'É como implorar para me manter viva': a luta0.5 1xbetpacientes com planos0.5 1xbetsaúde por quimioterapia oral:0.5 1xbet
"O processo até que foi bem rápido e simples: eu entrei com o pedido no dia 20.5 1xbetsetembro e,0.5 1xbet17/9, já estava com o remédio0.5 1xbetmãos. Eu apenas precisei comprovar a minha real necessidade0.5 1xbettomar esse medicamento e que ele não poderia ser substituído por outro equivalente", conta.
Apesar da relativa facilidade, Dias confessa que a necessidade0.5 1xbetentrar na Justiça representou "um grande abalo emocional".
"É como ajoelhar e implorar para darem a chance0.5 1xbetme manter viva", diz.
"É triste perceber que eu pedia um medicamento para viver, não um vinho caro. Não se trata0.5 1xbetum luxo, mas0.5 1xbetum remédio absolutamente necessário para mim", completa.
Histórias como a0.5 1xbetDias se repetem a todo momento nos hospitais e nas clínicas oncológicas do Brasil: quando o plano0.5 1xbetsaúde se nega a pagar por comprimidos que integram a chamada "químio oral" e não fazem parte do rol da ANS, é preciso acionar um advogado para assegurar o acesso.
Na grande maioria das vezes, a Justiça garante o direito do paciente0.5 1xbetreceber a químio oral custeada pelo convênio. Mas todo o processo representa, na visão0.5 1xbetpacientes, médicos e associações, uma etapa a mais e um desgaste desnecessário num momento0.5 1xbetfragilidade.
Justamente para tentar corrigir essa questão foi criado o Projeto0.5 1xbetLei 6330/19, conhecido popularmente como "lei da químio oral", que prevê a cobertura obrigatória das operadoras0.5 1xbetsaúde a todo tratamento contra o câncer tomado pela boca e feito0.5 1xbetcasa que receba a aprovação da Agência Nacional0.5 1xbetVigilância Sanitária, a Anvisa.
A aprovação do PL significaria, entre outras coisas, cortar aquela etapa0.5 1xbetentrar na Justiça para ter acesso a um tratamento oncológico feito por meio0.5 1xbetcomprimidos.
No momento, os convênios só são obrigados a custear as terapias que estão incluídas no rol da ANS. Até recentemente, essa lista0.5 1xbetcobertura era atualizada apenas0.5 1xbetdois0.5 1xbetdois anos.
Essa mesma regra, no entanto, não se aplica às drogas anticâncer que são endovenosas (tomadas pela veia): assim que elas recebem o aval da Anvisa, já entram automaticamente na cobertura das operadoras0.5 1xbetsaúde.
De acordo com projeções feitas por médicos e entidades do setor, essa diferenciação que ocorre no Brasil0.5 1xbetacordo com a via0.5 1xbetadministração do medicamento (oral x endovenoso) é única no mundo e dificulta o acesso a tratamentos mais modernos e eficazes para cerca0.5 1xbet50 mil brasileiros.
Após a tramitação, o PL foi aprovado por unanimidade no Senado Federal e também passou com larga vantagem na Câmara dos Deputados. Mas, para a surpresa dos próprios parlamentares, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vetou integralmente a proposta no dia 270.5 1xbetjulho0.5 1xbet2021.
Bolsonaro justificou o veto alegando um problema técnico que poderia levar a um impasse constitucional.
"Eu vetei um projeto muito bom, fui obrigado a vetar. Por quê? Quando um parlamentar não apresenta fonte0.5 1xbetcusteio, se eu sancionar, estou0.5 1xbetcurso0.5 1xbetcrime0.5 1xbetresponsabilidade.
O site da Secretaria-Geral da Presidência ao reportar o veto disse que "a medida causaria impacto financeiro ao mercado0.5 1xbetplanos privados0.5 1xbetassistência à saúde, o que resultaria no aumento do plano0.5 1xbetsaúde dos consumidores".
De fato, alguns desses lançamentos chegam a custar dezenas ou centenas0.5 1xbetmilhares0.5 1xbetreais. E os próprios defensores do PL veem a questão do preço com preocupação e entendem que é preciso fazer uma análise0.5 1xbetcusto-efetividade sobre cada lançamento farmacêutico seguindo alguns critérios.
De julho até agora, diversas entidades e associações que reúnem médicos e pacientes se uniram para derrubar o veto do presidente no Senado e na Câmara dos Deputados e, finalmente, viabilizar a lei da químio oral.
