Vacina para HIV: O estudante que perdeu o tio para a aids e decidiu ajudar na busca por imunizante:grupo grátis de apostas esportivas
O estudo do qual ele está participando, intitulado Mosaico, é o únicogrupo grátis de apostas esportivasfase três contra o HIVgrupo grátis de apostas esportivastodo o mundo atualmente. Essa é a última etapa antesgrupo grátis de apostas esportivaso imunizante, caso aprovado nessa fase, ser disponibilizado para a população.
Os responsáveis pelo estudo são a empresa Janssen, controlada pela Johnson & Johnson, o Instituto Nacionalgrupo grátis de apostas esportivasAlergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID, na siglagrupo grátis de apostas esportivasinglês), a Redegrupo grátis de apostas esportivasEnsaiosgrupo grátis de apostas esportivasVacinas contra o HIV e o Comandogrupo grátis de apostas esportivasPesquisa e Desenvolvimento Médico do Exército dos EUA.
A pesquisa é considerada um avanço muito importante no combate ao vírus, que teve os primeiros casos confirmados no início da décadagrupo grátis de apostas esportivas80.
Nas últimas décadas, diversos cientistas trabalharam para tentar descobrir um imunizante contra o HIV. Já foram testadas outras vacinas, mas nenhuma foi considerada eficaz o suficiente para ser aplicada na população.
Entre os grandes desafios para encontrar um imunizante contra o HIV estão o fatogrupo grátis de apostas esportivasele possuir muitas variedades e sofrer diversas mutações para evitar ser atacado pelo sistema imunológico.
No caso do estudogrupo grátis de apostas esportivasfase três atualmente, os cientistas desenvolveram o imunizante por meiogrupo grátis de apostas esportivaspartes diferentes do HIV — uma espéciegrupo grátis de apostas esportivasmosaico — para atuar contra os mais diversos tipos do vírus.
Os especialistas têm grandes expectativas sobre o estudo Mosaico porque consideram que os conhecimentos que adquiriram nas últimas décadas, e até as tentativas frustradasgrupo grátis de apostas esportivasencontrar um imunizante, foram fundamentais para chegar à vacina que está sendo testada atualmente.
A morte do tio
Por muitos anos, a imagem que Thiago carregou do HIV era a do tio, que se chamava Vagner,grupo grátis de apostas esportivasfase terminal.
Vagner contraiu o HIVgrupo grátis de apostas esportivasmeados dos anos 90. "Ele foi infectado por usar drogas injetáveis. Pouco depois, foi preso por roubogrupo grátis de apostas esportivascarga. Na prisão, teve tuberculose duas vezes e a minha tia conta que foi lá que ele começou o tratamento com antirretrovirais contra o HIV", relata Thiago.
O usogrupo grátis de apostas esportivasmedicamentos antirretrovirais, distribuídos gratuitamente por meio do Sistema Únicogrupo grátis de apostas esportivasSaúde (SUS), permite que um paciente possa viver bem e impede que desenvolva a aids.
Desde 1996, o Brasil garante o tratamento universal e gratuito por meio do SUS a pessoas que vivem com o HIV. Atualmente, 640 mil pessoas recebem medicamentos contra o vírus no país, segundo o Ministério da Saúde.
A saúdegrupo grátis de apostas esportivasVagner piorou quando ele decidiu, por voltagrupo grátis de apostas esportivas2007, suspender as medicações. Segundo a família, o homem acreditava que estava curado do vírus.
Essa decisão foi crucial para que Vagner ficasse cada vez mais debilitado. Isso porque os antirretrovirais devem ser consumidosgrupo grátis de apostas esportivasmodo contínuo, pois são a única formagrupo grátis de apostas esportivasgarantir que um paciente possa viver bem com o HIV e fique indetectável — quando deixagrupo grátis de apostas esportivastransmitir o vírus. Sem eles, o sistema imunológico do paciente é duramente afetado.
"Enquanto o meu tio fazia tratamento, ele estava bem. Ele se tornou pastorgrupo grátis de apostas esportivasuma igreja e formou família. Mas quando ele acreditou que não precisava dos remédios mais, emagreceu muito e ficou muito frágil. Qualquer gripe que ele tinha já o deixava muito ruim. A gente sabia que era porque ele havia abandonado o tratamento contra o HIV", relembra Thiago.
Mesmo com a saúde cada vez mais debilitada, Vagner insistia que não precisavagrupo grátis de apostas esportivasremédios porque estava bem. "Até que ele ficou tão mal que precisou ser internado no Emílio Ribas no iníciogrupo grátis de apostas esportivas2008", comenta o sobrinho dele.
