Covid: 300 mil bebês deixaramsure bet bet365nascer no Brasil por pandemia, com adiamentos e mais divórcios:sure bet bet365

Bebêssure bet bet365maternidade

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Pandemia afetou não só a nossa taxasure bet bet365mortalidade, mas tambémsure bet bet365natalidade

Confira alguns deles:

1) Menos nascimentos, ou nadasure bet bet365"baby boom" até agora

Quem imaginava que o enclausuramento provocado pela pandemia provocaria um "baby boom" se enganou, explica Diniz Alves à BBC News Brasil.

"A pandemia provocou uma queda na natalidade no mundo inteiro", diz. "Quem pôde adiar a maternidade, no casosure bet bet365casais jovens, adiou. (...) Mesmo que tivesse havido mais sexo (entre pessoas quarentenadassure bet bet365casa), hojesure bet bet365dia existe uma separação entre sexo e reprodução. Houve muito medosure bet bet365a mulher grávida ficar doente, medosure bet bet365o hospital estar sobrecarregado. Basta adiarem-se 20% dos nascimentos para haver um impacto grande na taxasure bet bet365natalidade."

Esse impacto já foi sentidosure bet bet3652020,sure bet bet365gestações possivelmente adiadas logo nos primeiros meses do ano. Enquanto houvesure bet bet3652019, quase 2,8 milhõessure bet bet365bebês nascidos no país, no ano passado esse número caiu para pouco maissure bet bet3652,6 milhões, segundo o Portal da Transparência do Registro Civil.

Se considerarmos que a projeção do IBGE erasure bet bet365que o Brasil teria 2,9 milhõessure bet bet365bebês nascidos no Brasilsure bet bet3652020, tivemos, na prática, 300 mil bebês a menos do que o esperado.

E Diniz Alves explica que essa redução deve se aprofundar ainda mais neste ano, porque os adiamentossure bet bet365gestações provavelmente continuaram ao longo do ano passado e do primeiro semestre deste.

O aumento no númerosure bet bet365divórcios (15% a mais apenas no segundo semestresure bet bet3652020,sure bet bet365relação ao mesmo períodosure bet bet3652019) e a queda no númerosure bet bet365casamentos também contribuem para menos concepçõessure bet bet365bebês.

Vale lembrar que esse fenômeno não é inédito: por exemplo, quando eclodiu a epidemiasure bet bet365síndrome congênita da zikasure bet bet365bebês, entre 2015 e 2016, também houve um recuo momentâneo na natalidade do Brasil, diante do medo das mulheressure bet bet365engravidar.

A expectativa, prossegue Diniz Alves, ésure bet bet365que, passado o coronavírus, a taxasure bet bet365natalidade brasileira volte aos patamares anteriores à pandemia, na casa dos 2,8 milhõessure bet bet365bebês por ano.

Uma ressalva: isso é muito abaixo dos 4 milhõessure bet bet365bebês que nasciam anualmente no Brasil na décadasure bet bet3651980 - e a responsabilidade é da transição demográfica brasileira, sobre a qual falaremos no final desta reportagem.

Populaçãosure bet bet365rua no centrosure bet bet365SP

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Legenda da foto, População cresceu bem menos do que o previsto pelos demógrafos; São Paulo (acima), por exemplo, teve seu menor crescimento populacionalsure bet bet365décadas

2) Crescimento da população bem menor do que o previsto

Antessure bet bet365a pandemia eclodir, o IBGE havia projetado que o Brasil veriasure bet bet365população aumentarsure bet bet3651,574 milhãosure bet bet365pessoas no ano passado.

No entanto, diante da baixa na taxasure bet bet365natalidade, das mortes por covid-19 e da sobrecarga do sistemasure bet bet365saúde, o país terminou 2020 com 1,159 milhãosure bet bet365pessoas a mais, segundo o Portal da Transparência do Registro Civil.

"Portanto, a grosso modo, podemos dizer que o impacto da pandemia foi reduzir o crescimento populacionalsure bet bet365415 mil pessoassure bet bet3652020", explica Diniz Alves.

Isso deve se intensificar neste ano: com ainda mais mortes por covid-19 do que no ano passado e menos nascimentos, "o Brasil deve ter 1 milhãosure bet bet365pessoas a menos do que estava previsto nas projeções do IBGE para 2021", prossegue o demógrafo.

3) RJ e RS: os Estados onde a população chegou a encolher

Riosure bet bet365Janeiro e Rio Grande do Sul, os Estados com maior proporçãosure bet bet365população mais velha, registraram mais mortes do que nascimentos entre janeiro e maiosure bet bet3652021.

Foi uma variação breve e temporária - decorrente, obviamente, do picosure bet bet365mortes por covid-19 -, mas muito importante: trata-se da primeira vez que isso acontece na história do país.

"É uma grande e inédita novidade para a demografia brasileira, (...) que tem uma históriasure bet bet365521 anossure bet bet365crescimento demográfico contínuo e ininterrupto", escreveu Diniz Alves em artigo.

Eis os dados: segundo o Portal da Transparência do Registro Civil, o Estado fluminense teve 79.038 nascimentos e 79.570 óbitossure bet bet3651°sure bet bet365janeiro a 29sure bet bet365maio deste ano.

Ou seja, houve uma redução vegetativasure bet bet365532 pessoas no período, explica o demógrafo.

No Rio Grande do Sul, foram 53.832 nascimentos no período, e 54.218 óbitos. Na ponta do lápis, uma população com 386 pessoas a menos.

