30 anos da Rio-92: o legado da 'maior conferência ecológicapagbet tatitodos os tempos':pagbet tati
"Em geral, 20 ou 30 chefespagbet tatiEstado costumavam comparecer a uma conferência da ONU. No caso da Rio-92, maispagbet tati100 marcaram presença. Foi a maior conferência já organizada pelas Nações Unidas", afirma o físico José Goldemberg, então secretáriopagbet tatiCiência e Tecnologia epagbet tatiMeio Ambiente do governo brasileiro.
Cada chefepagbet tatiEstado teve direito a sete minutospagbet tatipronunciamento
A Rio-92, ou Eco-92, como também foi apelidada a conferência, começou oficialmente às 10h do dia 3, com o discurso do então secretário-geral da ONU, o egípcio Boutros-Ghali (1922-2016), no Riocentro. Na abertura do evento, o então presidente Fernando Collorpagbet tatiMello e o secretário-geral da Rio-92, o canadense Maurice Strong (1929-2015), também discursaram. Por 12 dias, Collor trocou o Palácio da Alvorada,pagbet tatiBrasília, pelo Palácio Laranjeiras, a residência oficial do governador do Rio na época, Leonel Brizola (1922-2004).
Durante o evento, o Riocentro virou uma espéciepagbet tati"cidade dentro da cidade", com direito a três postospagbet tatisaúde, que atenderam a uma médiapagbet tati120 casos por dia:pagbet tatihipertensão a malária. Logo no primeiro dia, o jornalista Reali Júnior (1941-2011), correspondente do jornal O Estadopagbet tatiS. Paulopagbet tatiParis, sofreu um infarto e teve que ser transferido para o hospital Pró-Cardíaco,pagbet tatiBotafogo.
Segundo os organizadores, circularam pelos três pavilhões do Riocentro cercapagbet tati20 mil pessoas por dia, entre delegados, ambientalistas e funcionários, e 8 mil jornalistas foram credenciados para cobrir o evento. Uma das coletivaspagbet tatiimprensa mais concorridas foi a do oceanógrafo francês Jacques Cousteau (1910-1997). Foram contratados 2 mil seguranças para patrulhar a áreapagbet tati72 mil m² e evitar protestospagbet tatiativistas.
Os dois últimos diaspagbet taticonferência foram os mais decisivos. Não por acaso, o encontro que reuniu 62 chefespagbet tatiEstado, 43 primeiros-ministros e 8 vice-presidentes, entre outras lideranças mundiais, ganhou o sugestivo títulopagbet tati"A cúpula da Terra".
"O balanço da Rio-92 é altamente positivo. Muitos governos passaram a levar o tema do meio ambiente mais a sério. No entanto, algumas promessas nunca saíram do papel. Nações ricas se comprometeram a apoiar financeiramente os paísespagbet tatidesenvolvimento na geraçãopagbet tatitecnologia limpa, na adaptação às mudanças climáticas e na preservaçãopagbet tatireservas florestais. Isso, porém, nunca aconteceu", afirma o deputado estadual Carlos Minc (PSB).
Ao todo, 102 governantes se inscreveram para discursar. Os pronunciamentos tiveram, no máximo, sete minutospagbet tatiduração. O do americano George H. W. Bush (1924-2018), porém, chegou a oito e o do cubano Fidel Castro (1926-2016), famoso por seus longos discursos, não passoupagbet taticinco. A ONU disponibilizou tradução simultâneapagbet tatisete idiomas: inglês, francês, espanhol, chinês, árabe, russo e português. O papa João Paulo 2º (1920-2005), autoridade máxima da Igreja Católica, não compareceu à Rio-92, mas a Santa Sé enviou uma delegaçãopagbet tati14 pessoas chefiada pelo cardeal italiano Angelo Sodano (1927-2022).
"Alguns temas polarizaram as negociações. Um exemplo: quem pagará a conta dos programas ambientais? Outro: a inclusão da pobreza e da saúde na questão ambiental", recorda o físico Ennio Candotti, então presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). "Ficou logo evidente que os compromissos eram frágeis e sujeitos a negociações bilaterais,pagbet tatique pesam as relaçõespagbet tatipoder militar e econômico entre os países. No entanto, o impacto mais importante da Rio-92 foi ter incluído o tema do meio ambiente na pauta da política internacional."
