COP 27: cerrado desmatado pode reduzir águas nos riosjogo de azar o que é1/3 e afetar geraçãojogo de azar o que éenergia, indica estudo:jogo de azar o que é

Oito das 12 principais bacias hidrográficas brasileiras — como as dos rios São Francisco e Paraná — nascem no território do Cerrado, conhecido como "berço das águas" e segundo maior bioma do país, só atrás da Amazônia.

A pesquisa, que foi apoiada pelo Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), analisou o comportamentojogo de azar o que é81 bacias hidrográficas. No total, 88% delas já apresentam diminuição da vazãojogo de azar o que éágua causada por alterações do uso do solo e,jogo de azar o que émenor escala, pelas mudanças climáticas.

O geógrafo mediu a recente perda e a tendência para o futuro por meiojogo de azar o que émodelos matemáticos, compilando dados históricos sobre vazãojogo de azar o que éágua, alterações no uso do solo, chuvas e evapotranspiração (ciclojogo de azar o que éretorno da água à atmosfera).

Segundo ele, 56,7% da queda da vazão se deve a mudanças do uso do solo no entorno dos rios, especialmente para expansão do agronegócio — outros 43,3% foram causados pelas mudanças climáticas no planeta.

Em grande parte, a vegetação do Cerrado vem sendo destruída para implantaçãojogo de azar o que épastos oujogo de azar o que égrandes áreasjogo de azar o que écultivojogo de azar o que écommodities, como a soja. Estima-se que 47% da área original do bioma já foi totalmente desmatada.

"De 1985 para cá, nós perdemos 19,7 mil metros cúbicosjogo de azar o que éágua por segundo nas bacias analisadas, o equivalente à vazão do rio Paraná. É como se tivéssemos jogado fora o rio Paraná inteiro nesse período", explica Salmona.

Para projetar a queda da vazão nos próximos 28 anos, o pesquisador considerou os índicesjogo de azar o que édesmatamento atuais e a tendência para o futuro.

Ele levoujogo de azar o que éconta uma possível queda dessa taxa — hoje entre 5 mil e 8 mil km² por ano — porque se o desmatamento continuar no ritmo atual, logo não haverá mais Cerrado para desmatar. "É como um homem calvo: ele já perdeu todos os fiosjogo de azar o que écabelo com potencial para cair. Os restante não vai cair porque é o resto mesmo", explica.

Segundo Salmona, perder um terço dessas bacias significa diminuir a ofertajogo de azar o que éágua que vai chegar nas torneiras da população, pois os rios que nascem no Cerrado abastecem dezenasjogo de azar o que émilhõesjogo de azar o que épessoas no país.

Outra consequência é a geraçãojogo de azar o que éenergia elétrica.

"Menos água significa que vamos gerar menos energia elétrica nas usinas. Conservar o Cerrado é uma questão estratégica ejogo de azar o que ésoberania nacional", diz o geógrafo, cujo estudo foi apresentado no programajogo de azar o que édoutorado da UnB, na semana passada.

Das bacias analisadas, Salmona destaca três rios cujo volumejogo de azar o que éágua está caindo com o avanço do agronegóciojogo de azar o que éseu entorno: o rio da Corda, no Maranhão, e os rios Arrojado e Ondas, ambos na Bahia.

No primeiro, o volume diminuiu 25%jogo de azar o que é1985 a 2022 — ou seja 391,5 metros cúbicos por segundo.

De acordo com o geógrafo, 74% desse valor teve como causa a substituição da vegetação original do entorno para dar lugar a pastagens, produçãojogo de azar o que écommodities e áreas urbanas. Para os próximos 28 anos, as projeções indicam uma perda 56% do tamanho atual do rio da Corda.

No oeste baiano, a situação é parecida.

Os riosjogo de azar o que éOndas e Arrojado registraram diminuição do volumejogo de azar o que éáguajogo de azar o que é25% e 18,2%, respectivamente. E a tendência é que o primeiro vá perder 56% da água até 2050; e o segundo, 36,2%.

"As comunidades que vivem nessas áreas já estão sentindo os efeitosjogo de azar o que éseu modojogo de azar o que évida com a diminuição da água, algumas só conseguem ficarjogo de azar o que éperíodosjogo de azar o que écheia. Já existe o que chamamosjogo de azar o que é'guerra da água', com grupos econômicos controlando o acesso à água enquanto a população sofre com a escassez", explica Salmosa.

