A estratégiabwin wikipediaLula na busca por apoiobwin wikipediapolíticos que apoiaram impeachmentbwin wikipediaDilma:bwin wikipedia

Após a derrota, o PT adotou o discursobwin wikipediaque o impeachment foi um golpe que contou com a participaçãobwin wikipediatraidores dentro da base que, até então, dava sustentação ao governo. Entre os partidos "traidores" estavam o MDB e o PSD,bwin wikipediaGilberto Kassab. Na votação na Câmara, 29 dos 37 deputados federais do PSD votaram pelo impeachment. No MDB, foram 59 dos 66.

Hoje, porém, o cenário parece ser outro. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é o homem a ser batido. Apesarbwin wikipediaas pesquisasbwin wikipediaopinião mais recentes mostrarem um alto índicebwin wikipediarejeição a Bolsonaro, analistas afirmam quebwin wikipediaeventual candidatura à reeleição deverá ser competitiva.

Por outro lado, Lula recuperou os direitos políticosbwin wikipediamarço deste ano após uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, que anulou duas condenações contra ele no âmbito da Operação Lava Jato. Desde então, o petista vem liderando com relativa folga as principais pesquisasbwin wikipediaintençãobwin wikipediavoto para as eleiçõesbwin wikipedia2022.

Apesarbwin wikipediaafirmar que "ainda" não é candidato, o ex-presidente e o PT vêm se movimentandobwin wikipediabuscabwin wikipediaviabilizar uma eventual candidatura no ano que vem, o que, se acontecer, serábwin wikipediasexta eleição presidencial. Mas como explicar a retomadabwin wikipedialaços com partidos e lideranças que soltaram a mão do PT no seu momento mais crítico?

Pragmatismo e inimigo comum

Para o cientista político e professor do Insper Carlos Melo a palavra-chave é: pragmatismo. Segundo ele, para viabilizar a candidaturabwin wikipediaLula, o PT entende que é preciso passar por cimabwin wikipediaeventuais rusgas do passadobwin wikipediaprolbwin wikipediaum objetivo maior que, hoje, seria vencer as eleições presidenciais contra Bolsonaro.

"Em política, há um ditado que diz que ninguém é tão amigo que não possa virar inimigo e ninguém é tão inimigo que não possa virar aliado. Isso é pragmatismo. Não se faz política profissional olhando para o retrovisor. Política se faz olhando para o para-brisa", diz Melo.

O senador Humberto Costa (PT-PE), com quem o ex-presidente se encontroubwin wikipediaBrasília, confirma esse raciocínio.

"Hoje, a gente está olhando para a questão que é mais importante: vencer Bolsonaro. Desde o impeachment, nós já tivemos pontosbwin wikipediaconvergência com o MDB, por exemplo. O Brasil não aguenta mais quatro anosbwin wikipediaBolsonaro e vamos conversar com todo mundo que tenha compromisso com a democracia", disse o parlamentar à BBC News Brasil.

O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) foi um dos que participaram do jantar oferecido por lideranças do MDB a Lula. Na avaliação dele, o impeachmentbwin wikipediaDilma não deve bloquear o diálogo com outros partidos.

"O impeachment é algo que nos fez sofrer. É algo do que a gente não esquece, mas isso não pode impedir o partidobwin wikipediaconversar com outros atores políticos. Temos que dialogar com o maior númerobwin wikipediaforças possível", disse Teixeira.

Em uma entrevista coletiva realizada na semana passada, o próprio ex-presidente disse que pretende manter conversas com as mais diversas forças políticas. Sai o termo "golpe" e entra a expressão "consertar esse país".

"Eu vou conversar com todo mundo. Estou na fasebwin wikipediaconversar com partido político, com movimentos sociais. Em algum momento, vou conversar com os empresários, com os intelectuais. Eu vou conversar com a sociedade brasileira porque consertar esse país não é tarefabwin wikipediaum partido político. É tarefabwin wikipediamuita gente", disse Lula ao ser questionado sobre as conversas com o MDB.

Para o cientista político, professor e sócio da Tendências Consultoria, Rafael Cortez, a aproximação do PT com o MDBbwin wikipediaEunício Oliveira e o PSDbwin wikipediaGilberto Kassab sinaliza duas coisas. A primeira é que o PT aceitou o resultado do impeachment e se reorganizou a partir disso. A segunda é que eleger Lula é o projeto principal do partido.

