Polarização ameaça democracia do Brasil, diz ex-assessorpoker novibetObama para a América Latina:poker novibet

"Um contextopoker novibetque as pessoas não confiam mais nos políticos, onde há preocupação com questõespoker novibetcorrupção e coisas assim, também leva a uma faltapoker novibetconfiança dos membros da sociedade nas instituições. Isso é um problema".

Mas segundo o chileno naturalizado americano que serviu como assessor especial para o ex-presidente americano Bill Clinton e foi secretário-assistentepoker novibetEstado no governopoker novibetBarack Obama, esse fenômeno não é exclusivo do Brasil. "Esses problemas são apresentadospoker novibetdiferentes formas epoker novibetdiferentes grauspoker novibetmuitos países, incluindo nos Estados Unidos epoker novibetalguns países da Europa", disse.

Indagado sobre as ameaças feitas pelo presidente Jair Bolsonaro e membrospoker novibetseu governo sobre o não reconhecimento das eleiçõespoker novibetcasopoker novibetderrota, Valenzuela disse enxergar qualquer esforço para subverter o processo eleitoral como um golpe contra a democracia. "Isso é o tipopoker novibetcoisa que afeta o fortalecimento das instituições democráticas", afirmou.

O cientista políticopoker novibetformação comparou ainda os temorespoker novibetrelação ao pleitopoker novibetoutubro com o que aconteceu nos Estados Unidos após as eleiçõespoker novibet2020, quando o ex-presidente republicano Donald Trump se recusou a reconhecerpoker novibetderrota para Joe Biden.

"Como especialistapoker novibetDireito Constitucional, estou preocupado que precisemospoker novibetalgumas reformas significativaspoker novibetnossas constituições, para que esse tipopoker novibetcoisa não aconteça", disse.

Arturo Valenzuela concedeu entrevista à BBC News Brasil por ocasiãopoker novibetsua participaçãopoker novibetum webinar organizado pelo Centro Brasileiropoker novibetRelações Internacionaispoker novibetparceria com o Consulado Geral dos EUA no Riopoker novibetJaneiro nesta quarta-feira (13/04). O evento marca a aberturapoker novibetum projetopoker novibetum ano, liderado pelo ex-embaixador do Brasilpoker novibetWashington Sérgio Amaral, que tem como objetivo aprofundar o conhecimento sobre as relações bilaterais entre os EUA e o Brasil.

A seguir, os principais trechos da entrevista:

poker novibet BBC News Brasil - Havia a expectativapoker novibetque o presidente americano Joe Biden adotasse uma posição dura com Jair Bolsonaro, principalmentepoker novibetrelação a questões como democracia e meio ambiente. No cenáriopoker novibetvitóriapoker novibetBolsonaro nas eleiçõespoker novibetoutubro, como o senhor acredita que o atual governo dos Estados Unidos se posicionaria para um novo mandato?

poker novibet Arturo Valenzuela - A relação dos Estados Unidos com o Brasil é importante, assim como com a América Latinapoker novibetgeral. É importantepoker novibetquestõespoker novibetdesenvolvimento econômico, comércio, tecnologia, propriedade intelectual, agricultura, abastecimentopoker novibetalimentos e uma sériepoker novibetoutras coisas. Mas, é claro, existem muitas agendas hoje que são realmente críticas, como a da mudança climática. E à medida que vemos o desdobramento da situação na Ucrânia, todas as questõespoker novibetsobrevivência da governança democrática e direitos humanos se tornam realmente importantes.

E assim, fica claro que este é um momento mais difícil na relação com o Brasil. Talvez com o governo anterior houvesse certa afinidade - digo, entre o governopoker novibetDonald Trump e opoker novibetBolsonaro. Mas isso acabou, Bolsonaro está concorrendo à reeleição e vamos ver o que acontece nos Estados Unidos.

A relação é um trabalhopoker novibetandamento e muito vai depender do que acontecer no Brasil. Neste pontopoker novibetparticular, é justo dizer que há divergências significativas com Bolsonaro epoker novibetabordagem, tantopoker novibetrelação à política doméstica quanto àpoker novibetpolítica internacional. E vemos isso com as diferenças que foram colocadas nas últimas semanaspoker novibetrelação à crise na Ucrânia.

