4 fatores que impedem que Brasil vire potência no turismo apesar do potencial:thorcasino

Cataratas do Iguaçu

Crédito, Arterra/Universal Images Group via Getty Images

Legenda da foto, As Cataratas do Iguaçu representam apenas um dos grandes ativos do turismo brasileiro, mas país segue com números modestos para o potencial

O Brasil não figura nem na lista da Organização MundialthorcasinoTurismo dos 50 países com mais chegadasthorcasinoturistas.

Os dados são relativos a 2019, ou seja, antes da chegada da pandemiathorcasinocovid. Em todo o mundo, o setor sofreu fortemente os impactos da quarentena e tenta agora ensaiar uma recuperação.

Para efeitothorcasinocomparação, uma única localidade do Vietnã, a BaíathorcasinoHa Long, recebeu quase o equivalente aos números totais do Brasil: 6,2 milhões,thorcasinoacordo com o Euromonitor. O Vietnã, como um todo, contabiliza 18 milhõesthorcasinoviajantes internacionais anualmente.

Outro exemplo, ethorcasinomaior proximidade, é o México.

De limitações socioeconômicas como o Brasil, o país se firmou como um dos mais importantes destinos do turismo mundial, com 45 milhõesthorcasinoturistas estrangeiros.

Calçadão no RiothorcasinoJaneiro

Crédito, Tomaz Silva/Agência Brasil

Legenda da foto, Apesarthorcasinotrunfos como o RiothorcasinoJaneiro, uma metrópole com belezas naturais, númerothorcasinovisitantes internacionais no Brasil é pequeno se comparado a países como Vietnã e Tailândia

Os mexicanos são muito beneficiados pela proximidade com os Estados Unidos, mas deram prioridade ao setor emthorcasinoestratégia econômica na última década, segundo observa relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento (OCDE).

Comparações podem ser relativizadas pelas condições específicas dos países, mas o mercado brasileiro, com trunfos turísticos bem conhecidos como o RiothorcasinoJaneiro e as Cataratas do Iguaçu e dezenasthorcasinolugares com grandes possibilidadesthorcasinodesenvolvimento, está claramente aquém do seu potencial.

Isso é admitidothorcasinoum relatório do governo federal.

"O Brasil não faz parte das rotas do turismo global", diz uma análise feita pela Secretaria EspecialthorcasinoProdutividade e Competitividade, vinculada ao Ministério da Economia, no ano passado.

O texto cita que "no Brasil, 93% dos visitantes são locais" e "[em 2019] a participação no PIB erathorcasino7,7% e com alta empregabilidade, mas com um crescimento estagnado".

A permanênciathorcasinovelhos problemas e o aparecimentothorcasinonovos levam o Brasil a deixarthorcasinoaproveitar um setor que poderia ter um impacto positivothorcasinoforma considerável na economia, na melhoria dos serviços, na conservação dos espaços nas cidades, entre outros ganhos.

Para Alexandre Panosso Netto, coordenadorthorcasinopós-graduaçãothorcasinoTurismo da UniversidadethorcasinoSão Paulo (USP) e um dos autores da pesquisa, esse caminhothorcasinodesenvolvimento não se torna uma política sériathorcasinoEstado por algumas razões.

"A concorrênciathorcasinovárias áreas e a incompreensão dos pontos positivos do turismo como vetor e alavancathorcasinoinclusão social,thorcasinovalorização da cultura ethorcasinodiversificaçãothorcasinopensamentos e aprendizado".

Museu do Amanhã, no Rio

Crédito, Tânia Rêgo/Agência Brasil

Legenda da foto, Museu do Amanhã tornou-se uma das principais atrações turísticas do Rio

"O turista estrangeiro gastava por voltathorcasinoUS$ 110 por dia no Brasil até a pandemia. Em 2019 foi por voltathorcasinoUS$ 6 bilhões que os estrangeiros trouxeram ao país. Então dobrar ou triplicar o númerothorcasinovisitantes representaria dobrar ou triplicar esse montante."

O mercadothorcasinotrabalho também teria a ganhar com o turismo.

"Não é só financeiro, o aumento do númerothorcasinoempregos gerados e o efeito multiplicador do turismo seriam grandes."

Veja abaixo alguns fatores que prejudicam que o turismo brasileiro decole:

1) Imagem ruim no exterior

Mulher viaja sozinha

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Brasil foi considerado segundo país mais perigoso para mulheres que viajam sozinhasthorcasinoranking

Violência, corrupção, ambiente hostil para mulheres e para o público LGBTQ+, somados à deterioração nos últimos anos da imagem do paísthorcasinocampos como meio ambiente e a gestão da pandemia do coronavírus, não criam um cenário muito atraente para turistas considerarem o Brasil como destino, afirma Panosso Netto.

Seu estudo cita um índice criado pelos jornalistas Asher e Lyric Fergusson que ranqueia os países mais perigosos para mulheres que viajam sozinhas. O Brasil é listado na segunda posição, atrás apenas da África do Sul.

A mudança do slogan oficial do turismo brasileirothorcasino2019 também não ajudou na imagem brasileira. A frase usada para promoção, "Visit and love us" (Visite e nos ame,thorcasinotradução literal), foi consideradathorcasinopouca fluência ethorcasinoconstrução pouco usual no inglês, alémthorcasinosoar com conotação sexual para alguns turistas estrangeiros.

