Conspiração e apuração paralela: a desinformação sobre urnas que circula no WhatsApp e Telegram às vésperas da eleição:mrjack bet bonus
Para investigar a circulação das informações falsas, que têm potencialmrjack bet bonusinduzir os eleitores a comportamentos nocivos e ameaçar a segurança das eleições no dia da votação, o Netlab analisou maismrjack bet bonus4 mil mensagens publicadas no WhatsApp e Telegram entre 25mrjack bet bonusjulho e 26mrjack bet bonussetembromrjack bet bonus2022.
Todas as postagens trazem algum tipomrjack bet bonusconteúdo com desinformação que questiona a confiabilidade do sistema eleitoral, promove contagens paralelas ou incentiva a desobediência civil.
No WhatsApp, no período analisado, foram identificadas 2 mil mensagens com termos relacionados à segurança das eleições compartilhadas por mil usuários únicosmrjack bet bonus150 grupos públicos monitorados.
No Telegram, os pesquisadores contabilizaram 2.700 mensagens enviadas por 777 usuários únicosmrjack bet bonus164 grupos e canais públicos. Ao todo, os ambientes monitorados reúnem maismrjack bet bonus9 mil integrantes, segundo o NetLab.
Em ambos os aplicativos, foram identificados picosmrjack bet bonuscompartilhamento desinformativo sobre as urnas nos dias que antecedem a eleiçãomrjack bet bonus2mrjack bet bonusoutubro.
No WhatsApp, houve um primeiro crescimentomrjack bet bonus6mrjack bet bonussetembro, antes das celebrações do Dia da Independência e pouco depois do anúncio pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)mrjack bet bonusque celulares seriam proibidos nas cabinesmrjack bet bonusvotação.
No fimmrjack bet bonussetembro, o volumemrjack bet bonusmensagens sobre a segurança eleitoral voltou a crescer, com intenso compartilhamentomrjack bet bonusconvites para os grupos que propõem alternativas para uma "contagem pública dos votos".
No Telegram, o maior picomrjack bet bonuscompartilhamentomrjack bet bonusmensagens foi observado no dia 22mrjack bet bonussetembro, com quase 200 mensagens enviadas nos grupos monitoradosmrjack bet bonusum único dia. Desde então, a tendência segue sendo o crescimento do assunto na plataforma.
"Identificamos muitos textos idênticos sendo replicados, o que nos leva a crer que há uma espéciemrjack bet bonusdisparomrjack bet bonusmassa desses conteúdos, usando tecnologia ou por pessoas", diz Rose Marie Santini, fundadora do NetLab e professora da UFRJ.
A pesquisadora enviou o relatório ao Tribunal Superior Eleitoral para verificação dos conteúdos. O tribunal e a lei proíbem o compartilhamentomrjack bet bonusdesinformação que ameace a integridade do processo eleitoral.
Segundo uma resoluçãomrjack bet bonus2021, é vedada a divulgação ou compartilhamento "de fatos sabidamente inverídicos ou gravemente descontextualizados" que atinjam os processosmrjack bet bonusvotação e a apuração e totalizaçãomrjack bet bonusvotos.
Em nota enviada à reportagem, o WhatsApp afirmou que "é a plataformamrjack bet bonusmensagens que mais coopera ativamente com as autoridades na proteção da integridade das eleições''.
"Nesse sentido, destacamos nossas parcerias com TSE e diversos TREs, que incluem contas oficiais no aplicativo para oferecer serviços da Justiça Eleitoral à população e são fontemrjack bet bonusinformação confiável sobre todo o processo eleitoral", disse a empresa.
A plataforma afirmou ainda que "as conversas trocadasmrjack bet bonusgrupos específicos, com um viés altamente politizado,mrjack bet bonusmodo algum representam as conversas dos usuários brasileiros ou a forma pela qual o WhatsApp é majoritariamente utilizado no país".
"É importante que comportamentos inapropriados, alémmrjack bet bonusconteúdos ofensivos e possivelmente ilegais, sejam denunciados às autoridades competentes", diz ainda a nota.
Em nota enviada à BBC News Brasil, o Telegram afirmou que vem adotando proativamente medidas no Brasil para "detectar e mitigar o espalhamentomrjack bet bonusdesinformação emrjack bet bonusconteúdo que viola as regras do serviço". A empresa diz ainda ter uma linhamrjack bet bonuscomunicação direta com o TSE desde maiomrjack bet bonus2022, alémmrjack bet bonustrabalhar com agências independentesmrjack bet bonuschecagemmrjack bet bonusinformação, como Aos Fatos e Estadão Verifica.
