'Não temos candidato oficial': associação com Bolsonaro causa incômodo e rejeição na comunidade judaica:the owner of zebet

"É importante lembrar que para cada convidado dentro do clube, existiam 2 do ladothe owner of zebetfora protestando contra a presença do Bolsonaro no local", afirma Daniel Annenberg, líder judaico e vereadorthe owner of zebetSão Paulo.

Neste ano, foi reforçada uma articulaçãothe owner of zebetdiversos líderes e entidades tantothe owner of zebetdireita quantothe owner of zebetesquerda para tentar desfazer essa imagem, demonstrar apoio à democracia e lembrar que a comunidade judaica é plural.

A Confederação Israelita do Brasil (Conib), principal representante política da comunidade judaica brasileira, lançou um manifestothe owner of zebetconjunto com 14 outras entidadesthe owner of zebetdefesa da democracia e destacando que "a comunidade judaica brasileira não tem candidatos oficiais". "Há judeusthe owner of zebetdireita,the owner of zebetesquerda ethe owner of zebetcentro", diz a carta, e as entidades "buscam interlocução permanente com todos os segmentos dispostos a dialogarthe owner of zebetforma democrática, respeitosa e construtiva."

"Acreditamos nas instituições democráticas", diz a Conib, e "rechaçamos, guiados pelas normas democráticas, a discriminação, a demonização ou a perseguiçãothe owner of zebetgrupos religiosos, políticos ou nacionais."

Diversos líderes — e pelo menos três rabinos — assinaram a carta pela democracia criadathe owner of zebetresposta às ameaças às urnas e ao Supremo Tribunal Federal, feitas por Bolsonaro. A Carta às Brasileiras e aos Brasileirosthe owner of zebetDefesa do Estado Democráticothe owner of zebetDireito foi lida na Faculdadethe owner of zebetDireito da USPthe owner of zebet11the owner of zebetagosto e teve maisthe owner of zebetum milhãothe owner of zebetassinaturas.

Nesta quarta-feira, o grupo Judias e Judeus pela Democracia — SP lançará um manifestothe owner of zebetapoio a candidaturathe owner of zebetLuiz Inácio Lula da Silva (PT), que conta com maisthe owner of zebetmil assinaturas.

Se,the owner of zebetrespeito à pluralidade, a Conib não cita diretamentethe owner of zebetonde vêm as ameaças à democracia, ativistas, líderes e pesquisadores judaicos não hesitaramthe owner of zebetcondenar Bolsonaro diretamente.

Alguns vão além: acusam o governo Bolsonarothe owner of zebetantissemitismo, que seria "camuflado" pela proximidade com Israel. Eles dizem que, por isso, qualquer apoio a ele é incompatível com a comunidade judaica.

Um relatório lançadothe owner of zebet16 agosto pelo brasileiro Jean Goldenbaum, professor da Universidadethe owner of zebetHanover, na Alemanha, aponta para dezenas "semelhanças" e "cópias fiéis da propaganda nazifascista" feitas por "propagandistas bolsonaristas" e registra um aumentothe owner of zebetepisódiosthe owner of zebetantissemitismo — 104 no total — registrados nos últimos dois anos. O documento foi feitothe owner of zebetconjunto com os pesquisadores Nathaniel Braia, Leana Naiman Bergel Friedman e Charles Schaffer Argelazi.

Alguns dos episódiosthe owner of zebetantissemitismo citados pelo relatório que estariam diretamente ligados a Bolsonaro chamaram bastante atenção nos últimos anos.

Em janeirothe owner of zebet2020, por exemplo, o então Secretário da Cultura Roberto Alvim fez um vídeo cheiothe owner of zebetreferências a Joseph Goebbels, ministro da Propaganda na Alemanha nazista. Algumas horas depois, o secretário perdeu o cargo.

O relatório também, entre outros episódios, uma mensagem da Secretaria Especialthe owner of zebetComunicação Social da Presidência da República (Secom), com uma construção próxima àthe owner of zebetum slogan do nazismo, que dizia "o trabalho, a união e a verdade libertarão o Brasil". A expressão "o trabalho liberta" é conhecida por ter sido inscrita na entrada do campothe owner of zebetconcentraçãothe owner of zebetAuschwitz, na Polônia. Cercathe owner of zebet1,3 milhãothe owner of zebetpessoas, principalmente judeus, foram assassinados pelos nazistas no local.

O relatório também cita o fato da família Bolsonaro ter convidado e recebido no Planalto a líder do partidothe owner of zebetultradireita alemão AFD, Beatrix von Storch, ligada ao neonazismo alemão.

Reflexo da sociedade

É difícil medir o tamanho exato do apoio (ou da oposição) a Bolsonaro na comunidade judaica brasileira, explica à BBC News Brasil Michel Gherman, coordenador do núcleothe owner of zebetEstudos Judaicos da Universidade Federal do Riothe owner of zebetJaneiro (UFRJ).

Embora as pesquisasthe owner of zebetintençãothe owner of zebetvoto incluam religião e etnia entre os fatores registrados dos eleitores, não há uma separação específicathe owner of zebetcomo vota a comunidade judaica. E apesar da importância simbólica e institucional da comunidade, explica Gherman, estatisticamente é um grupo pequeno cuja representação não é diferenciada nas pesquisas.

E apesar do esforço para desassociá-lathe owner of zebetBolsonaro, ainda há nomes muito conhecidos da comunidade judaica que apoiam abertamente o presidente.

Entre eles, o empresário Meyer Joseph Nigri, fundador da construtora Tecnisa. Nigri é um dos empresários bolsonaristas que participavam do grupo que defendia "a contagem paralelathe owner of zebetvotos nas eleições" e passaram a ser alvothe owner of zebetinvestigação da Polícia Federal sobre atos antidemocráticos.

