Avanço do mar saliniza rio Amazonas e deixa comunidadescarballo gremioestadocarballo gremioemergência:carballo gremio

Entregacarballo gremioalimentos no arquipélago do Bailique

Crédito, Governo do Amapá

Legenda da foto, Prefeituracarballo gremioMacapá decretou emergência por conta da salinização no arquipélago do Bailique
Mapacarballo gremioBailique

Crédito, Google

Legenda da foto, Marcador mostra o arquipélago do Bailique, na foz do rio Amazonas

Para um pesquisador que estuda o tema, o avanço da salinização pode estar ligado ao aumento global do nível do mar, um resultado das mudanças climáticas.

Ele diz que a região da foz do Amazonas tem passado por grandes transformações nos últimos anos. Um exemplo foi a drástica mudança no curso do caudaloso rio Araguari, um vizinho do Amazonas.

Desde 2013, o rio deixoucarballo gremiodesaguar no Atlântico e virou um afluente do Amazonas, alteração que pode ter ampliado a salinização no arquipélago do Bailique e é associada à criaçãocarballo gremiobúfalos e à construçãocarballo gremiohidrelétricas (leia mais abaixo).

Casas na beira do rio

Crédito, Governo do Amapá

Legenda da foto, Casascarballo gremioribeirinhos no arquipélago do Bailique, na foz do rio Amazonas

Mais peixescarballo gremioágua salgada

O arquipélago do Bailique tem cercacarballo gremio8 mil habitantes, espalhados por oito ilhas, e fica a cercacarballo gremio200 quilômetros da sedecarballo gremioMacapá. Só é possível acessar a região por barco.

As principais atividades econômicas do arquipélago são a pesca, a agricultura familiar e o cultivocarballo gremioaçaí.

Geová Alves, presidente da Associação das Comunidades Tradicionais do Bailique e vice-presidentecarballo gremiouma cooperativa localcarballo gremioprodutorescarballo gremioaçaí, diz à BBC News Brasil que sempre houve salinização na região entre os mesescarballo gremiosetembro e novembro. Nessa época,carballo gremioque chove menos, as águas do Amazonas costumam baixar, facilitando o avanço da maré.

Com o retorno das chuvas, a partircarballo gremionovembro, o fenômeno perde força, e a água volta a ficar doce.

Alves diz que, no passado, essa salinização sazonal costumava afetar só cercacarballo gremio20 das 51 comunidades do Bailique, aquelas que ficavam ao norte do arquipélago. De alguns anos para cá, porém, todas as comunidades passaram a ser impactadas, segundo ele.

A principal consequência, diz o morador, é a faltacarballo gremioágua potável para beber e cozinhar, já que o rio é a principal fonte hídrica das famílias. "São comunidades carentes, que não conseguem comprar água mineral", afirma. Segundo Alves, um galãocarballo gremio20 litroscarballo gremioágua hoje custa até R$ 25 no arquipélago. As comunidades não têm acesso a água encanada.

Outro efeito da salinização tem sido sentido por pescadores. "Percebemos uma presença grandecarballo gremiopeixescarballo gremioágua salgada, e o afastamentocarballo gremiopeixescarballo gremioágua doce e camarão", afirma Alves.

Essa mudança, porém, não tem causado prejuízos aos pescadores, já que peixescarballo gremioágua salgada são valorizados e têm sido capturadoscarballo gremioabundância. "Acabou sendo uma vantagem (para os pescadores)", afirma.

Já no cultivo do açaí ainda não foram notadas mudanças, diz ele, pois os frutos são colhidos no período chuvoso, quando a água já voltou a ser doce.

"Mas ainda não sabemos se o solo vai ter algum prejuízo daqui a alguns anos que possa interferir na qualidade ou quantidade da produção", afirma.

Búfalos

Crédito, Batalhão Ambiental do Amapá

Legenda da foto, Criaçãocarballo gremiobúfalos pode ter contribuído com a morte da foz do Araguari e favorecido a salinização do Amazonas

A morte da foz do rio Araguari

Ele diz que muitos moradores do arquipélago atribuem a crescente salinização no Amazonas ao assoreamento no vizinho rio Araguari, temacarballo gremiogrande controvérsia na região e uma das maiores transformações na paisagem do Brasil nas últimas décadas.