Entenda a seguir como essa história evoluiu nos últimos meses — e como ela pode estar perto0.5 1xbetum desfecho, com uma possível nova votação no Congresso Nacional prometida para as próximas semanas.
Uma batalha antiga
A psicóloga Luciana Holtz trabalha há décadas com pacientes que têm câncer. Fundadora e presidente do Instituto Oncoguia, uma ong que se propõe a trazer informações e defender os direitos desses indivíduos, ela conta que o veto à PL da químio oral causou uma enorme confusão na comunidade.
"Muitos pacientes começaram a nos procurar porque não entenderam o que o veto significava. Alguns acharam que iam perder o direito0.5 1xbetreceber os medicamentos que já tomavam", relata.
"Nós precisamos até criar uma página0.5 1xbetperguntas e respostas no site do Instituto Oncoguia para dar conta da demanda que chegou até nós", complementa.
Holtz explica que o maior acesso às terapias orais é uma demanda relativamente antiga0.5 1xbetmédicos e pacientes oncológicos, com discussões que começaram0.5 1xbetmeados0.5 1xbet2010, época0.5 1xbetque muitos desses fármacos começaram a chegar ao mercado com mais frequência.
"Não é correto afirmar que o indivíduo com câncer não tem acesso a medicamentos orais, pois alguns já estão na cobertura obrigatória dos planos0.5 1xbetsaúde. O problema é que não existe acesso aos lançamentos, aos remédios que foram aprovados recentemente", diz a psicóloga.
"Essas novas aprovações na área0.5 1xbetoncologia chegam cada vez mais nesse formato oral e permitem fazer o tratamento0.5 1xbetcasa", explica.
De acordo com a ANS, existem atualmente 59 quimioterápicos orais que são0.5 1xbetcobertura obrigatória pelos planos0.5 1xbetsaúde.
"A gente percebe no dia a dia essa angústia dos pacientes, que muitas vezes já estão numa fase avançada da doença, convivem com metástase e poderiam se beneficiar desses novos fármacos. E, no momento0.5 1xbetque eles mais precisam0.5 1xbetsuporte, recebem a resposta negativa dos planos0.5 1xbetsaúde", observa Holtz.
O oncologista Fernando Maluf, fundador do Instituto Vencer o Câncer, entidade que esteve diretamente envolvida na construção do PL, calcula que os remédios0.5 1xbetuso oral representam hoje 70% das terapias medicamentosas na oncologia e são indicados para tratar os 20 tipos0.5 1xbetcâncer mais comuns na população brasileira.
"E eles não trazem apenas comodidade, mas são a terapia0.5 1xbetprimeira escolha0.5 1xbetmuitos casos", conta.
"Ou seja, quem não tem acesso a algumas medicações orais acaba ficando com uma alternativa que costuma ser inferior0.5 1xbettermos0.5 1xbetresultados", argumenta o médico, que também integra o corpo clínico da BP - A Beneficência Portuguesa0.5 1xbetSão Paulo e do Hospital Israelita Albert Einstein, também na capital paulista.
"Com o veto, mais0.5 1xbet50 mil brasileiros e brasileiras estão sendo prejudicados nesse momento", completa Maluf. O cálculo do médico leva0.5 1xbetconta o número0.5 1xbetbeneficiários0.5 1xbetplanos0.5 1xbetsaúde e as estatísticas0.5 1xbetcasos0.5 1xbetcâncer no país.
Ana Paula Azevedo,0.5 1xbet45 anos, foi diagnosticada com câncer0.5 1xbet2016 e também precisou entrar na Justiça para ter acesso à químio oral0.5 1xbet2019. Para ela, tomar esses comprimidos faz toda a diferença.
"Além0.5 1xbetter menos efeitos colaterais, sinto que esse tratamento devolve a minha autoestima. Agora tomo meu remédio0.5 1xbetcasa todos os dias e só preciso ir à clínica para tomar uma injeção uma vez por mês", relata a paciente, que mora0.5 1xbetPetrópolis, no Rio0.5 1xbetJaneiro.
Já Dias ressalta que a químio oral não é apenas uma questão0.5 1xbetconforto. "Não se trata somente0.5 1xbetuma opção mais cômoda para o paciente, mas0.5 1xbetum tratamento que pode aumentar a sobrevida e reduzir a possibilidade0.5 1xbetmetástase ou o risco0.5 1xbetretorno do câncer", chama a atenção.
