Covid-19: Brasil e outros 51 países encomendaram vacinas antes da aprovaçãobwin nigeria'Anvisas':bwin nigeria
bwin nigeria As tratativas para garantir as vacinas contra a covid-19 começaram muito antes do que se imagina: no dia 1°bwin nigeriamaiobwin nigeria2020, o Reino Unido anunciou que havia garantido 90 milhõesbwin nigeriadoses do imunizante AZD1222, que naquele momento estava sendo desenvolvido e estudado por AstraZeneca e Universidadebwin nigeriaOxford.
Começava ali uma verdadeira corrida mundial para a compra dos primeiros lotes dos produtos que protegem contra o coronavírus: ao longo dos meses seguintes, outros 51 países abriram negociações com 16 laboratórios farmacêuticos e institutosbwin nigeriapesquisa diferentes.
Até janeirobwin nigeria2021, esse grupobwin nigerianações já havia firmado acordos que certificaram a possível entregabwin nigeriamaisbwin nigeria5,4 bilhõesbwin nigeriadoses das vacinasbwin nigeriaestudo.
Esses dados fazem partebwin nigeriaum levantamento feito pela reportagem da BBC News Brasil, que compilou e organizou as informações disponibilizadas no site do Centrobwin nigeriaInovaçãobwin nigeriaSaúde Global da Universidade Duke, nos Estados Unidos.
Detalhe importante: muitas dessas encomendasbwin nigeriavacinas foram realizadas antes mesmo da aprovação para uso pelas agências regulatóriasbwin nigeriacada local — no Brasil, o órgão responsável por fazer essa liberação é a Agência Nacionalbwin nigeriaVigilância Sanitária, a Anvisa.
Vale destacar que nenhum país aplicou esses produtos antes da liberação por essas entidadesbwin nigeriasaúde pública: a negociação antecipada serviu apenas para garantir os primeiros lotes fabricados.
Assim, quando os resultadosbwin nigeriaeficácia e segurança dos estudos clínicos foram publicados, muitas dessas nações puderam sair na frente e iniciaram as campanhasbwin nigeriaimunização antes do resto do mundo.
Esses achados contradizem o discursobwin nigeriaalguns senadores durante a CPI da Pandemia: ao longo das sessões, parlamentares argumentaram que o Brasil não poderia ter feito acordo com a Pfizer ou outras farmacêuticas no segundo semestrebwin nigeria2020, antes que a Anvisa desse sinal verde às vacinas.
Porém, como mostram os registros, o Brasil também faz parte desse grupobwin nigeria52 países que se antecipou e encomendou milhõesbwin nigeriadoses dos imunizantes antesbwin nigeriaqualquer avalbwin nigeriasua agência regulatória.
Como o levantamento foi feito?
Como citado anteriormente, o Centrobwin nigeriaInovaçãobwin nigeriaSaúde Global da Universidade Duke possui um site dedicado a registrar a comprabwin nigeriavacinas contra a covid-19 e a distribuição das doses pelo mundo.
De acordo com os registros, os primeiros acordos começaram a ser divulgadosbwin nigeriamaiobwin nigeria2020, momentobwin nigeriaque Reino Unido e Estados Unidos adquiriram 90 milhões e 300 milhõesbwin nigeriadoses da AZD1222, respectivamente.
Naquele estágio, esse imunizante ainda estava nas fases iniciaisbwin nigeriapesquisa: o estudo clínicobwin nigeriafase 3, o último antes da aprovação pelas agências regulatórias, iria começar no dia 28bwin nigeriaagostobwin nigeria2020 e seus resultados preliminares só seriam divulgados cercabwin nigeriatrês meses depois.
Ou seja: diante da crisebwin nigeriasaúde pública, os países precisaram negociar antecipadamente, mesmo sem ter certeza absoluta se aquele produto realmente funcionaria na prevenção da covid-19.
Sabe-se que os contratos com os laboratórios produtores traziam cláusulas que vinculavam o pagamento e a entrega à comprovaçãobwin nigeriasegurança e eficácia e à liberação das agências regulatórias.
Em outras palavras, os governos locais só efetivariam a compra após a aprovação das vacinas pelas agências reguladoras, mesmo se os imunizantes se mostrassem capazesbwin nigeriabarrar a infecção pelo coronavírus ou as suas formas mais graves.
Durante o levantamento, a BBC News Brasil considerou o período entre maiobwin nigeria2020 e janeirobwin nigeria2021, quando nosso país teve as suas duas primeiras vacinas aprovadas pela Anvisa: a AZD1222 (Oxford/AstraZeneca) e a CoronaVac (Sinovac/Instituto Butantan).
