Depressão e redes sociais: prós e contrasm bwin comfalar abertamente sobre a doença:m bwin com
Para ele, há um movimento positivom bwin comse mostrar mais vulnerável, inclusive do pontom bwin comvista cognitivo: "Nossas vulnerabilidades que antes precisavam ser escondidas na vida privada são uma matéria-prima para o laço com o outro. Porque pode serm bwin comcuidado mútuo, pode serm bwin comreflexão conjunta, pode serm bwin compartilham bwin comafetos".
Daniel Martinsm bwin comBarros, do Institutom bwin comPsiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicasm bwin comSão Paulo, diz que o impactom bwin comrevelações públicas sobre o enfrentamento da depressão é "basicamente na diminuição do estigma. Parece pouco, mas ele é brutal, é uma das principais causas para uma pessoa não buscar tratamento".
O psiquiatra afirma que esse atual momento "nemm bwin comlonge significa que o estigma deixoum bwin comexistir. Há o preconceito, que passa por um componente afetivo, emocional, e se expressam bwin composturas como 'eu não me sinto bem ao estar pertom bwin comuma pessoa com esse problema'. E há o estereótipo: um aspecto racional, cognitivo, materializadom bwin comachar que se conhece exatamente o comportamentom bwin comalguém, por exemplo, com síndrome do pânico".
O que as pesquisas dizem?
Alguns estudos já mostraram resultados benéficos quando personalidadesm bwin comalcance na internet falam sobre saúde mental.
Uma pesquisa examinou os efeitos sobre homens negros nos Estados Unidos depois que o rapper Kid Cudi expôs seus problemas com depressão.
A análise da repercussão no Twitter aponta que as revelaçõesm bwin comKid Cudi ajudaram a engajar no debate sobre saúde mental um perfil populacional muitas vezes sujeito a pressões do idealm bwin commasculinidade - que historicamente trata a depressão com termos como "frescura".
Já um trabalhom bwin comcientistas dos EUAm bwin combwin comTaiwan focoum bwin commicrocelebridades (referênciasm bwin comnichos específicos, como games) que abordam seus problemas emocionaism bwin comlives no YouTube e na plataforma Twitch.
Falar do tema ajuda os seguidores a perceberem os riscos da depressão. Faz também, segundo o estudo, com que essas microcelebridades pareçam mais autênticas - embora surjam dúvidas entre o público sobre a credibilidade delas como porta-vozes do assunto.
Mas o pesquisador brasileiro Felipe Giuntini, da empresa Sidia, detectou algo diferente sobre os efeitos dessa conversa na internet.
Em seu trabalhom bwin comdoutorado no Institutom bwin comCiências Matemáticasm bwin combwin comComputação (ICMC) da USPm bwin comSão Carlos, ele formulou um sistemam bwin cominteligência artificial que analisou postsm bwin com415 mil participantes da maior comunidade sobre depressão do site Reddit. O estudo contou com o suporte do departamentom bwin compsicologia da Universidade Federalm bwin comSão Carlos (UFScar)
"Nós notamos que os usuários pioraram seus sentimentos no ambientem bwin comsuporte mútuo", afirma Giuntini, que utilizou um períodom bwin com10 anos para avaliação das postagens.
"Os usuários que entraram com depressão leve saíram com depressão moderada. E os usuários que entraram com uma depressão moderada evoluíram para um quadro mais grave. Não notamos casosm bwin commelhora."
A pesquisa sugere que ambientes como esse,m bwin comque pacientesm bwin comdepressão trocam experiências, deveriam contar com especialistasm bwin comsaúde mental no papelm bwin commoderadores. Para Giuntini, "não adianta você apenas agrupar pessoas com depressão. A coisa não vai melhorar".
A dinâmica das redes sociais
Para o psicanalista Christian Dunker, essa cultura da conversa nas redes sociais ainda está se consolidando.
"Acho que é um fenômeno amplo, geral, mas que ainda está sobre o impacto da novidade. Nós ainda estamos formando, vamos dizer assim, uma culturam bwin comavaliação sobre as produçõesm bwin comredes sociais. A gente vê fenômenosm bwin comregulação disso. Por exemplo, o cancelamento ou a superpopularidadem bwin comalguns influenciadores."
Paula Sibilia, professoram bwin comestudosm bwin commídia da Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio, e autora do livro O Show do Eu: A Intimidade como Espetáculo diz que "a relação destes fenômenos com o crescente uso das tecnologias digitaism bwin comcomunicação e informação é direta e evidente".
No entanto, ela considera que são "transformações socioculturais bem complexas que vêm ocorrendo nas últimas décadas, muito profundas e significativas, que estão sendo acompanhadas e alavancadas pela invenção e rápida adoçãom bwin comdispositivos técnicos adequados para am bwin comcanalização".
A professora da UFF observa que "tem ocorrido não apenas um aumento dos diagnósticosm bwin comtranstornos psiquiátricos como a depressão, a ansiedade e o pânico, mas também o reconhecimento da legitimidade (e inclusive do prestígio) desse tipom bwin comsofrimento. Os problemasm bwin comsaúde mental, portanto, vêm ganhando visibilidade e dignidade, motivando até um certo 'orgulho'm bwin comquem ousa assumir publicamente que os padece".
Isso aparentemente se conecta com a questão da autenticidade e com outros elementos do ecossistema das redes sociais - como a indústria dos influenciadores - que se tornam parte inseparável do cenário descrito acima.
"Na sociedade contemporânea, a vulnerabilidade se tornou um critério ou um capítulo do que a gente poderia chamarm bwin comindiciamentom bwin comautenticidade. Aquele que mostra suas dificuldades, que compartilha seus limites, aparece como alguém mais real, como todo mundo", diz Dunker,m bwin comuma conclusão semelhante à da pesquisa dos cientistas dos EUAm bwin combwin comTaiwan sobre microcelebridades.
Para Sibilia, "o eu de cada um é incessantemente trabalhado para se tornar um produto ou uma grife atraente, desdobrando toda sortem bwin comestratégiasm bwin comcomunicação".
O teóricom bwin commídias sociais e sociólogo Nathan Jurgenson afirma "que não se consegue entender a cultura da confissão hoje sem estabelecer uma relação com uma gamificação das métricas".
"A personalidade é uma moeda. A fragilidade é uma commodity", diz ele, que também é editor-chefe da revista norte-americana sobre cultura e tecnologia Real Life.
Mas o psiquiatra Martinsm bwin comBarros, do HCm bwin comSão Paulo, diz que o saldo é positivo a partirm bwin comtodo esse cenário que vem se formando.
"Quando as pessoas se abrem, elas diminuem a ignorância, elas levam informação para o bem. Nem sempre da maneira mais precisa, mas colocam o assunto na pauta, aumentam o debate e diminuem o estigma. Quando se começa a ver pessoas produtivas, sejam artistas ou gerentesm bwin combanco, falando 'eu me trato', isso ataca os principais obstáculos ao tratamento."
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