Motivos para o veto
De autoria do senador José Reguffe (Podemos-DF), o PL prevê "ampliar o acesso a tratamentos antineoplásicos domiciliares0.5 1xbetuso oral pelos usuários0.5 1xbetplanos0.5 1xbetassistência à saúde".
O texto tentava revogar uma regra que obriga os planos0.5 1xbetsaúde a custear apenas os remédios orais que foram incluídos no rol da ANS — como explicado mais acima, essa lista0.5 1xbetcobertura era atualizada a cada dois anos. Na prática, os especialistas consideram essa janela0.5 1xbettempo muito grande, seja pela urgência dos pacientes com câncer avançado, seja pela velocidade com que novos tratamentos são lançados no mercado.
A nova lei vinculava a cobertura obrigatória e automática após a aprovação0.5 1xbetuso desses novos remédios no Brasil pela Anvisa.
"É muito mais humano e confortável que o paciente tenha acesso a um comprimido que pode ser tomado0.5 1xbetcasa,0.5 1xbetvez0.5 1xbetprecisar se internar para receber o remédio na veia numa clínica", justifica Reguffe.
Essa facilidade0.5 1xbetfazer o tratamento0.5 1xbetdomicílio passou a fazer ainda mais sentido durante a pandemia0.5 1xbetCovid-19, já que pacientes com câncer costumam ter a imunidade comprometida (o que eleva os riscos0.5 1xbetcomplicações pela infecção com o coronavírus) e havia maior dificuldade0.5 1xbetvisitar as clínicas e os hospitais para a realização0.5 1xbetconsultas e terapias.
"Nós, que já temos o sistema imune mais debilitado, ficamos com muito medo0.5 1xbetsair0.5 1xbetcasa para fazer as consultas0.5 1xbetacompanhamento ou os tratamentos nas clínicas", destaca Azevedo.
"E só0.5 1xbetsaber que, com a chegada do PL, os novos pacientes não precisariam mais ter o estresse0.5 1xbetentrar na Justiça e ficar sem saber se o remédio seria liberado, isso já representou um grande alívio para todos nós", complementa.
A proposta foi aceita por unanimidade no Senado Federal0.5 1xbetjunho0.5 1xbet2020. Na sequência, ela acabou aprovada na Câmara dos Deputados, com 398 votos a favor e 10 contrários. O próximo passo para que o projeto virasse lei era justamente a sanção presidencial.
"A expectativa era que o PL fosse sancionado pelo presidente. Infelizmente, não foi. Agora precisamos derrubar o veto no Congresso Nacional", diz o senador.
Logo após o veto, Bolsonaro reclamou das críticas que vinha recebendo a respeito da decisão.
"Eu vetei um projeto muito bom, fui obrigado a vetar. Por quê? Quando um parlamentar não apresenta fonte0.5 1xbetcusteio, se eu sancionar, estou0.5 1xbetcurso0.5 1xbetcrime0.5 1xbetresponsabilidade. Daí eu veto e apanho porque vetei. É falta0.5 1xbetconhecimento do pessoal", comentou o presidente, no dia 270.5 1xbetjulho.
Num texto publicado no site da Secretaria-Geral da Presidência da República0.5 1xbet27/7, são apresentados mais alguns argumentos, mas Reguffe não concorda com os pontos apresentados pelo governo.
"Em primeiro lugar, a vida humana não tem preço. Mas, mesmo se levarmos0.5 1xbetconsideração o custo do tratamento,0.5 1xbetmuitos casos é bem mais barato tomar um comprimido oral,0.5 1xbetcasa, do que custear a internação para receber o tratamento na veia num hospital ou numa clínica", argumenta.
"E isso sem contar todos os custos posteriores, decorrentes0.5 1xbetinfecções e complicações da doença que poderiam ser evitados", complementa o senador.
Maluf segue essa mesma linha. "Entre os medicamentos orais, temos alguns que são mais caros, outros que custam o mesmo e um terceiro grupo que é mais barato. Mas ninguém está pensando na jornada do paciente. Se a gente oferece um remédio pior, há um aumento do risco0.5 1xbetrecidiva do tumor, maior sofrimento com as complicações, além da necessidade0.5 1xbetinternação, e tudo isso tem um preço elevado. Esse cálculo nunca é feito."