Mas nosso presidente anterior [Donald Trump] ainda não acredita que perdeu a eleição, então este não é um momentopoker novibetque os Estados Unidos possam pregar a outros países do mundo que temos instituições melhores. Também lutamos com a qualidadepoker novibetnossas próprias instituições e com muitas pessoas que tentaram essencialmente perturbar o processo democrático. Portanto, esses são desafios comuns que enfrentamospoker novibettodo o mundo.

poker novibet BBC News Brasil - No momento, as pesquisas mostram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na liderança da corrida presidencial. Considerando um segundo cenário,poker novibetque Lula seja eleito presidente, como acredita que a Casa Branca avaliaria essa mudançapoker novibetgoverno?

poker novibet Valenzuela - Fui Secretáriopoker novibetEstado Adjunto quando Lula era presidente e tive que lidar com o governo brasileiro. Houve algumas dificuldades e desentendimentos com o ministro das Relações Exteriores e outrospoker novibettemas como a abordagem da questão iraniana. Por outro lado, houve um esforço para trabalharmos juntospoker novibetuma sériepoker novibetquestões importantes, incluindo, por exemplo, a crise na Venezuela.

Mas não acho que haveria uma lacuna significativa com um novo governo. Creio que os Estados Unidos trabalharão com quem for eleito e farão um esforço nessa direção. Não estou tão preocupado com a possibilidadepoker novibetrevisitarmos algumas das questões do passado, porque,poker novibetcerta forma, o mundo mudou muito significativamente epoker novibetum período muito curtopoker novibettempo.

E muito vai depender também do apoio que Lula terá no Congresso. Há uma história recente na América Latinapoker novibetcolapso e fragmentaçãopoker novibetpartidos políticos. Isso acontece não apenaspoker novibetpaíses com períodos curtospoker novibetestabilidade democrática, mas tambémpoker novibetpaíses com históricopoker novibetestabilidade. E não é possível ter certezapoker novibetquem terá maioria no Legislativo.

poker novibet BBC News Brasil - Há uma certa preocupaçãopoker novibetalguns setorespoker novibetque o presidente Jair Bolsonaro pode não reconhecer o resultado da eleição caso perca. Napoker novibetopinião, essa é uma possibilidade real? Podemos ter uma repetição da invasão do Capitóliopoker novibet6poker novibetjaneiro e toda aquela violência aqui no Brasil?

poker novibet Valenzuela - Prefiro não especular muito sobre qual pode ser o resultado. Obviamente, se houver um esforço para não reconhecer uma eleição legítima e tentar subverter o próprio processo da eleição, a forma como a eleição é administrada ou realizada, seria um problema muito sério para qualquer democracia. Isso é o tipopoker novibetcoisa que afeta o fortalecimento das instituições democráticas.

Isso aconteceu e ainda continua acontecendo nos Estados Unidos. Felizmente, os tribunais e muitos dos profissionaispoker novibetdiferentes níveis que estavam encarregados do processo eleitoralpoker novibetambos os partidos se opuseram a essa falsa narrativa. Espero que existam instituições suficientemente fortes no Judiciário epoker novibetoutros lugares no Brasil para garantir o mesmo tipopoker novibetresultado.

Um dos pontos problemáticos, para voltar a um argumento que fiz anteriormente, é que a fragmentação política significa que não há um processo centrista alternativo no Brasil neste pontopoker novibetparticular. E, como especialistapoker novibetDireito Constitucional, estou preocupado que precisemospoker novibetalgumas reformas significativaspoker novibetnossas constituições, para que esse tipopoker novibetcoisa não aconteça.