Desinformação e ameaça às urnas
Entre as fake news que circulam nos grupos, destacam-se mensagens que questionam a segurança do sistema eleitoral e atacam as urnas eletrônicas.
Em ambos os aplicativosmrjack bet bonusmensagem, circula uma teoria conspiratória que supostamente comprovaria que urnas foram violadasmrjack bet bonusItapeva, cidade do estadomrjack bet bonusSão Paulo.
Imagens mostram funcionáriosmrjack bet bonusuma empresa contratada pelo TSE via licitação pública realizando procedimentos técnicos nas urnas.
O fatomrjack bet bonuseste serviço ter sido realizado na sedemrjack bet bonusum sindicato, ao lado do cartório eleitoral da cidade, gerou alarde e denúnciasmrjack bet bonusque as urnas estariam sendo violadas. "Golpe à vista", diz uma das mensagens.
As informações foram desmentidas pelo Tribunal Superior Eleitoral, que explicou que o procedimentomrjack bet bonuscarga e lacração das urnas eletrônicas é uma cerimônia pública, e foi acompanhado pela Justiça Eleitoral e fiscalizado por várias entidades e cidadãos presentes.
Desde 2014, por faltamrjack bet bonusespaço físico no cartório eleitoralmrjack bet bonusItapeva, este processo é realizado na sede sindical vizinha ao local.
Na última semanamrjack bet bonussetembro, também foram compartilhados áudios que denunciavam urnas eletrônicas supostamente sendo enviadas à cidademrjack bet bonusCordeiro, no Riomrjack bet bonusJaneiro, com votos a favor do ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) carregados emmrjack bet bonusmemória interna.
O material é falso. Segundo a agênciamrjack bet bonuschecagem Boatos.org, o "texto que circula é vago, alarmista, tem errosmrjack bet bonusportuguês (a pessoa erra até o nome do TSE) e não cita qualquer fonte confiável que confirme a história".
Desde julho, circulam ainda no WhatsApp mensagens sobre suposta declaração do ex-presidente da Câmara dos Deputados Marco Maia (PT-RS) sobre um suposto planomrjack bet bonusfraude na totalização dos votos, que teria o objetivomrjack bet bonusfavorecer Lula e outros candidatosmrjack bet bonusesquerda. A informação já foi investigada por veículosmrjack bet bonuschecagem e constatada como falsa.
No Telegram, uma mensagem que começou a circular no iníciomrjack bet bonussetembro conspira sobre diversas ações que estariam sendo empreendidas por "corruptos do TSE" e "militantesmrjack bet bonuscartórios" para sabotar eleitores do presidente Bolsonaro e anular seus votos.
As ações incluem o cancelamentomrjack bet bonustítulosmrjack bet bonuseleitor, recrutamentomrjack bet bonusmilitantesmrjack bet bonusesquerda para atuarem como mesários e auxiliarem na fraude e falsas alegaçõesmrjack bet bonusfalhas nas urnasmrjack bet bonusestadosmrjack bet bonusque Bolsonaro lidera.
Segundo o NetLab, as Forças Armadas também são mencionadas regularmente nos grupos dos aplicativos, ainda quemrjack bet bonusforma menos intensa. Militares surgem na narrativa como uma possível salvação nesse primeiro momento, com a propostamrjack bet bonusrealizarem uma "apuração paralela" dos votos no dia das eleições.
Para Santini, especialista do NetLab, as mensagens fazem partemrjack bet bonusuma narrativa coordenada, que inclui também declarações feitas publicamente pelo presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) sobre o sistema eleitoral.
Reportagem da BBC Brasil mostrou que o mandatário já atacou o sistemamrjack bet bonusvotação maismrjack bet bonus100 vezes. Durante a maior parte do seu mandato e da corrida eleitoral, Bolsonaro levantou dúvidas, sem apresentar evidências,mrjack bet bonusque a urna eletrônica não seria à provamrjack bet bonusfraudes.
"Ao mesmo tempomrjack bet bonusque Bolsonaro fala sobre o tema não sómrjack bet bonuslives, masmrjack bet bonusentrevistas e sabatinas, a circulaçãomrjack bet bonusmensagens nos aplicativos reforçam, embasam e dão escala ao discurso", diz Santini. "Para a basemrjack bet bonuseleitores do presidente isso serve como reforçomrjack bet bonusviés, mas para o resto da população essas mensagens têm um efeitomrjack bet bonussemear dúvidas sobre o processo eleitoral, algo que é muito grave."
