Os fatores que fazem disparar riscosign up bet plusapagão no Brasil:sign up bet plus

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Maior hidrelétrica do subsistema Sudeste, reservatóriosign up bet plusFurnas está com 15% dasign up bet pluscapacidade

O riscosign up bet plusapagões é considerado alto porque o sistema já está operando no limite, com o acionamentosign up bet plusmais térmicas para compensar a quantidade menorsign up bet plusenergia gerada nas hidrelétricas e uso intenso das linhassign up bet plustransmissão, que permitem levar energiasign up bet plusregiõessign up bet plusque a oferta está menos apertada para outrassign up bet plussituação mais crítica. Dessa forma, a interrupçãosign up bet plusabastecimento pode ocorrer tanto da geração insuficiente, como da falhasign up bet plusalgum ponto do sistema, explica o meteorologista da Climatempo Filipe Pungirum.

"Apagões são prováveis. Hoje, estamos com pouca folga no despachosign up bet plusenergia, justamente por estarmos usando próximo ao máximo das linhas que temos para transmitir energia no país", ressalta.

"Então, se algum problema causar interrupção numa linhasign up bet plustransmissão, como não há redundância (espaço disponívelsign up bet plusoutra linha) nesse transportesign up bet plusenergia, consequentemente alguns apagões poderão ocorrer, principalmente nos momentossign up bet pluspicossign up bet pluscarga,sign up bet plusque a população consome mais energia", acrescenta.

O risco também é apontado por Ana Carla Petti, presidente da consultoria MegaWhat.

"Apesar das medidas do governo, o riscosign up bet plusapagão permanece para o atendimento à cargasign up bet plusponta, aquele momento do diasign up bet plusque a sociedade consome mais energia elétrica. Esse momentosign up bet plusponta tem ocorrido na parte da tarde, por contasign up bet plustemperatura, usosign up bet plusar condicionado, e vai até o início da noite, por voltasign up bet plus18h. Principalmente o mercado Sudeste tem esse comportamento característico", nota ela.

"Como as termelétricas já estão praticamente todas despachadas, ou seja, tudo que tem disponível está gerando, esse atendimentosign up bet plusponta deveria ser feito por uma geração hidrelétrica maior, a aí pode ser quesign up bet plusalgum momento a gente não tenha água suficiente para poder atender essa demandasign up bet plusponta, porque os reservatórios já estão muito baixo. Existem níveis (mínimos dos reservatórios)sign up bet plussegurançasign up bet plusoperação das próprias máquinas", explica.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Apagão, racionamento: pior crise hídrica no paíssign up bet plus91 anos trouxesign up bet plusvolta ao vocabulário dos brasileiros termos que estavamsign up bet plusdesuso desde 2001

Na noitesign up bet plussábado (18/09), um apagãosign up bet pluscercasign up bet plusuma hora atingiu dezenassign up bet pluscidadessign up bet plusMinas Gerais e Riosign up bet plusJaneiro,sign up bet plusespecial na Zona da Mata e na Região dos Lagos. Segundo nota do ONS, a interrupção foi causada por uma falhasign up bet plusuma subestaçãosign up bet plusFurnas.

"O ONS avaliará as causas da ocorrência junto aos agentes envolvidos. Vale ressaltar que o episódio não tem relação com a crise hídrica do país", diz ainda o comunicado.

Reservatórios com 18% da capacidade no Sudeste

A crise hídrica é considerada a piorsign up bet plus91 anos, segundo especialistas e o próprio Ministériosign up bet plusMinas e Energia. A situação é especialmente grave no Sudeste, a região que responde por 70% da energia produzida no país.

Segundo dados do ONS, o volume útil — quantidadesign up bet pluságua que pode ser usada para geraçãosign up bet plusenergia — dos reservatórios que integram o subsistema das regiões Sudeste e Centro-Oeste estásign up bet plusapenas 18% dasign up bet pluscapacidade máxima, segundo o boletimsign up bet plussábado (18/09). É o pior resultado já registrado para setembro. Um ano atrás, o volume útil desse subsistema erasign up bet plus32,9%, quase o dobro do atual.