Com cercacarballo gremio500 quilômetroscarballo gremioextensão, o Araguari é o maior rio a correr exclusivamente no Amapá. Ele nasce no Parque Nacional do Tumucumaque e, até 2013, desaguava no Atlântico ao norte do arquipélago do Bailique, a poucos quilômetros da foz do Amazonas, ao sul.

Desde 2011, porém, formou-se - espontaneamente, mas provavelmentecarballo gremioconsequência da ação humana - um canal que passou a conectar os dois rios, fazendo com que o Araguari direcionasse parte do seu fluxo para o Amazonas. Esse canal, chamadocarballo gremioUrucurituba, foi engrossando até que,carballo gremio2014, passou a absorver praticamente todo o fluxo do Araguari.

Com isso, o Araguari passou a desembocar inteiramente no Amazonas, e não mais no Atlântico. A antiga foz do Araguari secou, tendo sido tomada pela vegetação desde então.

Imagemcarballo gremiosatélite

Crédito, Google

Legenda da foto, Em 2006, o canal Urucurituba era pequeno, e o rio Araguari desaguava no mar. Isso começa a mudar...
Imagemcarballo gremiosatélite

Crédito, Google

Legenda da foto, ...em 2011, quando a expansão do Urucurituba passa a conectar o Araguari ao Amazonas. Com o tempo...
Imagemcarballo gremiosatélite

Crédito, Google

Legenda da foto, ...praticamente todo o fluxo do Araguari passa a desaguar no Amazonas, e não mais no oceano. Em 2020, a vegetação já havia ocupado a antiga foz do Araguari.

Por causa dessa mudança, o fenômeno da pororoca, pelo qual o Araguari era famoso internacionalmente, deixoucarballo gremioocorrer. Isso porque a pororoca se forma a partir do choque entre o fluxo do rio e a maré, gerando uma onda que avança continente adentro.

Como não há mais contato entre o rio e o mar, as ondas da pororoca deixaramcarballo gremioocorrer.

Outra consequência da mudança no curso do Araguari foi a acelerada erosão nas áreas impactadas pelo fluxo do canal Urucurituba. O fenômeno é conhecido localmente como "terras caídas" e já provocou a destruiçãocarballo gremiocentenascarballo gremiocasas no Bailique.

Menor resistência frente ao mar

Geová Alves diz que a salinização no arquipélago se tornou mais intensa a partir da mudança no curso do Araguari. Segundo ele, quando desembocava no mar, o Araguari "ajudava o Amazonas a empurrar a água salgada para longe" da costa.

"Com o assoreamento do Araguari, as correntes que se combinavam perderam um pouco da força, e o mar invadiu onde não havia resistência", ele afirma.

Para Alan Cavalcanti da Cunha, professorcarballo gremioEngenharia Civil da Universidade Federal do Amapá (Unifap), a tese faz sentido.

Pós-doutorcarballo gremiofluxos hidrológicos entre ecossistemas terrestres e aquáticos pela Universidadecarballo gremioMiami (EUA), Cunha estuda o comportamentocarballo gremiorios da região desde 2004.

Em artigocarballo gremio2018 para o periódico científico Science of the Total Environment, Cunha e outros pesquisadores analisaram a mudança no curso do Araguari.

Pororoca

Crédito, Governo do Amapá

Legenda da foto, Pororocacarballo gremiorio no Amapá; fenômeno deixoucarballo gremioocorrer no rio Araguari

Para os autores, o surgimento do canalcarballo gremioUrucurituba - que desviou o fluxo do Araguari para o rio Amazonas - pode estar relacionado a três fatores:

1 - Dinâmicas naturais no estuário do Amazonas, que incluem o deslocamentocarballo gremiogrande quantidadecarballo gremiosedimentos e o forte fluxo das águas tantocarballo gremiodireção ao oceano quanto no sentido contrário, alterando o curso do rios;

2 - A implantaçãocarballo gremiousinas hidrelétricas no alto curso do Araguari.

A primeira usina passou a operarcarballo gremio1976, e as outras duas,carballo gremio2014 e 2017. Segundo os autores, as usinas alteraram a dinâmica do transportecarballo gremiosedimentos pelo rio, o que pode ter favorecido a abertura do canalcarballo gremioUrucurituba;

3 - A criaçãocarballo gremiobúfalos nas margens do rio.