"O PT, a despeito da retóricabwin wikipediagolpe, aceitou o impeachment e entende que isso não será entrave para futuros acordos políticos. Não vai ser o passado que vai constranger esses acordo. Além disso, isso mostra que a meta principal do partido é reeleger Lula", disse.

Dividir e conquistar

Melo e Cortez dizem que improvável que o MDB e PSD deem apoio ao PT no primeiro turno das eleições. Por isso, é importante manter interlocução com lideranças regionais que possam dar suporte formal ou informal à candidaturabwin wikipediaLula independentementebwin wikipediaqual será a posição oficial dos partidos.

"No Brasil, as lideranças regionais têm muito poder dentro dos partidos. É perfeitamente possível que o MDB apoie um adversário do PT nacionalmente enquanto candidatos da legenda ofereçam palanque para o ex-presidente nos estados. Isso deve acontecer com o PSD e outros partidos, também", explica Carlos Melo.

"É mais ou menos aquela estratégia conhecida como 'dividir e conquistar'. O PT quer aproveitar as fraturas internas dos partidos para conseguir apoios e, assim, se fortalecer", diz Rafael Cortez.

Humberto Costa admite a estratégia.

"Estamos conversando com as liderançasbwin wikipediadiversos níveis. A ideia é que a se gente não tiver o apoio formal, pelo menos podemos ter apoio nos Estados. O Nordeste é um exemplo disso. Os Estados vão ter um peso importante no apoio a Lula independente da posição dos partidos", disse o senador.

Carlos Melo diz que a tendência ébwin wikipediaque uma provável candidaturabwin wikipediaLula à presidência ganhe cada vez mais apoiobwin wikipedialideranças regionais à medida que ela se mostrar mais competitiva.

"Hoje, o PP tem Arthur Lira na presidência da Câmara e Ciro Nogueira na Casa Civil, todos próximos a Bolsonaro. Mas não se assuste se,bwin wikipedia2022, você vir candidatos do PP no palanquebwin wikipediaLula. Se a candidatura dele se mostrar viável, vai atrair cada vez mais apoio", afirma Melo.

Ônus e bônus

Mas se por um lado a estratégiabwin wikipedia"engolir" o impeachment para construir apoiosbwin wikipedia2022 pode trazer vantagens, por outro ela também pode trazer algum ônus.

Dias depois do encontro do ex-presidente com lideranças do MDB, o pré-candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, atacou o ex-presidentebwin wikipediaum vídeo postadobwin wikipediasuas redes sociais questionando, justamente, a retomada dos laços com "os mesmosbwin wikipediasempre".

"Será que Lula tem condiçõesbwin wikipediagovernar bem hojebwin wikipediadia? Digo isso porque ele não renovou as suas ideias nem aprendeu com os seus erros. É só ver que ele está se juntando com os mesmosbwin wikipediasempre, incluindo aqueles que derrubaram Dilma", disparou Ciro Gomes.

Para Carlos Melo, o risco é calculado.

"Eu não creio que traga mais ônus do que bônus. Quem está na esquerda vai votar no Lula independentebwin wikipediaquais sejam as alianças dele. Vai haver defecções, mas são insignificantes. Quem é contra, por outro lado, nunca irá votar nele. Esse movimento é destinado a quem está no centro, mas não é antilulista", explica Melo.

Um ano antes das eleições, porém, o cenáriobwin wikipediarelação à disputabwin wikipedia2022 ainda é repletobwin wikipediaincertezas. Analistas apostam que uma recuperação da economia pode dar novo fôlego a Bolsonaro e ainda existiria a possibilidadebwin wikipediaum novo nome no cenário. Diante disso, que garantias o PT teriabwin wikipediaque não seria "traído" novamente pelos mesmos partidos?

Rafael Cortez explica que,bwin wikipediapolítica, esse tipobwin wikipediagarantia não existe. O máximo que o partido pode fazer é "minimizar esses riscos" tornando a candidaturabwin wikipediaLula cada vez mais competitiva.

"O principal caminho para minimizar esses riscos é fazer a candidatura (de Lula) mais forte. Se ela tiver competitividade, vai natural que as forças se políticas se reúnambwin wikipediatornobwin wikipediaquem,bwin wikipediatese, terá mais chancebwin wikipediachegar ao poder. Agora, se tem uma coisa que caracteriza a política é a incerteza quanto ao cumprimentobwin wikipediaacordos. Não tem árbitro", diz Cortez.

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