Jásign up bet plussetembrosign up bet plus2001, quando o governo teve que impor medidas drásticassign up bet plusracionamento à população e a empresas para reduzir a demanda, a capacidade dos reservatórios estavasign up bet plus20,7%. Naquele ano, consumidores que ultrapassassem determinado patamarsign up bet plusconsumosign up bet plusenergia tinham que pagar multas, e até a iluminação pública nas ruas foi reduzidasign up bet plusdiversos estados.

A situação também é preocupante no subsistema Sul,sign up bet plusque os reservatórios estão com capacidade médiasign up bet plus30%. Já no Nordeste e Norte o cenário é mais confortável (44% e 64,5%, respectivamente).

A expectativa é que os reservatórios devem continuar secando até novembro, quando começa a temporadasign up bet pluschuvas na maior parte do país.

Durante audiência pública na Câmara dos Deputados no finalsign up bet plusjunho, o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, disse que os reservatórios do subsistema Sudeste e Centro-Oeste devem chegar,sign up bet plusmédia, a 10% dasign up bet pluscapacidadesign up bet plusnovembro com as medidas adotadas pelo governo para estimular a reduçãosign up bet plusconsumo e usar outras fontessign up bet plusenergia, nível que ainda seria suficiente para as hidrelétricas seguirem operando.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Hidrelétricas do Sudeste respondem por cercasign up bet plus70% da energia produzida no país

Com a volta da temporada chuvosa, os reservatórios devem voltar a subir no final do ano, mas a projeçãosign up bet plusmeteorologistas é que a quantidadesign up bet pluschuva deve ficar novamente abaixo da média histórica, sendo insuficiente para uma recuperação satisfatória.

A mudança climática aumenta o riscosign up bet plusclima quente e seco. Nem todas as secas se devem às mudanças climáticas, mas ambientalistas apontam que o excessosign up bet pluscalor na atmosfera está tirando mais umidade da terra e piorando as secas.

A economista e professora do Institutosign up bet plusEnergia e Ambiente da Universidadesign up bet plusSão Paulo (USP), Virginia Parente, explica que os reservatórios das hidrelétricas brasileiras foram projetados para aguentar alguns anossign up bet pluschuvas abaixo da média. O problema, diz, é que as secas têm sido muito severas, ao mesmo tempo que o consumosign up bet plusenergia e água no país cresceu muito ao longo das décadas.

Diferençassign up bet plusrelação a 2001

Se a situação é pior que há duas décadas, por que, ao menos por enquanto, não houve um racionamento da mesma dimensão daquele ano?

Após a crisesign up bet plus2001, o país adotou medidas para reduzir esse risco, como aumentar a conexão do sistema com mais linhassign up bet plustransmissão. Isso permite distribuir melhor a energiasign up bet plusuma região que esteja com mais oferta para outra,sign up bet plusque a geração esteja insuficiente. Além disso, também houve aumento da ofertasign up bet plusoutros tipossign up bet pluseletricidade, com mais geraçãosign up bet plusenergia térmica, solar e eólica.

Hoje, os mercados do Sudeste, Centro-Oeste e Sul,sign up bet plusque a situação é mais crítica, estão sendosign up bet plusparte abastecidos por energia produzida no Nordeste, onde os reservatórios das hidrelétricas estão mais cheios e há também geração relevantesign up bet plusenergia eólica.

A situação, porém, não é confortável porque, ao mesmo tempo que ampliou-se a geração e a transmissãosign up bet plusenergia no país, também houve aumento do consumo nas últimas duas décadas, destaca Filipe Pungirum.

Governo deveria ter adotado racionamento?

O baixo nível dos reservatórios é especialmente preocupante porque as hidrelétricas representam 65% da capacidadesign up bet plusgeraçãosign up bet plusenergia do país. Por isso, o governo já adotou uma sériesign up bet plusmedidas para tentar reduzir a demanda e, ao mesmo tempo, aumentar a ofertasign up bet plusoutras fontes geradoras — ações que alguns especialistas ainda consideram insuficientes.