Na verdade, o segundo turno é uma má ideia. Creio que o Congresso deve ter um papel maior e decidirpoker novibetcasospoker novibetcandidatos que não obtêm maispoker novibet45% dos votos. Não deveríamos entrarpoker novibetum segundo turno que pode pulverizar e fragmentar ainda mais o sistema político. Esse tipopoker novibetcoisa precisa ser tratada no Legislativo. Portanto, há maneiras pelas quais precisamos parlamentarizar, por assim dizer, os sistemas presidencialistas.

poker novibet BBC News Brasil - Vários institutos internacionais que medem o status da democracia no mundo apontam para um declínio na qualidade da democracia brasileira desde o início do governopoker novibetJair Bolsonaro. Napoker novibetopinião, a democracia no Brasil estápoker novibetrisco?

poker novibet Valenzuela - Sim, por alguns dos pontos que já indiquei. Há um aumento da polarização. Há,poker novibetcerta forma, o desaparecimento do meio-termo onde geralmente são feitos acordos entre os setores, tantopoker novibetcentro-esquerda quantopoker novibetcentro-direita. Esse tipopoker novibetfenômeno é um problema do nosso tempo. Temos observado um declínio considerável dos partidos políticos epoker novibetfragmentação, e esse tipopoker novibetcoisa é preocupante.

O Brasil vive um momentopoker novibetextrema fragmentação, com uma polarização maior e talvez mais fortepoker novibetextrema direita manifestada pelo atual presidente. A eleiçãopoker novibetsi está muito polarizada, com candidatos da extrema esquerda e da extrema direita com mais apoio do que os candidatos que podem ser identificados como centro.

Um contextopoker novibetque as pessoas não confiam mais nos políticos, onde há preocupação com questõespoker novibetcorrupção e coisas assim, também leva a uma faltapoker novibetconfiança dos membros da sociedade nas instituições. Isso é um problema.

Não estou dizendo que essas sejam características necessariamente exclusivas do Brasil. Esses problemas são apresentadospoker novibetdiferentes formas epoker novibetdiferentes grauspoker novibetmuitos países, incluindo nos Estados Unidos epoker novibetalguns países da Europa.

O que realmente precisamos sãopoker novibetforças políticas pragmáticas que representem setores importantes da população. E deve haver regras nesse jogo para garantir que os partidos fiquem mais fortes e possam ser bons representantes.

poker novibet BBC News Brasil - O senhor acredita que o Brasil tem instituições fortes o suficiente para lidar com isso?

poker novibet Valenzuela - O Brasil mostrou que já teve instituições fortes, por meiopoker novibetsua capacidadepoker novibetcombater a corrupção, por exemplo. Mas,poker novibetcerta forma, isso foi há algum tempo. Então será um desafio para todos os brasileiros analisarem as urnas e fortalecerem suas instituições. Esse também é um desafio nos Estados Unidos.

poker novibet BBC News Brasil - Dados recentes mostram que o desmatamento na Amazôniapoker novibet2021 foi o piorpoker novibet10 anos. O que o senhor acredita que o governo Joe Biden pode fazer nos próximos anos para pressionar mais o Brasil na questão ambiental?

poker novibet Valenzuela - Esta é uma questão crítica e,poker novibetcerta forma, o Brasil se destaca devido à extraordinária importânciapoker novibetsua contribuição para o ecossistema do mundo. As mudanças climáticas estão afetando o mundopoker novibetuma maneira muito significativa - tivemos incêndios horríveis na Califórnia por contapoker novibetsecas excessivas, seguidospoker novibettornados e as tempestades no sul dos Estados Unidos. As nações insulares também enfrentam um grande desafio à medida que as geleiras estão derretendo. Portanto, o Brasil desempenha um papel muito importante e não prestar atenção nessas ramificações mais amplas é preocupante.

Mas ao mesmo tempo, observadores e países estrangeiros também estão preocupados com o que está acontecendo com certas populações no Brasil. Não se trata apenaspoker novibetcuidar da floresta, mas também das populações indígenas que foram suas guardiãs e tiveram que enfrentar as afrontas do extermínio e comercialização dessas áreas preciosas do Brasil. E sei que muitos brasileiros estão preocupados com isso também.

poker novibet BBC News Brasil - O senhor acredita que os EUA podem tomar ações mais assertivaspoker novibetrelação ao Brasil?

poker novibet Valenzuela - Durante a era Trump houve um desdém pelas alianças e instituições internacionais. Já o governo Biden representa uma administração que entende a importânciapoker novibettrabalhar com outros países,poker novibetapostar no multilateralismo, construir consenso e trabalharpoker novibetconjunto.