'Contagem paralela'
Nos grupos monitorados, o NetLab identificou grande compartilhamentomrjack bet bonuslinks que levam aos 27 grupos no Telegram que prometem reunir usuários para uma "contagem pública" dos votos, a ser feita com fotos dos boletinsmrjack bet bonusurna.
As comunidades virtuais são divididas por estados. Os grupos com eleitores do Riomrjack bet bonusJaneiro, São Paulo e Acre são os que mais possuem membros.
A orientação é que os eleitores fotografem o comprovantemrjack bet bonusvotação e enviem as imagens para o grupo do seu estado.
"Não esqueçam: com urnas eletrônicas quem escolhe não é o povo. Não é você. Se quer votar e escolher, exija a materialidade e a contagem públicamrjack bet bonus100% dos votos apurados", diz uma das mensagens.
Além disso, o estudo ainda identificou postagens que incentivam o usomrjack bet bonussites e aplicativos independentes que prometem realizar uma espéciemrjack bet bonuscontagem paralela.
Após o atomrjack bet bonus7mrjack bet bonussetembro, por exemplo, circulou o link do Você Fiscal, projetomrjack bet bonusmobilização civil, criado para "controle e contagemmrjack bet bonusvotos" por meiomrjack bet bonusfotos dos boletinsmrjack bet bonusurna, que deveriam ser enviados ao site ou aplicativo para comparar com o resultado oficial. Mas vale lembrar que o projeto Você Fiscal está inativo desde 2016.
Além disso, uma corrente veiculada no WhatsApp também divulga o aplicativo Totalização Paralela. Com um leitormrjack bet bonusQR Code, ele permite escanear os boletinsmrjack bet bonusurna, transmitir e gravar a imagemmrjack bet bonusum servidor privado.
Mas o que são esses boletinsmrjack bet bonusurna?
Depois que você digita o número do seu candidato na urna eletrônica e aperta o botão confirma,mrjack bet bonusescolha será gravada no Registro Digital do Voto, um compartimento dentro da urna que mantém,mrjack bet bonusordem aleatória, cada um dos votos registrados naquela máquina.
Neste momento, é como se você estivesse depositando numa velha urnamrjack bet bonuslona amrjack bet bonuscédulamrjack bet bonuspapel. Ou como se derramasse uma gotamrjack bet bonuságua dentromrjack bet bonusum copo. Impossível saber quem despejou cada gota — ou cada voto — na urna.
Só às 17h do dia da eleição, logo após o encerramento da votação, que cada urna contará eletronicamente os votos digitados ao longo do dia.
Quando termina o cálculo, a urna imprime os resultadosmrjack bet bonusao menos cinco vias, são os chamados boletinsmrjack bet bonusurna. Um deles fica na entrada do lugarmrjack bet bonusvotação. Se for uma salamrjack bet bonusaulamrjack bet bonusescola, onde muitos dos brasileiros costumam votar, por exemplo, é na porta dela que o boletim será colado. As outras cópias são guardadas pela Justiça Eleitoral e entregues a fiscaismrjack bet bonuspartidos políticos. Você também poderá acessar os boletinsmrjack bet bonusurna online,mrjack bet bonustempo real.
Esses boletinsmrjack bet bonusurna têm justamente a finalidademrjack bet bonusassegurar que os votos depositados na urna serão idênticos aos contabilizados no TSE, já que permitem que qualquer pessoa compare o boletim que é impresso ao final da votaçãomrjack bet bonuscada sessão eleitoral com os votos que foram transmitidos no sistema da Justiça Eleitoral. Isso impede que haja alguma fraude durante a transmissão ou contabilidade dos votos.
'Desorientação'
Circulam ainda muitas mensagens que sugerem aos eleitores ações como levar dois celulares para a votação, destruir urnas eletrônicas e utilizar aplicativos impróprios para a realizaçãomrjack bet bonusdenúncias, como formamrjack bet bonusimpedir que supostas fraudes se concretizem.
No Telegram, mensagemmrjack bet bonusum suposto mesário orienta que eleitores levem dois celulares e entreguem apenas um deles ao mesáriomrjack bet bonussua seção,mrjack bet bonusmodo a enganá-lo e levar outro para a cabinemrjack bet bonusvotação.
