O sumiçoesporte com uexcursão a Aparecida que é mistério para família desde 2012:esporte com u
Primogênito dos quatro filhosesporte com uBeatriz e Delmar, o químico João Winck,esporte com u62 anos, é o principal responsável por procurar a idosa.
"É duro dizer, mas tudo isso tem sido um aprendizado. Você amadurece rápido demais. Desde que comecei a procurar a minha mãe, passei a enfrentar uma realidade que nunca imaginei", diz o químico.
Ele conta que conversou com jornalistas, policiais e até com traficantes da regiãoesporte com uAparecida na busca por Beatriz.
"Cheguei a conversar com um gerenteesporte com ubocaesporte com ufumo para pedir ajuda. Um juiz me disse que eu não deveria ter feito isso, porque depois ficaria na mão do cara. Mas eu disse pra ele que naquele momento o que mais me importava era procurar a minha mãe", desabafa.
João acredita que a idosa está viva. Mas entre os parentes, os anos sem respostas trouxeram incertezas e a sensaçãoesporte com uque Beatriz está morta. Apesar da divergência, os familiares atualmente mantêm um desejoesporte com ucomum: descobrir o que aconteceu com a idosa.
Em nota, a Polícia Civilesporte com uSão Paulo afirma que segue apurando o caso. A reportagem tentou contato com o delegado responsável pela investigação, mas a assessoriaesporte com uimprensa da Secretaria da Segurança Públicaesporte com uSão Paulo não respondeu.
Nas redes sociais, uma página que acumula milharesesporte com useguidores tem como título uma pergunta que ecoa entre os familiares da idosa: onde está a dona Beatriz?
O desaparecimento
Beatriz morava no municípioesporte com uPortão, no interior do Rio Grande do Sul, com o marido. O casal, que teve quatro filhos, estava junto havia cercaesporte com u60 anos. Uma das atividades preferidas dos dois era viajar com gruposesporte com uidosos da região.
Em outubroesporte com u2012, Beatriz e Delmar foram para Aparecidaesporte com uuma excursão com maisesporte com u30 pessoas. Depois, o grupo ainda iria a Poçosesporte com uCaldas,esporte com uMinas Gerais, e Holambra,esporte com uSão Paulo. Era uma viagem que duraria cercaesporte com uuma semana.
O ônibus chegou a Aparecidaesporte com uum domingo, períodoesporte com uque o santuário costuma reunir milharesesporte com uturistas.
Delmar e Beatriz foram ao hotel, deixaram as coisas e decidiram fazer uma caminhada pela região. "Eles fizeram um passeio pelo Santuário, que naquele dia estava com um público muito grande. Durante essa caminhada, resolveram entrar na Casa das Velas, que vende artigos religiosos dentro da Basílica", relata João.
"Eles escolheram o material que queriam e foramesporte com udireção ao caixa. Mas como havia uma fila, meu pai pediu pra minha mãe aguardar na portaesporte com usaída da loja, porque ele iria entrar na fila e pagar. Ele viu a minha mãe parada ali fora, esperando. Quando foi a vez dele, pagou e saiu, mas não encontrou mais a minha mãe", conta João.
A partiresporte com uentão, começou o mistério sobre o desaparecimento da aposentada. Delmar acionou a guarda do santuário. Ele teve a ajudaesporte com uconhecidos na busca pela companheira, mas nenhuma pista foi encontrada. "Não acharam absolutamente nada", diz João.
Uma das idosas que estava na mesma excursão que o casal disse que Beatriz reclamou do cansaço e e que queria voltar "para casa". Mas João não acredita que a mãe tenha deixado o santuário naquele momento, enquanto aguardava Delmar.
"Ela não ia ao banheiro sem avisar meu pai. Ele também não fazia nada sem minha mãe. Eles eram muito ligados. Quando meu pai disse para ela ficar esperando na porta da loja, tenho certezaesporte com uque ela ficou ali na porta esperando, mas sumiu por algum motivo", diz João.
Sem respostas no santuário, Delmar foi ao hotel, mas não encontrou nenhum indícioesporte com uque a idosa havia retornado ao local. No período da noite, ele comunicou os filhos sobre o desaparecimentoesporte com uBeatriz.
João conta que logo pegou um voo para Aparecida. No dia seguinte, registrou um boletimesporte com uocorrência sobre o desaparecimento da mãe. A Polícia Civil abriu um inquérito para apurar o caso e passou a ajudar nas buscas.
Busca incessante
Após o desaparecimento da idosa, os familiares dela ficaram por um períodoesporte com uAparecidaesporte com ubuscaesporte com urespostas. Foram feitos maisesporte com u50 mil panfletos com a foto da idosa, que foram distribuídos na cidade eesporte com uoutras regiões próximas. Além disso, diversos voluntários se mobilizaram para ajudar na procura por Beatriz. Nenhuma pista foi encontrada.
