlos Eduardo Novaes, autor da crônica O Rei da Superstição, da antologia Onzepalpites copa do mundo 26 11Campo e um Bancopalpites copa do mundo 26 11Primeira (1998). "Visãopalpites copa do mundo 26 11jogo e raciocínio rápidopalpites copa do mundo 26 11quem sabe o que fazerpalpites copa do mundo 26 11campo".
Antespalpites copa do mundo 26 11escolher seu lance favorito, o escritor catarinense Cristovão Tezza faz questãopalpites copa do mundo 26 11revê-lo "pela milésima vez". "É um lance 'conceitual'", diz. "Tão bonito que a ausênciapalpites copa do mundo 26 11gol passou a ser irrelevante", afirma o autorpalpites copa do mundo 26 11Uma Questão Moral, conto incluído na coletânea Entre as Quatro Linhas,palpites copa do mundo 26 11Luiz Ruffato.
Autorpalpites copa do mundo 26 11Os Cabeçaspalpites copa do mundo 26 11Bagre Também Merecem o Paraíso (2001), entre outros livros sobre futebol, o escritor e roteirista santista José Roberto Torero também vota no drible sem bolapalpites copa do mundo 26 11Pelépalpites copa do mundo 26 11Mazurkiewicz. "Foi um drible totalmente novo, que nunca tinha sido visto antes. Naquele instante, Pelé deixoupalpites copa do mundo 26 11ser um artista para se tornar um criador. Fez uma obra-prima, mas uma obra-prima mesmo, algo que nunca havia sido feito antes", justifica seu voto.
O escritor e jornalista mineiro Sérgio Rodrigues gosta tanto do lance que dedicou a ele não uma crônica ou um conto, mas um romance, O Drible (2013). No livro, os nove segundos da jogada são descritospalpites copa do mundo 26 11seis páginas. "Além da espantosa capacidadepalpites copa do mundo 26 11fabulação futebolística, da criação instantâneapalpites copa do mundo 26 11um evento inédito que altera as próprias coordenadaspalpites copa do mundo 26 11tempo e espaço do jogo, o que eu vejo nesse lance é uma permanência garantida justamente porpalpites copa do mundo 26 11inconclusão. Se tivesse resultadopalpites copa do mundo 26 11gol, seria lindo, mas tranquilizador. Como a bola não entrou, vai queimar nossos olhos para sempre", garante.
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