Outra mensagem sugere também que a formamrjack bet bonuscombater a decisão "inconstitucional" (de proibir o uso do celular na cabinemrjack bet bonusvotação) é a depredação das urnasmrjack bet bonuscasomrjack bet bonussuposta fraude.
Um vídeo ainda aconselha eleitores a orientarem mesários para a realizaçãomrjack bet bonusdenúncias no aplicativo Pardal, da Justiça Eleitoral Brasileira.
O Tribunal Superior Eleitoral, porém, afirma que essa ferramenta é exclusiva para receber denúnciasmrjack bet bonuspropaganda eleitoral irregular, compramrjack bet bonusvotos, abusomrjack bet bonuspoder econômico etc.
O tribunal orienta que,mrjack bet bonuscasomrjack bet bonuseventual defeito ou mau funcionamento da urna eletrônica, o eleitor apresente queixa diretamente ao presidente da mesamrjack bet bonusvoto. Em seguida, um juiz deve ser chamado para registrar a ocorrência.
Segundo Santini, do NetLab, esse tipomrjack bet bonusorientação problemática tem potencial para causar transtornos no dia da votação. "A orientação recebida pelos mesários émrjack bet bonusque quem não entregar o celular não poderá votar. Isso pode causar muita confusão", diz.
Anúncios com desinformaçãomrjack bet bonusredes sociais
A pesquisa do NetLab ainda se dedicou a monitorar anúncios financiados nas plataformas Meta, Instagram e Facebook, com pedidosmrjack bet bonusimplementação do voto impresso e da "contagem pública" dos votos.
Na interface da Bibliotecamrjack bet bonusAnúncios da Meta, foram contabilizados 130 anúncios que citam "contagem pública" dos votos entre 25mrjack bet bonusjulho e 26mrjack bet bonussetembro.
Apenas entre 15 e 25mrjack bet bonussetembro, foram veiculados ainda 280 anúncios que mencionam o termo "voto impresso".
Segundo os pesquisadores, muitas das peças foram financiadas por candidatos que concorrerão a cargos públicosmrjack bet bonus2mrjack bet bonusoutubro.
Uma candidata a deputada federal, por exemplo, diz que defende a impressão e conferência do voto ainda na cabine e utiliza a pauta da maior transparência no processo eleitoral para conquistar novos eleitores.
A postagem patrocinada foi vista por maismrjack bet bonus70 mil pessoas entre 15 e 24mrjack bet bonussetembro.
Outro candidato à Câmara dos Deputados afirma que a decisão do Tribunal Superior Eleitoralmrjack bet bonusproibir o usomrjack bet bonuscelularesmrjack bet bonuscabines eleitorais seria anticonstitucional e um ataque à democracia.
Entre outras coisas, ele diz que o povo não pode votar sob uma atmosferamrjack bet bonusmedo e possíveis prisões e que a decisão é "mais um passo" para a instauraçãomrjack bet bonusuma ditadura no Brasil, movimento que já estariamrjack bet bonuscurso, segundo esse candidato. Até 50 mil pessoas visualizaram o anúncio.
Em agosto, a Meta anunciou que iria proibir anúncios "questionando a legitimidade" da eleição.
Em resposta enviada à reportagem, a empresa Meta afirmou que, por não ter acesso ao relatório completo, não poderia comentar a respeitomrjack bet bonussuas conclusões. Disse, porém, que tem se preparado "extensivamente para as eleiçõesmrjack bet bonus2022 no Brasil".
"Lançamos ferramentas que promovem informações confiáveis por meiomrjack bet bonusrótulosmrjack bet bonusposts sobre eleições, estabelecemos um canal direto para o Tribunal Superior Eleitoral nos enviar conteúdo potencialmente problemático para revisão e seguimos colaborando com autoridades e pesquisadores brasileiros", diz a nota enviada à BBC Brasil.
"Nossos esforços na última eleição do Brasil resultaram na remoçãomrjack bet bonus140.000 conteúdos no Facebook e no Instagram por violarem nossas políticasmrjack bet bonusinterferência eleitoral. Também rejeitamos 250.000 submissõesmrjack bet bonusanúncios políticos não autorizados. Estamos comprometidosmrjack bet bonusproteger a integridade das eleições no Brasil e no mundo."
- O texto foi publicado originalmentemrjack bet bonushttp://vesser.net/brasil-63097867
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