Thiago, na época com 16 anos, chegou a visitar o tio no hospital. "Ele estava muito fragilizado", relembra.
Após cercagrupo grátis de apostas esportivastrês mesesgrupo grátis de apostas esportivasinternação, os médicos pediram que Vagner fosse levado para a casa da família. "Disseram que o estado dele era irreversível, porque ele não quis fazer o tratamento, e pediram que ele morresse perto dos parentes", diz Thiago.
Em casa, Vagner estava muito magro, não conseguia se alimentar direito e passava quase o dia inteiro deitado emgrupo grátis de apostas esportivascama.
Na época, ele se separou e passou a morar com a mãe. O homem sobreviveu por mais quatro meses após deixar o hospital. "O meu tio chegou a pesar 30 quilos no fim da vida, por causa da aids. Quando ele contraiu uma pneumonia, não resistiu", relata o sobrinho. Vagner morreugrupo grátis de apostas esportivassetembrogrupo grátis de apostas esportivas2008, aos 37 anos.
Voluntáriogrupo grátis de apostas esportivaspesquisa sobre imunizante
Desde a morte do tio, Thiago passou a conviver com o medogrupo grátis de apostas esportivasser infectado pelo HIV e viver situação semelhante àgrupo grátis de apostas esportivasVagner. Ele admite que até anos atrás desconhecia sobre o tema e hoje entende que é possível viver bem por meio dos antirretrovirais.
O jovem afirma que a história do tio fez com que ele tivesse um cuidado maiorgrupo grátis de apostas esportivasrelação ao HIV ou outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs),
Quando passou a ter uma vida sexual ativa, há cercagrupo grátis de apostas esportivasquatro anos, começou a fazer exames com frequência. "Vivi diversos conflitos internos sobre a sexualidade, por causa da religião. Mas aos 25 ou 26 anos, me entendi como um homem gay e sabia da importânciagrupo grátis de apostas esportivasfazer os exames com frequência", relata.
No início deste ano, quando foi a um postogrupo grátis de apostas esportivassaúde para fazer exames, ele viu um anúncio sobre o estudo da vacina contra o HIV. No informativo, os responsáveis pela pesquisa diziam estar à procuragrupo grátis de apostas esportivasvoluntários.
"Eu já tinha visto sobre essa pesquisagrupo grátis de apostas esportivasuma propaganda no Instagram. Mas fui me informar mesmo depois que vi o anúncio no postogrupo grátis de apostas esportivassaúde. Conversei com a médica, e disse que queria participar. Por ter o caso do meu tio na minha família, achei que seria interessante participar dessa iniciativa", relata.
Há alguns critérios para se tornar voluntário da pesquisa. É preciso ter entre 18 e 60 anos e não pode viver com o HIV. Os participantes precisam fazer partegrupo grátis de apostas esportivasdois grupos sociais com alta vulnerabilidade á infecção: homem que faz sexo com outro homem ou indivíduo transgênero — é importante frisar que não somente esses grupos estão suscetíveis ao vírus.
As inscrições para voluntários permanecem abertas. Os pesquisadores pedem que mais pessoas que se enquadrem no perfil e morem nas regiõesgrupo grátis de apostas esportivasque esses estudos são conduzidos, como São Paulo (SP), se inscrevam na iniciativa (mais informações neste link).
Além do Brasil, a pesquisa também é feita na Argentina, Itália, México, Peru, Polônia, Espanha e Estados Unidos. O estudo deve reunir cercagrupo grátis de apostas esportivas3,8 mil voluntários. As inscrições começaramgrupo grátis de apostas esportivasnovembrogrupo grátis de apostas esportivas2019, foram suspensasgrupo grátis de apostas esportivasrazão da pandemiagrupo grátis de apostas esportivascovid-19 no ano passado e foram retomadas por voltagrupo grátis de apostas esportivasjunhogrupo grátis de apostas esportivas2020.
Os voluntários são selecionados a partirgrupo grátis de apostas esportivasum questionário. Eles devem estar dispostos a passar por avaliações médicas, consultasgrupo grátis de apostas esportivasaconselhamento e testes regulares para o HIV.
Após se inscrever para participar da pesquisa, Thiago passou por triagem no Emílio Ribas no iníciogrupo grátis de apostas esportivasmaio. Foi a primeira vez que ele retornou ao hospital, referênciagrupo grátis de apostas esportivasinfectologia. No local, fez uma avaliação médica e psicológica. Posteriormente, foi considerado apto para participar dos testes.