Uma dessas medidas foi o aumento do usosign up bet plustérmicas — como o custo delas é maior que das hidrelétricas, isso aumentou a contasign up bet plusluz no país, o que acaba tendo o efeitosign up bet plusdesestimular o consumo. Segundo o IPCA, principal índicesign up bet pluspreços do IBGE, a contasign up bet plusluz ficousign up bet plusmédia 21% mais cara no país nos últimos 12 meses encerradossign up bet plusagosto, mais que o dobro da inflação geral (9,68%).

Crédito, Reprodução

Legenda da foto, Ministro Bento Albuquerque sugeriu redução no consumo da energia com menor usosign up bet plus'chuveiros elétricos, condicionadoressign up bet plusar e ferrossign up bet pluspassar'

Além disso, o Ministériosign up bet plusMinas e Energia também lançou a partir deste mês um programasign up bet plusdesconto na contasign up bet plusluz para quem reduzir seu consumo, com objetivosign up bet plusprovocar uma reduçãosign up bet plus15% na demanda entre setembro e dezembro.

Também foi editado um decretosign up bet plusagosto com ações para os órgãos públicos federais consumiremsign up bet plus10% a 20% menos energiasign up bet plussetembro a abrilsign up bet plus2022. Outra providência foi aumentar a importaçãosign up bet plusenergia da Argentina e do Uruguai.

Para o engenheiro Edvaldo Santana, diretor da Agência Nacionalsign up bet plusEnergia Elétrica (Aneel) entre 2005 e 2013, o governo deveria ter feito mais, adotando uma estratégiasign up bet plusracionamento a partirsign up bet plusjulho para evitar os riscossign up bet plusapagões agora. Nasign up bet plusvisão, isso não foi feito por temor do impacto eleitoral da medida.

"Desde que o PSDB perdeu a eleição (de 2002 para o PT) por causa do racionamento (no governo Fernando Henrique Cardoso), os governos consideram melhor o consumidor gastar mais (com energia das térmicas) do que fazer um racionamento", ressalta.

"O racionamento não saisign up bet plusmenossign up bet plus60 dias. Primeiro tem que planejar, depois as pessoas têm que entender (como funciona). Como a temporada seca está terminando, não faz mais sentido fazer. Agora é esperar o que vai acontecer", disse ainda.

Já a professora da USP Virginia Parente diz que o governo falhasign up bet plusnão fazer campanhas maiores para conscientizar a população a economizar energia e luz, ousign up bet plusestabelecer melhores acordos bilaterais para usosign up bet plusenergia dos países vizinhos. Ela discorda, porém, que deveria ter sido feito um racionamento antes.

"O racionamento tem um custo muito grande, causa sofrimento e desemprego. Se uma fábrica só vai poder gastar 80% ou 70% da energia, por exemplo, ela vai dispensar os funcionários parte dos dias e vai produzir menos, vender menos", nota ela.

"A empresa vai então negociar para reduzir o salário dos funcionários, eles vão ter menos grana pra comprar outros produtos, as outras empresas vão vender menos pra eles e o PIB do Brasil vai afundar", reforça.

Por outro lado, a professora lembra que apagões, ainda que localizadossign up bet plusapenas algumas partes do país, também podem causar grandes prejuízos.

"Os momentossign up bet pluspicosign up bet plusconsumo são perigosos, com maior probabilidadesign up bet pluster apaguinhossign up bet plusdurações variadas. A gente corre esse risco e é bem grave, porque se você estiversign up bet pluscasa trabalhando no seu computador, a bateria aguenta um tempo. Mas, se você for uma indústriasign up bet pluscerâmica que precisa apagar seu forno, você estraga toda a produção do dia. Pequenos apaguinhos da indústria podem fazer grandes estragos", nota ela.

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