Os responsáveis pelo Santuárioesporte com uAparecida informaram que não havia registros que pudessem mostrar o momentoesporte com uque Beatriz desapareceu. "Só conseguimos acesso às câmeras do Santuário depoisesporte com u15 dias do desaparecimento dela. E isso não nos ajudouesporte com unada, porque descobrimos que as filmagens ali eram feitas umasesporte com ucima das outras. Então nada ficava registrado", diz João.
Em nota à BBC News Brasil, o Santuário Nacionalesporte com uAparecida afirma que possui "estrutura e protocolos que são acionados quando as pessoas se desencontramesporte com useus familiares, sendo efetivo o reencontro ainda no mesmo dia". Sobre o casoesporte com uBeatriz, diz que "as investigações foram conduzidas pelas autoridades competentes, com auxílio do Santuário Nacional no que lhe foi solicitado e direcionado".
A administração do Santuário não detalha, na nota encaminhada à reportagem,esporte com uque forma teria auxiliado nas investigações sobre o desaparecimento da idosa.
Entre as hipóteses levantadas para o desaparecimentoesporte com uBeatriz estavam situações como a possibilidadeesporte com uela ter se perdido na cidade, ter entrado no ônibus com uma excursão errada ou até ter decidido retornar para a casa da famíliaesporte com uPortão. Mas com o passar dos dias, essas possibilidades foram descartadas.
Não houve qualquer registroesporte com uidosa perdidaesporte com uAparecida ou nas proximidades com as característicasesporte com uBeatriz. As excursões da época não relataram casoesporte com uidosaesporte com uum ônibus errado. E não houve nenhum indícioesporte com uque Beatriz tenha tentado voltar para casa.
As buscas pela idosa continuaram, mas cada vez mais o desaparecimento dela intrigava a família e os envolvidos na procura. Não houve pedidoesporte com uresgate,esporte com ucasoesporte com usequestro, ou qualquer situação que indicasse que ela pudesse ter sido vítimaesporte com ualgum tipoesporte com ucrime. A aposentadoria dela, segundo os familiares, foi bloqueada para evitar que o dinheiro pudesse ser usado por outras pessoas.
João afirma que a mãe não sofria com alguma doença que pudesse fazer com que ela ficasse desorientada. "Antesesporte com uviajar, ela fez um check-up e o médico disse que ela não tinha nenhum problemaesporte com usaúde. Temos por base que ela estavaesporte com ucondiçõesesporte com uviajar. Ela não tinha Alzheimer ou alguma doença que a deixasse com lapsosesporte com umemória", declara o químico.
Se a mãe teve algum tipoesporte com udificuldade que a impediuesporte com use lembrar da família, passou por um mal-estar ou até mesmo foi vítimaesporte com ualgum crime, João menciona que nunca houve qualquer casoesporte com uidosa desmemoriada ou internadaesporte com uum hospital que pudesse ser associado à aposentada.
"Já disseram que ela perdeu a memória e saiu sem rumo, já disseram que ela entrou no ônibus, que foi embora por conta própria ou tantas outras coisas. Tudo bem, alguma dessas coisas pode ter acontecido. Mas o que me pergunto é: como fiz tanto barulho na mídia, conversei com tanta gente, mandei fazer maisesporte com u50 mil panfletos e distribuí na região, recebi ajudaesporte com uvoluntários e até hoje não tive nenhum tipoesporte com uresposta?", diz João.
Na época, ele foi atrásesporte com udiversos meiosesporte com ucomunicação para divulgar o desaparecimento da mãe. O caso foi noticiadoesporte com uinúmeros veículos nacionais. Ele acreditava que essa ampla divulgação do caso poderia fazer com que surgisse, ao menos, uma pista sobre o paradeiro da idosa. Mas foiesporte com uvão.
Durante as buscas, João também conversou com diversos policiais, contratou investigadores particulares e até visitou áreas consideradas violentas na regiãoesporte com uAparecida para pedir ajuda na busca pela idosa. "Não obtivemos nenhum resultado, absolutamente nenhuma pista", comenta o químico.
Ele acredita que a mãe esteja viva e tenha sido levada a algum lugar. "O meu sentimento éesporte com uque ela não desapareceu por faltaesporte com umemória ou algo parecido. Alguma coisa aconteceu, mas não sei. Acredito que ainda vou encontrá-laesporte com uum hospital, por meio da polícia", afirma João.