Mas isso só pode ser feito se as instituições mundiais estiverem funcionando. Por instituições mundiais quero dizer as instituições multilaterais e organizações internacionais como a Organização Mundial do Comércio, a Organização Mundial da Saúde, a Comissãopoker novibetDireitos Humanos das Nações Unidas, a Organização dos Estados Americanos e outras.

Temas como o meio ambiente precisam ser fortalecidos por meio desses tipospoker novibetorganizações. E o Brasil pode ser um líder nessa área. Mas,poker novibetvez disso, o Brasil está desprezando esse tipopoker novibetinstituição e está contribuindo,poker novibetcerta forma, parapoker novibetfraqueza.

poker novibet BBC News Brasil - Napoker novibetopinião, o Brasil perdeu relevância como mediadorpoker novibetconflitos e referência na América Latina?

poker novibet Valenzuela - Sim, o Brasil perdeu relevância. Muitos podem discordarpoker novibetalgumas das coisas que foram feitas pelo governo Lulapoker novibettermospoker novibetprojeção, mas quando o ex-presidente pensoupoker novibetcooperar com o Irã tinha o compromissopoker novibettentar abordar os temaspoker novibetforma que seriam vantajosos não apenas para os países envolvidos, mas para a ordem mundial. E pode-se discordar se tudo isso foi útil ou não naquele momento específico, mas pelo menos fez algum sentido.

E acho que o Brasil pode e deve agir dessa forma, porque é um país grande e um dos Brics do mundo. Há muitos elementos da tradição brasileira que contribuíram para essa ordem mundial para a qual precisamos retornar. Eu sou um admiradorpoker novibetmuitos dos líderes brasileiros do passado e Fernando Henrique é uma das minhas referências.

Então,poker novibetúltima análise, precisamospoker novibetordem mundial, precisamospoker novibetuma ordem mundial baseada no conceito fundamentalpoker novibetgovernança democrática,poker novibetgovernos do povo, pelo povo e para o povo. Precisamospoker novibetinstituições internacionais que ajudem a proteger essa ideia para que possamos ter uma ordem mundial pacífica e bem-sucedida.

poker novibet BBC News Brasil - A América Latina passou por muitas crises ao longo dos anos, mas nos últimos cinco anos parece que a situação da democracia na região se complicou, com muitas crises políticaspoker novibetpaíses como Chile, Bolívia, Nicarágua, Peru e Venezuela. A que o senhor atribui esse períodopoker novibetinstabilidade política?

poker novibet Valenzuela - Há uma diferença entre a trajetóriapoker novibetdiferentes países da América Latina. Há alguns paísespoker novibetque não houve a consolidação das instituições democráticas e outros que têm uma longa históriapoker novibetconsolidação das instituições democráticas.

Agora, como eu disse anteriormente, há realmente uma espéciepoker novibetcrise universal da democracia. Em alguns países da América Latina, ironicamente, parte disso se deve ao fatopoker novibetque houve muito progresso. E digo isso porque muitas pessoas que observam situação chilena, por exemplo, e pensam que os protestos são motivados por uma enorme desigualdade. Na realidade, havia uma desigualdade muito maiorpoker novibet1960, com uma grande uma porcentagem da população na pobreza absoluta, algo como 50% ou 65%. Hoje estápoker novibetcercapoker novibet8%. O que vimos acontecer é o surgimentopoker novibetnovas classes médias, que agora se sentem ameaçadas e mais vulneráveis.

Portanto, há razões pelas quais estamos enfrentando uma nova crise. Eu pertenço a várias organizações que analisam pesquisaspoker novibetopiniões voltadas para os mais jovens, e é lamentável, mas muitos jovens sentem que as elites são os partidos convencionais. E isso tem acontecido no Brasil com partidos políticos realmente fortes como PSDB e outros que perderam uma forte basepoker novibetapoio. Há uma crise da social-democraciapoker novibetgrande parte do mundo, por essa razão.

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