O pesquisador também diz que a ligação do país a histórias que envolvem corrupção "influenciam como o turista nacional e internacional vê o destino Brasil. Se é um destino com notíciasthorcasinocorrupção, também se pode imaginar que é um destino inseguro".

Ele diz que países com problemas relacionados à corrupção como México e Turquia, mas com grande númerothorcasinovisitantes, conseguem contornar a questão pela proximidade a grandes mercados consumidores internacionais e a criaçãothorcasinoilhasthorcasinoexcelência turística.

2) Faltathorcasinocontinuidadethorcasinopolíticas e planejamento

"Políticasthorcasinoturismo específicas precisam ser baseadasthorcasinoum processothorcasinoplanejamento contínuo", diz o estudo.

Para um desenvolvimento mais sustentável do setor é preciso que o Ministério do Turismo e a Embratur tenham grande qualidade técnica, com um planejamentothorcasinolongo prazo.

Gruta do Lago Azul,thorcasinoBonito (MS)

Crédito, PREFEITURA DE BONITO

Legenda da foto, Gruta do Lago Azul,thorcasinoBonito (MS), cidade que é citada como exemplothorcasinoboa estratégiathorcasinolongo prazo, por ter começado na décadathorcasino1990 a trabalhar o potencial turístico e hoje é um destino bastante solicitado

Panosso Netto cita Bonito,thorcasinoMato Grosso do Sul, como um exemplothorcasinoum destino que vivenciou processothorcasinomelhora e desenvolvimento através dos anos.

"Há ótimos exemplosthorcasinoboas práticas turísticas nos interiores do Brasil. Bonito,thorcasinoMato Grosso do Sul, comthorcasinodiversidade ecológica e turismothorcasinoalto nível, é um exemplo disso. Mas essa qualidadethorcasinoBonito não foi alcançadathorcasinouma hora para a outra. Começou no início dos anos 1990. Estamos falando, portanto,thorcasinomaisthorcasino30 anosthorcasinotrabalho."

Mas problemas com a conservação ambiental derivados do desmatamento vem impactando o ecoturismo da região. A aberturathorcasinoáreas para agricultura impacta na cor das suas águas, um dos grandes trunfosthorcasinoBonito. Cercathorcasino70% da população local depende do turismo.

Políticasthorcasinoturismo também incluem a identificaçãothorcasinooportunidadesthorcasinodiferentes mercados, como o latino-americano.

"É preciso se preparar para receber o turista argentino, uruguaio, chileno, peruano, boliviano, paraguaio etc. Não podemos estar dar as costas à América Latina."

3) Qualidade dos serviços varia muito

A faltathorcasinomaior profissionalização na partethorcasinoserviços é algo constantemente apontado como problemático. "Esse é um dos itens mais criticados pelos profissionais do setor", afirma Panosso Netto.

O pesquisador acha que seria também uma formathorcasinodesenvolver a própria áreathorcasinoempreendedorismo no país.

"O turismo é a portathorcasinoentradathorcasinomuitos empreendedoresthorcasinoprimeira viagem. Temos que transformar issothorcasinoum ponto positivo a nosso favor. O governo pode criar programasthorcasinoformação continuada do turismo, tal como já existiram no passado, a exemplo do CursothorcasinoFormaçãothorcasinoGestoresthorcasinoPolíticas Públicas do Turismo Nacional."

Educação sobre como funcionam o mercado e o atendimento a turistas domésticos e internacionais, além do aprendizado efetivothorcasinoidiomas, seriam formasthorcasinocapacitação.

Mas há um outro problema estrutural, segundo o professor da USP: "A dificuldadethorcasinoacessar o crédito para o investimentothorcasinoempreendimentos turísticos pequenos também é imensa".

4) Transporte aéreo e deslocamento

AeroportothorcasinoGuarulhos

Crédito, Agência Brasil

Legenda da foto, AeroportothorcasinoGuarulhos: deslocamentos internos no Brasil são caros e complexos para o turista

Segundo a pesquisa, embora o ambiente entre 2000 e 2019 no mercado aéreo "tenha melhorado a oferta e a competição nas rotas principais, especialmente aquelas conectando as capitais dos Estados e grandes centros urbanos, o acesso regional ainda é caro e, na maioria dos casos, insatisfatório".

Para Panosso Netto, "o transporte aéreo está deveras caro pelo preço do querosene e a políticathorcasinoimpostos dos combustíveis e taxas aeroportuárias. Além disso, as viagens rodoviárias são prejudicadas pelas condições das rodovias; e se as rodovias são boas, os pedágios são caros".

O tamanho continental do Brasil, quethorcasinouma forma pode ser uma vantagem pela variedadethorcasinoofertas, acaba gerando um problema pelo deslocamento.

"Acredito que os destinos regionais devam se unir mais para compartilharem os turistas que por eles passam. Ou seja, a gestão regional do turismo deve ser fortalecida, junto com a criaçãothorcasinoroteiros regionais com produtos e serviçosthorcasinoalta qualidade", diz o professor da USP.

O estudo defende "alinhar o ambiente regulatório, jurídico e tributário que rege a aviação brasileira, ao ambiente internacional. A evolução que viveu o setor nestes 20 anos não permite que sigamos admitindo que o Brasil tenha sérias diferenças e distorções entre nossas regras nacionais, que acabam gerando ofertas e produtos mais caros aos consumidores, e o que se pode ofertar no exterior".

- Este texto foi publicadothorcasinohttp://vesser.net/brasil-63671736