O oncologista acrescenta outro aspecto importante para a discussão. "O Brasil é o único país do mundo que possui critérios diferentes para a aprovação0.5 1xbetremédios contra o câncer segundo a via0.5 1xbetadministração", revela.
"Qualquer medicação endovenosa [tomada pela veia] aprovada pela Anvisa é imediatamente incorporada no rol da ANS e os planos0.5 1xbetsaúde são obrigados a liberar. Já os medicamentos orais precisam passar por toda essa avaliação, que pode levar anos", detalha a médica Clarissa Mathias, presidente da Sociedade Brasileira0.5 1xbetOncologia Clínica (SBOC).
"Ninguém sabe porque acontece essa diferenciação, é uma coisa bem típica do Brasil", acrescenta a oncologista, que também integra o Grupo Oncoclínicas.
Holtz lembra que essa desigualdade no acesso a remédios orais e endovenosos derruba a justificativa do preço elevado e da sustentabilidade do mercado.
"Atualmente, o que existe0.5 1xbetmais caro na oncologia? Os imunoterápicos. Mas, como eles são tomados pela veia, não precisam0.5 1xbetaprovação da ANS para serem pagos pelos planos0.5 1xbetsaúde", aponta a presidente do Oncoguia.
Procurada pela BBC News Brasil para comentar a questão, a ANS enviou uma nota0.5 1xbetesclarecimento.
No texto, os porta-vozes da agência afirmam que é "fundamental que a incorporação0.5 1xbetmedicamentos e procedimentos no rol seja resultado0.5 1xbetuma criteriosa avaliação técnica, que leve0.5 1xbetconta os aspectos0.5 1xbeteficácia, efetividade, segurança, custo-efetividade e relevância dos benefícios para os pacientes".
"A incorporação automática0.5 1xbetnovos medicamentos à terapia antineoplásica oral para o tratamento do câncer, conforme propõe o referido projeto0.5 1xbetlei, deixaria0.5 1xbetconsiderar a avaliação0.5 1xbettecnologias0.5 1xbetsaúde; causaria discrepâncias nos critérios para inclusão0.5 1xbettecnologias no rol e, consequentemente, geraria desigualdade no acesso dos beneficiários aos tratamentos0.5 1xbetque necessitam, privilegiando os pacientes acometidos por doenças oncológicas que requeiram a utilização0.5 1xbetantineoplásicos orais", escrevem.
A questão do preço é apontada no texto: "Também é preciso considerar que o alto custo dos antineoplásicos orais e o escopo da análise da Anvisa, que não considera a Avaliação0.5 1xbetTecnologias0.5 1xbetSaúde (ATS) para aprovação e concessão0.5 1xbetregistros geram o risco do comprometimento da sustentabilidade do mercado0.5 1xbetplanos privados0.5 1xbetassistência à saúde e suas consequências ao conjunto dos beneficiários. O repasse0.5 1xbetaumento para os beneficiários pode inviabilizar a manutenção do plano0.5 1xbetsaúde."
Por fim, a ANS informa que uma nova resolução mudou as regras sobre a incorporação0.5 1xbetnovas tecnologias no rol0.5 1xbetcobertura obrigatória dos planos0.5 1xbetsaúde. Antes, isso acontecia mais ou menos a cada dois anos. Agora, assegura a agência, esse processo é contínuo e "tão logo os medicamentos obtenham o registro na Anvisa, as propostas0.5 1xbetinclusão podem ser submetidas à análise".
A BBC News Brasil também entrou0.5 1xbetcontato com representantes do Governo Federal para ter o posicionamento do veto feito por Bolsonaro. A Secretaria da Presidência da República remeteu o pedido0.5 1xbetposicionamento para o Ministério da Saúde.
O Ministério da Saúde, por0.5 1xbetvez, disse que "não comenta projetos0.5 1xbetlei".
Após a publicação da reportagem, a Associação Brasileira0.5 1xbetPlanos0.5 1xbetSaúde (Abramge) enviou um posicionamento oficial a respeito da discussão.
No texto, a entidade diz ser "favorável à incorporação0.5 1xbetnovas tecnologias0.5 1xbetsaúde, desde que feita com análises ágeis, completas e científicas, e vê com preocupação a pressão pela inclusão0.5 1xbetnovos tratamentos ignorando o processo0.5 1xbetavaliação0.5 1xbettecnologias0.5 1xbetsaúde, adotada mundialmente por recomendação da Organização Mundial0.5 1xbetSaúde".