Para Gherman, o apoio entre a comunidade não é diferente do resto da sociedade brasileira quando feito um recorte por renda, escolaridade e região do país. "Há tantos empresários apoiando dentro da comunidade quanto na sociedade como um todo."

Entre os brasileiros que votaramthe owner of zebettrânsitothe owner of zebetTel Aviv, capitalthe owner of zebetIsrael,the owner of zebet2018, por exemplo, 77% dos 506 votos válidos foram para Bolsonaro — uma porcentagem semelhante à dos votos para o então deputado no exterior como um todo, onde ele teve 71% dos votos válidos. No geral, Bolsonaro foi eleito presidente no segundo turnothe owner of zebet2018 com 55% dos votos válidos.

Para Gherman, no entanto, existe um "peso simbólico"the owner of zebetqualquer defesathe owner of zebetBolsonaro feita por um líder judaico. "Tem um peso muito grande. Porque a sociedade vai pensar, como pode ser verdade que o governo é antissemita se ele tem apoiothe owner of zebetum líder da comunidade judaica?"

Gherman escreveu um texto na 41ª edição revista Serrotethe owner of zebetque também diz que "o antissemitismothe owner of zebetBolsonaro é um crime perfeito". Ele argumenta que o discurso pró-Israel do bolsonarismo esconde referências "conspiracionistas e antissemitas" que cria a ideiathe owner of zebetum "judeu imaginário" e visa apagar os judeus reais.

O rabino Michel Schlesinger, bacharelthe owner of zebetdireito pela USP e membro Congregação Israelita Paulista, afirma que, embora não haja mediçãothe owner of zebetdiminuição ou aumento do apoio a Bolsonaro por pesquisas, ele vê um grande númerothe owner of zebetgrupos e entidades que passaram a se manifestarthe owner of zebetdefesathe owner of zebetcertos valores — se nãothe owner of zebetoposição direta ao presidente.

Ele diz que não acredita que um líder religioso deva levar as pessoas a votarem num determinado candidato. No entanto, "quando declaramos determinados valores, estamos automaticamente excluindo alguns (candidatos) e nos aproximandothe owner of zebetoutros."

"A gente é político quando fala, mas também é político quando cala", afirma o rabino, que assinou a carta pela democracia.

"Existem certas atitudes que são incompatíveis com valores do judaísmo. O voto judaico tem que procurar a democracia, a sustentabilidade, a defesa dos direitos humanos, da liberdade religiosa e dos direitos das minorias", diz o rabino.

A carta da Conib evita citar diretamente quais grupos estão envolvidos nos pontos que apresenta. Se opõe à perseguição religiosa, por exemplo, sem citar diretamente postagem da primeira-dama Michelle Bolsonaro que foi acusadathe owner of zebetpreconceito contra religiõesthe owner of zebetmatriz africana. Também não cita os ataques às urnas sem provas feitos por Bolsonaro ao defender as instituições democráticas ou o combate às fake news.

A carta, lembra Daniel Bialski, vice-presidente da Conib, também "faz questão"the owner of zebetcitar "atitudes da esquerda" sem citar especificamente quais seriam os políticos que tiveram essas atitudes.

"Existem certos grupos que têm feito comparações esdrúxulas entre as ações do governo na pandemia e o Holocausto, o que é um absurdo e um desrespeito", afirma Bialski, que também critica parte da esquerdathe owner of zebetrelação àthe owner of zebetposição sobre Israel. "Se tornou muito comumthe owner of zebetsetores da esquerda atacar Israel", diz o líder. Bialski defende a pluralidadethe owner of zebetnome da Conib, mas pessoalmente é advogado e defende diversos nomes ligados a Bolsonaro, incluindo a primeira-dama Michelle. Ele também é presidente do clube Hebraicathe owner of zebetSão Paulo.

A carta da Conib afirma a importância dos vínculos afetivos, culturais e religiosos dos judeus brasileiros com "a terrathe owner of zebetseus antepassados, hoje um país democrático, aberto, soberano, desenvolvido e plural."

"Qualquer tentativathe owner of zebetdeslegitimação do estadothe owner of zebetIsrael deve ser rechaçadathe owner of zebetforma clara e imediata", afirma a entidade.

Enquanto as entidades preferem falarthe owner of zebetvalores, alguns líderes que anteriormente defendiam Bolsonarothe owner of zebetforma aberta têm preferido não se pronunciarthe owner of zebetdefesa do presidente.

Luiz Mairovitch, presidente do Clube Hebraica que convidou Bolsonarothe owner of zebet2017 para a palestra que acabou gerando as falas sobre os quilombolas, afirma que não gostariathe owner of zebetse posicionarthe owner of zebetrelação a nenhum candidato.

"Estas eleições estão muito acaloradas", diz ele à BBC News Brasil por mensagemthe owner of zebetcelular, afirmando que deseja paz e uniãothe owner of zebetforças para o Brasil. "Nosso momento atual éthe owner of zebetpolarização, da divisãothe owner of zebetdois extremos, uma erathe owner of zebetidolatria, que na minha opinião acaba sendo uma triste realidade para o Brasil", afirma ele, dizendo que precisamos "unir forças para somar e reivindicar o que realmente importa.

"Afinal, acredito que o que todos nós almejamos para as atuais e futuras gerações é um Brasil ricothe owner of zebeteducação, com segurança, saúdethe owner of zebetqualidade, com uma boa economia."

- Este texto foi publicadothe owner of zebethttp://vesser.net/brasil-62810752

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