O líder budista Dalai Lama participoupagbet tativigília no Aterro do Flamengo
O policiamento foi reforçado dentro e fora do Riocentro. As ruas da cidade, principalmente as da Zona Sul e da Barra da Tijuca, foram patrulhadas pelas Forças Armadas. O forte esquemapagbet tatisegurança contou com policiais civis e militares, alémpagbet tatisoldados do Exército e fuzileiros da Marinha. Para facilitar o deslocamento das comitivas presidenciais, ruas inteiras foram interditadas e linhaspagbet tatiônibus tiveram seus itinerários alterados. Tanques do Exército foram paradospagbet tatipontos estratégicos.
Os líderes mundiais ficaram hospedadospagbet tatisete hotéis da orla carioca: o Copacabana Palace, um dos mais badalados do Rio, recebeu delegaçõespagbet tati11 países, como as da China, do primeiro-ministro Li Peng (1928-2019), e do Reino Unido, do primeiro-ministro John Major,pagbet tati79 anos.
Já o Rio Palace Hotel hospedou outras seis delegações, como as do Peru, do presidente Alberto Fujimori, epagbet tatiCuba. O Hotel Sheraton transformou a salapagbet tatiestarpagbet tatiumapagbet tatisuas suítespagbet tatimesquita para o emir do Kuwait, Jaber Al-Sabah (1926-2006). À época, o sheik tinha quatro mulheres e 44 filhos. O Sheraton reservou 310 suítes para a delegação americana.
A chegada do presidente dos estados Unidos, aliás, foi uma das mais aguardadas. Por questõespagbet tatisegurança, a agendapagbet tatialguns chefespagbet tatiEstado foi mantidapagbet tatisegredo. Além dos compromissos oficiais, Bush e a mulher, Barbara, saíram para passear na Floresta da Tijuca, escoltados por quatro seguranças. Sua limusine era blindada e pesava sete toneladas. Um jantar foi oferecido a Bush, que comemorou seu 68º aniversário no Riopagbet tatiJaneiro.
Durante a recepção, a cantora Simone, que puxou o Parabéns pra Você, bem que tentou ensinar o aniversariante a tocar tamborim, mas não conseguiu. Já o primeiro-ministro britânico aproveitoupagbet tatiestadia no Rio para visitar a Fundação São Martinho, na Lapa, que acolhe crianças e jovenspagbet tatisituaçãopagbet tativulnerabilidade social.
Nenhum outro convidado, porém, monopolizou tanto a atenção da mídia internacional quanto o líder budista dalai lama Tenzin Gyatso. O Nobel da Pazpagbet tati1989 ficou hospedado na residência oficial do então arcebispo do Rio, o cardeal Dom Eugênio Sales (1920-2012). Empagbet taticomitivapagbet tatioito pessoas, havia dois seguranças. Além da visita ao Cristo, o Dalai Lama participoupagbet tatiuma vigília no Aterro do Flamengo, ao ladopagbet tatioutros líderes religiosos, como Dom Hélder Câmara (1909-1999), arcebispopagbet tatiOlinda e Recife. A cerimônia atraiu 10 mil pessoas.
"Na Rio-92, a humanidade tomou consciência da gravidade dos problemas ecológicos. Um planeta limitadopagbet tatirecursos que não suporta um crescimento ilimitado. O conceitopagbet tatidesenvolvimento sustentável, aliás, engloba termos contraditórios. O primeiro vem da economia e pressupõe uma lógica linear e ilimitada. O segundo nasce da ecologia. Sua lógica é circular e limitada. Chegamos à atual situação alarmante por não respeitar os limites da natureza. Em outras palavras: não avançamos. Pior, regredimos perigosamente", avalia o teólogo Leonardo Boff. "Como diria o papa Francisco, 'Estamos todos no mesmo barco. Ou nos salvamos todos ou ninguém se salva'."
Ativistas do Greenpeace protestaram contra a energia nuclearpagbet tatiAngra
A 40 km do Riocentro, o Aterro do Flamengo abrigou o Fórum Global, visitado por 120 mil pessoas. A cerimôniapagbet tatiabertura, apresentada pelo ator inglês Roger Moore (1927-2017), que deu vida ao agente secreto James Bondpagbet tatisete filmes da franquia 007, contou com o lançamento do balão Gota da Esperança. Outros astros e estrelaspagbet tatiHollywood, como Jeremy Irons, Shirley MacLaine e Jane Fonda, também prestigiaram o evento. Artistas internacionais, como John Denver (1943-1997) e Olivia Newton-John, se apresentaram no Fórum Global.
"Parecia um festivalpagbet tatirock!", compara Carlos Minc. "Houve avanços consideráveis, mas ainda insuficientes. Por um lado, conseguimos reduzir,pagbet tatiapenas dois anos, o desmatamento da Amazônia à metade. Por outro, tivemos retrocessos. Trump nos Estados Unidos, Bolsonaro no Brasil. A batalha ainda não está vencida."