Em entrevista recente à BBC News Brasil, o biólogo Reuber Brandão, professorjogo de azar o que émanejojogo de azar o que éfauna ejogo de azar o que éáreas silvestres da UnB, afirmou que nascentesjogo de azar o que éalguns rios no oeste da Bahia, como o Formoso e o Arrojado, recuaram vários quilômetrosjogo de azar o que évirtude do avanço do agronegócio.

"Conheço veredas cujas nascentes recuaram maisjogo de azar o que é10 quilômetrosjogo de azar o que érelação à original. Essas áreas, que tinham a presençajogo de azar o que écorpos aquáticos na paisagem, passaram a ser muito mais secas", disse.

"Isso tem um impacto muito grande sobre fauna e flora, porque as plantas que precisam ter contato com a água do solo sofrem um estresse hídrico e começam a morrer. Já a fauna foge para procurar água", completou.

Irrigaçãojogo de azar o que ésoja

Além do desmatamento, boa parte da água do Cerrado é utilizada para irrigaçãojogo de azar o que éprodutos agrícolas, principalmente a soja. Essa água é retirada do solo com autorização do Estado, por meiojogo de azar o que éoutorgas previstas na lei.

Ela é utilizada nos chamados pivôs centrais, círculosjogo de azar o que éirrigação com uma lançajogo de azar o que é150 metros.

Uma reportagem da Agência Públicajogo de azar o que é2021 apontou que, apenas no oeste baiano, o agronegócio capta 1,8 bilhãojogo de azar o que élitrosjogo de azar o que éágua por diajogo de azar o que émaneira gratuita para irrigação, com autorização do governo do Estado.

Esse volume seria o suficiente para abastecer cercajogo de azar o que é11,8 milhõesjogo de azar o que ébrasileiros. Parte dessa água é retirada por meiojogo de azar o que ébarramentosjogo de azar o que ériachos e veredas, além da captação diretajogo de azar o que érios ejogo de azar o que époços.

"O agronegócio está inviabilizando seu próprio modelo ao desmatar e utilizar a água dessa maneira sem controle externo, porque ele depende da água para funcionar. Não estamos apenas exportando soja, mas exportando água. E se a água acabar, o que vai acontecer? É a cobra comendo o próprio rabo", diz Salmona.

Biodiversidade do Cerrado

O Cerrado é a savana com maior biodiversidade no planeta, com cercajogo de azar o que é14 mil espéciesjogo de azar o que éplantas, alémjogo de azar o que éuma rica fauna.

Segundo o Sistemajogo de azar o que éDetecçãojogo de azar o que éDesmatamentojogo de azar o que éTempo Real (Deter), do Instituto Nacionaljogo de azar o que éPesquisas Espaciais (Inpe), o bioma perdeu 4.091,6 km² para o desmatamento entre janeiro e julho deste ano, altajogo de azar o que é28,2%jogo de azar o que érelação ao mesmo período do ano passado.

Os dados mostram que os Estados que mais desmataram estão na região conhecida como Matopiba — principal fronteirajogo de azar o que éexpansão agrícola no país: Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

De acordo com o MapBiomas, plataforma que monitora o uso do solo no Brasil, 45,4% do Cerrado já foi destruído para dar lugar à agropecuária.

Alguns estudiosos do bioma, como Yuri Salmona e Reuber Brandão, defendem que a economia brasileira teria mais benefícios se investissejogo de azar o que éciência e tecnologia desenvolvidas a partir da abundante biodiversidade do Cerrado do que com o atual modelo centradojogo de azar o que émonoculturas e produçãojogo de azar o que écommodities para exportação.

"Hoje o Brasil está destruindo o potencial econômicojogo de azar o que é14 mil espécies, que poderiam movimentar a indústriajogo de azar o que écosméticos, por exemplo, para focar na produçãojogo de azar o que étrês espécies: soja, capim e eucalipto", diz Salmona.

Já Brandão acredita que produtosjogo de azar o que évários setores poderiam ser desenvolvidos.

"O Cerrado tem um potencialjogo de azar o que ébiodiversidade gigantesco. Seja para bioprodutos tecnológicos, como colas, ou para alimentícios, cosméticos e medicamentos, como analgésicos. Há proteínas do veneno da jararaca, por exemplo, com valor econômico enorme. Ou a grande quantidadejogo de azar o que épalmeiras e castanhas que nunca foram estudadas", explicou.

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