As crianças do espectro autista que têm no basquete um alívio para a pandemia:blaze whatsapp
"A criança autista funcionablaze whatsappum jeito diferente. Se ela aprende uma coisa e deixablaze whatsappfazer, ela acaba esquecendo. Isso aconteceu com o Josimar, que era sempre tranquilo e voltou a ficar agitado. Ele gostavablaze whatsapptocar teclado, mas isso teveblaze whatsappparar porque faltou o repasse da verba, por exemplo. Só agora, quase um ano e meio depois, ele está voltando a fazer as atividades que fazia antes", conta Lourdes.
Os cercablaze whatsapp20 atletas se reúnem no Ginásio do Serviço Social da Indústria (Sesi),blaze whatsappMaceió, Alagoas, como parte do Programa Sesi Pessoas com Deficiência (PSPCD),blaze whatsappforma gratuita. Os pais acompanham a atividade e participam junto, a pedido da equipeblaze whatsappinstrutores.
Everton Filho,blaze whatsapp13 anos, se comunica a partirblaze whatsappgestos com os pais, Civanilda Lima e Everton Santos, que se revezam ou fazem juntos a atividade. Com um poucoblaze whatsappvergonha das fotografias, ele se esconde e continua comendo um iogurte.
A pandemia foi um grande problema para o menino. Até então, para acalmá-lo, o pai o levava para uma volta pela praia ou uma caminhada nas ruas da cidadeblaze whatsappMarechal Deodoro, a 30kmblaze whatsappMaceió. Mas ficou impossível fazer isso durante o anoblaze whatsapp2020.
"Eu tinha muito medoblaze whatsappque qualquer umblaze whatsappnós pegasse a doença. Para ele, infelizmente, custou bastante. Ele estava aprendendo a fazer muita coisa sozinho, como se vestir, e aí tudo mudou. Ele se estressou bastante porque não podia sair. Nós tínhamos uma rotina muito certeira, que era colocá-lo no carro quando ele estava angustiado e levá-lo para espairecer."
A fala foi interrompida porque Everton pedia que o pai o acompanhasse num trechoblaze whatsappcircuito. Ao voltar, ele explicou a construção da confiança entre os dois.
"Quando você tem um filho autista, você vive por ele e toma muitas atitudes pensando no bem-estar dele. Desde o primeiro dia, eu soube que deveria cuidar dele com a minha vida. E isso se estende quando vejo outra criança autista. É um conhecimento que precisamos compartilhar para que a vida deles seja ainda mais confortável", complementou.
Ana Paula Tenório faz o mesmoblaze whatsapprelação a Luiz Felipe. Professora, ela conta que os seus próprios horários hoje se adequam aos do filho. Se ele está na escola, ela consegue dar suas próprias aulas. Termina uma hora antes para ir buscá-lo. São os dois, sozinhos, para a vida, a natação, o basquete, a terapia…
"Às vezes, acontece muitoblaze whatsappa mãe cuidar do filho quase sozinha. É um amor que dura para sempre, incapazblaze whatsappabandonar oublaze whatsappdeixar sofrer. No ano passado, o Lipe, ao ficarblaze whatsappisolamento, ficava correndo a nossa casa inteira para tentar acabar com a energia. Dormia muito pouco também. Às vezes até uma melhora no sono já é uma conquista para eles", explicou.
Basquete como aliado
O basquete foi a maneira encontrada pelo uruguaio Pablo Lucini, professor do Sesi, para adequar as necessidades dos garotos, a confiança dos pais e a melhora da qualidadeblaze whatsappvida. Hoje com 57 anos, 33 dedicados ao trabalho com pessoas portadorasblaze whatsappdeficiência, ele conta que a paixão nasceu do acaso.
"Acho que é uma dessas coisas pelas quais nos apaixonamos. Existe coisa melhor do que saber que estamos propiciando condiçõesblaze whatsappvida melhores para alguém? Eu fico feliz toda vez que me dizem que o filho está socializando mais, dormindo melhor. É um legado bonito para se construir. O basquete sempre foi o meu esporte principal para esse tipoblaze whatsapptrabalho e vejo que ele pode ser adaptado a qualquer necessidade", contou.
Pablo sabe o nomeblaze whatsapptodos os pais e dos seus filhos, e interage sempre. É costumeiro vê-lo tentando dar suporte às famílias durante os treinos.
Os quatro pais ouvidos pela reportagem falamblaze whatsappuníssono dos benefícios da atividade física no dia-a-dia dos garotos. E, mesmo que sejablaze whatsappgraça, ainda enfrentam algumas dificuldades para que os filhos possam participar todas as vezes.
Civanilda relembra que já deixoublaze whatsapplevar o filho ao basquete por não ter condiçõesblaze whatsapppagar o transporte. Everton bate na mesma tecla: os remédios são caros, a gasolina subiublaze whatsapppreço e tudo é longe. Ana Paula lembra que faz tudo praticamente sozinha. Lourdes também lamenta que alguns lugares não aceitam mais garotos que passam dos 14 anos — "Mas por quê, se eles não deixamblaze whatsappser autistas quando chegam a essa idade?".
O TEA é considerado um transtorno do neurodesenvolvimento que se manifesta nos primeiros anosblaze whatsappvida da criança, explica a professora doutorablaze whatsappEducação Especial e pesquisadora na áreablaze whatsappAnálise do Comportamento Aplicada (ABA) aplicada ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), Daniela Ribeiro.
Ele é caracterizado por dificuldades na comunicação e na interação social e pela presençablaze whatsappcomportamentos repetitivos e interesses restritos.
A gravidade das dificuldades na comunicação e na interação social e a intensidade dos comportamentos repetitivos e dos interesses restritos podem variar bastante. Dependendo da gravidade, a pessoa será mais ou menos dependente da ajudablaze whatsappoutras pessoas. O quanto a pessoa dependeblaze whatsappoutras pessoas ou necessitablaze whatsappsuporte determina os graus ou níveis do TEA, que são: leve, moderado ou severo.
"O principal fator que contribuiu para esse estresse adicional [na pandemia] foi a quebrablaze whatsapprotina, uma vez que muitas pessoas tiveram suas terapias interrompidas. Considerando que uma das características do TEA é a presençablaze whatsappinteresses restritos, as mudançasblaze whatsapprotina costumam ser bastante desafiadoras e gerar bastante ansiedade, principalmente, quando acontecemblaze whatsappmaneira repentina", diz Daniela, que é professora da Universidade Federalblaze whatsappAlagoas (UFAL).
Ela adiciona, ainda, que o diagnóstico do TEA é um desafio para muitos profissionais, uma vez que não existe um exame para diagnosticar o transtorno. Ou seja, é realizado por meioblaze whatsappobservação clínica e da análise do histórico do desenvolvimento da pessoa.
O profissional deve verificar a presença dos sinais descritos na quinta edição do DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais). É possível que exames sejam solicitados para investigar as causas e doenças associadas.
"Existem diversos tratamentos para pessoas com TEA. No entanto, as terapias com maior evidência são as baseadas na ciência Análise do Comportamento Aplicada. Elas têm como objetivo principal ensinar novos comportamentos e reduzir comportamentos que interferem na aprendizagem ou representam risco para a própria pessoa ou para outras pessoas. É muito importante que essas terapias tenham início assim que os sinaisblaze whatsappTEA são percebidos".
Daniela salienta que atividades físicas, tanto os esportes quanto atividades recreativas, têm demonstrado efeitos positivos no desenvolvimentoblaze whatsapphabilidades motoras,blaze whatsappcomunicação eblaze whatsappinteração socialblaze whatsappcrianças e jovens com TEA.
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