Em 26grupo grátis de apostas esportivasmaio, ele foi chamado para receber a primeira dose. Por se tratargrupo grátis de apostas esportivastestes clínicos, Thiago não sabe se recebeu o imunizante ou um placebo — substância sem nenhum efeito no corpo.
Os voluntáriosgrupo grátis de apostas esportivastestes clínicos são divididosgrupo grátis de apostas esportivasdois grupos: aqueles que recebem doses do produto ativo e os que recebem placebo. Esse método é fundamental para saber se um imunizante é seguro e eficaz.
O objetivo é que o grupo imunizado esteja mais protegido contra determinada doença infecciosagrupo grátis de apostas esportivasrelação aos que receberam placebo.
Ao longogrupo grátis de apostas esportivasum ano, Thiago deve tomar mais três doses e fará exames frequentesgrupo grátis de apostas esportivasHIV. "Não fiquei com nenhum receio quando tomei a primeira dose. Sógrupo grátis de apostas esportivasfazer parte desse estudo que vai mudar a vidagrupo grátis de apostas esportivasmuita gente, me sinto feliz", diz.
A vacina contra o HIV
Os resultados do estudo Mosaico devem ser divulgadosgrupo grátis de apostas esportivascercagrupo grátis de apostas esportivasdois anos e meio, avaliam os cientistas.
A vacina é considerada fundamental no combate ao HIV. Porém, é importante frisar que, além dos antirretrovirais para quem vive com o vírus, houve diversos avançosgrupo grátis de apostas esportivasrelação ao tema nas últimas décadas.
Atualmente há novas formasgrupo grátis de apostas esportivasprevenção ao vírus, além dos preservativos. Uma delas é a profilaxia pré-exposição (PrEP), comprimido com drogas antirretrovirais que previne a transmissão. Ela está disponível no SUS.
Outro avanço é a Profilaxia Pós-Exposição (PEP), tratamento que deve ser feito após suspeitagrupo grátis de apostas esportivasexposição ao HIV. O procedimento deve ser iniciado em, no máximo, 72 horas após o contato com o vírus e dura 28 dias. O método também está disponível no SUS.
Enquanto o Brasil, que tem cercagrupo grátis de apostas esportivas920 mil pessoas vivendo com o HIV, é considerado um modelo na distribuiçãogrupo grátis de apostas esportivasmedicamentos, nem todos os lugares do mundo têm o mesmo acesso aos antirretrovirais.
Para especialistas, não há dúvidasgrupo grátis de apostas esportivasque a vacina é a melhor formagrupo grátis de apostas esportivasevitar o avanço do HIVgrupo grátis de apostas esportivastodo o mundo, que atualmente tem cercagrupo grátis de apostas esportivas38 milhõesgrupo grátis de apostas esportivaspessoas infectadas pelo vírus. Essa imunização é a forma mais eficazgrupo grátis de apostas esportivaserradicar doenças infecciosas.
Desde o início da busca por uma vacina contra o HIV, há cercagrupo grátis de apostas esportivas40 anos, o conhecimento sobre o vírus avançou muito. Isso se deve também a muitos estudos que não conseguiram atingir o objetivogrupo grátis de apostas esportivasdescobrir um imunizante eficaz, mas ajudaram a avançar no tema.
"Hoje há muito mais conhecimentogrupo grátis de apostas esportivasrelação ao HIV e às vacinasgrupo grátis de apostas esportivasgeral. Agora, com as informações dos últimos anos e o entendimento sobre o vírus é mais provável montar um esquemagrupo grátis de apostas esportivasvacinação que dê certo, aliando conhecimento científico com basegrupo grátis de apostas esportivastudo o que deu certo ou errado no passado", relata o infectologista Álvaro Furtado, do Centrogrupo grátis de apostas esportivasReferência e Treinamento DST/Aidsgrupo grátis de apostas esportivasSão Paulo.
O objetivo dos cientistas é encontrar uma vacina que possa combater as inúmeras variações genéticas do HIV e estimule o sistema imunológicogrupo grátis de apostas esportivasforma mais ampla, porque o vírus é muito diverso.
Por que vacina contra covid surgiugrupo grátis de apostas esportivastão menos tempo?
O imunizante do estudo Mosaico é desenvolvido por meiogrupo grátis de apostas esportivasum conjuntogrupo grátis de apostas esportivasproteínas semelhantes às que compõem a parte externa do HIV. Os cientistas frisam que não há risco da vacina infectar os voluntários.
Um dos especialistas que conduzem a pesquisa no Brasil, Furtado explica porque foi possível encontrar vacinas para a covid-19grupo grátis de apostas esportivasmenosgrupo grátis de apostas esportivasum anogrupo grátis de apostas esportivaspandemia, enquanto o HIV ainda não possui um imunizante efetivo.