"Atualmente, a saúde suplementar oferece a seus beneficiários 59 medicamentos orais para uso domiciliar contra o câncer,0.5 1xbet115 indicações terapêuticas. Existem outros 23 já registrados na Anvisa. Desses, 12 foram avaliados e reprovados. Restam 11 a ser analisados. Inglaterra e Canadá, por exemplo, ainda não os incorporaram à lista por diversos fundamentos", continua o texto, que ressalta a importância da análise técnica antes da incorporação.
"É importante ressaltar que o PL 6.330 previa a obrigatoriedade0.5 1xbetcobertura0.5 1xbetantineoplásicos orais0.5 1xbetuso domiciliar apenas por planos0.5 1xbetsaúde, deixando0.5 1xbetfora o SUS, o que fere o princípio da isonomia na Constituição Federal ao promover uma segregação da população brasileira dependente exclusivamente do Sistema Público0.5 1xbetSaúde, aumentando a iniquidade", finaliza a Abramge.
Outra entidade que enviou um posicionamento sobre o PL após a publicação da reportagem pela BBC News Brasil foi a Federação Nacional0.5 1xbetSaúde Suplementar (FenaSaúde):
"O que reprovamos é a incorporação indiscriminada, sem critério, que resultará caso o veto ao PL 6.330/2019 seja derrubado no Congresso, já que ele prevê a cobertura automática, sem qualquer análise por parte da ANS (Agência Nacional0.5 1xbetSaúde Suplementar), e coloca o Brasil na contramão das melhores práticas globais0.5 1xbetsaúde."
O texto ainda diz que a avaliação da ANS é "rigorosamente a mesma que é feita0.5 1xbettodos os sistemas0.5 1xbetsaúde mais avançados do mundo. Essa análise é condição fundamental para a incorporação porque visa comprovar se o medicamento apresentado pela indústria farmacêutica é terapeuticamente superior ao que já está disponível para o paciente e se seus custos justificam a cobertura".
A federação também critica a cobertura automática dos novos remédios oncológicos0.5 1xbetadministração endovenosa, entende que a "PL e os seus defensores tentam transformar essa exceção0.5 1xbetmá regra" e diz que a prática é "contrária a todas as melhores práticas0.5 1xbetsaúde do mundo".
Por fim, a FenaSaúde argumenta que a mudança recente nas normas da ANS acaba com a morosidade na análise0.5 1xbetnovas tecnologias. "Agora a análise dos novos medicamentos é contínua, acelerada e constante, com critérios muito bem definidos e ampla participação0.5 1xbettodos os interessados. Ou seja, o principal objetivo do PL 6.330/2019, a maior rapidez na incorporação, já foi resolvido por outros meios", pontua.
"A incorporação automática0.5 1xbetmedicamentos,0.5 1xbetparticular, oncológicos orais, só interessa aos laboratórios que os comercializam. Se o PL for aprovado, o Brasil se tornará o paraíso da indústria farmacêutica mundial, que conseguirá vender aqui, sem qualquer restrição, produtos rejeitados lá fora", conclui.
Quem paga a conta?
Embora defendam a importância do PL, os especialistas também se mostram preocupados com os custos desses novos medicamentos — afinal, alguns lançamentos farmacêuticos da área0.5 1xbetoncologia chegam a custar dezenas ou até centenas0.5 1xbetmilhares0.5 1xbetreais por mês.
Se todo e qualquer novo fármaco for aprovado sem uma avaliação prévia e precisar ser custeado pelos convênios, será que as empresas terão condições financeiras0.5 1xbetpagar a conta?
"O ideal é que o Brasil possuísse uma avaliação0.5 1xbettecnologias0.5 1xbetsaúde que tivesse critérios bem definidos e fosse mais rápida", diz Mathias.
"O que temos hoje é um tempo muito prolongado entre a aprovação da Anvisa e a avaliação para entrada no rol da ANS", completa a oncologista.
Essa avaliação0.5 1xbettecnologia0.5 1xbetsaúde, conhecida na área pela sigla ATS, leva0.5 1xbetconta diversos aspectos e busca determinar, entre outras coisas, a custo-efetividade0.5 1xbetum novo tratamento. Num cenário0.5 1xbetrecursos finitos, isso ajuda a guiar as melhores escolhas e garantir o acesso a remédios que realmente tragam algum benefício para os pacientes.
"Não há dúvidas que precisamos discutir a efetividade e o custo dos medicamentos. Mas, enquanto isso não acontece na prática, quem paga o pato é o paciente, que muitas vezes tem o acesso negado aos tratamentos que seriam benéficos a ele", esclarece Holtz.