Confira a seguir a lista completa dos locais que encomendaram doses durante os meses que antecederam a liberação das agências regulatórias. A ordem estábwin nigeriaacordo com o anúncio dos acordosbwin nigeriacompra:
- bwin nigeria Américas: Estados Unidos, Canadá, Brasil, México, Equador, República Dominicana, El Salvador, Costa Rica, Panamá, Venezuela, Chile, Argentina, Colômbia, Bolívia, Peru e Uruguai.
- bwin nigeria Europa: Reino Unido, União Europeia*, Turquia, Ucrânia, Belarus, Sérvia, Macedônia e Albânia.
- bwin nigeria África: União Africana*.
- bwin nigeria Ásia: Israel, Japão, Vietnã, Cazaquistão, Índia, Nepal, Arábia Saudita, Taiwan, Catar, Indonésia, Filipinas, Malásia, Coreia do Sul, Tailândia, Bangladesh, Kuwait, China, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Líbano, Mianmar, Paquistão, Azerbaijão, Omã e Jordânia.
- bwin nigeria Oceania: Austrália e Nova Zelândia
*União Europeia e União Africana negociaram a comprabwin nigeriavacinasbwin nigeriabloco, para depois fazerem a distribuição para os países que compõem os grupos.
Quem foi pra frente
Além da participação dos 52 países, há outros detalhes que chamam a atenção no levantamento: é curioso notar, por exemplo, que os acordos foram feitos com 16 farmacêuticas e institutosbwin nigeriapesquisas diferentes.
Alguns desses fabricantes conseguiram evoluir bem nesses últimos meses e já estão com o seu produto aprovado e usadobwin nigeriavários locais.
É o caso, por exemplo, das vacinas AZD1222 e Cominarty (Pfizer/BioNTech) que, até janeirobwin nigeria2021, aparecembwin nigeriamaisbwin nigeria37 encomendas cada.
Campeãobwin nigerianegociação com cercabwin nigeria930 milhõesbwin nigeriadoses reservadas até o início do ano, o imunizantebwin nigeriaPfizer e BioNTech foi garantido com antecedência por 35 países.
Já 1,4 bilhãobwin nigeriadoses do produtobwin nigeriaAstraZeneca e Universidadebwin nigeriaOxford estão contempladasbwin nigeriacontratos assinados por 31 nações diferentes.
Na contramão, outros candidatos promissores seguem nas fasesbwin nigeriaestudo clínico até hoje: é o caso dos testes que são conduzidos pelos laboratórios CureVac, GSK/Sanofi e Medicago.
Geopolítica e voracidade pela vacinas
Um terceiro aspecto interessante é o padrãobwin nigeriadistribuição das vacinasbwin nigeriaacordo com a influênciabwin nigeriaalguns países ou das próprias empresas.
Os imunizantesbwin nigeriaPfizer/BioNTech e Moderna, por exemplo, foram proporcionalmente mais utilizados nos países ricos, como Estados Unidos, Canadá, os integrantes da União Europeia e Israel.
Já os produtos criados na China, como a CoronaVac (Sinovac), e na Rússia, caso da Sputnik V (Instituto Gamaleya), acabaram endereçados com mais frequência para América Latina, Ásia e Leste Europeu.
A "voracidade" dos países mais ricos também é evidente na análise: das 5,4 bilhõesbwin nigeriadoses negociadas até janeirobwin nigeria2021, 3,4 bilhões foram reservadas por Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido, Canadá, Japão e Austrália.
Esse grupo também se destaca por outro aspecto: a variedade nas apostas.
O Reino Unido, por exemplo, fez dez encomendas com sete farmacêuticas diferentes (AstraZeneca/Oxford, Janssen, Moderna, Novavax, Pfizer, Sanofi/GSK e Valneva).
Já os Estados Unidos fecharam nove contratos, com seis laboratórios (AstraZeneca/Oxford, Janssen, Moderna, Novavax, Pfizer e Sanofi/GSK).
A estratégia foi clara: num períodobwin nigeriaque ainda não se sabia qual vacina daria certo e se mostraria eficaz, as nações mais ricas diversificaram suas aquisições.
Assim, caso uma candidata não fosse bem nos estudos clínicos, existiam outras opções para garantir o início da campanha o mais rapidamente possível.
E o Brasil no meiobwin nigeriatudo isso?
A primeira encomendabwin nigeriavacinas feita pelo nosso país foi fechadabwin nigeria6bwin nigeriaagostobwin nigeria2020: nesse dia, o Ministério da Saúde anunciou a encomendabwin nigeria90 milhõesbwin nigeriadoses da AZD1222.
O acordo também já previa a futura transferênciabwin nigeriatecnologia, para que o produto fosse 100% fabricado no Brasil, sem depender do enviobwin nigeriaInsumo Farmacêutico Ativo (IFA) — esse contrato, inclusive, foi ratificado nesta quarta-feira (01/06), o que garantirá mais autonomia ao país.