Nos últimos anos, a famíliaesporte com uBeatriz recebeu diversas informações sobre idosas encontradas sem memóriaesporte com uhospitais ou nas ruas. João conta que sempre dá atenção a esses relatos, avalia as imagens das mulheres junto com a família para ver se há traços da mãe, mas nunca encontrou alguma que parecesse com Beatriz.
Apesaresporte com uacreditar que a mãe está viva, o químico também visitou lugares como o Instituto Médico Legal (IML), após relatosesporte com ucorposesporte com uidosas que não foram identificadas. "Já vi três ossadas: duas na região da cidadeesporte com uAparecida e uma no interioresporte com uGoiás. Duas foram analisadas pela arcada dentária e outra por meioesporte com uexame. Nenhuma delas era a minha mãe", relata o químico.
"Também já vi um corpoesporte com udecomposição, que achavam que pudesse ser a minha mãe. Mas foi comprovado que não era", comenta João.
A Polícia Civilesporte com uSão Paulo afirma que o casoesporte com uBeatriz foi relatado à Justiçaesporte com ujunhoesporte com u2013, oito meses após o desaparecimento dela. Dois meses depois, após solicitaçãoesporte com unovos procedimentos para a busca da idosa, o caso foi encaminhado ao Departamento Estadualesporte com uHomicídios eesporte com uProteção à Pessoa (DHPP), que desde então está responsável pela apuração.
"A 5ª Delegaciaesporte com uInvestigações sobre Pessoas Desaparecidas investiga o caso por meioesporte com uProcedimentoesporte com uInvestigaçãoesporte com uDesaparecimento (PID) e segue realizando buscas para localizar a vítima. Qualquer informação que possa contribuir com o trabalho policial pode ser fornecida via Disque Denúncia (181)", diz nota da Secretaria da Segurança Públicaesporte com uSão Paulo.
'Eu realmente penso que vou encontrá-la'
Há familiares que pedem para João abandonar as buscas, aceitar que a mãe morreu e que, após quase nove anos, dificilmente haverá respostas sobre o caso.
No entanto, o químico não pensaesporte com udesistir da procura. Ele não detalha valores exatos, mas diz ter gastado "mais que um carroesporte com uluxo" na procura por Beatriz, por meioesporte com upanfletos, viagens e pagamentos a detetives particulares. Nos últimos anos, ele foi diversas vezes a Aparecida para fazer novas buscas.
Um dos objetivosesporte com uJoão é que o pai dele não morra sem respostas sobre o sumiço da companheira. "Às vezes, ele acha que a minha mãe está viva. Mas se alguém chegar e falar que ela está morta, ele acredita nisso também. A cada momento ele pensa uma coisa sobre isso", comenta o químico.
No ano passado, João decidiu focar nas redes sociais para propagar o caso. Ele investiu na página "Onde está dona Beatriz?" no Facebook, que hoje é seguida por maisesporte com u18 mil pessoas, e criou até um site com o mesmo nome, para ajudar na procura.
Ele recebeu apoioesporte com uum especialistaesporte com umídias sociais e pagou para impulsionar uma publicação da página no Facebook, na qual detalha sobre o desaparecimento da mãe e mostra fotos da idosa e da mãeesporte com uBeatriz (para ilustrar como a aposentada pode estar atualmente).
A publicação no Facebook rendeu muito mais alcance do que o esperado por João: foram 106 mil compartilhamentos. Muitas pessoas viram a história e decidiram divulgar, para ajudar na busca por respostas.
Diante do grande alcance no Facebook, os parentes passaram a receber diversos casosesporte com uidosas desmemoriadas que estavam internadas ou nas ruas. Nenhuma delas, porém, era Beatriz.
Recentemente, João passou a ter uma nova esperança: a Campanha Nacionalesporte com uColetaesporte com uDNAesporte com uFamiliaresesporte com uPessoas Desaparecidas. A iniciativa, lançada pelo Ministério da Justiça e Segurança Públicaesporte com umaio deste ano, tem o objetivoesporte com upossibilitar a identificaçãoesporte com upessoas desaparecidas por meioesporte com uexames e bancosesporte com uperfis genéticos. A tecnologia, segundo o governo, permite identificar vínculos genéticos entre pessoas localizadas sem identificação e aqueles que estão cadastrados no banco.
João colheu material genético e encaminhou para a campanha. Mas não há, até o momento, nenhuma novidade que possa indicar o que aconteceu com Beatriz.
A faltaesporte com urespostas angustia o químico e os familiares. Porém, ele acredita que o reencontro com a mãe está cada vez mais próximo.
"A família da minha mãe e do meu pai é muito longeva. São pessoas que vivem por muitos anos e são resistentes. Eu realmente penso que vou encontrá-la vivaesporte com ualgum lugar", diz João.
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