Introduzidos na região no século 19, esses pesados animais criam valas ao pisotear frequentemente os mesmos locais. Uma dessas valas pode ter dado origem ao canal Urucurituba - que, com a força das águas, foi se expandindo até alcançar o Amazonas.

Estima-se que haja 202 mil búfalos na bacia do Araguari, número três vezes maior que a população humana local.

Em entrevista à BBC News Brasil, Cunha diz que, quando o Araguari deixoucarballo gremiodesaguar no mar, o Amazonas perdeu um aliado que o ajudava a manter a água salgada longe da costa.

Ele aponta ainda outras duas causas para os relatoscarballo gremiocrescente salinização no Bailique, ambas associadas às mudanças climáticas.

A primeira é o aumento global no nível do mar, provocado pelo degelo das calotas polares. Segundo a Nasa (agência espacial americana), o nível médio do mar subiu cercacarballo gremio20 centímetros entre 1901 e 2018.

Cunha explica que,carballo gremiotodos os estuários (pontos onde o rio se encontra com o mar), há um jogocarballo gremioforças entre o fluxo dos rios e as marés. Quando a maré sobe e o fluxo do rio diminui, a água salgada consegue avançar mais facilmente rio adentro, movimento que se inverte quando a maré baixa e o fluxo do rio aumenta.

Por isso, diz Cunha, o aumento do nível dos oceanos tende a alterar esse equilíbriocarballo gremiofavor do mar, fazendo com que a água salgada avance mais facilmente pelos rios.

É o que já pode estar ocorrendo na foz do Amazonas, segundo o pesquisador.

Erosão na margem do Amazonas

Crédito, Governo do Amapá

Legenda da foto, Fenômeno das "terras caídas" no arquipélago do Bailique

Outra possível explicação para o aumento da salinização no arquipélago do Bailique, segundo ele, é a elevação das temperaturas na região, outro efeito das mudanças climáticas.

O calor mais forte amplia a evaporação, o que porcarballo gremiovez acelera a circulaçãocarballo gremioar e permite que ventos transportem mais sal que estava nos oceanos para o continente.

Cunha afirma que as mudançascarballo gremiocurso na foz do Amazonas precisam ser mais estudadas, especialmente os impactos do avanço no nível do mar. Segundo ele, a região é extremamente sensível a alterações - e como seus rios e lagos estão conectados, uma mudança num ponto qualquer pode provocar consequências a vários quilômetros dali.

Até o fim deste século, prevê-se que o nível médio dos oceanos possa subir entre 0,6 m e 1,1 mcarballo gremiorelação aos padrões pré-industriais a depender do ritmo das emissõescarballo gremiogases causadores do efeito estufa.

As transformações no arquipélago do Bailique jogam luz sobre uma das possíveis consequências das mudanças climáticas para populações costeiras. Sabe-se que a elevação do nível do mar tende a inundar muitas regiões litorâneas, forçando suas populações a migrar.

Para muitas comunidadescarballo gremioestuários, porém, escapar das inundações talvez não seja suficiente, pois pode faltar água doce para abastecê-las.

Línea

carballo gremio Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube carballo gremio ? Inscreva-se no nosso canal!

Pule YouTube post, 1
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimoscarballo gremioautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticacarballo gremiousocarballo gremiocookies e os termoscarballo gremioprivacidade do Google YouTube antescarballo gremioconcordar. Para acessar o conteúdo cliquecarballo gremio"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdocarballo gremioterceiros pode conter publicidade

Finalcarballo gremioYouTube post, 1

Pule YouTube post, 2
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimoscarballo gremioautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticacarballo gremiousocarballo gremiocookies e os termoscarballo gremioprivacidade do Google YouTube antescarballo gremioconcordar. Para acessar o conteúdo cliquecarballo gremio"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdocarballo gremioterceiros pode conter publicidade

Finalcarballo gremioYouTube post, 2

Pule YouTube post, 3
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimoscarballo gremioautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticacarballo gremiousocarballo gremiocookies e os termoscarballo gremioprivacidade do Google YouTube antescarballo gremioconcordar. Para acessar o conteúdo cliquecarballo gremio"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdocarballo gremioterceiros pode conter publicidade

Finalcarballo gremioYouTube post, 3