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COP26: ataqueBolsonaro 'faz minha voz ecoar mais', diz indígena que discursou para líderes mundiais:
"Estão reclamando que eu não fui para Glasgow. Levaram uma índia para lá, para substituir o [cacique] Raoni, para atacar o Brasil. Alguém viu algum alemão atacando a energia fóssil da Alemanha? Alguém já viu atacando a França, porque lá a legislação ambiental não é nada perto da nossa? Ninguém critica o próprio país. Alguém viu o americano criticando as queimadas lá no estado da Califórnia. É só aqui", criticou Bolsonaro,frente ao Palácio da Alvorada, na semana passada.
Em entrevista à BBC News Brasil, a ativista indígena disse que, depois dessa fala do presidente, ela passou a receber ataques e ameaças nas redes sociais. "Depois do meu discurso, o presidente Jair Bolsonaro me atacou, né? Dizendo que eu vim aqui atacar o Brasil. Mas, na verdade, eu só vim trazer a realidade dos povos indígenas", disse.
"E depois desse pronunciamento dele, eu venho recebendo muitas mensagens racistas, misóginas, mensagensódio nas minhas redes sociais, fake news, querendo descredibilizar o meu discurso, a minha pessoa, sendo que eu estou aqui para uma luta que não é só minha."
Mas Txai Suruí disse que não vai se intimidar e afirmou que pretende reagir "levando para mais longe" a realidadeluta dos povos indígenas. Para ela, as críticas do presidente e seus apoiadores fazem a defesa dos direitos indígenas "ecoar" mais alto.
"Na verdade, eles não entendem que isso é favorável para mim. Eles estão me dando engajamento, estão fazendo minha voz ecoar cada vez mais", disse. "A minha formaresponder é continuar a denunciar o que está acontecendo, é levar cada vez mais a minha voz, a voz dos povos indígenas para o mundo."
Perguntada se tem medo das ameaças que tem recebido, Txai diz que convive com o medo desde que nasceu, ao crescerterritório indígena ameaçado por invasõesgarimpeiros e madeireiros.
"Isso não está me abalando. Até porque a realidade na minha terra indígena é uma realidade jáameaça. A gente realmente está lutando com nossas vidas. Então, mensagem na internet parece menos perigoso do que a realidade que a gente vive diariamente."
Clã guerreiro
Filha da ativista Neidinha Suruí e do cacique-maior do povo paiter, Almir Suruí, Txai viveu a infância e adolescência na Floresta Amazônica.
Neidinha é voz ativa na denúnciainvasõesterras indígenas, e Almir Suruí assinou junto com o cacique Raoni denúncia apresentada neste ano ao Tribunal Penal Internacional contra Bolsonaro "por crimes ambientais num contextocrimes contra a humanidade".
"O que os meus pais me passaram sobre luta é exatamente essa força, essa coragem, esses ensinamentosque a gente deve viverharmonia com a natureza", diz a jovem. Txai conta que o povo Paiter Suruí é composto por quatro clãs. "Eu sou do clã Gameby, que significa o clã dos guerreiros, que era aquele ia que para a guerra mesmo."
Mas longepegararmas, ela escolheu as palavras como instrumentoluta. Cursa DireitoPorto Velho,Rondônia, e pretende usar o que aprender para conquistar na Justiça novas vitórias para os povos indígenas.
"Os direitos indígenas estão na nossa Constituição ainda que não estejam sendo respeitados. Eu vou usar o Direito para a luta mesmo."
Brasil avançou na COP26?
Durante a cúpula do clima, o Brasil anunciou o compromissozerar o desmatamento até 2028 e ampliou43% para 50% a metareduzir emissõesgases do efeito estufa até 2030. Também assinou um acordo sobre proteçãoflorestas que prevê financiamento a povos indígenas para a proteçãosuas terras e um compromissoreduzir30% suas emissõesmetano.
Mas Txai Suruí recebeu com desconfiança essa aparente mudançapostura do governo brasileiro sobre questões ambientais.
"Para mim, o saldo da participação do governo brasileiro ainda é negativo. O governo brasileiro está muito mais preocupado com a imagem dele, a imagem que ele passa, porque isso interfere com a questão comercial, do que realmente preocupadocolocarprática essas ações", disse.
A ativista indígena lembra que, por enquanto, o governo federal não retirou apoio a projetoslei que regularizam terras desmatadas e impedem novas demarcaçõesterritório indígena.
"O acordo das florestas destina recursos para os povos indígenas. Mas como realmente isso vai chegar às bases? O Brasil não está comprometido. Se ele está tão comprometido assim, qual a políticagoverno que ele está implementando?", questionou.
Indígenas ainda estão fora da mesanegociação
As palavrasTxai Suruí na COP26 repercutiram no mundo todo, com publicações nos principais veículos internacionais.
Mas ela critica o fatoos povos indígenas não serem chamados a sentar à mesanegociação que vai definir compromissos para conter as mudanças climáticas.
Até o dia 13novembro, ministros do meio ambiente e diplomatasquase 200 países vão se reunir diariamente para tentar chegar a diretrizes para implementar a meta do AcordoParislimitar o aquecimento global a 1,5˚C.
"Foi uma grande honra, um grande privilégio estar abrindo a COP e poder estar levando a voz dos povos indígenas para todo mundo. Mas a gente não tem que estar só na abertura. Aquilo ainda é o mínimo", disse.
"A gente está2021, e eu sou a primeira indígena e brasileira a falar na abertura da COP? Isso não está certo. A gente está muito atrasado. A gente precisa que cada vez mais os povos indígenas, os povos da floresta estejam nesses espaços. Não só falando, mas decidindo mesmo."
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