"O HIV tem várias estratégias para encarar o sistema imunológico do paciente, porque possui uma variação genética muito grande. É como se o HIV fosse uma caixagrupo grátis de apostas esportivaslápisgrupo grátis de apostas esportivas36 cores, enquanto a covid é uma caixa com duas cores apenas", diz o infectologista.
"Como a variação genética e geográfica do HIV é muito grande, o sistema imune consegue ser enganado com mais facilidade. Por isso é preciso uma vacina que pense nisso e estimule o sistema imunológico a encontrar formasgrupo grátis de apostas esportivascombater essa variação do vírus", acrescenta.
Ainda sobre a covid-19, o médico ressalta que foi possível produzir vacinasgrupo grátis de apostas esportivasum período considerado curto porque já havia conhecimentos sobre dois coronavírus identificados nas últimas duas décadas, o Mers e o Sars.
"Já havia conhecimento científico desses primeiros coronavírus, por isso existia uma basegrupo grátis de apostas esportivasentendimento imunológico para se fazer uma vacina. Já se conhecia a estrutura do vírus e as peças do quebra-cabeça para uma vacina. Os estudos anteriores só não caminharam porque essas epidemias acabaram e não deu para estudargrupo grátis de apostas esportivasuma população", explica o infectologista.
"O que aconteceu com a covid-19 é que foi uma epidemia astronomicamente maior. Com o conhecimento dos dois primeiros coronavírus, foi possível testar vacinasgrupo grátis de apostas esportivaslarga escalagrupo grátis de apostas esportivasfase um, dois e três", detalha Furtado.
A vacina contra a covid-19 tem sido fundamental para evitar novos casos e mortes pela doença pelo mundo. Países com boa parte da população imunizada têm retomado, aos poucos, a rotinagrupo grátis de apostas esportivasantes da pandemia.
A expectativa égrupo grátis de apostas esportivasque, assim como no caso da covid-19, uma vacina eficaz impeça o aumentogrupo grátis de apostas esportivasnovas infecções pelo HIV. Segundo estatísticas globais, são registradas maisgrupo grátis de apostas esportivas1 milhãogrupo grátis de apostas esportivasnovas infecções pelo vírus no mundo por ano.
"O objetivo é ver se a vacina é segura e se tem eficácia acimagrupo grátis de apostas esportivas50%. Se reduzirgrupo grátis de apostas esportivas50% a transmissãogrupo grátis de apostas esportivasHIV no mundo, ela já muda a história do vírus", pontua o especialista.
"Já reduziria à metade os casos. Mas é preciso haver uma cobertura vacinal grande para ter essa efetividade populacional", ressalta Furtado.
'Estamos com grande expectativa'
Para chegar aos resultados do estudo Mosaico, um comitê internacional terá acesso aos dados das pesquisas feitasgrupo grátis de apostas esportivasdiferentes países.
"Precisamos avaliar os voluntários após o período das vacinas. O HIV não é como a covid-19grupo grátis de apostas esportivasque a pessoa sai na rua sem máscara e pode pegar. É preciso avaliar se ela teve relação desprotegida, se passou por alguma situaçãogrupo grátis de apostas esportivasrisco (de infecção pelo HIV) e fazer exames frequentes", explica Furtado.
"Se der certo, a intenção é que comece a ser introduzida, principalmente, antesgrupo grátis de apostas esportivasuma pessoa começar a ter vida sexual", acrescenta o médico.
Caso a vacina seja considerada eficaz, Furtado considera que será um momento histórico. "Estamos com grande expectativa, por ser uma vacina desenvolvida também com base nos resultados dos estudos anteriores", diz.
Ele aponta que a descoberta da vacina pode ser também o caminho para chegar a uma cura do vírus para as pessoas que vivem com HIV. "'À medidagrupo grátis de apostas esportivasque há sucessogrupo grátis de apostas esportivasuma vacina para prevenção, abre-se espaço para desenvolver novas linhasgrupo grátis de apostas esportivaspesquisa para a cura", declara.
Para Thiago, o estudogrupo grátis de apostas esportivasfase três simboliza a esperança. Ele conta que os familiares, que viram o tio dele sofrer intensamente no passado, ficaram felizes ao descobrir sobre a pesquisa da vacina.
"Eu contei para o pessoal da minha família que estou participando do estudo. Uma tia comentou que é uma formagrupo grátis de apostas esportivasfechar um ciclo. Ela viu o irmão falecer por complicações da aids e agora, com a ciência mais avançada, o sobrinho ajuda na busca pela prevenção", diz.
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