A segunda encomenda foi selada no dia 30bwin nigeriadezembrobwin nigeria2020, quando o Governo Federal fechou a comprabwin nigeria46 milhõesbwin nigeriadoses da CoronaVac, que é finalizada e distribuída pelo Instituto Butantan a partir do IFA importado da China.
A Anvisa só daria aprovação emergencial para a CoronaVac e a AZD1222 no dia 17bwin nigeriajaneirobwin nigeria2021.
A exemplobwin nigeriaoutros países, o Brasil se movimentou e garantiu sim alguns lotes no segundo semestrebwin nigeria2020, quando a eficácia e a segurança das vacinas ainda eram um mistério.
Ao contráriobwin nigeriaoutras nações, porém, o quantitativobwin nigeriadoses encomendadas não era o suficiente para cobrir toda a nossa população — e corremos o riscobwin nigeriaestreitar nossas chances ao "apostar"bwin nigeriaapenas dois produtores (se um deles não se saísse bem nos testes clínicos, estaríamos sem alternativas imediatas).
Seguindo essa linhabwin nigeriaraciocínio, portanto, o argumentobwin nigeriaque o Ministério da Saúde não poderia ter negociado com a Pfizerbwin nigeriaforma antecipada (antes da aprovação da Anvisa) não se sustenta.
Numa reportagem publicada na BBC News Brasilbwin nigeria14bwin nigeriamaio, o médico e advogado sanitarista Daniel Dourado, do Centrobwin nigeriaPesquisabwin nigeriaDireito Sanitário da Universidadebwin nigeriaSão Paulo, explicou que esse argumento "é totalmente furado".
"A aprovação da Anvisa não tem nada a ver com as questões contratuais e comerciais", pontuou.
"Os contratos sempre vinculavam a entrega das doses à aprovação pelas autoridades sanitárias", reforçou Dourado, que também integra o Institut Droit et Santé da Universidadebwin nigeriaParis, na França.
"Me parece que o governo não queria comprar vacinas porque achava que não iria precisar. Eles acreditaram naquela conversabwin nigeriaimunidade coletiva por contágio e agora estão usando essas justificativas", completou o especialista.
A epidemiologista Carla Domingues, que foi coordenadora do Programa Nacionalbwin nigeriaImunizações (PNI) do Ministério da Saúde entre 2011 e 2019, criticou a faltabwin nigeriacritérios claros nas negociações.
"O governo assinou o acordo com a AstraZeneca ainda no segundo semestrebwin nigeria2020 e ia fechar o contrato com o Instituto Butantan para a compra da Coronavacbwin nigeriaoutubro, se o presidente [Jair Bolsonaro] não tivesse intervindo e desautorizado o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Por que só com a Pfizer teria que aguardar?", perguntou.
Falas da CPI
Num depoimento realizado no dia 13bwin nigeriamaio, o gerente-geral da farmacêutica na América Latina, Carlos Murillo, confirmou que o governobwin nigeriaJair Bolsonaro (sem partido) rejeitou três ofertasbwin nigeria70 milhõesbwin nigeriadoses, realizadas pelo laboratóriobwin nigeriaagostobwin nigeria2020.
De acordo com o representante da empresa, as primeiras remessas da Cominarty poderiam ter sido entregues ao país aindabwin nigeriadezembro do ano passado, o que permitiria iniciar a campanhabwin nigeriavacinação com cercabwin nigeriaum mêsbwin nigeriaantecedência (considerando que o pedidobwin nigeriaaprovação do imunizante e a resposta da Anvisa também seriam antecipados).
Na sessão do dia 27bwin nigeriamaio, foi a vez do diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmar que o Brasil poderia ter se tornado o primeiro país do mundo a começar a vacinação contra a covid-19.
Segundo o médico, o Butantan realizou na metadebwin nigeria2020 três ofertas para aquisição da CoronaVac, mas o Governo Federal não respondeu aos contatos.
A primeira sinalização positiva ocorreubwin nigeriaoutubrobwin nigeria2020.
"Tudo estava indo muito bem. Tanto que,bwin nigeria20bwin nigeriaoutubro, fui convidado pelo ministro [Eduardo] Pazuello para uma cerimônia na qual a vacina seria anunciada", relatou Covas.
"A partir deste ponto, é notório que houve uma inflexão. No outro diabwin nigeriamanhã, quando ainda haveria conversas adicionais, isso não aconteceu porque o presidente [Jair Bolsonaro] disse que não haveria continuação nesse processo", completou o diretor do Butantan.
Entre tantas promessas, debates, projeções, encomendas e compras, o fato é que a campanhabwin nigeriavacinação contra a covid-19 no Brasil está prestes a completar cinco meses.
Até agora, 22,6 milhõesbwin nigeriapessoas foram completamente imunizadas, com as duas doses preconizadas.
Isso representa pouco maisbwin nigeria10% da população.
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