ONGs do mundo inteiro, como a Fundação Onda Azul, do cantor e compositor Gilberto Gil, montaram estandes no Aterro. Vendia-sepagbet tatitudo: bonés, adesivos, camisetas... O ex-deputado federal Mário Juruna (1942-2002) tentou vender uma pelepagbet tationça por US$ 600. Diante da repercussão negativa, explicou que tudo não passavapagbet tatiprotesto. Uma das 36 tendas temáticas do Fórum Global, a Comissão Indígena Internacional, reuniu representantespagbet tati150 etniaspagbet tatitodas as partes do mundo.
Pelo menos três navios,pagbet tatidiferentes nacionalidades, ficaram ancorados no Rio durante a Eco-92: o Gaia, a réplicapagbet tatium veleiro viking; o Melquíades, naviopagbet tatibandeira francesa; e o Rainbow Warrior, do grupo ambientalista Greenpeace. Os três foram abertos à visitação pública. Outra réplica, do 14 Bis, conseguiu alçar voopagbet tati60 metros.
Como já erapagbet tatiesperar, houve manifestaçõespagbet tatiativistas. O barco-símbolo do Greenpeace protestou próximo à usinapagbet tatiAngra dos Reis contra o perigo da energia nuclear. A ONG Amigos da Terra soltou um balão inflávelpagbet tati17 metrospagbet taticomprimento, sob o formatopagbet tatimotosserra, contra a destruição das florestas tropicais. Dentro do Riocentro, cinco ativistas (um brasileiro, um sueco, uma venezuelana, um malaio e um canadense) fizeram grevepagbet tatifome.
"O desenvolvimento promovido pelo atual sistemapagbet tatiprodução e exploração do meio ambiente é insustentável", avalia Ennio Candotti. "A questão da Amazônia é emblemática. Destrói-se a floresta para explorar a terra com produtos muito menos valiosos, como soja ou gado, do que outros que poderiam ser extraídos, como óleos e resinas, sem derrubar a floresta ou poluir as águas. Ignorância? Não só. Trata-sepagbet tatium projeto políticopagbet tati'desenvolvimento' sustentado por forças que não consideram os direitos humanos e os equilíbrios ambientais fundamentais para a construçãopagbet tatiuma sociedade civilizada."
Para cientistas, o Brasil perdeu o protagonismo no setor ambiental
A Rio-92 deu origem a diversos acordos internacionais, como a Declaraçãopagbet tatiPrincípios sobre Florestas, um "manualpagbet tatiinstruções" sobre como proteger áreas verdes do desmatamento; e a Declaração do Rio, uma espéciepagbet tati"Declaração Universal dos Direitos Humanos" do planeta.
O mais importante deles, no entanto, é a Agenda 21, uma cartilha que ensina como deixar o mundo mais sustentável, conciliando preservação ambiental, justiça social e desenvolvimento econômico. São, ao todo, 2,5 mil recomendações divididaspagbet tati40 capítulos: proteção dos recursos naturais, combate à pobreza dos paísespagbet tatidesenvolvimento, mudança dos padrõespagbet taticonsumo, entre tantas outras.
"Trata-sepagbet tatium documentopagbet tatigrande envergadura, notável por seu equilíbrio e abrangência, que estipula metas concretas nos mais diversos setores para o período pós-conferência e para o século 21, norteado pela heurística concepção do desenvolvimento sustentável", avalia Celso Lafer.
A conferência produziu, ainda, três convenções: Diversidade Biológica, que estabelece metas para a preservação da biodiversidade; Combate à Desertificação, que propõe medidas para evitar a transformaçãopagbet tatiáreas verdespagbet tatidesertos; e Mudança do Clima, que traça estratégiaspagbet taticombate ao efeito estufa.
Ao longo dos anos, as convenções assinadas na Rio-92 viraram protocolos. A da Diversidade Biológica, por exemplo, inspirou a criação do Protocolopagbet tatiNagoia,pagbet tati2010. E a da Mudança do Clima, o Protocolopagbet tatiQuioto,pagbet tati1997, e o Acordopagbet tatiParis,pagbet tati2015.
"Houve pressão para os chefespagbet tatiEstado assinarem a Convenção do Clima", recorda José Goldemberg. "Tanto os EUA quanto a União Europeia, 30 anos depois, conseguiram reduzir a emissão dos gases do efeito estufa. Até a China está produzindo menos do que produziria se não tivesse aderido à convenção. O Brasil, ao contrário, está se carbonizando. Perdeu o protagonismo. Virou um pária."
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