Homenagem a vítimas da covid-19sure bet bet365Copacabana

Crédito, EPA

Legenda da foto, Homenagem a vítimas da covid-19sure bet bet365Copacabana; Estados do RJ e RS chegaram a ter mais óbitos do que nascimentos nos primeiros meses deste ano

A expectativasure bet bet365Diniz Alves ésure bet bet365que a população desses Estados termine o anosure bet bet3652021 praticamente "empatada", sem decréscimos ou aumentos consideráveis.

4) SP: o menor crescimentosure bet bet365décadas

O caso fluminense e gaúcho é único, mas outros Estados brasileiros viram suas populações morrerem como nunca antes por causa da covid-19 - ao mesmo temposure bet bet365que os nascimentos nunca foram tão baixos.

Vejamos o casosure bet bet365São Paulo, que lidera,sure bet bet365números absolutos, as mortes por covid-19 no país. Um levantamento da associaçãosure bet bet365cartórios (Arpen-SP) mostrou que, no primeiro semestre deste ano, morreram 248 mil pessoas no Estado, número recorde e 84% acima da média para o período.

Os nascimentos, porsure bet bet365vez, foram 12% menores do que a média: 277 mil. Trata-se, então, do menor crescimento populacionalsure bet bet365décadas no Estado paulista.

5) Brasileiros vivem quase dois anos a menos do que antes

Em entrevista à BBC News Brasilsure bet bet365abril, a demógrafa Márcia Castro, professora da Faculdadesure bet bet365Saúde Públicasure bet bet365Harvard (EUA), apontou que a pandemia fez o brasileiro perder quase dois anossure bet bet365expectativasure bet bet365vidasure bet bet3652020.

Em média, bebês nascidos no Brasilsure bet bet3652020 viverão 1,94 ano a menos do que se esperaria se não tivesse havido a pandemia. Ou seja, 74,8 anossure bet bet365vez dos 76,7 anossure bet bet365vida anteriormente projetados.

A queda interrompe pela primeira vez um ciclosure bet bet365crescimento da expectativasure bet bet365vida no país que havia se iniciadosure bet bet3651945, quando nossa esperançasure bet bet365vida erasure bet bet36545,5 anossure bet bet365média.

Será que essa queda na expectativa vai ser revertida no pós-pandemia? José Eustáquio Diniz Alves explica que alguns demógrafos acreditam que sim; outros, como ele, são mais céticos.

Temos um alto númerosure bet bet365brasileiros infectados com o coronavírus - maissure bet bet36519 milhõessure bet bet365pessoas -, e uma parcela deles pode sofrer da chamada covid longa, que são as complicaçõessure bet bet365longo prazo na saúde provocadas pela covid-19.

Esse impacto da covid longa na mortalidade é que vai influenciar se os óbitos vão voltar aos patamares anteriores, pré-pandemia, ou continuar a sofrer as influências dela, opina Diniz Alves.

Homenagem aos maissure bet bet365500 mil mortossure bet bet365covid-19 no Brasil

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Homenagem aos maissure bet bet365500 mil mortossure bet bet365covid-19 no Brasil; pandemia reduziu nossa expectativasure bet bet365vidasure bet bet365quase dois anos

6) Um possível impacto sobre a transição demográfica

Mesmo antes da pandemia, a população brasileira já estavasure bet bet365transição demográfica e tornava-se cada vez mais envelhecida - ou seja, está diminuindo a proporçãosure bet bet365crianças e jovens enquanto aumenta a proporçãosure bet bet365adultos idosos.

As projeções indicam que, por voltasure bet bet3652047, as curvassure bet bet365natalidade esure bet bet365óbitos vão se encontrar. É a partir daí que a população brasileira deve começar a encolher: vai nascer menos gente do que vai morrer anualmente.

A covid-19 antecipou momentaneamente esse fenômeno, explica Diniz Alves, embora a expectativa ésure bet bet365que esse impacto da pandemia seja temporário.

Mas tudo vai dependersure bet bet365o quanto conseguiremos,sure bet bet365fato, controlar o coronavírus.

"O efeito da pandemia é conjuntural, mas pode manter os óbitos elevados e a natalidade mais baixa, dependendo do pós-pandemia - se ela acabarsure bet bet365vez, é uma coisa. Se (a covid-19) virar algo endêmico, daí o efeito na população pode ser mais permanente", afirma o demógrafo.

Com ou sem pandemia, precisamos nos preparar para um país diferente

De qualquer modo, essa transição demográfica prevista para se completarsure bet bet3652047 estásure bet bet365curso - e esse curso dificilmente será alterado. O que significa que precisaremos adaptar as políticas socioeconômicas para um país que terá menos crianças e mais idosos.

Isso já ocorresure bet bet365países mais desenvolvidos e envelhecidos, como Japão e Coreia do Sul - neste último, antigas escolas infantis, que haviam perdido a serventia, estão sendo adaptadas para servir a idosos, por exemplo.

Maternidades tendem a ser fechadassure bet bet365países onde há menos nascimentos. E a Previdência Social sente o baque, quando há menos jovens contribuindo para o bolo e mais aposentados necessitandosure bet bet365dinheirosure bet bet365aposentadoria.

Novamente, essa tendênciasure bet bet365desaceleração no crescimento populacional não é exclusiva do Brasil: deve acontecer tambémsure bet bet365outras partes do mundo, da China à Europa Oriental, salvo algumas exceções (como a África Subsaariana, onde o crescimento populacional deve se manter).

Mas com um planejamento responsável e com políticas focadas no bem-estar das pessoas, a redução populacional tende a ser benéfica para o planetasure bet bet365geral, opina José Eustáquio Diniz Alves.

"Essa ideia que vem desde a Revolução Industrial (em meados do século 18)sure bet bet365que é bom crescer sempre e ter mais coisas é incompatível com os recursos da Terra e com as outras espécies, pela pressão enorme sobre o meio ambiente", explica.

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