"É muito difícil para o paciente saber, por um lado, que há um remédio que poderia dar a ele mais 9 meses0.5 1xbetvida e, por outro, o plano0.5 1xbetsaúde, que ele pagou a vida inteira, dizer não para essa terapia", reforça.
Na avaliação dos especialistas, portanto, a aprovação do PL serviria como um paliativo para amparar os pacientes no atual contexto, mas não resolve todos os problemas.
Os próximos passos
Embora o veto ao PL da químio oral tenha sido uma surpresa, os parlamentares e diversas entidades da sociedade civil se organizaram rapidamente para buscar uma solução.
O Instituto Vencer o Câncer, por exemplo, lançou um abaixo-assinado online para pressionar o Congresso Nacional que já conta com mais0.5 1xbet183 mil apoiadores.
A SBOC, por0.5 1xbetvez, fez uma série0.5 1xbetreuniões com deputados e senadores para defender a derrubada do veto.
Para que o veto presidencial seja rejeitado pelos congressistas e o PL efetivamente se transforme numa lei, é preciso que ocorra uma sessão conjunta entre Senado e Câmara dos Deputados para uma nova votação.
Nessa reunião, é necessário conseguir maioria absoluta nas duas casas legislativas, com o apoio0.5 1xbet41 senadores e 257 deputados, para que o veto caia.
E tudo indica que a sessão conjunta deve acontecer nas próximas duas ou três semanas,0.5 1xbetacordo com informações colhidas pelo Instituto Vencer o Câncer e pelo próprio Senador Reguffe.
"O presidente do Senado Federal [Rodrigo Pacheco (PSD-MG)] me disse que colocará a derrubada do veto0.5 1xbetvotação na próxima sessão do Congresso Nacional", informa Reguffe.
"Tenho conversado individualmente com os parlamentares, no sentido0.5 1xbetconvencê-los da importância do projeto. A nossa esperança é que vamos conseguir [derrubar o veto]", completa o senador.
Procurada pela BBC News Brasil, a assessoria0.5 1xbetimprensa do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, não confirmou oficialmente nenhuma data para a votação da derrubada do veto.
E no sistema público?
Por fim, vale destacar que toda a discussão da PL da químio oral se limita aos serviços privados0.5 1xbetsaúde. Na rede pública, o problema0.5 1xbetacesso a novos tratamentos do câncer é ainda mais difícil, apontam os especialistas.
"Não entra praticamente nada0.5 1xbetnovo no Sistema Único0.5 1xbetSaúde (SUS)", protesta Holtz.
Ainda dentro0.5 1xbetpautas e projetos sobre oncologia, Bolsonaro vetou parcialmente na segunda-feira (22/11) outro PL (1.605/2019), que instituía o "Estatuto da Pessoa com Câncer". O texto tentava tornar obrigatório o atendimento integral à saúde0.5 1xbetindivíduos com a doença pelo SUS.
O presidente vetou justamente o trecho que visava garantir "o acesso0.5 1xbettodos os pacientes a medicamentos mais efetivos contra o câncer".
Como argumento para a decisão, o governo disse que "os recursos são finitos e não devem ser direcionados apenas para uma única estratégia terapêutica na busca por maior efetividade do tratamento, a qual será medida pela qualidade, pelos danos associados, pelo balanço entre riscos e benefícios0.5 1xbetcada tratamento, pela razão0.5 1xbetcusto-efetividade incremental, entre outros".
"Assim, observa-se na propositura existência0.5 1xbetelevado risco0.5 1xbetcomprometimento da sustentabilidade do sistema0.5 1xbetsaúde", finaliza o texto, publicado no Diário Oficial.
Assim como pode acontecer com a PL da químio oral nas próximas semanas, os deputados também poderão votar para derrubar esse veto.
Na saúde pública, a chegada0.5 1xbetterapias mais modernas segue por outro caminho: após a aprovação do tratamento pela Anvisa, ele precisa ser submetido à Comissão Nacional0.5 1xbetIncorporação0.5 1xbetTecnologias no SUS, conhecida pela sigla Conitec.
"Ali, a via0.5 1xbetavaliação é muito rigorosa, até porque o orçamento é apertado. Mas nós estamos trabalhando0.5 1xbetforma independente para melhorar o acesso no SUS também", informa Maluf.
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